Ivan Sant’Anna: Do 11 de setembro ao subprime
Ataque às Torres Gêmeas transformou minha vida por completo: vou contar para você como escrevi um dos meus best-sellers.
A partir de hoje, de vez em quando vou usar esta minha newsletter semanal Os mercadores da noite para narrar etapas de minha vida, sem que os fatos tenham muita relação uns com os outros, a não ser pela cronologia.
Na noite de segunda-feira, dia 10 de setembro de 2001, para terça, 11, fui dormir pouco antes do sol nascer. Terminara naquela madrugada de escrever o último capítulo de meu livro Carga Perigosa.
Acordei na manhã seguinte com minha mulher telefonando de seu escritório, avisando que um teco-teco se chocara contra uma das torres do World Trade Center, em Nova York.
Quando liguei a televisão, o segundo jato, United Airlines 175, já fora lançado contra a Torre Sul. Pouco depois, chegaram as notícias dando conta do ataque contra o Pentágono pelo American Airlines 77 e da queda de um quarto avião (United Airlines 93) em um bosque em Shanksville, na Pensilvânia.
Não descolei da TV durante uns dez dias, só parando para comer e dormir um pouco.
“Essa é a minha história”, prometi a mim mesmo. Já escrevera Caixa-preta, um livro sobre tragédias aéreas que ficou sete meses na lista dos mais vendidos.
Leia Também
O dono e presidente de minha editora não compartilhou de meu entusiasmo.
“Ivan, duzentas pessoas escreverão sobre isso.”
“Pois então serão 201”, respondi.
Nos três anos que se seguiram, trabalhei praticamente dia e noite no levantamento dos detalhes sobre os ataques de 11 de setembro. Desse esforço saiu Plano de Ataque, no qual narro, entre outras coisas, como os atentados foram planejados pela Al-Qaeda e o que se passou a bordo dos quatro aviões usados como mísseis.
O lançamento do livro foi marcado para a segunda-feira 11 de setembro de 2006, data em que os ataques completariam cinco anos.
Como era praticamente a única pessoa no Brasil que poderia falar, em português, com total conhecimento de causa sobre o assunto, participei dos seguintes programas:
Manhattan Connection (Manhattan Connection especial sobre Plano de Ataque), exibido no domingo 10.09.2006.
Programa do Jô, sexta-feira, 08.09.2006.
Altas Horas, Serginho Groisman, madrugada de 9 para 10.09.2006.
Fantástico, gravado aqui em casa. Ocupou dois blocos do programa em 10.09.2006.
Charme, talk show apresentado por Adriane Galisteu. Foi ao ar em 11.09.2006.
Todas essas entrevistas foram feitas com antecedência na semana iniciada em 4 de setembro.
Quando tentei avisar ao presidente da editora e à diretora editorial que haveria toda essa divulgação do livro, descobri que ele estava na Espanha; ela, na Argentina.
Pior: como o feriado de sete de setembro caiu na quinta-feira, e a editora enforcou a sexta, fiquei sem contato nenhum para pedir a impressão, às pressas, de mais exemplares do livro.
Como só tinham feito cinco mil, eles esgotaram em menos de duas horas nas livrarias. Isso na manhã de segunda-feira 11 de setembro de 2006. Nem meus exemplares de autor chegaram. Dei uma entrevista para o Jornal Hoje, da TV Globo, sem mostrar o livro.
Quando, finalmente, a editora produziu outras 15 mil unidades, o quinto aniversário do 11 de setembro já deixara de ser assunto. Mesmo assim foram vendidos mais 28.238 livros, tendo Plano de Ataque permanecido na lista dos best-sellers durante três meses.
Com a divulgação inédita, ele poderia ter alcançado a marca de 100 mil exemplares só naquela semana de lançamento.
A editora me enviou um pedido formal de desculpas, que guardo até hoje.
Se Plano de Ataque foi prejudicado pela ausência de tomada de decisões, meu livro seguinte, Em nome de Sua Majestade, foi atropelado pelo destino.
Na quinta-feira 7 de julho de 2005, quatro homens, Shezad Tanweer, Mohamed Sidique Khan, Germain Lindsay e Hasib Hussain, todos muçulmanos, detonaram cargas explosivas coladas ao corpo no interior de três vagões lotados do metrô (the tube) de Londres e em um ônibus daqueles vermelhos de dois andares.
Além dos quatro terroristas, 52 passageiros, de 17 nacionalidades distintas, morreram nos atentados.
Evidentemente, a Scotland Yard entrou em estado de alerta máximo. Isso não impediu que, duas semanas mais tarde, precisamente em 21 de julho, outros quatro fanáticos, Muktar Said Ibrahim, Ramzi Mohamed, Yasin Hassan Omar e Osman Hussein, tentassem repetir o feito, explodindo três vagões do underground e um ônibus.
Para sorte dos londrinos, faltou-lhes expertise.
O explosivo usado, HMTD – hexametilenotriperoxidodiamina, precisa ser mantido em refrigeração até quase o momento do uso.
Eles simplesmente não tiveram esse “cuidado”. Quando acionadas as cápsulas de percussão em seus coletes-bomba, os artefatos limitaram-se a emitir um som de bombinhas de São João, exalar cheiro de pólvora e borracha queimada, acompanhados de uma fumaça escura e ácida.
No pânico que se seguiu, os quatro terroristas conseguiram fugir na primeira estação. Só que um deles, Osman Hussein, deixou cair a carteirinha da academia de ginástica que frequentava.
Não foi difícil para a Scotland Yard descobrir o endereço do apartamento de Hussein, no número 21 de Scotia Road, uma rua sem saída localizada na área residencial de Tulse Hill, no bairro de Lambeth, parte sul da capital inglesa.
No mesmo prédio, morava o eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes.
Antes do dia amanhecer, um agente policial vigiava a entrada do prédio onde residiam Osman Hussein e Jean Charles. Ele não sabia que Hussein, logo após o atentado fracassado da véspera, embarcara em um avião no aeroporto de Gatwick e voara para Roma. Mas o brasileiro estava lá, dormindo tranquilamente.
Só às 9h33 Jean saiu de casa e caminhou para o ponto de ônibus da linha 2, ônibus esse que o levaria até a estação de Brixton, terminal sul da Victoria Line, linha azul do Underground.
Os acontecimentos das próximas horas iriam influenciar minha vida de escritor. Numa sucessão curiosa e intrigante, aguariam na crise do subprime e numa IPO.
Infelizmente, essa história não coube numa única crônica. Será preciso mais um ou dois capítulos.
Sem querer fazer muito suspense, e já fazendo, a narrativa continua no próximo sábado. Sugiro que guarde o texto de hoje para reler antes da sequência.
Um ótimo fim de semana para você.
Aproveito para indicar a leitura do livro “Ivan: 30 Lições de Mercado” de minha autoria. Você pode ter adquirir as verdades mais importantes que TODO investidor deve saber, clique aqui.
Um grande abraço,
Ivan Sant'Anna
As lições do Chile para o Brasil, ata do Copom, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Chile, assim como a Argentina, vive mudanças políticas que podem servir de sinal para o que está por vir no Brasil. Mercado aguarda ata do Banco Central e dados de emprego nos EUA
Chile vira a página — o Brasil vai ler ou rasgar o livro?
Não por acaso, ganha força a leitura de que o Chile de 2025 antecipa, em diversos aspectos, o Brasil de 2026
Felipe Miranda: Uma visão de Brasil, por Daniel Goldberg
O fundador da Lumina Capital participou de um dos episódios de ‘Hello, Brasil!’ e faz um diagnóstico da realidade brasileira
Dividendos em 2026, empresas encrencadas e agenda da semana: veja tudo que mexe com seu bolso hoje
O Seu Dinheiro traz um levantamento do enorme volume de dividendos pagos pelas empresas neste ano e diz o que esperar para os proventos em 2026
Como enterrar um projeto: você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Talvez você ou sua empresa já tenham sua lista de metas para 2026. Mas você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas
Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas
O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário
A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje
A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros
Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…
Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir
A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje
Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade
Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza
A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade
Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje
Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana
É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira
As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário
Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje
Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje
Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje