O pior emprego do mundo
Recomendo a leitura do livro do Traumann, no qual o cargo de ministro da Fazenda (ou superministro da Economia, tanto faz) é precisamente classificado como o pior emprego do mundo.

Qual é a probabilidade de Paulo Guedes debandar do governo Bolsonaro?
Ok, com a fritura recente, ele nunca esteve tão próximo de sair.
Mas a verdade é que PG_1 sempre esteve muito próximo de sair. Agora pode estar mais próximo, mas sempre esteve muito próximo.
E o mesmo poderá ser dito sobre PG_2, PG_3, … PG_N, com N tendendo ao infinito tupiniquim.
Para compreender esse teorema matemático, recomendo a leitura do livro do Traumann, no qual o cargo de ministro da Fazenda (ou superministro da Economia, tanto faz) é precisamente classificado como o pior emprego do mundo.
Que eu me lembre, o menor tempo de permanência no cargo maldito foi de três meses, por Ciro Gomes, de outubro a dezembro de 1994.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: A parábola dos talentos financeiros é uma anomalia de volatilidade
Felipe Miranda: O último trem do sertão (ou do bull market)
Já o maior tempo foi de 117 meses, de 2005 a 2014, exercido por Guido Mantega.
Ou seja, o espectro ideológico, por si só, é incapaz de explicar a fugacidade ou a perenidade da função. Não é por que é de esquerda ou de direita que dura mais.
Pegando o período um pouco mais civilizado de 1994 até hoje, sob a ótica de uma distribuição de Weibull, a cada mês há uma probabilidade de 2,5% de que um dado ministro da Fazenda brasileiro deixe o cargo.
Veja, 2,5% a cada mês. Os efeitos cumulativos disso são sensacionais.
Isso é o que chamamos de estatística de base. Ou seja, pouco importa se o ministro usa sapato ou chinelo, se leu ou não leu Keynes no original por três vezes. Mesmo antes de a bola rolar, suas pernas já estão cansadas.
Indo um pouco além da estatística de base, preciso mencionar que a desvalorização cambial possui forte correlação com as trocas na Fazenda (sem que isso implique causalidade, obviamente).
Em particular, o aumento em 1 ponto percentual na razão entre câmbio e salário eleva em 8,5% a probabilidade de o ministro deixar o cargo, superando outras variáveis como juros e inflação.
Isso tudo para dizer que qualquer queda substancial da Bolsa brasileira mediante a efetiva saída do PG_1 deve ser encarada como oportunidade de compra.
A partir do momento em que enxergamos que todo ministro da Fazenda já nasceu zumbi, sua troca passa a assumir um status de mera formalidade.
"Ah, Rodolfo, mas e se entrar um idiota no lugar do Guedes?"
Bem, não seria a primeira vez.
E esse pretenso idiota é, também, um idiota zumbi.
Felipe Miranda: O elogio do vira-lata (ou sobre small caps brasileiras)
Hoje, anestesiados por um longo ciclo ruim dos mercados brasileiros, cujo início poderia ser marcado em 2010, e por mais uma década perdida, parecemos nos esquecer das virtudes brasileiras
Rodolfo Amstalden: A disputa epistemológica entre números e narrativas tem um novo campeão
Uma certa mudança de Zeitgeist epistemológico pode ser capturada nas últimas décadas, demarcando aquilo que eu ousaria chamar de um renascimento de Dionísio no campo de estudos financeiros
Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso
Ameaçar Jerome Powell de demissão e chamá-lo de frouxo (“a major loser”), pressionando pela queda da taxa básica, só tende a corromper o dólar e alimentar os juros de longo prazo
Rodolfo Amstalden: Escute as feras
As arbitrariedades tarifárias de Peter “Sack of Bricks” Navarro jogaram a Bolsa americana em um dos drawdowns mais bizarros de sua longa e virtuosa história
Felipe Miranda: Do excepcionalismo ao repúdio
Citando Michael Hartnett, o excepcionalismo norte-americano se transformou em repúdio. O antagonismo nos vocábulos tem sido uma constante: a Goldman Sachs já havia rebatizado as Magníficas Sete, chamando-as de Malévolas Sete
Tony Volpon: Buy the dip
Já que o pessimismo virou o consenso, vou aqui argumentar por que de fato uma recessão é ainda improvável (com uma importante qualificação final)
Rodolfo Amstalden: Buy the dip, e leve um hedge de brinde
Para o investidor brasileiro, o “buy the dip” não só sustenta uma razão própria como pode funcionar também como instrumento de diversificação, especialmente quando associado às tecnologias de ponta
Felipe Miranda: Dedo no gatilho
Não dá pra saber exatamente quando vai se dar o movimento. O que temos de informação neste momento é que há uma enorme demanda reprimida por Brasil. E essa talvez seja uma informação suficiente.
Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas
A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir
Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?
Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação
Rodolfo Amstalden: Para um período de transição, até que está durando bastante
Ainda que a maior parte de Wall Street continue sendo pró Trump, há um problema de ordem semântica no “período de transição”: seu falsacionismo não é nada trivial
Tony Volpon: As três surpresas de Donald Trump
Quem estudou seu primeiro governo ou analisou seu discurso de campanha não foi muito eficiente em prever o que ele faria no cargo, em pelo menos três dimensões relevantes
Dinheiro é assunto de mulher? A independência feminina depende disso
O primeiro passo para investir com inteligência é justamente buscar informação. Nesse sentido, é essencial quebrar paradigmas sociais e colocar na cabeça de mulheres de todas as idades, casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, que dinheiro é assunto delas.
Rodolfo Amstalden: Na esperança de marcar o 2º gol antes do 1º
Se você abre os jornais, encontra manchetes diárias sobre os ataques de Donald Trump contra a China e contra a Europa, seja por meio de tarifas ou de afrontas a acordos prévios de cooperação
Rodolfo Amstalden: Um Brasil na mira de Trump
Temos razões para crer que o Governo brasileiro está prestes a receber um recado mais contundente de Donald Trump
Rodolfo Amstalden: Eu gostaria de arriscar um palpite irresponsável
Vai demorar para termos certeza de que o último período de mazelas foi superado; quando soubermos, porém, não restará mais tanto dinheiro bom na mesa
Rodolfo Amstalden: Tenha muito do óbvio, e um pouco do não óbvio
Em um histórico dos últimos cinco anos, estamos simplesmente no patamar mais barato da relação entre preço e valor patrimonial para fundos imobiliários com mandatos de FoFs e Multiestratégias
Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808
A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.
Tony Volpon: O paradoxo DeepSeek
Se uma relativamente pequena empresa chinesa pode desafiar as grandes empresas do setor, isso será muito bom para todos – mesmo se isso acabar impactando negativamente a precificação das atuais gigantes do setor
Rodolfo Amstalden: IPCA 2025 — tem gosto de catch up ou de ketchup mais caro?
Se Lula estivesse universalmente preocupado com os gastos fiscais e o descontrole do IPCA desde o início do seu mandato, provavelmente não teria que gastar tanta energia agora com essas crises particulares