Queda histórica do preço do petróleo se soma ao coronavírus e espalha temor nos mercados
Em nova guerra dos preços, falta de acordo entre Opep e Rússia fez os sauditas anunciarem o aumento da sua produção de petróleo, deflagrando uma queda histórica no preço do barril

Em mais uma reviravolta nos mercados em 2020, hoje o dia amanhece com uma nova crise para ser digerida. Dessa vez, o gatilho para a tensão foi o aumento da produção de petróleo pelos sauditas, desencadeando, assim, o maior tombo no valor do barril desde a Guerra do Golfo, em 1991.
A medida foi uma reação à crise que se instalou no último sábado entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados, que não conseguiram fechar um acordo sobre a redução da produção do grupo como resposta ao surto de coronavírus e o estrago que ele pode causar na economia global.
Com o foco da tensão sendo a queda de braço com a Rússia, a Arábia Saudita derrubou os preços do seu produto, sinalizando um aumento na produção do petróleo até abril.
Na sexta-feira a commodity já havia registrado uma queda de 10% com a escalada da tensão, mas agora, os preços do petróleo WTI e Brent chegaram a despencar cerca de 30% na abertura dos mercados na Ásia.
O petróleo chegou a recuperar parte das perdas, mas ainda apresenta forte queda. Pela manhã, por volta das 07h22, o Brent, utilizado como referência internacional, caía 21,21%, a US$ 35,90 por barril. Já o petróleo WTI apresentava queda de 21,39%, a US$ 32,51 por barril.
A nova guerra dos preços se soma então ao impacto do coronavírus. Os números de novos casos continuam subindo, principalmente na Europa, mandando os investidores em busca de maior proteção e fuga dos ativos de risco.
Leia Também
Fugindo do risco
Os mercados globais amanhecem ainda mais tensos com o entrave.
Na Ásia, as bolsas foram fortemente influenciadas pela queda do preço do petróleo e fecharam em queda acentuada. Não poderia ser diferente e as petrolíferas foram o destaque negativo do pregão. Além disso, o mercado da região também reagiu negativamente aos dados econômicos de Japão e China.
O índice japonês Nikkei caiu mais de 5,0% após a revisão do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Já na China, os números mostraram uma queda nas exportações, que tiveram uma redução anual de 17,2% no primeiro bimestre do ano, maior que o esperado pelos analistas.
Os índices futuros em Wall Street amanhecem em queda de mais de 4%.O S&P500 futuro chegou a entrar em circuit breaker, após cair mais de 5% na noite de ontem. Os ADRs da Petrobras, negociados em Nova York, apresentam queda de mais de 14% no pré-mercado, a US$ 8,50.
As bolsas europeias também operam em queda acentuada na abertura. O índice pan-europeu Stoxx-600 recuava mais de 6% nesta manhã.
Risco coronavírus
Na semana passada, o Ibovespa perdeu os 100 mil pontos pela primeira vez desde 8 de outubro de 2019 e acumulou queda de 5,93% na semana, após recuar 4,14% na sexta-feira, aos 97.996,77 pontos.
Com a tensão em torno do preço do petróleo, a atenção se volta para as petroleiras, que devem sofrer fortes baques. Na sexta-feira, quando a tentativa de acordo entre Opep e Rússia começou a fracassar, a Petrobras viu as suas ações afundarem. Os papéis PN da companhia caíram 9,73%, enquanto os ON tiveram uma queda de 10,23%.
A tensão também deve contaminar as ações da Vale e dos bancos, que também apresentam quedas acentuadas no pré-mercado em Nova York.
Além disso, o mercado doméstico também precisa lidar com as tensões políticas em Brasília. O presidente Jair Bolsonaro voltou a chamar a população para uma manifestação popular no próximo dia 15 de março, causando mais atrito com o Congresso.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, foi ao Twitter e mostrou preocupação com o cenário econômico mundial e o seu impacto na economia brasileira. Para Maia, “se os Poderes agirem em harmonia e com espírito democráco, a crise pode virar uma oportunidade de se somar forças em busca das soluções necessárias e urgentes”.
Injetando liquidez
O Banco Central tenta agir mais uma vez para conter o cambio.
O BC havia chamado para esta manhã um leilão de dólares spot, de até US$ 1 bilhão. Mas, o Banco Central brasileiro anunciou uma mudança de planos. Agora, o volume do leilão é de até US$ 3 bilhões e será realizado às 9h10.
Agenda
A semana reserva importantes divulgações, tanto no Brasil como no exterior.
Por aqui, o IPCA de fevereiro deve ser o destaque da quarta-feira. Na quinta-feira é a vez da produção industrial de janeiro.
Lá fora, atenção para a decisão de política monetária na zona do euro. Com o avanço do coronavírus e a guerra dos preços do petróleo, os bancos centrais pelo mundo devem agir mais uma vez para tentar conter os estragos. O anúncio do BCE acontece na quinta-feira.
Ainda na Europa, o PIB do 4º trimestre da zona do euro será divulgado na terça-feira. Já nos Estados Unidos, o partido Democrata realiza prévias em mais seis estados.
Fique de olho
- A AES Tietê classificou como hostil a proposta de fusão apresentada pela Eneva na semana passada.
- Carrefour noticou a renúncia de Paula Cardoso. Ela era a CEO do Carrefour eBusiness, mas permanecerá no conselho. O CEO do Carrefour Brasil, Noël Prioux, deve assumir interinamente o cargo.
- O IRB informou à CVM que a nova diretoria não terá remuneração atrelada ao desempenho das ações.
*Conteúdo em atualização
Inflação americana derruba Wall Street e Ibovespa cai mais de 2%; dólar vai a R$ 5,18 com pressão sobre o Fed
Com o Nasdaq em queda de 5% e demais índices em Wall Street repercutindo negativamente dados de inflação, o Ibovespa não conseguiu sustentar o apetite por risco
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais sobem em dia de inflação dos EUA; Ibovespa deve acompanhar cenário internacional e eleições
Com o CPI dos EUA como o grande driver do dia, a direção das bolsas após a divulgação dos dados deve se manter até o encerramento do pregão
CCR (CCRO3) já tem novos conselheiros e Roberto Setubal está entre eles — conheça a nova configuração da empresa
Além do novo conselho de administração, a Andrade Gutierrez informou a conclusão da venda da fatia de 14,86% do capital da CCR para a Itaúsa e a Votorantim
Expectativa por inflação mais branda nos Estados Unidos leva Ibovespa aos 113.406 pontos; dólar cai a R$ 5,09
O Ibovespa acompanhou a tendência internacional, mas depois de sustentar alta de mais de 1% ao longo de toda a sessão, o índice encerrou a sessão em alta
O Mubadala quer mesmo ser o novo rei do Burger King; fundo surpreende mercado e aumenta oferta pela Zamp (BKBR3)
Valor oferecido pelo fundo aumentou de R$ 7,55 para R$ 8,31 por ação da Zamp (BKBR3) — mercado não acreditava em oferta maior
Esquenta dos mercados: Inflação dos EUA não assusta e bolsas internacionais começam semana em alta; Ibovespa acompanha prévia do PIB
O exterior ignora a crise energética hoje e amplia o rali da última sexta-feira
Vale (VALE3) dispara mais de 10% e anota a maior alta do Ibovespa na semana, enquanto duas ações de frigoríficos dominam a ponta negativa do índice
Por trás da alta da mineradora e da queda de Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3) estão duas notícias vindas da China
Magalu (MGLU3) cotação: ação está no fundo do poço ou ainda é possível cair mais? 5 pontos definem o futuro da ação
Papel já alcançou máxima de R$ 27 há cerca de dois anos, mas hoje é negociado perto dos R$ 4. Hoje, existem apenas 5 fatores que você deve olhar para ver se a ação está em ponto de compra ou venda
Commodities puxam Ibovespa, que sobe 1,3% na semana; dólar volta a cair e vai a R$ 5,14
O Ibovespa teve uma semana marcada por expectativas para os juros e inflação. O dólar à vista voltou a cair após atingir máximas em 20 anos
Esquenta dos mercados: Inflação e eleições movimentam o Ibovespa enquanto bolsas no exterior sobem em busca de ‘descontos’ nas ações
O exterior ignora a crise energética e a perspectiva de juros elevados faz as ações de bancos dispararem na Europa
BCE e Powell trazem instabilidade à sessão, mas Ibovespa fecha o dia em alta; dólar cai a R$ 5,20
A instabilidade gerada pelos bancos centrais gringos fez com o Ibovespa custasse a se firmar em alta — mesmo com prognósticos melhores para a inflação local e uma desinclinação da curva de juros.
Esquenta dos mercados: Decisão de juros do BCE movimenta as bolsas no exterior enquanto Ibovespa digere o 7 de setembro
Se o saldo da Independência foi positivo para Bolsonaro e negativo aos demais concorrentes — ou vice-versa —, só o tempo e as pesquisas eleitorais dirão
Ibovespa cede mais de 2% com temor renovado de nova alta da Selic; dólar vai a R$ 5,23
Ao contrário do que os investidores vinham precificando desde a última reunião do Copom, o BC parece ainda não estar pronto para interromper o ciclo de aperto monetário – o que pesou sobre o Ibovespa
Em transação esperada pelo mercado, GPA (PCAR3) prepara cisão do Grupo Éxito, mas ações reagem em queda
O fato relevante com a informação foi divulgado após o fechamento do mercado ontem, quando as ações operaram em forte alta de cerca de 10%, liderando os ganhos do Ibovespa na ocasião
Atenção, investidor: Confira como fica o funcionamento da B3 e dos bancos durante o feriado de 7 de setembro
Não haverá negociações na bolsa nesta quarta-feira. Isso inclui os mercados de renda variável, renda fixa privada, ETFs de renda fixa e de derivativos listados
Esquenta dos mercados: Bolsas no exterior deixam crise energética de lado e investidores buscam barganhas hoje; Ibovespa reage às falas de Campos Neto
Às vésperas do feriado local, a bolsa brasileira deve acompanhar o exterior, que vive momentos tensos entre Europa e Rússia
Ibovespa ignora crise energética na Europa e vai aos 112 mil pontos; dólar cai a R$ 5,15
Apesar da cautela na Europa, o Ibovespa teve um dia de ganhos, apoiado na alta das commodities
Crise energética em pleno inverno assusta, e efeito ‘Putin’ faz euro renovar mínima abaixo de US$ 1 pela primeira vez em 20 anos
O governo russo atribuiu a interrupção do fornecimento de gás a uma falha técnica, mas a pressão inflacionária que isso gera derruba o euro
Boris Johnson de saída: Liz Truss é eleita nova primeira-ministra do Reino Unido; conheça a ‘herdeira’ de Margaret Thatcher
Aos 47 anos, a política conservadora precisa liderar um bloco que encara crise energética, inflação alta e reflexos do Brexit
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais caem com crise energética no radar; Ibovespa acompanha calendário eleitoral hoje
Com o feriado nos EUA e sem a operação das bolsas por lá, a cautela deve prevalecer e a volatilidade aumentar no pregão de hoje