Um velho fantasma volta para assombrar os mercados globais nesta quarta-feira (25). Um impasse entre a União Europeia e o Reino Unido em torno de um acordo comercial pós-brexit limita o apetite por risco dos investidores.
A falta de um acordo no velho continente é gatilho para um movimento de realização dos lucros recentes, após a euforia com a perspectiva de que uma vacina contra o coronavírus estará disponível em breve. Nesta manhã, os principais índices europeus operam mistos, assim como os índices futuros em Nova York.
Na agenda, os mercados monitoram a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (16h) e a segunda leitura do Produto Interno Bruto (PIB) americano (10h30). No Brasil, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa de evento.
Rompendo barreiras
O Ibovespa parece disposto a deixar os 100 mil pontos para trás e tem os olhos fixos nos 110 mil. O principal índice da bolsa brasileira encostou ainda mais na marca, após subir 2,24%, aos 109.786,30 pontos, nesta terça-feira.
O alívio do risco político no exterior é um dos principais gatilhos para o bom desempenho do índice. Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump finalmente acenou para uma transição pacífica e o presidente eleito Joe Biden começou a divulgar os primeiros nomes que devem compor o seu governo, e que agradaram o mercado.
Claro que não poderiamos deixar de lado o otimismo com o andamento das vacinas. Na última semana, diversos laboratórios apresentaram resultados positivos e que indicam que em breve a imunização dos grupos de risco podem começar.
Além disso, as empresas tradicionais do Ibovespa, com forte peso no índice, são beneficiadas por um movimento dos investidores estrangeiros, que parecem ter retornado ao país em novembro.
O dólar também segue um movimento de desvalorização em escala global e recuou 1,1%, a R$ 5,3753.
Velho conhecido
As bolsas asiáticas fecharam em alta durante a madrugada, escoradas nas boas notícias e no otimismo com os resultados das vacinas.
No entanto, a euforia dá espaço para a cautela tanto nos Estados Unidos, onde é véspera do feriado de Ação de Graças, como na Europa.
O olhar dos investidores volta a focar no avanço rápido do coronavírus e o desafio que essa nova onda de infecções deve impor às economias globais. Nesta manhã, a oresidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, mostrou preocupação com o relaxamento das medidas de isolamento e falou sobre o futuro das relações do bloco com o Reino Unido após o brexit. As duas partes encontram dificuldade para chegar a um acordo, mas, segundo Ursula, a UE está preparada para o pior cenário.
Boletim médico
Não é só na Europa e nos Estados Unidos que a segunda onda da pandemia preocupa. No Brasil, a situação é semelhante.
O país acaba de ultrapassar a marca dos 170 mil mortos, sendo 638 delas nas últimas 24 horas.
Como reflexo, as preocupações também recaem sobre a necessidade de uma nova prorrogação do auxílio emergencial, uma situação que preocupa os investidores, já que a situação fiscal do país já se mostra bastante deteriorada.
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes já disseram que esperam que a medida não seja necessária, mas que caso seja preciso, a possibilidade está aberta.
Agenda
Com o feriado do dia de Ação de Graças se aproximando, uma bateria de divulgações está prevista no exterior.
Primeiro, temos a segunda estimativa do PIB americano (10h30) e os pedidos semanais de auxílio-desemprego. O índice de sentimento do consumidor de novembro (12h) e as vendas de moradias (12h30) também devem ser conhecidos hoje. Às 16h, temos a ata da última reunião do Federal Reserve.
No Brasil, o destaque fica com a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento virtual (16h).