Apertem os cintos: coronavírus e tensão política trazem mais turbulência ao mercado local
A decisão do governo americano de suspender as viagens entre o país e a Europa, em meio a surto de coronavírus, traz enorme cautela ao mercado. Por aqui, tensões entre governo e Congresso também geram pessimismo e criam as bases para uma nova sessão de perdas firmes

Quem apostava num alívio para o Ibovespa e os mercados globais nesta quinta-feira (12), de modo a corrigir eventuais exageros da sessão anterior, já pode colocar as barbas de molho: o dia começa envolto em tensão e cautela, tanto no front internacional quanto no doméstico.
Lá fora, a suspensão de viagens entre Estados Unidos e Europa por causa do surto de coronavírus — anunciada na noite de ontem pelo presidente americano, Donald Trump —, gera grande preocupação e fortalece ainda mais a leitura de que a doença causará uma forte contração na economia global.
A dramaticidade da medida, somada à percepção de que o vírus continua se disseminando rapidamente pelo mundo e à ausência de grandes pacotes de estímulo econômico por parte dos governos e bancos centrais, desencadeia mais um movimento de fortes baixas nas bolsas globais.
No Japão, o índice Nikkei desabou 4,41% e, na Coreia do Sul, o Kospi fechou em baixa de 3,87%; as bolsas da China, de Taiwan e de Hong Kong também terminaram no vermelho — os mercados asiáticos reagiram só hoje à elevação, pela OMS, do status do surto de coronavírus para pandemia.
Na Europa, as principais praças acionárias caem mais de 5% e, nos Estados Unidos, os futuros dos índices de Nova York recuam na mesma magnitude, indicando mais uma sessão de forte pressão nos mercados americanos — e, consequentemente, de mais perdas aqui no Brasil.
Nesta quarta-feira (11), o Ibovespa fechou em forte baixa de 7,64%, aos 85.171,13 pontos — no momento de maior tensão, chegou a cair mais de 10%, acionando o circuit breaker pela segunda vez nesta semana. O dólar à vista subiu 1,62%, a R$ 4,7226.
Leia Também
Do Japão às small caps dos EUA: BlackRock lança 29 novos ETFs globais para investir em reais
Até onde vai o fundo do poço da Braskem (BRKM5), e o que esperar dos mercados nesta semana
E, por volta de 7h30 desta quinta-feira, o EWZ — principal ETF de ações brasileiras negociado em Nova York, desabava 11,56% no pré-mercado americano,
Ou seja: apertem os cintos. Vem turbulência forte por aí.
BCE trará alívio?
Apesar de toda a tensão envolvendo o fechamento da rota EUA-Europa, o velho continente poderá trazer algum alívio aos mercados. Às 9h45 (de Brasília), o Banco Central Europeu (BCE) divulga sua decisão de política monetária, e os investidores apostam num corte de juros combinado a outras iniciativas de estímulo à atividade.
A ideia é tentar blindar a economia da região aos impactos do coronavírus, que atinge o continente com maior intensidade — a situação é particularmente preocupante na Itália.
Mas, mesmo que o BCE arregace as mangas e anuncie medidas concretas, uma parte dos investidores mostra-se cética quanto à eficácia de medidas de estímulo monetário neste momento. Há o argumento de que, em meio a uma quarentena, não adianta estimular o consumo e a concessão de crédito.
Governo x Congresso
Como se o cenário externo não estivesse suficientemente tenso, o panorama doméstico também traz notícias preocupantes para os mercados. Na noite de ontem, o Congresso derrubou o veto do presidente Jair Bolsonaro e permitiu a ampliação do Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Agora, o benefício assistencial será válido para famílias com renda de até R$ 522,50 por pessoa — antes, o limite era de R$ 261,25. Com isso, será gerada uma pressão adicional de cerca de R$ 20 bilhões anuais às contas do governo, medida que pode colocar em risco o teto de gastos.
Há dois desdobramentos preocupantes para os mercados: a ameaça à situação fiscal do país e a deterioração adicional das relações entre governo e Congresso — o que, em última instância, tende a dificultar o avanço das reformas e outras pautas econômicas.
BC entra no jogo
Com a nova disparada do dólar na sessão anterior, o Banco Central (BC) já anunciou que fará um novo leilão no segmento à vista na manhã desta quinta-feira, injetando até US$ 1,5 bilhão em recursos novos no sistema.
No entanto, dada a forte aversão ao risco após o discurso de Trump e a derrota do governo na questão do BPC, a expectativa é a de que o dólar à vista continue fortemente pressionado, mesmo com a atuação da autoridade monetária.
Fique de olho
- BR Distribuidora reportou lucro líquido de R$ 2,2 bilhões em 2020, queda de 31,2% em relação a 2019
- Aliansce Sonae fechou o quarto trimestre de 2019 com lucro líquido de R$ 119,76 milhões, alta de 90,8% na base anual; no acumulado do ano, houve queda de 52,6%, para R$ 56,63
- O lucro líquido societário da Alupar saltou de R$ 30,9 milhões no quarto trimestre de 2018 para R$ 166,3 milhões nos três últimos meses de 2019
- Enauta (ex-Qgep) teve lucro líquido de R$ 102,1 milhões entre outubro e dezembro de 2019, baixa de 18,5% na base anual.
- Azul divulgará seus números trimestrais antes da abertura dos mercados
LinkedIn em polvorosa com Itaú, e o que esperar dos mercados nesta sexta-feira (12)
Após STF decidir condenar Bolsonaro, aumentam os temores de que Donald Trump volte a aplicar sanções contra o país
Ibovespa para uns, Tesouro IPCA+ para outros: por que a Previ vendeu R$ 7 bilhões em ações em ano de rali na bolsa
Fundo de pensão do BB trocou ações de empresas por títulos públicos em nova estratégia para reforço de caixa
TRBL11 recebe R$ 6 milhões em acordo por imóvel que é alvo de impasse com os Correios — agora o FII está de olho na disputa judicial contra a estatal
Segundo o gestor da Rio Bravo, o acordo “é apenas o começo” e, agora, o fundo imobiliário busca cobrar os Correios e voltar a ocupar o galpão com um novo inquilino
Banco do Brasil (BBAS3) supera a Vale (VALE3) em um quesito na bolsa; saiba qual
Os dados são de um levantamento mensal do DataWise+, parceria entre a B3 e a Neoway
Fundo imobiliário MFII11 mira novo projeto residencial na zona leste de São Paulo; veja os detalhes
O FII vem chamando atenção por sua estratégia focada em empreendimentos residenciais ligados ao Minha Casa, Minha Vida (MCMV)
Ibovespa renova máxima histórica e dólar vai ao menor nível desde julho de 2024 após dados de inflação nos EUA; Wall Street também festeja
Números de inflação e de emprego divulgados nesta quinta-feira (11) nos EUA consolidam a visão do mercado de que o Fed iniciará o ciclo de afrouxamento monetário na reunião da próxima semana; por aqui, há chances de queda da Selic
Fundo imobiliário do BTG quer vender cinco imóveis por mais de R$ 830 milhões — e já tem destino certo para o dinheiro
Criado especialmente para adquirir galpões da Log Commercial Properties (LOGG3), o BTLC11 comprou os ativos em 2023, e agora deseja gerar valor aos cotistas
GGRC11 ou Tellus: quem levou a melhor na disputa pelo galpão da Renault do FII VTLT11, que agora se despede da bolsa
Com a venda do único imóvel do portfólio, o fundo imobiliário será liquidado, mas cotistas vão manter a exposição ao mercado imobiliário
Fundo imobiliário (FII) aposta em projetos residenciais de alto padrão em São Paulo; veja os detalhes
Com as transações, o fundo imobiliário passa a ter, aproximadamente, 63% do capital comprometido em cinco empreendimentos na capital paulista
Fundo imobiliário Iridium Recebíveis (IRIM11) reduz dividendo ao menor nível em um ano; cotas caem
A queda no pagamento de proventos vem em meio a negociações para a fusão do FII ao Iridium Fundo de Investimento Imobiliário (IRIM11)
Ibovespa sobe 0,52% após renovar máxima intradia com IPCA e PPI no radar; dólar cai a R$ 5,4069
Deflação aqui e lá fora em agosto alimentaram a expectativa de juros menores ainda neste ano; confira os dados e o que mais mexeu com a bolsa e o câmbio nesta quarta-feira (10)
Ouro supera US$ 3.700 pela primeira vez e segue como o refúgio preferido em 2025
Ataque de Israel ao Catar e revisão dos dados de emprego nos EUA aumentaram a busca por proteção e levaram o metal precioso a renovar recorde histórico
Disputa judicial entre Rede D’Or e FIIs do BTG Pactual caminha para desfecho após mais de uma década
Além da renegociação das dívidas da empresa do setor de saúde, os acordos ainda propõem renovações de contratos — mas há algumas condições
Comprado em bolsa brasileira e vendido em dólar: a estratégia do fundo Verde também tem criptomoedas e ouro
Na carta de agosto, o fundo criado por Luis Stuhlberger chama atenção para o ciclo eleitoral no Brasil e para o corte de juros nos EUA — e conta como se posicionou diante desse cenário
Commodities e chance de juro menor dão suporte, mas julgamento de Bolsonaro limita ganhos e Ibovespa cai
O principal índice da bolsa brasileira chegou a renovar máximas intradia, mas perdeu força no início da tarde; dólar à vista subiu e ouro renovou recorde na esteira do ataque de Israel ao Catar
Fundo imobiliário GARE11 anuncia compra de dois imóveis por R$ 32,3 milhões; confira os detalhes da operação
O anúncio da compra dos imóveis vem na esteira da venda de outros dez ativos, reforçando a estratégia do fundo imobiliário
FII vs. FI-Infra: qual o melhor fundo para uma estratégia de renda com dividendos e isenção de imposto?
Apesar da popularidade dos FIIs, os fundos de infraestrutura oferecem incentivos fiscais extras e prometem disputar espaço nas carteiras de quem busca renda mensal isenta de IR
Rubens Ometto e Luiza Trajano bem na fita: Ações da Cosan (CSAN3), do Magalu (MGLU3) e da Raízen (RAIZ4) lideram altas da semana no Ibovespa
Se as ações da Cosan, do Magazine Luiz e da Raizen brilharam no Ibovespa, o mesmo não se pode dizer dos papéis da Brava, da Marfrig e da Azzas 2154
É recorde atrás de recorde: ouro sobe a US$ 3.653,30, renova máxima histórica e acumula ganho de 4% na semana e de 30% em 2025
O gatilho dos ganhos de hoje foi o dado mais fraco de emprego dos EUA, que impulsionou expectativas por cortes de juros pelo banco central norte-americano
Ibovespa renova máximas e dólar cai a R$ 5,4139 com perspectiva de juro menor nos EUA abrindo as portas para corte na Selic
O Departamento do Trabalho dos EUA divulgou, nesta sexta-feira (5), o principal relatório de empregos dos Estados Unidos, o payroll, que veio bem abaixo do esperado pelo mercado e dá a base que o Fed precisava para cortar a taxa, segundo analistas