"Deixa isso pra lá, vem pra cá, o que que tem?"
Os versos cantados na histórica voz de Jair Rodrigues em tom de sedução descontraída parecem ter ecoado nesta quinta-feira (8) pelos mercados locais e arrebatado os agentes financeiros em um pregão linear, sem reviravoltas nem volatilidade como foi o de ontem.
Seguindo o que diz o artista, os investidores aplicaram a despreocupação a respeito do risco fiscal, deixando-o de lado (ao menos por hoje, é claro), acompanhando a alta vista em Nova York, o que propiciou um grande alívio ao principal índice acionário da B3.
No exterior, os mercados acionários americanos digeriam os avanços e recuos nas perspectivas de estímulos à enfraquecida economia dos Estados Unidos, após a presidente da Câmara dos Deputados do país, Nancy Pelosi, sinalizar indisposição acerca de algumas medidas de estímulo a serem desencadeadas antes das eleições de novembro.
A democrata negou o pacote para o setor aéreo hoje, mas disse que o partido continua disposto a negociar um pacote mais abrangente.
Na véspera, o presidente Donald Trump havia se referido à possibilidade de medidas fatiadas de estímulos, depois de recusar um acordo com os democratas em torno de um amplo pacote trilionário.
Os EUA hoje também mostraram mais dados sobre o estado de sua economia. Nem os pedidos de seguro-desemprego acima das expectativas de analistas, no entanto, tiraram os índices do terreno positivo.
O S&P 500 terminou a sessão em alta de 0,53%, o Dow Jones, de 0,19%, e a Nasdaq, de 0,21%, embora distantes de suas máximas intradiárias.
Por aqui, o Ibovespa não hesitou em nenhum momento sobre qual terreno gostaria de ficar: na mínima, ficou no 0 a 0, aos 95.529,57 pontos, enquanto na máxima chegou a subir 2,52%, para 97.937,72 pontos.
Finalmente, o índice terminou o dia em forte alta de 2,51%, aos 97.919,73 pontos.
"Ibovespa reflete o ambiente externo, deixando a questão fiscal de lado pelo menos hoje", diz Ari Santos, operador de renda variável da Commcor.
"Por lá, quem quer ganhe as eleições, vai ter pacote de estímulos, e hoje temos calmaria política, sem ruídos", disse ele, sobre a ausência de notícias a respeito da situação fiscal do país.
Top 5
Mas nem todas as boas do dia vieram da falta de notícias ruins sobre o cenário fiscal (como foi o dia de ontem) e do cenário externo positivo. Internamente, a expectativa de que os bancões façam bonito nos balanços do terceiro trimestre também ajudou a embalar a bolsa brasileira.
Quem acha isso é o UBS BB, que até lançou a sua ação favorita no setor bancário. Veja as maiores altas percentuais do Ibovespa abaixo:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO | VARIAÇÃO |
IRBR3 | IRB ON | R$ 7,74 | 20,19% |
SANB11 | Santander Brasil units | R$ 30,78 | 8,11% |
ITUB4 | Itaú Unibanco PN | R$ 24,07 | 6,04% |
BBDC3 | Bradesco ON | R$ 19,20 | 5,67% |
RENT3 | Localiza ON | R$ 59,96 | 5,40% |
Confira também as maiores quedas do Ibovespa:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO | VARIAÇÃO |
USIM5 | Usiminas PNA | R$ 10,32 | -2,55% |
BTOW3 | B2W ON | R$ 87,20 | -1,61% |
ELET3 | Eletrobras ON | R$ 30,87 | -1,44% |
BRKM5 | Braskem PNA | R$ 21,99 | -1,08% |
GOAU4 | Metalúrgica Gerdau PN | R$ 9,93 | -1,00% |
Dólar e juros recuam
O dólar e os juros também apresentaram recuo no pregão de hoje, acompanhando o cenário mais propício para a tomada de risco.
A moeda norte-americana mais do que devolveu a alta vista ontem, caindo 0,65%, cotada a R$ 5,58. Na mínima, chegou a cair até 0,84%, para R$ 5,57, e, na máxima, avançou 0,39%, para R$ 5,64.
As moedas pares do real como peso mexicano, rublo russo e rand sul-africano também apresentaram ganhos frente ao dólar.
Enquanto isso, os juros futuros recuaram, em meio à melhora do cenário para risco e também pelo leilão do Tesouro, que colocou a maior parte da oferta de 31,5 milhões de LTN (Letra do Tesouro Nacional, um título público pré-fixas) para o prazo mais curto (25 milhões na LTN 1/4/2021).
"Isso acabou provocando uma queda um pouco mais acentuada dos juros do DI, foi uma questão mais técnica de mercado, nada a ver com o contexto macro", diz Cris Quartaroli, economista da Ourinvest.
- Janeiro/2021: de 2,05% para 2,00%;
- Janeiro/2022: de 3,27% para 3,19%;
- Janeiro/2023: de 4,775% para 4,64%;
- Janeiro/2025: de 6,65% para 6,56%.