Ibovespa acentua queda e dólar sobe com deterioração nos mercados financeiros internacionais
Cautela dos investidores internacionais deixa os mercados sem fôlego para sustentar uma alta expressiva. No Brasil, foco está nos ruídos políticos que chegam de Brasília
O Ibovespa opera em queda desde o início da sessão e o dólar sobe forte ante o real em uma sexta-feira marcada pela forte aversão ao risco.
A queda no principal índice do mercado brasileiro de ações acentuou-se no início da tarde, acompanhando a deterioração observada nos mercados financeiros internacionais.
A situação é intensificada pelo mau desempenho dos setores financeiro e de tecnologia em Wall Street em dia de quadruple witching - vencimento simultâneo de contratos de derivativos.
Com a semana chegando ao fim sem grandes compromissos na agenda, o Ibovespa acompanha o movimento externo enquanto os investidores buscam proteção no dólar.
Enquanto as principais bolsas de valores europeias fecharam em queda, os índices de ações de Nova York registram fortes perdas. Por volta das 16h, o principal índice da B3 recuava 1,71%, aos 98.384 pontos. O dólar se mantém pressionado, com alta firme de 2,48%, a R$ 5,3612.
A preocupação principal continua girando em torno da falta de sinais de que os bancos centrais estariam dispostos a patrocinar uma nova rodada de estímulos monetários para sustentar a retomada econômica pós-pandemia.
Agenda fraca e ausência de notícias atrapalham
Antes de aprofundar a queda, o Ibovespa refletia a ausência de uma direção clara nos mercados financeiros internacionais, a agenda fraca e a escassez de notícias capazes de impulsionar o índice em um momento de incerteza, avaliou Pedro Galdi, analista da Mirae Asset.
Diante da agenda fraca, o noticiário corporativo figurou como um grande motor do mercado ao longo da sexta-feira.
As ações do Magazine Luiza destoavam da queda acentuada de outros papéis depois de a companhia ter aprovado uma nova proposta de desdobramento de ações na proporção de 1 para 4.
Um dos destaques negativos é a Cielo, cujas ações caem forte depois de o JPMorgan ter rebaixado a recomendação do papel de 'neutra' para 'venda'. Na visão do banco, a companhia deve seguir perdendo participação no mercado.
De olho em Brasília
Não bastasse a aversão ao risco no exterior, os agentes financeiros seguem de olho nas novidades da mais recente crise política em Brasília envolvendo o presidente Jair Bolsonaro e a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes.
O clima na capital federal segue tenso desde que o presidente Jair Bolsonaro 'sepultou' o programa Renda Brasil - projetado para substituir o Bolsa Família - e deu um ultimato à equipe econômica do governo.
Desde a ameaça de 'cartão vermelho' para a proposta de congelamento de aposentadorias, que financiaria o novo programa social, os investidores analisam com lupa as situações envolvendo o ministro 'queridinho' do mercado, Paulo Guedes, e sua equipe econômica.
Após reunião com os secretários da pasta, o ministro disse que não irá segurar ninguém que vazar informações sobre os próximos passos da equipe econômica. Responsável pela divulgação dos planos para o Renda Brasil, o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, estaria de saída do governo.
Dólar e juro
O dólar opera em forte alta em uma sexta-feira marcada por baixa liquidez e muita aversão ao risco. O real apresenta o pior desempenho ante o dólar dentre as moedas de mais liquidez nos mercados financeiros.
Ao fugirem de posições mais arriscadas, os investidores buscam hoje proteção no mercado de câmbio.
Os contratos de juros futuros também têm alta acentuada, especialmente nos vencimentos mais longos, acompanhando o movimento do dólar ante o real.
Confira as taxas negociadas de alguns dos principais contratos negociados na B3:
- Janeiro/2022: de 2,820% para 2,970%;
- Janeiro/2023: de 4,140% para 4,400%;
- Janeiro/2025: de 6,020% para 6,340%;
- Janeiro/2027: de 7,010% para 7,320%.
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