Otimismo x cautela: Ibovespa sobe com animação externa, mas dólar segue firme e rompe os R$ 5,20
A sessão de hoje foi marcada pela dualidade: de um lado, o otimismo com a economia americana, e, de outro, a cautela com a segunda onda do coronavírus
A sessão desta terça-feira (16) foi marcada por uma dualidade: de um lado, otimismo com a recuperação da economia dos EUA; do outro, cautela com uma eventual segunda onda do coronavírus. Engana-se, no entanto, quem pensa que esses vetores atuaram em direções opostas — e o comportamento do Ibovespa e do dólar à vista deixa isso bem claro.
O principal índice da bolsa brasileira, por exemplo, chegou a subir 3,07% no melhor momento do dia, indo aos 95.215,56 pontos. Ao fim da sessão, o Ibovespa exibia ganhos mais modestos: alta de 1,25%, aos 93.531,17 pontos — ainda assim, uma interrupção da sequência de quatro pregões consecutivos em baixa.
Já o dólar à vista foi por um caminho diferente: terminou a terça-feira em alta de 1,79%, a R$ 5,2340 — e isso após cair 1,80% durante a manhã, tocando os R$ 5,0495. Foi a quinta valorização seguida da moeda americana ante o real.
- Eu gravei um vídeo para explicar um pouco da dinâmica dos mercados na sessão de hoje. Veja abaixo:
Esse comportamento do Ibovespa e do dólar pode parecer estranho, já que é raro que a bolsa e o dólar caminhem lado a lado. Pense bem: num dia de alívio para os mercados, o comum é ver o índice em alta e a moeda americana em queda; uma sessão mais tensa, por outro lado, costuma ter Ibovespa para baixo e câmbio para cima.
Então, o que uma sessão com Ibovespa e dólar em alta quer dizer? Em linhas gerais, que temos fatores positivos e negativos no radar — e que, num ambiente de incertezas, os investidores querem de alguma maneira aproveitar as oportunidades, mas sem correr muitos riscos.
Essa é uma estratégia clássica dos mercados em tempos mais turbulentos. Ninguém quer ficar de fora da bolsa e correr o risco de perder um novo rali, então as posições continuam firmes no mercado acionário — mas, ao mesmo tempo, ninguém quer correr o risco de perder dinheiro caso o cenário se deteriore.
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A saída, portanto, é buscar algum mecanismo de proteção para a carteira — e esse 'hedge', quase sempre, é o dólar. Ou seja: tivemos uma demanda crescente por ações e pela moeda americana na sessão de hoje, o que provoca esse comportamento, digamos, incomum.
Mas o que aconteceu nesta terça-feira? Quais foram os sinais mistos?
Varejo forte nos EUA
Em primeiro plano para as bolsas apareceu o resultado surpreendente das vendas no varejo dos Estados Unidos em maio: o indicador avançou 17,7% em relação a abril — os analistas projetavam um crescimento bem menos intenso, de 7,9% no mês.
O dado do varejo soma-se à recuperação mostrada pelo mercado de trabalho americano em maio, com a criação de 2,5 milhões de empregos e queda na taxa de desemprego para 13,3% — dois dados que indicam uma recuperação intensa da economia do país após o pico da Covid-19.
"Uau! As vendas no varejo em maio mostraram o maior crescimento mensal de todos os tempos, com alta de 17,7%. Muito melhor que o projetado", escreveu o presidente dos EUA, Donald Trump, no Twitter. "Parece que teremos um grande dia no mercado de ações".
O resultado das vendas no varejo deu ainda mais forças a uma sessão que já se desenhava como positiva para as bolsas. Desde as primeiras horas do dia, os investidores mostravam-se empolgados com a possibilidade de o governo americano lançar um pacote de US$ 1 trilhão em investimentos em infraestrutura, de modo a dar sustentação à economia do país.
As notícias de que Trump estaria estudando essa possibilidade juntam-se ao programa lançado ontem pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para a compra de títulos de empresas, no montante de US$ 75 bilhões.
Ou seja: o mercado trabalha com a perspectiva de forte injeção de liquidez no curto prazo — o que, naturalmente, diminui a percepção de risco e incentiva os investimentos em ações no mundo todo.
Esfriando os ânimos
Mas, por mais que esse cenário seja animador para os investidores, também tivemos algumas notícias mais preocupantes para o mercado no front externo, com destaque para a China e para declarações recentes do presidente do Fed, Jerome Powell.
Uma notícia publicada mais cedo pela Bloomberg freou a recuperação das bolsas globais e tirou impulso do Ibovespa e dos índices americanos: segundo a agência, o governo chinês decidiu fechar novamente as escolas em Pequim, temendo o surgimento de uma segunda onda do coronavírus no país.
Essa movimentação elevou o temor de que a recuperação da economia global poderá ser freada, uma vez que a retomada das medidas de isolamento social tende a impactar novamente o nível de atividade do mundo — e, vale lembrar, tanto os EUA quanto a Europa começaram recentemente seus processos de reabertura.
Além disso, o mercado também mostrou certa cautela com uma fala de Powell ao Senado americano: o presidente do Fed disse que, apesar dos sinais recentes de recuperação, a economia americana ainda tende a sofrer no curto prazo. Ele também afirmou que, caso o mercado continue evoluindo positivamente, a instituição poderá cortar gradativamente o programa de compra de títulos.
Varejo fraco no Brasil
As boas notícias vindas do exterior contrastaram com o cenário ainda bastante incerto no Brasil: por aqui, os dados econômicos continuaram mostrando fraqueza da atividade doméstica — e, em Brasília, o panorama ainda é pouco animador.
Mais cedo, o IBGE apontou uma queda de 16,8% nas vendas no varejo em abril em relação a março, o pior resultado do indicador em 20 anos. Todos os dez setores analisados pelo instituto mostraram retração no período.
No âmbito político, o presidente Jair Bolsonaro disse ontem que a reforma administrativa ficará apenas para 2021 — segundo ele, o desgaste em Brasília é intenso demais para o avanço da pauta ainda neste ano.
Para as bolsas, o otimismo externo se sobrepôs às nebulosidades domésticas; no câmbio, a lógica foi a inversa: a cautela prevaleceu em relação às boas notícias dos EUA.
Juros oscilam
A ponta curta da curva de juros futuros sustentou um leve desempenho negativo, refletindo a convicção dos investidores de que o Copom cortará a Selic em 0,75 ponto na reunião de amanhã, podendo deixar a porta aberta para novas reduções no futuro. Os DIs mais longos, contudo, exibiram certa cautela e fecharam em alta, acompanhando o dólar:
- Janeiro/2021: de 2,11% para 2,10%;
- Janeiro/2022: de 3,05% para 3,08%;
- Janeiro/2023: de 4,13% para 4,19%;
- Janeiro/2025: de 5,71% para 5,77%.
Gerdau lidera ganhos
Confira abaixo as cinco maiores altas do Ibovespa nesta terça-feira:
| CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
| GGBR4 | Gerdau PN | 14,80 | +9,23% |
| GOAU4 | Metalúrgica Gerdau PN | 6,89 | +7,32% |
| CSNA3 | CSN ON | 11,30 | +6,50% |
| BEEF3 | Minerva ON | 13,93 | +6,34% |
| EMBR3 | Embraer ON | 9,05 | +5,48% |
Confira também as cinco maiores quedas do índice:
| COGN3 | Cogna ON | 6,15 | -3,76% |
| CVCB3 | CVC ON | 19,77 | -3,33% |
| SULA11 | Sul America units | 42,16 | -3,19% |
| VVAR3 | Via Varejo ON | 15,15 | -3,01% |
| YDUQ3 | Yduqs ON | 32,01 | -2,59% |
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