Terra arrasada: Ibovespa despenca mais de 12% e dólar vai a R$ 4,72 com a crise no petróleo
Os mercados tiveram um dia caótico, em meio à queda de braço entre Arábia Saudita e Rússia por causa do preço do petróleo. O Ibovespa desabou mais de 12% e voltou aos níveis de 2018

No ápice da Segunda Guerra Mundial, as tropas de Adolf Hitler marcharam em direção a Moscou, tentando conquistar o território da União Soviética. Sabendo do plano nazista, o exército vermelho adotou uma estratégia que entrou para a História como 'terra arrasada': ordenou que os cidadãos queimassem e destruíssem tudo que poderia ser útil aos invasores.
O resultado é conhecido: sem recursos à disposição, os soldados alemães sucumbiram ao rigoroso inverno — um episódio apontado por muitos como o início da derrocada nazista. Para derrotar o inimigo, os soviéticos destruíram seu próprio patrimônio.
Pois, quase 80 anos depois da Segunda Guerra, a estratégia se voltou contra os russos: a Arábia Saudita cortou violentamente os preços do petróleo vendido ao exterior, prejudicando seus próprios interesses para tentar encurralar o governo de Moscou, que se opõe à liderança saudita na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
O resultado foi uma verdadeira terra arrasada no Ibovespa e nos mercados globais, que tiveram nesta segunda-feira (9) uma sessão de perdas massivas e forte valorização do dólar em relação às moedas de países emergentes.
Por aqui, o Ibovespa desabou mais de 10% logo na abertura, acionando pela primeira vez desde 2017 o chamado circuit breaker — um mecanismo que paralisa as negociações por 30 minutos, de modo a tentar conter a espiral negativa. Mas nem mesmo a pausa forçada foi capaz de parar o colapso da bolsa brasileira.
Ao fim da sessão, o Ibovespa marcava 86.067,20 pontos, com uma impressionante queda de 12,17%. Trata-se da maior baixa diária desde 10 de setembro de 1998, quando o índice brasileiro fechou em queda de 15,82%, em meio à crise da Rússia.
Leia Também
Com o desempenho de hoje, o Ibovespa caiu ao menor patamar desde 27 de dezembro de 2018, quando marcava 85.460,21 pontos. Desde o início de 2020, o índice já acumula perdas de 25,58%.
- Eu gravei um vídeo para comentar o 'dia de pânico' dos mercados nesta segunda-feira. Veja abaixo:
Lá fora, o dia foi igualmente caótico. As principais praças acionárias da Europa recuaram mais de 7% e, nos Estados Unidos, o Dow Jones (-7,79%), o S&P 500 (-7,60%) e o Nasdaq (-7,29%) desabaram em bloco.
No mercado de câmbio, o dólar à vista disparou e fechou em forte alta de 1,95%, para R$ 4,7243 — e olha que, logo depois da abertura, a moeda americana chegou a subir 3,43%, a R$ 4,7927.
Todas as divisas de países emergentes passaram por fortes desvalorizações nesta segunda-feira, com os agentes financeiros buscando opções mais seguras para investir. Por aqui, o dólar à vista agora acumula uma valorização de 17,76% desde o início o ano.
Guerra comercial, versão 2.0
Essa espiral negativa se deve ao derretimento nos preços do petróleo: o Brent com vencimento em maio caiu impressionantes 24,10%, a US$ 34,36, enquanto o WTI para abril desvalorizou 24,58%, a US$ 31,13 — mais cedo, ambos os contratos chegaram a despencar mais de 30%. É a maior queda diária da commodity desde a Guerra do Golfo.
A derrocada do petróleo é causada pela "guerra de preços" desencadeada pela Arábia Saudita. O governo de Riad desejava cortar a produção da commodity, de modo a se adequar a um cenário de menor demanda por causa do surto de coronavírus, mas a Rússia não aderiu ao plano — o que criou um impasse na Opep.
Assim, os sauditas resolveram tomar uma atitude drástica: anunciaram que vão vender petróleo com enormes descontos, derrubando os preços internacionais da commodity. A medida impacta diretamente a economia russa, no que parece ser uma estratégia para forçar Moscou a negociar.
Mas a briga entre os dois países traz efeitos colaterais ao mundo todo e cria toda uma nova camada de incerteza em relação à economia global, que já vinha sendo afetada pelo surto de coronavírus. E, com dois fatores de risco no horizonte, os mercados operam em pânico.
As principais afetadas pela derrocada do petróleo foram, obviamente, as petroleiras. Em Nova York, as ações da BP despencaram 19,49%, enquanto os ativos da Exxon Mobil desabaram 9,79%.
Por aqui, Petrobras ON (PETR3) fechou em forte baixa de 28,95%, enquanto Petrobras PN (PETR4) derreteu 28,60% — os papéis da estatal brasileira já haviam recuado mais de 10% na última sexta-feira (6). Em duas sessões, a companhia perdeu R$ 125 bilhões em valor de mercado.
BC não faz nem cócegas
Em meio à escalada da moeda americana na semana passada, o Banco Central (BC) anunciou, ainda na noite de sexta-feira (6), que faria leilões extraordinários de dólar à vista já na abertura da sessão desta segunda.
O que o BC não imaginava é que, durante o fim de semana, estouraria a nova crise do petróleo. Assim, por mais que a autoridade monetária tenha injetado US$ 3 bilhões no segmento à vista, a medida nem de longe serviu para acalmar os investidores.
Durante a tarde, a autoridade monetária fez mais um leilão no segmento à vista, injetando pouco menos de US$ 500 milhões — um esforço que, novamente, não conseguiu acalmar os ânimos dos investidores.
Com a nova disparada do dólar à vista, as curvas de juros fecharam em alta nesta segunda-feira. Mas, apesar da correção positiva, o mercado continua apostando em mais um corte na Selic na reunião da próxima semana.
Veja abaixo como ficaram os principais DIs nesta segunda-feira:
- Janeiro/2021: de 3,83% para 4,01%;
- Janeiro/2022: de 4,40% para 4,63%;
- Janeiro/2023: de 5,08% para 5,37%;
- Janeiro/2025: de 6,04% para 6,35%.
Dia vermelho
Nenhum ativo do Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira. Veja abaixo as maiores quedas do índice hoje:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (EM R$) | VARIAÇÃO |
PETR4 | Petrobras PN | 16,22 | -28,95% |
PETR3 | Petrobras ON | 17,18 | -28,60% |
CSNA3 | CSN ON | 8,39 | -24,48% |
MRFG3 | Marfrig ON | 8,60 | -23,62% |
BPAC11 | BTG Pactual units | 47,21 | -18,07% |
GGBR4 | Gerdau PN | 13,30 | -17,65% |
GOAU4 | Metalúrgica Gedau PN | 6,27 | -17,50% |
GOLL4 | Gol PN | 17,43 | -17,20% |
Nada de ouro ou renda fixa: Ibovespa foi o melhor investimento do primeiro semestre; confira os outros que completam o pódio
Os primeiros seis meses do ano foram marcados pelo retorno dos estrangeiros à bolsa brasileira — movimento que levou o Ibovespa a se valorizar 15,44% no período
Bolsas nas máximas e dólar na mínima: Ibovespa consegue romper os 139 mil pontos e S&P 500 renova recorde
A esperança de que novos acordos comerciais com os EUA sejam fechados nos próximos dias ajudou a impulsionar os ganhos na última sessão do mês de junho e do semestre
É possível investir nas ações do Banco do Brasil (BBAS3) sem correr tanto risco de perdas estrondosas, diz CIO da Empiricus
Apesar das recomendações de cautela, muitos investidores se veem tentados a investir nas ações BBAS3 — e o especialista explica uma forma de capturar o potencial de alta das ações com menos riscos
Reviravolta na bolsa? S&P 500 e Nasdaq batem recorde patrocinado pela China, mas Ibovespa não pega carona; dólar cai a R$ 5,4829
O governo dos EUA indicou que fechou acordos com a China e outros países — um sinal de que a guerra comercial de Trump pode estar chegando ao fim. Por aqui, as preocupações fiscais ditaram o ritmo das negociações.
Nubank (ROXO34) reconquista o otimismo do BTG Pactual, mas analistas alertam: não há almoço grátis
Após um período de incertezas, BTG Pactual vê sinais de recuperação no Nubank. O que isso significa para as ações do banco digital?
FII Guardian Real Estate (GARE11) negocia venda de 10 lojas por mais de R$ 460 milhões; veja quanto os cotistas ganham se a operação sair do papel
Todos os imóveis estão ocupados atualmente e são locados por grandes varejistas: o Grupo Mateus e o Grupo Pão de Açúcar
ETFs ganham força com a busca por diversificação em mercados desafiadores como a China
A avaliação foi feita por Brendan Ahern, CIO da Krane Funds Advisors, durante o Global Managers Conference 2025, promovido pelo BTG Pactual Asset Management
Pátria Escritórios (HGRE11) na carteira: BTG Pactual vê ainda mais dividendos no radar do FII
Não são apenas os dividendos do fundo imobiliários que vêm chamando a atenção do banco; entenda a tese positiva
Fim da era do “dinheiro livre”: em quais ações os grandes gestores estão colocando as fichas agora?
Com a virada da economia global e juros nas alturas, a diversificação de investimentos ganha destaque. Saiba onde os grandes investidores estão alocando recursos atualmente
Excepcionalismo da bolsa brasileira? Não é o que pensa André Esteves. Por que o Brasil entrou no radar dos gringos e o que esperar agora
Para o sócio do BTG Pactual, a chave do sucesso do mercado brasileiro está no crescente apetite dos investidores estrangeiros por mercados além dos EUA
Bolsa em alta: investidor renova apetite por risco, S&P 500 beira recorde e Ibovespa acompanha
Aposta em cortes de juros, avanço das ações de tecnologia e otimismo global impulsionaram Wall Street; no Brasil, Vale, Brasília e IPCA-15 ajudaram a B3
Ibovespa calibrado: BlackRock lançará dois ETFs para investir em ações brasileiras de um jeito novo
Fundos EWBZ11 e CAPE11 serão listados no dia 30 de junho e fazem parte da estratégia da gestora global para conquistar mais espaço nas carteiras domésticas
Todo mundo quer comprar Bradesco: Safra eleva recomendação para ações BBDC4 e elege novos favoritos entre os bancões
Segundo o Safra, a mudança de preferência no setor bancário reflete a busca por “jogadores” com potencial para surpreender de forma positiva
Apetite do TRXF11 não tem fim: FII compra imóvel ocupado pelo Assaí após adicionar 13 novos ativos na carteira
Segundo a gestora, o ativo está alinhado à estratégia do fundo de investir em imóveis bem localizados e que beneficia os cotistas
Até os gringos estão com medo de investir no Banco do Brasil (BBAS3) agora. Quais as novas apostas dos EUA entre os bancos brasileiros?
Com o Banco do Brasil em baixa entre os investidores estrangeiros, saiba em quais ações de bancos brasileiros os investidores dos EUA estão apostando agora
FIIs de papel são os preferidos do Santander para estratégia de renda passiva; confira a carteira completa de recomendação
Fundos listados pelo banco tem estimativas de rendimento com dividendos de até 14,7% em 12 meses
Mesmo com petroleiras ‘feridas’, Ibovespa sobe ao lado das bolsas globais; dólar avança a R$ 5,5189
Cessar-fogo entre Israel e Irã fez com que os preços da commodity recuassem 6% nesta terça-feira (24), arrastando as empresas do setor para o vermelho
Não é hora de comprar Minerva (BEEF3): BTG corta preço-alvo das ações, mas revela uma oportunidade ainda mais suculenta
Os analistas mantiveram recomendação neutra para as ações BEEF3, mas apontaram uma oportunidade intrigante que pode mexer com o jogo da Minerva
CVC (CVCB3) decola na B3: dólar ajuda, mas otimismo do mercado leva ação ao topo do Ibovespa
A recuperação do apetite ao risco, o fim das altas da Selic e os sinais de trégua no Oriente Médio renovam o fôlego das ações ligadas ao consumo
É hora do Brasil: investidores estrangeiros estão interessados em ações brasileiras — e estes 4 nomes entraram no radar
Vale ficou para trás nos debates, mas uma outra empresa que tem brilhado na bolsa brasileira mereceu uma menção honrosa