Efeito Moro: Ibovespa desacelera e dólar vai a R$ 5,59 com depoimento do ex-ministro
A publicação da íntegra do depoimento do ex-juiz federal provocou uma reação imediata nos mercados. O Ibovespa fechou em alta, mas não conseguiu recuperar os 80 mil pontos

A sessão desta teça-feira (5) pode ser dividia em duas etapas: até as 16h15, o Ibovespa subia perto de 2% e o dólar à vista operava em leve alta; daí em diante, a bolsa perdeu força e a moeda americana foi às máximas do dia.
O divisor de águas veio de Brasília: foi exatamente nesse horário que a CNN Brasil divulgou a íntegra do depoimento do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, à Polícia Federal em Curitiba. E, como num reflexo, os investidores começaram a diminuir a exposição ao risco quase que imediatamente.
Afinal, ninguém queria pagar para ver: e se o documento trouxesse elementos que comprometessem o presidente Jair Bolsonaro? E se o depoimento gerasse uma deterioração ainda maior no ambiente político?
Como resultado, o Ibovespa tirou o pé do acelerador: o índice, que chegou a subir 2,78% na máxima, aos 81.065,90 pontos, fechou o dia com uma alta bem mais modesta, de 0,75%, aos 79.470,78 pontos.
No mercado de câmbio, pudemos ver um fenômeno semelhante: o dólar à vista manteve-se perto da faixa de R$ 5,55 durante boa parte do dia, operando em alta inferior a 1%. Mas, com a divulgação do depoimento de Moro, a moeda americana foi às máximas da sessão, tocando os R$ 5,6045 (+1,52%).
Ao fim do dia, a divisa valia R$ 5,5925, em alta de 1,30% — na semana, o dólar à vista acumula ganhos de 2,83%. E olha que, lá fora, a terça-feira foi de valorização das moedas de países emergentes.
Leia Também
O excepcionalismo americano não morreu e três gestores dão as razões para investir na bolsa dos EUA agora
A rapidez com que o Ibovespa perdeu força mostra que os investidores optaram por diminuir suas posições na bolsa antes mesmo de conhecer o teor do depoimento de Moro — o que deixa claro como o mercado está sensível ao noticiário político.
Entre outros pontos da fala, Moro afirma que Bolsonaro almejava a troca no comando da Polícia Federal no Rio de Janeiro, tentando indicar ele mesmo um novo superintendente. Além disso, o juiz da Lava Jato dá mais detalhes a respeito dos bastidores de seu pedido de demissão do ministério da Justiça, novamente dando sinais de que o presidente tentava intervir em seu trabalho.
Mas, apesar da cautela, o Ibovespa não chegou a virar ao campo negativo. E isso graças à sustentação oferecida pelo clima mais ameno no exterior e pelo tom positivo visto nas bolsas globais.
Lá fora, as principais praças da Europa avançaram mais de 2% e, nos Estados Unidos, o Dow Jones (+0,56%), o S&P 500 (+0,90%) e o Nasdaq (+1,13%) fecharam em alta, sem enfrentar grandes turbulências.
- Eu gravei um vídeo para explicar a dinâmica do mercado brasileiro nesta terça-feira. Veja abaixo:
Exterior positivo
Mesmo com os recentes atritos entre americanos e chineses, os agentes financeiros mostraram-se focados na reabertura econômica gradual na Europa e em algumas regiões dos EUA.
A expectativa é a de que, com a atividade voltando lentamente ao normal nessas áreas, o ciclo de recuperação da economia global poderá começar o mais rápido possível — e essa perspectiva sustenta as bolsas mundiais no campo positivo nesta terça-feira.
Além disso, os indicadores de atividade do setor de serviços nos EUA vieram ligeiramente mais fortes que o projetado pelo mercado, o que contribuiu para elevar a percepção de que a retomada econômica poderá ocorrer mais cedo que o esperado.
Expectativa para o Copom
No Brasil, os investidores aguardam a decisão de juros do Copom, com divulgação prevista para amanhã, depois do fechamento dos mercados. As projeções são de corte na Selic, mas não há unanimidade no mercado quanto à magnitude da redução — as apostas dividem-se entre baixas de 0,5 ou de 0,75 ponto.
A fraqueza demonstrada pela produção industrial do país em março deu ainda mais força à percepção de que será necessário continuar cortando a Selic para dar sustentação à economia: o indicador caiu 9,1% em relação a fevereiro, a maior queda para o mês desde 2002.
Nesse cenário, o mercado de juros futuros fechou em baixa, tanto na ponta curta quanto na longa — uma evidência de que os investidores veem espaço para mais cortes na Selic:
- Janeiro/2021: de 2,77% para 2,71%;
- Janeiro/2022: de 3,66% para 3,53%;
- Janeiro/2023: de 4,91% para 4,73%;
- Janeiro/2025: de 6,63% para 6,52%.
Essa certeza de que a Selic será cortada na reunião de amanhã e a possibilidade de o ciclo de alívio monetário continuar ao longo do ano acabaram trazendo pressão ao dólar à vista — e, com o 'risco Moro' entrando no radar, a moeda americana ganhou ainda mais força.
Itaú em foco
No lado corporativo, destaque para o Itaú Unibanco: a instituição fez uma provisão de R$ 10 bilhões no primeiro trimestre deste ano, antevendo os impactos futuros da crise do coronavírus. Com isso, o lucro do banco caiu 43% na base anual, para R$ 3,912 bilhões.
Apesar dessa forte baixa no lucro, as ações PN da instituição (ITUB4) fecharam em alta de 3,70% — os números do balanço chamaram a atenção, mas a abordagem cautelosa do Itaú também foi bem recebida pelos investidores.
Veja abaixo os cinco papéis de melhor desempenho do Ibovespa nesta terça-feira:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
GOLL4 | Gol PN | 11,78 | +5,65% |
KLBN11 | Klabin units | 18,70 | +5,17% |
SBSP3 | Sabesp ON | 41,70 | +4,49% |
ITUB4 | Itaú Unibanco PN | 22,70 | +3,70% |
PETR3 | Petrobras ON | 18,67 | +3,43% |
Confira também as maiores quedas do índice hoje:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
IRBR3 | IRB ON | 9,01 | -6,05% |
COGN3 | Cogna ON | 4,96 | -4,98% |
CVCB3 | CVC ON | 12,39 | -4,03% |
CSNA3 | CSN ON | 7,96 | -3,28% |
HGTX3 | Cia Hering ON | 13,86 | -3,14% |
Quão ruim pode ser o balanço do Banco do Brasil (BBAS3)? O JP Morgan já traçou as apostas para o 2T25
Na visão dos analistas, o BB pode colher ainda mais provisões no resultado devido a empréstimos problemáticos no agronegócio. Saiba o que esperar do resultado
Banco do Brasil (BBAS3) terá a pior rentabilidade (ROE) em quase uma década no 2T25, prevê Goldman Sachs. É hora de vender as ações?
Para analistas, o agronegócio deve ser outra vez o vilão do balanço do BB no segundo trimestre de 2025; veja as projeções
Investidor ainda está machucado e apetite pela bolsa é baixo — e isso não tem nada a ver com a tarifa do Trump, avalia CEO da Bradesco Asset
Apetite por renda fixa já começou a dar as caras entre os clientes da gestora, enquanto bolsa brasileira segue no escanteio, afirma Bruno Funchal; entenda
Com ou sem Trump, Selic deve fechar 2025 aos 15% ao ano — se Lula não der um tiro no próprio pé, diz CEO da Bradesco Asset
Ao Seu Dinheiro, Bruno Funchal, CEO da Bradesco Asset e ex-secretário do Tesouro, revela as perspectivas para o mercado brasileiro; confira o que está em jogo
FII Arch Edifícios Corporativos (AIEC11) sai na frente e anuncia recompra de cotas com nova regra da CVM; entenda a operação
Além da recompra de cotas, o fundo imobiliário aprovou conversão dos imóveis do portfólio para uso residencial ou misto
As apostas do BTG para o Ibovespa em setembro; confira quem pode entrar e sair da carteira
O banco projeta uma maior desconcentração do índice e destaca que os grandes papéis ligados às commodities perderão espaço
Na guerra de tarifas de Trump, vai sobrar até para o Google. Entenda o novo alerta da XP sobre as big techs
Ações das gigantes da tecnologia norte-americana podem sofrer com a taxação do republicano, mas a desvalorização do dólar oferece alívio nas receitas internacionais
Ibovespa come poeira enquanto S&P 500 faz história aos 6.300 pontos; dólar cai a R$ 5,5581
Papéis de primeira linha puxaram a fila das perdas por aqui, liderados pela Vale; lá fora, o S&P 500 não sustentou os ganhos e acabou terminando o dia com perdas
O Brasil não vale o risco: nem a potencial troca de governo em 2026 convence essa casa de análise gringa de apostar no país
Analistas revelam por que não estão dispostos a comprar o risco de investir na bolsa brasileira; confira a análise
Trump tarifa o Brasil em 50%: o que fazer agora? O impacto na bolsa, dólar e juros
No Touros e Ursos desta semana, o analista da Empiricus, Matheus Spiess, analisa os impactos imediatos e de médio prazo das tarifas para o mercado financeiro
Ibovespa cai, dólar sobe a R$ 5,57 e frigoríficos sofrem na bolsa; entenda o que impacta o setor hoje
Enquanto Minerva e BRF lideram as maiores perdas do Ibovespa nesta segunda-feira (14), a Brava Energia desponta como maior alta desta tarde
Na batalha da B3, Banco do Brasil (BBAS3) volta a perder para o Itaú (ITUB4) em junho, mas segue à frente de Bradesco (BBDC4)
Em junho, as ações do banco estatal caíram para o quarto lugar em volume negociado na B3, segundo levantamento do DataWise+
Gestores de fundos imobiliários passam a ficar otimistas, após sentimento negativo do 1º semestre; saiba os motivos
Após pessimismo da primeira metade do ano, sentimento vira e volta para o campo positivo, com destaque para os setores de escritórios e aluguel residencial
Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) se salvaram, mas não a Embraer (EMBR3); veja as maiores altas e quedas do Ibovespa na última semana
Bolsa brasileira sentiu o impacto do tarifaço de Trump, sobretudo sobre as empresas mais sensíveis a juros; BRF (BRFS3) fechou com a maior alta, na esteira da fusão com a Marfrig (MRFG3)
Trump volta a derrubar bolsas: Ibovespa tem a maior perda semanal desde 2022; dólar sobe a R$ 5,5475
A taxação de 35% ao Canadá pressionou os mercados internacionais; por aqui, a tarifa de 50% anunciada nesta semana pelo presidente norte-americano seguiu pesando sobre os negócios
BRPR Corporate Offices (BROF11) estabelece novo contrato de locação com a Vale (VALE3) e antecipa R$ 44 milhões
O acordo, no modelo atípico, define que a mineradora passará a ser responsável por todos os encargos referentes ao empreendimento localizado em Minas Gerais
XP aponta seis ações defensivas para enfrentar o novo choque de 50% imposto pelos EUA — e duas possíveis beneficiadas
Enquanto a aversão a risco toma conta do mercado, a XP lista seis papéis da B3 com potencial para proteger investidores em meio ao tarifaço de Trump
Ibovespa escapa da sangria após tarifas de Trump, mas cai 0,54%; dólar sobe a R$ 5,5452
Após o anúncio da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, que deve entrar em vigor em 1 de agosto, algumas ações conseguiram escapar de uma penalização dos mercados
Embraer (EMBR3) não é a única a sofrer com as tarifas de Trump: as ações mais impactadas pela guerra comercial e o que esperar da bolsa agora
A guerra comercial chegou ao Brasil e promete mexer com os preços e a dinâmica de muitas empresas brasileiras; veja o que dizem os analistas
Um novo segmento para os fundos imobiliários? Com avanço da inteligência artificial, data centers entram na mira dos FIIs — e cotistas podem lucrar com isso
Com a possibilidade de o país se tornar um hub de centros de processamento de dados, esses imóveis deixam de ser apenas “investimentos diferentões”