Ibovespa afunda e dólar dispara com avanço da covid-19 e fala de Guedes sobre auxílio
Principal índice acionário da B3 tem maior queda em quase duas semanas, em dia de perdas nos mercados de ações americanos; moeda americana sobe 1,1% com possível piora das contas públicas por prolongamento de auxílio emergencial
Foi um dia negativo para os ativos de risco globais, em meio ao retorno dos temores sobre uma segunda de coronavírus ao radar dos investidores.
O Ibovespa acompanhou as bolsas americanas e anotou a maior queda desde 30 de outubro, sessão imediatamente anterior do rali de seis dias na esteira da eficácia da vacina da Pfizer — na ocasião, caiu 2,72%.
Hoje, o recuo foi de 2,2%, com o principal índice da bolsa brasileira fechando cotado aos 102.510 pontos — na segunda sessão consecutiva de baixa.
Nas bolsas americanas, a queda foi mais mitigada, mas não deixou de ser forte: o S&P 500 caiu 1%, o Dow Jones, 1,1%, e o Nasdaq — até ele, cujas ações de tecnologia saíram amplamente beneficiadas com a pandemia —, 0,65%.
O grande gatilho da tensão de hoje entre os investidores foi disparado em diversos estados americanos, dentre os quais Nova York.
Naquele estado, medidas de distanciamento social foram anunciadas ontem à noite pelo governador Andrew Cuomo, que definiu o toque de recolher, vigente a partir de sexta, para as 22h do horário local para bares, restaurantes e academias.
Leia Também
Enquanto isso, reuniões em residências privadas na cidade serão limitadas a 10 pessoas, no máximo.
Governadores de Maryland, Minnesota, Iowa, Utah e outros estados também impuseram medidas de isolamento social, já que as contaminações se espalham a um ritmo similar ou mais intenso do que o visto em março.
"Esse crescimento de casos traz a preocupação de uma segunda onda, gerando novas medidas de isolamento social e desacelerando uma retomada da economia mundial", diz Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos.
"Além do mais, estamos em um momento sem mais estímulos no radar, então isso preocupa os investidores."
A avaliação sobre este cenário de aumento de infecções pela covid-19 — os Estados Unidos bateram os 100 mil casos diários na quarta (11) pelo 9º dia consecutivo — não é muito encorajadora para a economia, e os investidores têm lido assim. Bem como o presidente do Federal Reserve, o banco central americano, Jerome Powell.
“Os próximos meses podem ser desafiadores”, disse Powell, durante Fórum do Banco Central Europeu. Sobre as implicações de uma vacina, ele acrescentou: “Do nosso ponto de vista, é muito cedo para avaliar com alguma confiança”.
“Vemos que a economia continua em uma trajetória sólida de recuperação, mas o principal risco que vemos é a propagação de doenças aqui nos Estados Unidos”, afirmou.
Outra informação importante para o contexto dos mercados é a falta de um novo acordo de estímulos: segundo a Bloomberg, o governo de Donald Trump desistiu de tentar qualquer acordo por uma ajuda econômica com os democratas.
Diante de um cenário tão negativo, o resultado não podia ser diferente do de uma sangria — e os mercados globais tiveram de pausar o rali recente, gerado exatamente pela perspectiva de uma vacina contra a covid-19.
Por aqui, o noticiário local trouxe a declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, que instigou cautela adicional.
Guedes disse que a prorrogação do auxílio emergencial no caso de uma segunda onda do coronavírus por aqui "não é possibilidade, é certeza".
"Se houver segunda onda da pandemia, o Brasil reagirá como da primeira vez", disse Guedes, completando que, nesse cenário, seria decretado estado de calamidade pública e recriado o auxílio.
"É preocupante, sim, no caso de haver uma segunda onda, esse prolongamento do auxílio emergencial", diz Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.
Contribuíram para a má performance do Ibovespa hoje principalmente ações da Petrobras e de bancos são uma pressão negativa na sessão de hoje — os papéis se recuperaram durante o rali originado pela eficácia da vacina da Pfizer.
"Vamos ver nas próximas sessões se essas nossas blue chips, como Petrobras e bancos, voltam a se recuperar como tínhamos visto nas duas primeiras sessões da semana", diz Esteter.
"Os investidores aproveitaram para realizar lucros de curto prazo hoje aqui na bolsa, depois das fortes altas recentes com movimento comprador exponencial", diz Panonko, da Toro.
Além disso, os balanços relativos ao terceiro trimestre também pesaram no índice.
Top 5
A Taesa, empresa de transmissão de energia — um dos chamados "setores defensivos" — liderou as altas percentuais do índice hoje.
A companhia registrou lucro líquido de R$ 631,9 milhões no terceiro trimestre, em alta de quase 80% na comparação anual.
A Marfrig foi outra que fez bonito nos resultados trimestrais e chegou a estar entre os maiores ganhos percentuais do índice, mas fechou apenas em leve alta. A companhia teve lucro líquido de R$ 674 milhões, avanço de 571% na comparação anual.
Ainda assim, o setor foi levado pelo ímpeto de bons resultados operacionais — junto com os da JBS, cuja papel recuou hoje —, e os papéis de Minerva também foram puxados após os balanços de empresas do setor.
Papéis da Hapvida terminaram entre os maiores ganhos percentuais com as expectativas para os resultados do terceiro trimestre de hoje, após o fechamento dos mercados. Veja as principais altas do Ibovespa:
| CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
| TAEE11 | Taesa units | 31,57 | 3,10% |
| HAPV3 | Hapvida ON | 69,85 | 1,97% |
| BTOW3 | B2W ON | 75,86 | 1,51% |
| KLBN11 | Klabin units | 23,40 | 0,91% |
| EGIE3 | Engie ON | 43,60 | 0,72% |
Na ponta negativa, a Rumo ficou entre as maiores quedas percentuais — a operadora ferroviária reportou lucro líquido de R$ 171 milhões, queda de 54% na comparação anual.
De acordo com a empresa, o resultado foi influenciado pela queda de 4,2% na tarifa de transporte ferroviário, assim como os maiores gastos com a renovação antecipada da Malha Paulista.
"A Rumo foi extremamente prejudicada pelo aumento das despesas financeiras", escreve Luís Sales, analista da Guide, em relatório.
Outra concessionária, as ações da CCR também terminaram a sessão entre as maiores perdas, após queda de 65% do lucro líquido da empresa em relação ao mesmo período de 2019.
A Eletrobras também desapontou. A companhia marcou lucro líquido de R$ 96 milhões, queda de 87% ante o terceiro trimestre de 2019, e as ações foram a sexta maior baixa percentual hoje.
A Via Varejo, por outro lado, surpreendeu e apresentou lucro (o mercado esperava prejuízo) de R$ 590 milhões de julho a setembro. Os papéis caíram com a realização de lucros de investidores, após altas recentes — a ação subiu 60% em 2020.
As duas principais baixas do índice, no entanto, são velhas conhecidas (ao menos no ano de 2020) dessa posição: os papéis de Gol e Azul, empresas aéreas sensíveis ao noticiário da covid-19. Confira as principais quedas:
| CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
| AZUL4 | Azul PN | 27,90 | -6,38% |
| GOLL4 | Gol PN | 19,06 | -5,92% |
| VVAR3 | Via Varejo ON | 17,76 | -5,73% |
| CCRO3 | CCR ON | 11,70 | -5,72% |
| RAIL3 | Rumo ON | 19,00 | -5,19% |
Dólar fecha perto das máximas; juros terminam mistos
No mercado de câmbio, o que tivemos foi um novo pregão de volatilidade.
A moeda americana abriu a sessão em queda frente ao real, buscando o patamar de R$ 5,35 nas mínimas do dia (-1,15%), mas virou para alta após a fala de Guedes sobre estender o auxílio e chegou a atingir a cotação de R$ 5,4762, na máxima intradiária (+1,1%).
Mais na reta final da sessão, pouco antes das 17h, a divisa operava refletindo a aversão ao risco no exterior, subindo forte, em alta superior a 1,04% — atestando a amplitude de movimentos da moeda.
No fim, o dólar fechou em avanço de 1,14%, cotado a R$ 5,4782.
A leitura de operadores é que houve uma correção nos preços da moeda, que registra queda de 4,53% em novembro — no ano, o dólar já disparou 36,5%.
Além disso, em face de mais um sinal de indefinição sobre a questão fiscal, já que Guedes sinalizou para a extensão do auxílio em caso de eventual segunda onda, os investidores optaram por se proteger e fizeram um movimento comprador mais uma vez.
Os juros, que subiram forte ontem refletindo a apreensão sobre o cenário fiscal, adotaram comportamento misto hoje.
As taxas curtas fecharam em leve queda, enquanto as longas avançaram reduziram refletindo a declaração de Guedes e avaliando uma piora do risco fiscal.
"O mercado agora está desprezando uma alta em 2020 da Selic. Está em 20% somente a chance de subir juros em dezembro, e há um represamento, com a ponta curta caindo e a longa, subindo", diz Paulo Nepomuceno, analista de renda fixa da Terra Investimentos.
"E no cenário interno, o executivo ainda mostra fragilidade quando se toca no assunto de diminuição de gasto público. O mercado quer saber de corte de gastos e o ministro vem com discurso no sentido oposto", afirmou.
Veja o fechamento das taxas dos principais contratos de depósitos interbancários:
- Janeiro/2021: de 1,930% para 1,923%
- Janeiro/2022: de 3,39% para 3,38%
- Janeiro/2023: de 4,95% para 4,98%
- Janeiro/2025: de 6,67% para 6,75%
Nasdaq bate à porta do Brasil: o que a bolsa dos ‘todo-poderosos’ dos EUA quer com as empresas daqui?
Em evento em São Paulo, representantes da bolsa norte-americana vieram tentar convencer as empresas de que abrir capital lá não é um sonho tão distante
Ibovespa volta a fazer história: sobe 1,72% e supera a marca de 153 mil pontos antes do Copom; dólar cai a R$ 5,3614
Quase toda a carteira teórica avançou nesta quarta-feira (5), com os papéis de primeira linha como carro-chefe
Itaú (ITUB4) continua o “relógio suíço” da bolsa: lucro cresce, ROE segue firme e o mercado pergunta: é hora de comprar?
Lucro em alta, rentabilidade de 23% e gestão previsível mantêm o Itaú no topo dos grandes bancos. Veja o que dizem os analistas sobre o balanço do 3T25
Depois de salto de 50% no lucro líquido no 3T25, CFO da Pague Menos (PGMN3) fala como a rede de farmácias pode mais
O Seu Dinheiro conversou com o CFO da Pague Menos, Luiz Novais, sobre os resultados do terceiro trimestre de 2025 e o que a empresa enxerga para o futuro
FII VGHF11 volta a reduzir dividendos e anuncia o menor pagamento em quase 5 anos; cotas apanham na bolsa
Desde a primeira distribuição, em abril de 2021, os dividendos anunciados neste mês estão entre os menores já pagos pelo FII
Itaú (ITUB4) perde a majestade e seis ações ganham destaque em novembro; confira o ranking das recomendações dos analistas
Após voltar ao topo do pódio da série Ação do Mês em outubro, os papéis do banco foram empurrados para o fundo do baú e, por pouco, não ficaram de fora da disputa
Petrobras (PETR4) perde o trono de empresa mais valiosa da B3. Quem é o banco que ‘roubou’ a liderança?
Pela primeira vez desde 2020, essa companhia listada na B3 assumiu a liderança do ranking de empresas com maior valor de mercado da bolsa brasileira; veja qual é
Fundo imobiliário GARE11 vende 10 imóveis, locados ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), por R$ 485 milhões
A venda envolve propriedades locadas ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), que pertenciam ao FII Artemis 2022
Ibovespa atinge marca inédita ao fechar acima dos 150 mil pontos; dólar cai a R$ 5,3574
Na expectativa pela decisão do Copom, o principal índice de ações da B3 segue avançando, com potencial de chegar aos 170 mil pontos, segundo a XP
A última dança de Warren Buffett: ‘Oráculo de Omaha’ vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Lucro operacional da Berkshire Hathaway saltou 34% em relação ao ano anterior; Warren Buffett se absteve de recomprar ações do conglomerado.
Ibovespa alcança o 5º recorde seguido, fecha na marca histórica de 149 mil pontos e acumula ganho de 2,26% no mês; dólar cai a R$ 5,3803
O combo de juros menores nos EUA e bons desempenhos trimestrais das empresas pavimenta o caminho para o principal índice da bolsa brasileira superar os 150 mil pontos até o final do ano, como apontam as previsões
Maior queda do Ibovespa: o que explica as ações da Marcopolo (POMO4) terem desabado após o balanço do terceiro trimestre?
As ações POMO4 terminaram o dia com a maior queda do Ibovespa depois de um balanço que mostrou linhas abaixo do que os analistas esperavam; veja os destaques
A ‘brecha’ que pode gerar uma onda de dividendos extras aos acionistas destas 20 empresas, segundo o BTG
Com a iminência da aprovação do projeto de lei que taxa os dividendos, o BTG listou 20 empresas que podem antecipar pagamentos extraordinários para ‘fugir’ da nova regra
Faltou brilho? Bradesco (BBDC4) lucra mais no 3T25, mas ações tombam: por que o mercado não se animou com o balanço
Mesmo com alta no lucro e na rentabilidade, o Bradesco viu as ações caírem no exterior após o 3T25. Analistas explicam o que pesou sobre o resultado e o que esperar daqui pra frente.
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
