Antes de sua estreia na bolsa, em 10 de outubro, a Vivara estabeleceu alguns objetivos a serem perseguidos no curto e médio prazo. Entre as metas, destaque para a inauguração de novas lojas no país e a expansão de seu canal de vendas online — além, é claro, da continuação da trajetória de crescimento financeiro.
Assim, o balanço do terceiro trimestre representava um primeiro teste para a joalheria. Como ela empregou os recursos levantados com o IPO? Quais os planos para o fim de ano e 2020? De que maneira ela está trabalhando para manter seu ritmo de expansão?
Os resultados trimestrais da Vivara responderam boa parte dessas perguntas. E, na maior parte dos casos, as sinalizações emitidas mostraram um grande comprometimento com os planos anunciados ao mercado — o que deu impulso aos papéis da empresa na B3.
As ações ON da Vivara (VIVA3) fecharam o pregão desta quinta-feira (14) em alta de 3,80%, a R$ 23,75. Os ativos da joalheria, assim, ainda estão ligeiramente abaixo do preço do IPO, de R$ 24,00. Desde a abertura de capital, os papéis têm mostrado oscilações tímidas, na faixa de R$ 22,63 e R$ 24,42.

O que foi bom?
Comecemos pelo grande destaque positivo do balanço da Vivara: o crescimento das vendas on-line. Antes do IPO, o e-commerce era apontado como um dos pontos fracos da joalheria, uma vez que quase todo o modelo de negócios da empresa era baseado nas vendas físicas.
Ao todo, a companhia encerrou o trimestre com uma receita bruta de R$ 308,7 milhões, um crescimento de 8,1% em relação ao mesmo período de 2018. Desse montante, R$ 23 milhões foram gerados através do canal on-line, o que equivale a 7,5% da receita bruta total.
Pode parecer pouco, mas já é um salto importante em relação ao terceiro trimestre de 2018. Na ocasião, a receita do e-commerce foi de R$ 18,3 milhões, o que representava 6,4% da receita total.
A própria expansão entre os períodos é digna de nota: esse crescimento de R$ 18,3 milhões para R$ 23 milhões representa um aumento de 25,5% nas vendas on-line em um ano. De acordo com a própria Vivara, o canal de e-commerce havia crescido "apenas" 20% entre 2016 e 2018.
E as lojas físicas?
Seguem bem. As vendas nesse segmento totalizaram R$ 281,4 milhões entre julho e setembro, um aumento de 7% na comparação anual — ou 91,1% da receita bruta total.
Mas o destaque referente às lojas físicas não está nas vendas em si, mas em outros dois pontos: também cumprindo com o que tinha prometido antes do IPO, a Vivara inaugurou 11 novas unidades no trimestre, sendo seis lojas padrão e cinco quiosques. Agora, a empresa conta com 240 pontos de venda no país, a maioria deles no Sudeste.
Por outro lado, a Vivara fechou outros cinco quiosques entre julho e setembro. A empresa ressalta, no entanto, que parte dessas unidades foi convertida em lojas novas ou incorporadas às unidades já existentes, por meio da ampliação da área de vendas.
O segundo ponto positivo no segmento físico foi a expansão das vendas no segmento mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês). Este é um indicador muito importante para empresas do setor de varejo por medir o desempenho das unidades maduras — aquelas com mais de 12 meses de operação.
E, no terceiro trimestre deste ano, o SSS da Vivara ficou em 7,3%, considerando apenas as lojas físicas — há um ano, o indicador estava em 6,4%. Se agruparmos as unidades físicas, o e-commerce e as televendas, o SSS foi de 8,5%, ante 8,3% no mesmo período de 2018.
O balanço todo foi uma joia?
Não. Os números trimestrais da Vivara foram negativamente impactados por uma forte piora no resultado financeiro da companhia, que ficou negativo em R$ 13 milhões no período — quase o dobro do registrado há um ano, quando a linha estava negativa em R$ 6,6 milhões.
Assim, por mais que a receita líquida da Vivara tenha aumentado 9,2% na base anual, para R$ 240,3 milhões, esses ganhos acabaram sendo diluídos ao longo do balanço. Além do efeito maléfico do resultado financeiro, também pesou sobre o demonstrativo a expansão de 10,7% nos custos dos produtos vendidos, para R$ 77,2 milhões.
Esses dois fatores, combinados, fizeram com que o lucro líquido da Vivara somasse R$ 39,5 milhões no trimestre, cifra 0,6% menor que a registrada entre julho e setembro do ano passado. A empresa ressalta, no entanto, que considerando a norma IRFS 16 e descartando efeitos não-recorrentes, o lucro teria subido 8,2%, a R$ 43 milhões.
Bola de cristal
A Vivara mostra-se bastante otimista para os últimos três meses de 2019, período que, tradicionalmente, gera os resultados mais fortes para a empresa — cerca de um terço das vendas anuais é obtido entre outubro e dezembro.
"Para o Natal, o nosso time de produtos preparou novas coleções para as marcas Life e Vivara", diz a administração da companhia, em mensagem aos acionistas. "Importante destacar que estamos focados na neutralização do efeito do aumento do preço do ouro, que se intensificou a partir de junho desse ano".
Resumindo
- Receita líquida: R$ 240,3 milhões (+9,2%)
- Despesas operacionais: R$ 110,7 milhões (+6,6%)
- Ebitda: R$ 63,3 milhões (+28,3%)
- Ebitda ajustado: R$ 53,5 milhões (+8,6%)
- Lucro líquido: R$ 39,5 milhões (-0,8%)
- Lucro líquido ajustado: R$ 43 milhões (+8,2%)