Após 4 anos de brilho, renda fixa será ofuscada pela bolsa de vez em 2020
Nos últimos anos, deu para ganhar dinheiro tanto com renda fixa quanto com ações no Brasil; mas 2020 será o ano da bolsa, dizem especialistas

Nos últimos quatro anos, o investidor brasileiro teve muita oportunidade de ganhar dinheiro. De 2016 para cá vimos ótimos retornos tanto na bolsa quanto na renda fixa.
Quando a Selic ainda estava em 14,25% ao ano, mas iniciando um movimento de queda, o investidor pôde colher altos retornos tanto com a renda fixa pós-fixada quanto com títulos prefixados e atrelados à inflação, além da bolsa de valores.
De 2017 para cá, o ciclo de cortes nos juros penalizou as aplicações mais conservadoras, mas beneficiou muito as ações e os títulos prefixados e atrelados à inflação.
Em 2020, porém, o cenário vai mudar um pouco: a bolsa continuará brilhando, enquanto a renda fixa ficará bastante apagada.
Isso não quer dizer que você não deva mais ter renda fixa na sua carteira. Você deve sempre manter uma reserva de emergência aplicada em renda fixa conservadora, e o ideal mesmo é que a sua carteira contenha todas as classes de ativos, independentemente do cenário.
Mas a renda fixa agora assume mais um papel de proteção - reserva de liquidez, seguro contra a inflação etc. - do que propriamente de gerar altos retornos para a sua carteira.
Leia Também
Bolsa será o maior destaque de 2020
O bom desempenho da bolsa no ano que vem é consenso no mercado. Inclusive já mostramos aqui no Seu Dinheiro a visão de várias instituições financeiras para as ações no ano que vem.
Nesta semana, durante evento do banco digital Modalmais em São Paulo, quatro representantes de gestoras de fundos foram perguntados sobre qual será a classe de ativos mais promissora em 2020, e foram unânimes em responder: ações.
- Novo projeto do Seu Dinheiro: Tacadas de Mestre: a chance da década para você se tornar um grande investidor
Quer dizer, um deles, de uma casa especializada em títulos de crédito privado, que são ativos de renda fixa, respondeu: “a renda fixa só vai ser a melhor classe se tudo der errado.”
Os especialistas presentes trouxeram bons insights sobre o panorama para o ano que vem que eu gostaria de compartilhar com você, leitor. Como muita coisa foi dita, eu dividi em alguns tópicos, para facilitar. Vamos lá.
Juros: renda variável será beneficiada, mas renda fixa ficará sem brilho
O mercado espera que a taxa básica de juros, a Selic, permaneça baixa em 2020. As opiniões se dividem entre a possibilidade de mais um ou dois cortes de 0,25 ponto percentual, a manutenção de 4,5% até o fim do ano, ou até uma pequena elevação, como forma de ajuste.
Mas a questão, aqui, é que os juros não devem nem cair nem subir muito. Ou seja, a grande valorização dos títulos de renda fixa prefixados e atrelados à inflação que ocorreu nos últimos anos não é esperada para o ano que vem.
A exceção fica, talvez, por conta dos títulos públicos de prazo mais longo (vencimento em 2050, por exemplo), que podem ainda se beneficiar pela redução do risco-país com a retomada da economia e as reformas. Mas, mesmo assim, nada estrondoso.
Como também não deve haver grandes altas de juros, a renda fixa pós-fixada, aquela cuja remuneração é atrelada à Selic ou ao CDI, deve continuar rendendo pouquinho.
A manutenção do juro baixo, no entanto, é benéfica para ações, imóveis e fundos imobiliários, bem como para estimular as emissões de títulos de crédito privado, como debêntures, CRI e CRA - principalmente agora que o BNDES saiu de cena.
Previsões dos especialistas presentes no evento para o fim de 2020:
- Daycoval Asset: manutenção de 4,5% ao ano.
- Dahlia Capital: sem previsão, mas acredita que há espaço para a Selic cair um pouco mais.
- Trafalgar Investimentos: 4,0% ao ano (dois cortes de 0,25 ponto percentual).
- Boletim Focus do Banco Central (consenso do mercado): manutenção de 4,5% ao ano.
Crescimento será o motor da bolsa, mas talvez pressione a inflação
Se o ciclo de queda de juros que vivemos desde o fim de 2016 vem sendo um importante impulsionador para a bolsa, em 2020 não será mais este o combustível da alta das ações.
Com a manutenção do juro baixo, os ativos de risco continuarão atrativos, mas novas valorizações dependerão de outros impulsionadores, como o crescimento dos lucros das empresas, a expansão do PIB e a continuidade da migração de recursos domésticos da renda fixa para a renda variável, em busca de maiores retornos.
O mercado, de fato, espera um crescimento econômico mais robusto para o ano que vem, o que pode acabar pressionando um pouco a inflação.
Na verdade, inicialmente o crescimento não deve gerar inflação dada a grande ociosidade da economia - o desemprego se mantém em patamares elevados, e as empresas ainda conseguem aumentar a produção sem precisar fazer grandes investimentos.
Porém, depois que toda essa capacidade ociosa tiver sido empregada dentro do possível, os preços voltarão a ser pressionados, ensejando talvez um pequeno ajuste de juros para cima.
É nesse sentido que alguns especialistas esperam uma pequena elevação da Selic já no ano que vem. Para o investidor, cabe uma proteção contra a inflação, por meio de ativos como ações, fundos imobiliários, imóveis, títulos de renda fixa pós-fixados ou mesmo atrelados à inflação (para levar ao vencimento).
Previsões dos especialistas presentes no evento para o PIB em 2020:
- Trafalgar Investimentos: acima de 2,5%.
- Dahlia Capital: de 1,5% a 2,0%.
- Kapitalo: a partir de 2,0%.
- Boletim Focus do Banco Central (consenso do mercado): 2,25%.
Cenário internacional é favorável e real deve ficar mais forte
O mercado não tem uma visão tão pessimista quanto se poderia esperar para o cenário externo no ano que vem.
Agora que Estados Unidos e China chegaram a um acordo de primeira fase para os conflitos comerciais e que o Brexit está mais encaminhado após a vitória dos conservadores nas eleições britânicas, a visão é de que o comércio internacional deve ter um respiro e de que a probabilidade de desaceleração da economia global esteja menor.
As economias americana e chinesa devem continuar se saindo bem, e o crescimento chinês tende, como sempre, a beneficiar o Brasil.
Com isso, é esperado um enfraquecimento do dólar e um fortalecimento do real, embora a expectativa é de que a moeda brasileira permaneça num patamar mais caro do que no passado - algo na casa dos R$ 4 mesmo. Segundo o último Boletim Focus do Banco Central, o dólar deve terminar 2020 em R$ 4,10.
Ou seja, no ano que vem o câmbio deve permanecer mais ou menos no patamar em que está hoje. Não é, portanto, hora de aumentar posição em dólar para apostar na sua valorização, e nem de apostar contra a moeda americana.
É importante apenas manter uma posição em dólar ou investimentos no exterior na carteira para fins de proteção, como de costume.
E o investidor estrangeiro, vem ou não vem para o Brasil? Há algum tempo a questão é discutida no mercado, mas ela divide opiniões. Há quem creia que sim e há quem creia que não.
Seja como for, é consenso que a migração de recursos de ativos mais conservadores para a bolsa tem grande potencial de sustentar um bom desempenho dos ativos de risco nos próximos anos.
Riscos
Durante o evento do Modalmais, os principais riscos de 2020 citados pelos participantes foram as eleições presidenciais americanas e a continuidade da agenda de reformas no Brasil.
No primeiro caso, há muita incerteza quanto a quem vai ser o adversário de Trump - entre os favoritos para concorrer, há aqueles mais ou menos pró-mercado - e o evento em si deve causar uma boa volatilidade nos mercados internacionais.
Quanto às reformas, o fato de haver eleições municipais no ano que vem meio que concentra no primeiro semestre as chances de mais alguma coisa ser aprovada. A reforma tributária é considerada muito difícil de passar no ano que vem.
Ibovespa em 250 mil pontos
Sara Delfim, gestora e sócia-fundadora da Dahlia Capital, defendeu mais uma vez a já conhecida visão da casa de que o Ibovespa pode chegar aos 250 mil pontos ao final de 2022. Isso equivale a uma alta de cerca de 120% em três anos.
Em entrevista aos jornalistas presentes, ela elencou os quatro pontos que possibilitariam tamanha valorização:
- Aumento de lucro das empresas de pelo menos 10% a 15% ao ano, com crescimento dos dividendos na casa de 5% ao ano;
- A queda recente na taxa Selic (queda na taxa de desconto para a precificação das ações);
- A reforma tributária, que pode resultar, no mínimo, em queda de imposto para as empresas;
- O crescimento chinês, com alta demanda por commodities, produtos fundamentais na composição do Ibovespa, nas figuras de Petrobras e Vale.
Os setores preferidos da Dahlia são os de utilities (serviços públicos), sobretudo o segmento de energia, que ainda conta com “boas histórias de reestruturações, vendas e ativos e privatizações”; consumo (“varejo, setor aéreo, tudo que é atrelado a PIB”); e um pouco de commodities, por conta da China.
De volta à Terra: Ibovespa tenta manter boa sequência na Super Quarta dos bancos centrais
Em momentos diferentes, Copom e Fed decidem hoje os rumos das taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos
A decisão é o que menos importa: o que está em jogo na Super Quarta com as reuniões do Copom e do Fed sobre os juros
O Banco Central brasileiro contratou para hoje um novo aumento de 1 ponto para a Selic, o que colocará a taxa em 14,25% ao ano. Nos EUA, o caminho é da manutenção na faixa entre 4,25% e 4,50% — são os sinais que virão com essas decisões que indicarão o futuro da política monetária tanto aqui como lá
Até onde vai a alta da Selic — e como investir nesse cenário? Analista vê juros de até 15,5% e faz recomendações de investimentos
No episódio da semana do Touros e Ursos, Lais Costa, da Empiricus Research, fala sobre o que esperar da política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, após a Super Quarta
Yduqs nas alturas: YDUQ3 sobe forte e surge entre as maiores altas do Ibovespa. O que fazer com a ação agora?
A empresa do setor de educação conseguiu reverter o prejuízo em lucro no quarto trimestre de 2024, mas existem pontos de alerta nas linhas do balanço
Super Quarta no radar: saiba o que esperar das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos e como investir
Na quarta-feira (19), os bancos centrais do Brasil e dos EUA devem anunciar suas decisões de juros; veja o que fazer com seus investimentos, segundo especialistas do mercado
JBS (JBSS3) de malas prontas para Nova York: Com BNDES ‘fora’ da jogada, frigorífico avança em planos de dupla listagem
A controladora J&F Investimentos e a BNDESPar firmaram acordo que elimina o principal risco para a aprovação da dupla listagem do frigorífico nos Estados Unidos
Não é um pássaro (nem um avião): Ibovespa tenta manter bom momento enquanto investidores se preparam para a Super Quarta
Investidores tentam antecipar os próximos passos dos bancos centrais enquanto Lula assina projeto sobre isenção de imposto de renda
Mais uma Super Quarta vem aí: dois Bancos Centrais com níveis de juros, caminhos e problemas diferentes pela frente
Desaceleração da atividade econômica já leva o mercado a tentar antecipar quando os juros começarão a cair no Brasil, mas essa não é necessariamente uma boa notícia
Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?
Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação
Frigoríficos no vermelho: por que as ações da Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3) figuram entre as maiores quedas do Ibovespa hoje
O desempenho negativo do setor deve-se principalmente à confirmação de surto da gripe aviária mortal H7N9 nos EUA; entenda
Ibovespa acima de 130 mil pela primeira vez em 3 meses: o que dá fôlego para a bolsa subir — e não é Nova York
Além de dados locais, o principal índice da bolsa brasileira recebeu uma forcinha externa; o dólar operou em queda no mercado à vista
JP Morgan rebaixa Natura (NTCO3) após tombo de 30% das ações; empresa lança programa de recompra
Para o banco, tendências operacionais mais fracas de curto prazo e níveis elevados de ruídos devem continuar a fazer preço sobre as ações NTCO3; saiba o que fazer com os papéis agora
Alívio para Galípolo: Focus traz queda na expectativa de inflação na semana da decisão do Copom, mas não vai evitar nova alta da Selic
Estimativa para a inflação de 2025 no boletim Focus cai pela primeira vez em quase meio ano às vésperas de mais uma reunião do Copom
O rugido do leão: Ibovespa se prepara para Super Semana dos bancos centrais e mais balanços
Além das decisões de juros, os investidores seguem repercutindo as medidas de estímulo ao consumo na China
Agenda econômica: Super Quarta vem acompanhada por decisões de juros no Reino Unido, China e Japão e a temporada de balanços segue em pleno vapor
Além dos balanços e indicadores que já movimentam a agenda dos investidores, uma série de decisões de política monetária de bancos centrais ao redor do mundo promete agitar ainda mais o mercado
Depois de sofrer um raro ‘apagão’ e cair 20% em 2024, o que esperar de uma das ações preferidas dos ‘tubarões’ da Faria Lima e do Leblon?
Ação da Equatorial (EQTL3) rendeu retorno de cerca de 570% na última década, bem mais que a alta de 195% do Ibovespa no período, mas atravessou um momento difícil no ano passado
Ibovespa tem melhor semana do ano e vai ao nível mais alto em 2025; Magazine Luiza (MGLU3) e Natura (NTCO3) destacam-se em extremos opostos
Boa parte da alta do Ibovespa na semana é atribuída à repercussão de medidas adotadas pela China para impulsionar o consumo interno
Bolsa em disparada: Ibovespa avança 2,64%, dólar cai a R$ 5,7433 e Wall Street se recupera — tudo graças à China
Governo chinês incentiva consumo e uso do cartão de crédito, elevando expectativas por novos estímulos e impulsionando o mercado por aqui
Eztec (EZTC3) sobe forte com balanço do 4T24 e previsões ainda mais fortes para 2025. É hora de comprar ações da construtora?
Analistas destacam os resultados positivos em meio a um cenário macroeconômico deteriorado. Saiba de é hora de investir em EZTC3
Prio (PRIO3) sobe mais de 7% após balanço do quarto trimestre e fica entre as maiores altas do dia — mas ainda há espaço para mais
Os resultados animaram os investidores: as ações PRIO3 despontaram entre as maiores altas do Ibovespa durante todo o dia. E não são apenas os acionistas que estão vendo os papéis brilharem na bolsa