Déjà vu? Saiba como o mercado recebeu o recuo da Petrobras em relação ao diesel
Temores de interferência do governo voltaram a rondar a Petrobras — e as ações da estatal despencaram
O mercado amanheceu com a sensação de estar passando por uma situação estranhamente familiar. E a memória desse episódio que se repete não é nada boa.
A protagonista desse filme é a Petrobras, e o enredo, sua política de preços. Tudo ia de acordo com o script, com a estatal confirmando um aumento no valor do diesel, conforme esperado. Mas aí veio o plot twist — que alguns diriam nem ser tão surpreendente assim.
Horas depois, a empresa voltou atrás e disse que manteria "por mais alguns dias" o valor praticado desde 26 de março. O mercado rapidamente interpretou o recado: o governo estaria interferindo na administração da Petrobras, sacrificando a estatal para manter os ânimos dos caminhoneiros sob controle — e, com isso, evitar uma nova greve da categoria.
A reação a esse déjà vu foi intensa: os papéis PN da Petrobras fecharam em queda de 7,75%, a R$ 25,83, e os ON recuaram 8,54%, a R$ 29,13 — o Ibovespa terminou o dia em baixa de 1,98%, aos 92.875,00 pontos. Com o desempenho de hoje, as Petrobras perdeu R$ 32 bilhões em valor de mercado.
"A interferência do governo em qualquer empresa, mesmo sendo o acionista controlador, é muito ruim. Principalmente considerando a agenda liberal proposta [pela administração Bolsonaro]", diz um gestor de uma asset no Rio de Janeiro que prefere não ser identificado.
Para ele, o ponto que gera maior incômodo é a maneira como a decisão foi conduzida — com a própria empresa vindo a público para desmentir a informação. "Mostra que não há organização no processo. Se de fato fosse necessário não ter um aumento, isso deveria ter sido assumido pelo governo".
Leia Também
Raphael Figueredo, analista da Eleven Financial Research, segue linha semelhante. Ele pondera que o mercado ainda tem na memória as intervenções promovidas pelo governo Dilma Rousseff na política de preços da Petrobras — e a evocação dessa lembrança ruim traz mal-estar às negociações.
"Cabe agora entender se a politica de preços vai continuar mesmo ou não. Na duvida, o investidor vende", diz Figueredo.
Entre a cruz e a espada
Em relatório, o BTG Pactual classifica toda essa situação como um "dilema".
Por um lado, as consequências de uma nova greve de caminhoneiros provavelmente seriam muito negativas para a agenda do país e para a própria Petrobras. Mas, por outro, o sentimento de que a estatal está exposta à influência política, mesmo sob uma agenda liberal, põe em risco os pilares de seu processo de redução de riscos.
"Em última instância, agora tememos que mesmo após revisar a periodicidade dos ajustes de preço para mitigar a volatilidade dos preços, a capacidade de a Petrobras perseguir a paridade internacional será prejudicada num cenário em que os preços de petróleo e o câmbio exigem reajustes constantes", diz o BTG.
FMI diz que tudo está nebuloso
O vice-diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Krishna Srinivasan, foi questionado pela imprensa sobre a interferência do governo no reajuste do preço do diesel.
Segundo ele, a estatal vinha em uma trajetória positiva e não é possível dizer, já neste momento, se isso provocaria uma revisão para um lado ou para outro na perspectiva para a estatal brasileira.
E as ações?
Apesar da forte queda nas ações da Petrobras nesta sexta-feira, há a percepção de que o noticiário de hoje ainda não implica em mudanças conjunturais para os papéis.
"Os papéis tinham subido muito e estavam bem a frente do Ibovespa, então, tinha espaço para uma realização", diz o gestor da asset carioca. Petrobras PN ainda acumula alta de 18% desde o início de 2019, enquanto Petrobras ON sobe 19% — o Ibovespa tem ganho de 7,2% no ano.
Para Figueredo, da Eleven, o sentimento do mercado é negativo, mas a reação de hoje dos papéis é um espasmo localizado. "A notícia só cria nuvem negra, mas não muda a trajetória macro da empresa", conclui.
*Com Estadão Conteúdo.
Ambipar (AMBP3) perde avaliação de crédito da S&P após calote e pedidos de proteção judicial
A medida foi tomada após a empresa dar calote e pedir proteção contra credores no Brasil e nos Estados Unidos, alegando que foram descobertas “irregularidades” em operações financeiras
A fortuna de Silvio Santos: perícia revela um patrimônio muito maior do que se imaginava
Inventário do apresentador expõe o tamanho real do império construído ao longo de seis décadas
UBS BB rebaixa Raízen (RAIZ4) para venda e São Martinho (SMTO3) para neutro — o que está acontecendo no setor de commodities?
O cenário para açúcar e etanol na safra de 2026/27 é bastante apertado, o que levou o banco a rever as recomendações e preços-alvos de cobertura
Vale (VALE3): as principais projeções da mineradora para os próximos anos — e o que fazer com a ação agora
A companhia deve investir entre US$ 5,4 bilhões e US$ 5,7 bilhões em 2026 e cerca de US$ 6 bilhões em 2027. Até o fim deste ano, os aportes devem chegar a US$ 5,5 bilhões; confira os detalhes.
Mesmo em crise e com um rombo bilionário, Correios mantêm campanha de Natal com cartinhas para o Papai Noel
Enquanto a estatal discute um empréstimo de R$ 20 bilhões que pode não resolver seus problemas estruturais, o Papai Noel dos Correios resiste
Com foco em expansão no DF, Smart Fit compra 60% da rede de academias Evolve por R$ 100 milhões
A empresa atua principalmente no Distrito Federal e, segundo a Smart Fit, agrega pontos comerciais estratégicos ao seu portfólio
Por que 6 mil aviões da Airbus precisam de reparos: os detalhes do recall do A320
Depois de uma falha de software expor vulnerabilidades à radiação solar e um defeito em painéis metálicos, a Airbus tenta conter um dos maiores recalls da sua história
Os bastidores da crise na Ambipar (AMBP3): companhia confirma demissão de 35 diretores após detectar “falhas graves”
Reestruturação da Ambipar inclui cortes na diretoria e revisão dos controles internos. Veja o que muda até 2026
As ligações (e os ruídos) entre o Banco Master e as empresas brasileiras: o que é fato, o que é boato e quem realmente corre risco
A liquidação do Banco Master levantou dúvidas sobre possíveis impactos no mercado corporativo. Veja o que é confirmado, o que é especulação e qual o risco real para cada companhia
Ultrapar (UGPA3) e Smart Fit (SMFT3) pagam juntas mais de R$ 1,5 bilhão em dividendos; confira as condições
A maior fatia desse bolo fica com a Ultrapar; a Smartfit, por sua vez, também anunciou a aprovação de aumento de capital
RD Saúde (RADL3) anuncia R$ 275 milhões em proventos, mas ações caem na bolsa
A empresa ainda informou que submeterá uma proposta de aumento de capital de R$ 750 milhões
Muito além do Itaú (ITUB4): qual o plano da Itaúsa (ITSA4) para aumentar o pagamento de dividendos no futuro, segundo a CFO?
Uma das maiores pagadoras de dividendos da B3 sinaliza que um novo motor de remuneração está surgindo
Petrobras (PETR4) amplia participação na Jazida Compartilhada de Tupi, que detém com Shell e a portuguesa Petrogal
Os valores a serem recebidos pela estatal serão contabilizados nas demonstrações financeiras do quarto trimestre de 2025
Americanas (AMER3) anuncia troca de diretor financeiro (CFO) quase três anos após crise e traz ex-Carrefour e Dia; veja quem assume
Sebastien Durchon, novo diretor financeiro e de Relações com Investidores da Americanas, passou pelo Carrefour, onde conduziu o IPO da varejista no Brasil e liderou a integração do Grupo Big, e pelo Dia, onde realizou um plano de reestruturação
Essa empresa aérea quer que você pague mais de R$ 100 para usar o banheiro do avião
Latam cria regras para uso do banheiro dianteiro – a princípio, apenas passageiros das 3 primeiras fileiras terão acesso ao toalete
Ambipar (AMBP3): STJ suspende exigência de depósito milionário do Deutsche Bank
Corte superior aceitou substituir a transferência dos R$ 168 milhões por uma carta de fiança e congelou a ordem do TJ-RJ até a conclusão da arbitragem
Sinal verde: Conselho dos Correios dá aval a empréstimo de R$ 20 bilhões para reestruturar a estatal
Com aprovação, a companhia avança para fechar o financiamento bilionário com cinco bancos privados, em operação que ainda depende do Tesouro e promete aliviar o caixa e destravar a reestruturação da empresa
Oi (OIBR3) consegue desbloqueio de R$ 517 milhões após decisão judicial
Medida permite à operadora acessar recursos bloqueados em conta vinculada à Anatel, enquanto ações voltam a oscilar na bolsa após suspensão da falência
WEG (WEGE3) pagará R$ 1,9 bilhão em dividendos e JCP aos acionistas; veja datas e quem recebe
Proventos refletem o desempenho resiliente da companhia, que registrou lucro em alta mesmo em cenário global incerto
O recado da Petrobras (PETR4) para os acionistas: “Provavelmente não teremos dividendos extraordinários entre 2026 e 2030”
Segundo o diretor financeiro da companhia, Fernando Melgarejo, é preciso cumprir o pré-requisito de fluxo de caixa operacional robusto, capaz de deixar a dívida neutra, para a distribuição de proventos adicionais
