Qual a B(oa) para o segundo semestre?
Há três anos, defendo a tese de um bull market estrutural no Brasil. Era mais fácil antes, com o Ibovespa a 40 mil pontos. Mas o fato é que, pra mim, ainda estamos no começo. É fácil falar isso hoje, quando os mercados são tomados de euforiaa

Raskolnikov.
Até parece um palavrão, mas é só o nome do personagem do clássico “Crime e Castigo”. Nenhum outro poderia servir melhor de analogia para o começo deste segundo semestre. Ok, tens razão. Hamlet, talvez. “Eu poderia viver recluso numa casca de noz e me considerar rei do espaço infinito”.
Às vezes, me dou a castigos sem ter cometido crime algum. Enfrento tempestades psíquicas, combates internos de ideias, pensamentos e sensações ruminantes. O processo é tão esquisito que, não raro, me pego discordando de mim mesmo, o que parece uma contradição em termos. Ou não. Sei lá. “Sad but true”, como ouvi ontem em coro da Orquestra Sinfônica da Petrobras interpretando o Black Album do Metallica na íntegra.
Talvez eu apenas tenha ficado confuso. Ou quem sabe isso seja só um ataque de raiva contra mim mesmo. Resposta mesmo, não tenho. “A vida é o que você pode criar”, diz o Bob Dylan no belo documentário do Scorsese na Netflix — já viu? "Who is not busy being born is busy dying”. Mãe, está tudo bem, eu estou apenas sangrando.
Tem espaço para uma interpretação mais bonita. Seja lá o que for essa mania, eu penso que a gente precisa é de sempre questionar nossas próprias convicções. Brigar com a gente mesmo, pra poder ficar em paz com o mundo e ser legal com os outros.
A evolução do conhecimento científico se dá de maneira dialética, com a tese sendo colocada à prova pela antítese. Desse embate, emerge uma nova síntese, superior à tese original. A nova síntese vira tese, que vai brigar com outra antítese, e o processo se repete indefinidamente, sem fim.
Leia Também
Escrito na pedra
Isso vale para formulações de teorias. Está consagrado, escrito na pedra. Mas, pra mim, precisava mesmo era valer pra gente mesmo, coisa de dentro. “Olhe: o que devia de haver, era de reunirem-se os sábios, políticos, constituições gradas, fecharem o definitivo a noção. (…) Valor de lei! Só assim, davam tranquilidade boa à gente. Por que o Governo não cuida?” Antes de o cabra sair ditando regra por aí, devia mesmo era perguntar pra si mesmo sobre as próprias convicções.
Em vez do viés de confirmação, quando a gente sai por aí sem perceber atrás de coisas que vão validar nossas percepções, teorias e crenças, devia de se lançar ao viés de desconfirmação. Por que não? Seria bem mais útil. A aplicação prática do falsacionismo popperiano, uma espécie de checklist sem o qual não poderíamos decolar os investimentos. Antes de qualquer aplicação de dinheiro, questionar-se até o último segundo: "Será que não estou errado? E, se eu estiver, o que me acontece?”.
Isso acabaria com tanta bobagem. E, mano, numa boa, tudo o que você precisa fazer neste momento é evitar uma grande bobagem.
Há três anos, defendo a tese de um bull market estrutural no Brasil. Era mais fácil antes, com o Ibovespa a 40 mil pontos. Mas o fato é que, pra mim, ainda estamos no começo. É fácil falar isso hoje, quando os mercados são tomados de euforia com o anúncio de trégua entre EUA e China. Olha, não queria falar nada, mas esse acordo entre Mercosul e União Europeia me deixou bem feliz e, confesso de maneira cafona, até mesmo orgulhoso de meu amigo Marcos Troyjo (que homem!).
Mas e se eu estiver errado? E se o bull market estrutural for interrompido por algum motivo, qualquer que seja? Você seria capaz de sobreviver? Será que existe uma forma de surfar o prognóstico de uma tendência de alta secular sem, ao mesmo tempo, não estar exposto demais a riscos para o caso de as coisas darem errado?
Quando os outros são tomados de euforia, você não pode ficar eufórico. Vale o mesmo para momentos de pânico. Esse é o espírito do primeiro texto do segundo semestre. Que sejamos sempre permeados pela dúvida sobre nós mesmos, sobre nossas posições, nossa concentração e nossa alavancagem. Se há alguma certeza nesse troço é de que não se pode ter certeza alguma. Você precisa montar um portfólio para qualquer clima, não somente para dias de sol. Assim, qualquer que seja o destino, você poderá recebê-lo com amor (e dinheiro no bolso). Amor fati.
Alerta de riscos
Deixe-me contar uma história rápida, só para tentar deixá-lo alerta sobre a existência de riscos no horizonte. Talvez a história não sirva de nada. Talvez desta vez seja diferente. Mas será?
No final dos anos de 1960, o presidente norte-americano Lyndon Johnson convidou o chairman do Fed, Bill Martin, para seu rancho no Texas. Fingidamente, era pra ser um bate-papo descontraído. A intenção real, porém, era outra, claro: uma pressão para redução da taxa básica de juro nos EUA.
Como manda quem pode e obedece quem tem juízo, Lyndon Johnson conseguiu o que queria. Com efeito, as taxas de juro nos EUA caíram a partir daí. Se foi “depois disso” ou “por conta disso”, nunca saberemos — a economia real não admite exercícios marshallianos do tipo “ceteris paribus”. Mas fato é que Wall Street observou dois pronunciados bear markets na sequência — entre 1968 e 1970, a média das ações norte-americanas caiu 36 por cento; e entre 1973 e 1974, o recuo foi de 48 por cento. Mais tarde, entre 1978 e 1981, os EUA atravessaram a mãe de todos os bear markets nos mercados de bonds.
Pule umas boas décadas na história até o dia de hoje. Eu gostaria de apresentar um alerta. Não para que você fique pessimista, mas apenas para que calibre adequadamente suas posições e se belisque. Não é porque estamos otimistas que você pode abrir mão da diversificação e das devidas proteções.
Ao longo do tempo, sempre que a onça do ouro teve performance superior ao índice de retorno total dos Treasuries de 10 anos, de modo que a relação entre ambos cruzou sua média móvel de cinco anos, houve uma posterior disparada da inflação. Isso voltou a acontecer em 18 de junho.
A imagem abaixo é da Gavekal e resume o argumento:
Isso acontece justamente num momento em que Jerome Powell sinaliza cortes de juro nos EUA. Será que ele aceitaria um convite de Donald Trump para passar o feriado da Independência em seu rancho no Texas?
Tudo pode ser apenas uma coincidência, um devaneio ou uma daquelas tempestades psíquicas doentias de Raskolnikov. A história pode não servir de guia para nada. Com efeito, me parece mesmo que desta vez é diferente. Mas e se não for?
Por isso, apesar de meu grande otimismo com Bolsa e juro longo, insisto em manter uma boa proteção em ouro e dólar para o segundo semestre, sempre focado no devido asset allocation. Aliás, se eu tivesse uma dica pra dar mirando a segunda metade de 2019, seria justamente para você desistir da dica esperta e focar na boa alocação entre as variadas classes de ativos.
Dos prefixados aos indexados
Agora, com essa possibilidade de um retorno da inflação no mundo, começo a mudar minha preferência dos prefixados para os indexados, as Bs longas. Esse me parece um ativo muito interessante para o momento. Ainda pagam um belíssimo juro real, dada a gigante inclinação da curva de juros brasileira, a perspectiva de aprovação da reforma da Previdência e o cenário mundial de juros negativos. Ao mesmo tempo, se a inflação vier, você estará protegido na B.
O pré normalmente ganha do indexado no Brasil — até pela existência de um prêmio de risco (de inflação), precisa mesmo ser assim. Mas essa relação é quebrada quando consideramos os drawdowns (os momentos de grande queda). É isso que queremos evitar neste momento.
Por isso, os indexados longos me parecem uma excelente pedida para o segundo semestre. As cinquentonas estão particularmente atraentes. Como diria Sérgio Reis: “Panela velha é que faz comida boa”.
Bitcoin deixa de ser ‘ilha’ e passa a se comportar como mercado tradicional — mas você não deve tratar criptomoedas como ações de tecnologia
Os convidados do Market Makers desta semana são Axel Blikstad, CFA e fundador da BLP Crypto, e Guilherme Giserman, manager de global equities no Itaú Asset
Entenda o que são as ‘pontes’ que ligam as blockchains das criptomoedas; elas já perderam US$ 2 bilhões em ataques hackers
A fragilidade desses sistemas se deve principalmente por serem projetos muito novos e somarem as fraquezas de duas redes diferentes
Mesmo em dia de hack milionário, bitcoin (BTC) e criptomoedas sobem hoje; depois de ponte do ethereum (ETH), foi a vez da solana (SOL)
Estima-se que cerca de US$ 8 milhões (R$ 41,6 milhões) tenham sido drenados de carteiras Phantom e Slope, além da plataforma Magic Eden
Em 6 meses de guerra, doações em criptomoedas para Rússia somam US$ 2,2 milhões — mas dinheiro vai para grupos paramilitares; entenda
Esse montante está sendo gasto em equipamentos militares, como drones, armas, coletes a prova de balas, suprimentos de guerra, entre outros
Bitcoin (BTC) na origem: Conheça o primeiro fundo que investe em mineração da principal criptomoeda do mercado
Com sede em Miami, a Bit5ive é uma dos pioneiras a apostar no retorno com a mineração de bitcoin; plano é trazer fundo para o Brasil
Mais um roubo em criptomoedas: ponte do ethereum (ETH) perde US$ 190 milhões em ataque; porque hacks estão ficando mais frequentes?
Os hacks estão ficando cada vez mais comuns ou os métodos para rastreá-los estão cada vez mais sofisticados? Entenda
Esquenta dos mercados: Bolsas preparam-se para brilhar no último pregão de julho; Ibovespa repercute hoje dados da Vale e Petrobras
Mercados repercutem balanços de gigantes das bolsas e PIB da Zona do Euro. Investidores ainda mantém no radar inflação nos EUA e taxa de desemprego no Brasil
Somente uma catástrofe desvia o Ibovespa de acumular alta na semana; veja o que pode atrapalhar essa perspectiva
Ibovespa acumula alta de pouco mais de 2,5% na semana; repercussão de relatório da Petrobras e desempenho de ações de tecnologia em Wall Street estão no radar
Bolsas amanhecem sob pressão do BCE e da renúncia de Draghi na Itália; no Ibovespa, investidores monitoram Petrobras e Vale
Aperto monetário pelo Banco Central Europeu, fornecimento de gás e crise política na Itália pesam sobre as bolsas internacionais hoje
Esquenta dos mercados: Dirigente do Fed traz alívio aos mercados e bolsas sobem com expectativa por balanços de bancos
Hoje, investidores mostram-se animados com os balanços do Wells Fargo e do Citigroup; por aqui, repercussões da PEC Kamikaze devem ficar no radar
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais tentam recuperação após corte de juros na China; Ibovespa acompanha reunião de Bolsonaro e Elon Musk
Por aqui, investidores ainda assistem à divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas pelo Ministério da Economia
Hapvida (HAPV3) decepciona e tomba 17% hoje, mas analistas creem que o pior já passou — e que as ações podem subir mais de 100%
Os números do primeiro trimestre foram pressionados pela onda da variante ômicron, alta sinistralidade e baixo crescimento orgânico, mas analistas seguem confiantes na Hapvida
Oscilando nos US$ 30 mil, bitcoin (BTC) mira novos patamares de preço após criar suporte; momento é positivo para comprar criptomoedas
Entenda porque a perda de paridade com o dólar é importante para a manutenção do preço das demais criptomoedas do mundo
Bitcoin (BTC) permanece abaixo dos US$ 30 mil e mercado de criptomoedas está em estado de pânico com stablecoins; entenda
Entenda porque a perda de paridade com o dólar é importante para a manutenção do preço das demais criptomoedas do mundo
Terra (LUNA) não acompanha recuperação do bitcoin (BTC) neste domingo; criptomoedas tentam começar semana com pé direito
Mesmo com a retomada de hoje, as criptomoedas acumulam perdas de mais de dois dígitos nos últimos sete dias
Bolsas no exterior operam em alta com balanços melhores que o esperado; feriado no Brasil mantém mercados fechados
Investidores também digerem inflação na zona do euro e número de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA
Em recuperação, bitcoin (BTC) sobe mais de 4% hoje, mas Solana (SOL) é destaque entre criptomoedas e dispara 17% após anúncio do Solana Pay; entenda
Os dados internos da blockchain do bitcoin mostram que a maior criptomoeda do mundo permanece no meio de um “cabo de guerra” entre compradores e vendedores
Bitcoin (BTC) cai após um final de semana de recuperação e criptomoedas esperam ‘lei Biden’ esta semana, mas ethereum (ETH) se aproxima de ponto crítico
A segunda maior criptomoeda do mundo está em xeque com o aprofundamento do ‘bear market’, de acordo com a análise gráfica
Bitcoin (BTC) cai mais de 6% em sete dias, de olho no Fed e na próxima lei de Joe Biden; confira o que movimentou o mercado de criptomoedas nesta semana
Putin a favor da mineração de criptomoedas, Fed e Joe Biden no radar do bitcoin, Elon Musk e Dogecoin e mais destaques
Bitcoin (BTC) recua com aumento de juros do Fed no horizonte e investidores de criptomoedas esperam por lei de Joe Biden; entenda
O plano do presidente americano pesava a mão na taxação de criptomoedas e ativos digitais, no valor de US$ 550 bilhões