O sucesso a qualquer preço
Pois é, brokers são assim. Como só ganham dinheiro quando os clientes operam, eles sempre abrem seu dia com um cardápio de sugestões
Durante anos tive conta na Prudential Securities Incorporated, instituição financeira americana na qual eu operava futuros e opções nas bolsas de Chicago e Nova York, sendo esta segunda a cidade onde ficava a trading desk.
Para eles, eu era um ótimo cliente. Não porque tivesse um grande saldo na conta. O valor oscilava entre 50 mil e 150 mil dólares.
Se para você, caro leitor, parece muito, para um banco ou corretora de Wall Street trata-se de uma mixaria. Principalmente se o titular da conta deixa o dinheiro parado, aplicado no open market ou em Treasury Bills (títulos do tesouro dos Estados Unidos), o que definitivamente não era o meu caso.
Com esse cento e poucos mil dólares, eu gerava corretagens de no mínimo uns 15 mil por mês. Pois raro era o dia no qual não fazia um day trade, entrava numa posição, saía de outra, realizava lucros e stops. Ou seja, tudo que um especulador digno do nome faz.
Certa ocasião dei uma grande tacada no mercado futuro de lean hogs (porcos castrados), contrato que era negociado numa das bolsas de commodities de Chicago. Feliz da vida, resolvi fazer uma viagem de carro do Rio até Jericoacoara, no Ceará, ida e volta.
Naquela ocasião (isso foi em agosto de 1988), não havia celulares no Brasil. Mas orelhões da Embratel, com DDDs e DDIs, podiam ser encontrados à vontade. Eu vivia usando esses aparelhos em minhas viagens.
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Pois é, passando por Itapipoca, penúltima cidade antes de Jeri, dei uma ligada a cobrar para a mesa de operações da Prudential. O corretor de lá aproveitou o ensejo para me oferecer uma operação. Vender 100 lotes de Treasury Bonds curtos, comprar 200 lotes de vencimento médio e vender 100 de longos.
“É por causa da yield curve, que vai fechar (ou que vai abrir, já nem me lembro). Não tem erro”, ele garantiu.
O cara tinha sido o autor da jogada dos porquinhos, na qual ganhara somente a corretagem. Deve ser por isso que topei a operação que ele me propôs. E prossegui viagem para Jericoacoara, onde não havia nem eletricidade, que dirá telefone. Vinte e poucos dias mais tarde, já em meu escritório no Rio, fiquei sabendo do resultado dos treasuries.
“Você ganhou quatro mil dólares”, ele me disse. E acrescentou meio sem graça:
“Pena que a corretagem deu um pouco mais do que isso.”
“Um pouco? Quanto?”, perguntei.
Silêncio na linha.
“Quanto?”, insisti.
“Sete mil e quinhentos.”
Pois é, brokers são assim. Como só ganham dinheiro quando os clientes operam, eles sempre abrem seu dia com um cardápio de sugestões. “Compra milho, vende cacau, vende puts de ouro, compra calls de paládio e açúcar Outubro.”
Em Glengarry Glen Ross, filme antológico de James Foley (que no Brasil recebeu o título de O sucesso a qualquer preço), com um superelenco formado por Al Pacino, Jack Lemmon, Alec Baldwin, Ed Harris, Kevin Spacey e outros, a ação se passa em uma firma de corretagens, só que de imóveis.
Nessa empresa, sediada em Chicago, o corretor que vendesse mais durante um ano ganhava um Cadillac Eldorado, o segundo colocado, um jogo de facas para churrasco e os demais iam para o olho da rua, para dar lugar a outro time.
Por sua interpretação, Al Pacino ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante em 1993. Os demais protagonistas foram estupendos. A fita, baseada numa peça da Broadway, mostra como é a vida de um corretor. No mercado financeiro é exatamente a mesma coisa. Broker tem de gerar corretagens todo santo dia.
Voltando ao meu caso, a partir do final de 1992 comecei a me desinteressar pelo mercado. Ou melhor, por operar no mercado pois, aos poucos, fui me apaixonando por um sujeito chamado Julius Clarence.
Não, eu não saí do armário. Como muitos de vocês sabem, Julius é o principal personagem de meu livro Os mercadores da noite ( The Sunday Night Traders, na versão em inglês), cuja ação se passa inteirinha no mercado financeiro.
No inverno (do Hemisfério Norte) 1993/1994 viajei para os Estados Unidos, para pesquisar para Os mercadores... Um ano mais tarde, em dezembro de 1994 e janeiro de 1995 fui para a Europa fazer a mesma coisa.
Em abril de 1995, quando cheguei à conclusão que ou terminava o livro ou especulava nas bolsas, optei por Julius Clarence. Minha conta na Prudential ficou parada. Eu não fazia absolutamente nada nas bolsas. O dinheiro rendia uma merreca aplicado no money market e meu corretor não faturava um centavo. Para eles, me tornei um pária.
Pouco depois, a Prudential foi comprada pela Wachovia Securities e minha conta transferida para Montevidéu, Uruguai. O pessoal de lá ainda tentou ver se eu fazia alguma coisa, mas perdeu tempo. Meu negócio era Os mercadores...
Quando a Wachovia, por sua vez, foi adquirida pelo banco Wells Fargo, meu dinheiro foi remetido para Miami, mas continuou parado. Os novos brokers ficaram bravos. “Ou fecha a conta ou especula”, era a mensagem claramente embutida nas altas taxas de manutenção, na tarifa do cartão de crédito.
Finalmente, transferi o dinheiro para o Citibank, em Porto Rico, onde o apliquei em títulos privados de renda fixa. Mais tarde, repatriei tudo.
Com o advento dos mercados eletrônicos e dos home traders, a função do broker estimulador de negócios perdeu muito de sua importância. Principalmente com a chegada de publicadoras como a Inversa.
Hoje em dia, mediante uma simples assinatura, você recebe aconselhamento de mercado, tanto os de maior risco, como opções e títulos de renda variável, quanto fundos de renda fixa.
Para a Inversa, é indiferente se você opera muito ou não. O que interessa é que seja bem-sucedido nos investimentos.
Desde o início de 2017 eu entrei para o novo negócio. Meu objetivo é compartilhar com você as minhas newsletters e apresentar o conhecimento que adquiri ao longo de minhas seis décadas de convívio com bolsas, futuros e derivativos.
Quase todo dia sinto o desafio de um novo texto. E a sensação é a mesma que tinha ao acompanhar a cotação dos porquinhos castrados.
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