Desta vez é diferente
Não ponha um real em coisas que, se tudo der certo, vão lhe pagar pequenas migalhas a mais e roubarão quase todo seu principal se der errado

Bill Gates: “Também me lembro de Warren me mostrando sua agenda… foi tão curioso… eu tinha todos os meus minutos consumidos e devidamente programados ali. Eu pensava que essa era a única maneira de conseguir fazer todas as minhas coisas. Bem, o fato de que ele é tão cuidadoso com seu tempo… há dias em que simplesmente não há nada registrado em sua agenda, está completamente vazio…”
Mediador: “Deixe-me ver a agenda dele. Estou vendo aqui uma semana do mês de abril. Há apenas três compromissos marcados para toda uma semana.”
Warren Buffett, rindo: “Haverá um total de quatro compromissos para o mês inteiro de abril, não se preocupe.”
Risos gerais.
Mediador: “Não se encher de compromissos… ter tempo para ler e pensar… é disso que estamos falando?”
Bill Gates: “Exato. Ter a noção de que você controla seu tempo. Sentar-se quieto e reservar tempo para pensar talvez deva ser uma prioridade muito maior do que a normalmente atribuída por um CEO tradicional que, você sabe, está sempre demandado, tem mil reuniões e precisa encontrar todas aquelas pessoas. Essa agenda completamente lotada e sem espaço para respirar não é uma proxy de sua seriedade, falsamente ligada a uma sequência de compromissos demarcados.”
Leia Também
Mediador: “As pessoas vão demandar o seu tempo…”
Warren Buffett: “Bem, essa é a única coisa que você não pode comprar. Deixe-me ser sincero… eu posso comprar basicamente tudo que eu quiser, mas eu não posso comprar tempo.”
Mediador: “Logo, a coisa mais importante pra você é justamente ter tempo.”
Warren Buffett: “Eu preciso me dedicar a isso. Não há nenhuma maneira possível para que eu possa comprar mais tempo.”
Faço aniversário hoje. Não acho que isso seja importante para você, claro. Não é nem mesmo para mim. Não sou afeito a essas coisas normalmente. Nunca comemoro e costumo desligar o celular neste dia, para evitar ligações protocolares. As pessoas realmente importantes você acaba encontrando naturalmente, podendo com elas compartilhar momentos de felicidade de forma espontânea.
Ânsia por fazer
Desta vez, porém, é diferente. Sopro velas para apagar um ciclo pessoal, digerindo o gosto doce da possibilidade de despertar para coisas estruturalmente novas. Sob duras penas, estou tentando mudar algo dentro de mim. A disciplina, uma série de mecanismos culpógenos, uma constante cobrança interna, um peso excessivo aos erros e uma ânsia por fazer, trabalhar e realizar abrem ao menos um pouco de espaço para a possibilidade de permitir-se um pouco. Uma dose de vida e juventude, mesmo que ainda pequena, introjetada nas veias. Um pouco de diversão e arte, de permitir-se curtir aquele pouco que se construiu até aqui – nada de bens materiais ou coisas parecidas; apenas uma relação interna consigo mesmo.
De presente, quero apenas estar mais perto daqueles que amo – os poucos e bons. São as boas relações (e não o dinheiro!) que trazem felicidade – sim, há estudos reais na área levando a essa conclusão.
Quero planejar menos, viver mais, com espontaneidade e vivência de situações não planejadas, cujos momentos sequer podemos conceber a priori. Exposição a circunstâncias em que as possibilidades são multivariadas, não mapeáveis e podem nos surpreender para além da capacidade de imaginação.
Para isso, é preciso tempo livre, para viver mais como um flaneur – não na conotação negativa de “vagabundo” ou “preguiçoso”, mas daquele que tem tempo de passear por aí, mesmo que essa viagem seja com o quadril colocado sobre a mesma cadeira, apenas com a cabeça dando a volta ao mundo e além.
Os livros de gestão e os perfis de LinkedIn dos CEOs da moda vão sugerir que você planeje todo o seu dia, marque um compromisso na sequência do outro para que possa “maximizar sua produtividade”. Por favor, não faça isso consigo mesmo. A vida não é uma função derivável. Ela não pode ser otimizada como um exercício de maximização de primeira ordem. Não cabemos numa função matemática e os melhores momentos vêm justamente da exposição a retornos – financeiros ou não – infinitos. Fora do cálculo diferencial e da assíntota, não pode haver um ponto máximo se o payoff é infinito.
Rendimentos a priori
Luto contra a turistificação da vida e do mundo em geral. Nassim Taleb introduziu o termo em 3 de novembro de 2011 definindo-o como: “(...) a sistemática remoção da incerteza e da aleatoriedade das coisas, tentando torná-las mais previsíveis em seus menores detalhes, com um preciso itinerário a ser seguido e um visível, conhecido e certeiro destino final. É como colocar as pessoas numa prisão. No que seria um turista comparativamente a um aventureiro, um flaneur, a turistificação consiste em transformar qualquer coisa, não somente a viagem, num ator seguindo um roteiro pré-concebido. Nós veremos como sistemas e organismos que gostam de incerteza são castrados quando retiramos a aleatoriedade do próximo, por meio do processo de turistificação”.
Eu gostaria de convidá-lo para minha festa de aniversário, para que você também pudesse, num esforço compartilhado, evitar a turistificação da sua própria vida. E aqui falo da sua vida financeira, claro.
Você não quer ex-ante que seus retornos caminhem para um ponto pré-planejado. Ou, ao menos, não deveria querer. Estamos num ambiente de incerteza e aleatoriedade, de tal sorte que não podemos cravar bons rendimentos a priori. Sempre seremos surpreendidos por alguma coisa, e é melhor que sejamos surpreendidos favoravelmente, com a aleatoriedade nos empurrando para a frente, não para trás.
Então, que você se exponha como um flaneur a possibilidades de lucros surpreendentes. Viver de forma mais leve, colocando dinheiro naquilo que pode pagar-lhe muito se as coisas derem certo, bem mais do que você imagina hoje, e prejudicá-lo pouco no caso de insucesso. Exposição a retornos surpreendentes, sabe?
Ao mesmo tempo, não ponha um real em coisas que, se tudo der certo, vão lhe pagar pequenas migalhas a mais e roubarão quase todo seu principal se der errado.
Deixe-me dar um exemplo. Faça você mesmo a conta: compare quantos reais você vai ganhar a mais se comprar um CDB de um banco qualquer frente a seus rendimentos no fundo DI do BTG Digital (o melhor que tem hoje por aí). Se você comprar o CDB, provavelmente vai ganhar um pouco a mais. Só que esse pouco a mais não compensa o risco de crédito que você assumiu. Aliás, crédito no Brasil costuma ser uma bela porcaria. Não vale a pena normalmente. Muito risco para pouco retorno adicional.
Rápida digressão: há supostos entendedores de finanças por aí tentando convencer seus clientes de que “as contas da Empiricus sobre a inferioridade dos CDBs e do crédito em geral estão erradas, pois eles rendem mais que o fundo do BTG”; essas pessoas não entenderam (nem vão entender) absolutamente nada – o argumento não é esse; o ponto é que não se está sendo recompensado pelo risco marginal assumido.
Ponto central
Nada contra correr risco, claro. Aliás, ao contrário. Contanto que ele esteja devidamente dimensionado na sua carteira, contendo apenas o tanto que você topa perder, e enseje grande retorno potencial como contrapartida, perfeito. Vá para o risco! Com efeito, o momento é bastante propício para ir para ativos de risco no Brasil (mais sobre isso daqui a pouco).
Outro exemplo da derrota da turistificação, aqui mais focada no metodológico. Muitas ações são recomendadas sob a argumentação de que a cotação atual é A e seu preço-alvo é B, sendo B muito superior a A. Isso é pasteurizar/turistificar a análise, colocando um roteiro programado para sua atuação em Bolsa. Um flaneur diria algo mais na linha: as ações parecem razoavelmente baratas, são de uma empresa boa e há uma série de opcionalidades não contempladas no preço atual que podem levar as cotações para um valor muito superior ao atual caso venham a se materializar no tempo, ou seja, tem muita coisa boa que pode acontecer e levar a empresa a um novo patamar; e se não acontecer, não deve cair muito.
A turistificação da análise, ao tentar demarcar o caminho e a trajetória durante a viagem da ação no home broker, parece científica, porque transmite a falsa sensação de precisão e saber. É apenas cientificista, o que é bem diferente, e charlatã, porque estamos necessariamente num ambiente de incerteza e aleatoriedade, que jamais desaparecerão do processo. A abordagem do analista flaneur, aparentemente muito menos rigorosa, é, na verdade, muito mais honesta e precisa, porque contempla várias possibilidades, inclusive aquela de acontecer algo não mapeado por ele.
No momento em que a Bolsa brasileira alcança nova máxima histórica, acho que se coloca, de fato, uma possibilidade totalmente inédita para a pessoa física brasileira. Para que ela ganhe dinheiro com ações em montante e velocidade superiores àquelas que ela mesma pode contemplar a priori.
Rali pós-eleitoral
Há dois grandes catalisadores macro acontecendo neste exato momento. Talvez não se tenha dado ainda a devida importância, mas os dois elementos que travaram um rali pós-eleitoral ainda mais contundente dos ativos brasileiros podem ter seus nós desatados justamente agora.
A reforma da Previdência, por mais difícil que seja, está na cara do gol e pode ser mais dura do que as pessoas estão imaginando, endereçando a questão mais relevante de nossa trajetória fiscal. Se o Brasil der um plano crível para a convergência da relação dívida/PIB, encaixaremos a última peça do quebra-cabeças do equilíbrio macro. E aí a coisa voa.
Em paralelo, emerge uma possibilidade de um “sweet spot” para mercados emergentes no curto prazo. Boa parte do ano passado foi ocupada por preocupação com uma subida de juro muito contundente nos EUA. Depois, veio o temor com uma recessão. Bom, agora vem uma série de discursos mais brandos do banco central dos EUA, sinalizando que talvez os juros não subam tanto por lá. Ao mesmo tempo, o Relatório de Emprego recém-divulgado mostrou uma economia ainda forte. Ou seja, por mais que haja uma desaceleração da economia americana, ela ainda cresce a um ritmo razoável, enquanto o juro não deve subir tanto assim. Se for mesmo o caso, a janela para fluxo gringo aos emergentes pode estar caprichosamente se abrindo.
Do ponto de vista doméstico, temos uma economia preparadinha para uma boa recuperação cíclica e com as taxas de juro em mínimas históricas, o que favorece muito a boa. E, pela primeira, vez há algo muito especial para as pessoas físicas: acesso fácil à multiplicidade de oportunidades de investimento. Aqui precisamos pontuar a contribuição indelével da XP a partir do conceito de shopping financeiro. Apenas parabéns! O investidor de varejo no Brasil hoje pode facilmente acessar o que ele quiser por aqui. Basta apertar o botão. Sobre o resto, não sei, mas a respeito dessa questão em particular posso afirmar: desta vez é diferente.
Mercados
Mercados iniciam a quinta-feira em clima negativo, acompanhando tendência no exterior, onde rali recente é interrompido por preocupações com desaceleração na China. Uma natural pressão por realização de lucros também permeia o ambiente.
Inflação ao consumidor e ao produto chinês veio abaixo do esperado, alimentando temores de que a economia chinesa possa passar por um pouso forçado, num momento delicado de guerra comercial com os EUA. Commodities caem e dólar sobe contra maior parte das moedas.
Dia é marcado por expectativa de discurso de dirigentes do Fed, entre eles Jerome Powell. Também nos EUA saem pedidos de auxílio-desemprego. Agenda local traz IPC-Fipe e IGP-M.
Ibovespa Futuro cai 0,4 por cento, dólar e juros futuros sobem.
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre
A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)
Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo
Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles
A culpa é da Gucci? Grupo Kering entrega queda de resultados após baixa de 25% na receita da principal marca
Crise generalizada do mercado de luxo afeta conglomerado francês; desaceleração já era esperada pelo CEO, François Pinault
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Ação da Neoenergia (NEOE3) sobe 5,5% após acordo com fundo canadense e chega ao maior valor em cinco anos. Comprar ou vender agora?
Bancos que avaliaram o negócio não tem uma posição unânime sobre o efeito da venda no caixa da empresa, mas são unânimes sobre a recomendação para o papel
Bolsa nas alturas: Ibovespa sobe 1,34% colado na disparada de Wall Street; dólar cai a R$ 5,7190 na mínima do dia
A boa notícia que apoiou a alta dos mercados tanto aqui como lá fora veio da Casa Branca e também ajudou as big techs nesta quarta-feira (23)
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Ibovespa pega carona nos fortes ganhos da bolsa de Nova York e sobe 0,63%; dólar cai a R$ 5,7284
Sinalização do governo Trump de que a guerra tarifária entre EUA e China pode estar perto de uma trégua ajudou na retomada do apetite por ativos mais arriscados
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros
O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)
É recorde: preço do ouro ultrapassa US$ 3.400 e já acumula alta de 30% no ano
Os contratos futuros do ouro chegaram a atingir US$ 3.433,10 a onça na manhã desta segunda-feira (21), um novo recorde, enquanto o dólar ia às mínimas em três anos
A última ameaça: dólar vai ao menor nível desde 2022 e a culpa é de Donald Trump
Na contramão, várias das moedas fortes sobem. O euro, por exemplo, se valoriza 1,3% em relação ao dólar na manhã desta segunda-feira (21)
Com ou sem feriado, Trump continua sendo o ‘maestro’ dos mercados: veja como ficaram o Ibovespa, o dólar e as bolsas de NY durante a semana
Possível negociação com a China pode trazer alívio para o mercado; recuperação das commodities, especialmente do petróleo, ajudaram a bolsa brasileira, mas VALE3 decepcionou
‘Indústria de entretenimento sempre foi resiliente’: Netflix não está preocupada com o impacto das tarifas de Trump; empresa reporta 1T25 forte
Plataforma de streaming quer apostar cada vez mais na publicidade para mitigar os efeitos do crescimento mais lento de assinantes
Lições da Páscoa: a ação que se valorizou mais de 100% e tem bons motivos para seguir subindo
O caso que diferencia a compra de uma ação baseada apenas em uma euforia de curto prazo das teses realmente fundamentadas em valuation e qualidade das empresas
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.