Política, realização e feriado nos EUA fazem Ibovespa fechar em baixa
Indefinição sobre a saída do ministro trouxe insegurança, pois não se sabe qual será a postura se o Bebianno agora, depois de exonerado
A Bolsa de Valores de São Paulo trabalhou o dia todo em baixa - e não foi por falta de motivo: teve realização de lucros, falta de liquidez (feriado do Dia do Presidente nos Estados Unidos) e também o imbróglio político envolvendo o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno - que acaba de ser exonerado (18h27). Com tudo isso, as perdas do dia resultaram em forte recuo de 1,04%, com 96.509 pontos. O dólar encerrou a segunda-feira em alta de 0,78%, a R$ 3,73%. A moeda americana teve um dia de valorização ante as divisas de países emergentes. Mas perdeu diante de outras moedas mais fortes.
"A indefinição política sobre a saída do ministro durante o dia trouxe insegurança, pois não sabemos agora qual será a postura se o Bebianno", avalia um operador de mesa de renda variável. Ainda na seara política, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) negou via Twitter que esteja articulando para migrar para um novo partido.
Lojas sobem
Duas varejistas que vêm de desempenhos negativos em fevereiro ficaram com as maiores altas do Ibovespa hoje. Magazine Luiza e Via Varejo acumulam quedas de 6% e 10% no mês, respectivamente. As duas fecharam nas máximas do dia: Magazine Luiza ON com 3,60% e Via Varejo ON, com 2,79%. B2W teve elevação de 0,25%.
Depois da privatização
Fora do índice, Cesp PNB subiu 1,63%. Em relatório, o Credit Suisse fala que seus analistas tiveram uma uma reunião com a Votorantim Energia, que adquiriu a empresa em leilão no ano passado. A nova administração, segundo o Credit, quer reduzir os riscos e melhorar as margens.
"Lava Jato da Educação"
As ações de empresas educacionais voltaram às perdas nesta segunda-feira. Kroton ON perdeu 0,74%, digerindo ainda a possibilidade de uma "Lava Jato da Educação". O papel da Estácio recuou 2,14%. Ser Educacional e Anima - ambas fora do Ibovespa - caíram 3,56% e 2,37% respectivamente. O mau humor se instaurou na sexta-feira depois que o presidente Jair Bolsonaro escreveu em seu Twitter que o governo dele vai dar início à operação para garantir que investimentos na área, comandada por Ricardo Vélez Rodríguez, sejam bem aplicados. Na semana passada, Vélez disse que uma investigação interna sobre atos das gestões anteriores encontrou indícios de corrupção e desvios, principalmente nos programas ProUni e Pronatec.
Estatais
Empresas estatais foram penalizadas diante da cautela do investidor com a crise política no governo de Jair Bolsonaro, em dia de vencimento de opções sobre ações. Também houve muita realização de lucros, uma vez que Eletrobras acumula ganhos de 45% em 2019%. Petrobras e Banco do Brasil acumulam 15% e 20% respectivamente. As ações ON de Petrobras caíram 1,16%, enquanto as PN perdiam 0,30%. Os papéis ON de Eletrobras recuaram 2,42% e os PNB retraíram 1,93%. Banco do Brasil caiu 0,99%.
Grandes bancos
Os grandes bancos também fecharam no vermelho hoje: Itaú Unibanco amargou queda de 1,60%, na mínima, e Bradesco de 2,30% (ON) e 2,28% (PN). Santander Unit caiu 1,24%. Reflexos da crise politica.
BR Distribuidora
A BR Distribuidora registrou o pior desempenho do dia, com baixa de 3,51%. Segundo operadores, além de ter seguido a tendência geral do mercado, a ação reage a uma entrevista concedida à imprensa nacional pelo presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, publicada durante o fim de semana. Sobre a distribuidora, ele afirma que a estratégia é diminuir a fatia da estatal via operações no mercado de capitais. "Pode até ser o controle, mas não está definido", explicou.
Cerveja neutra
As ações da Ambev fechou em baixa de 1,62%, depois que o Santander rebaixou a recomendação do papel de compra para neutra, de acordo com fonte do mercado. O preço-alvo, no entanto, continuou em R$ 19,50, o que implica em um potencial aumento de 5,5% em relação ao fechamento de sexta-feira (R$ 18,49).
Vazari na Gafisa
Após amargar perdas acentuadas na última semana, as ações da Gafisa (fora do Ibovespa) fecharam em alta de 0,42% nesta segunda-feira. Isso graças ao anúncio de que o gestor Mu Hak You e Thiago You não fazem mais parte do conselho de administração da construtora. No lugar de Mu Hak assumiu o ex-diretor presidente do Pão de Açúcar, Augusto Marques da Crus Filho, que é presidente do conselho da BR Distribuidora, vice-presidente do conselho da BRF e conselheiro da JSL e da General Shopping. Já a vaga de Thiago You passou a ser ocupada por Oscar Segall, um dos fundadores da Klabin Segall e “head” da área de Real Estate do BTG Pactual. O novo conselho de administração da Gafisa aprovou ainda a instalação de um comitê de reestruturação, não estatutário, que fará estudos e análises para a reestruturação financeira e administrativa da empresa.
Leilão de aeroportos
As ações ON da CCR avançaram 1,50% impulsionadas pelo anúncio do presidente Jair Bolsonaro sobre o leilão de 12 aeroportos no Programa da Parcerias e Investimentos (PPI), com estimativa de investimentos na faixa de R$ 3,5 bilhões. Segundo Bolsonaro, os leilões devem ocorrer até março. Em novembro, o Broadcast informou que a previsão é que os leilões ocorram em 15 de março.
Vergalhão
As ações de siderúrgicas operaram em alta depois que os preços futuros do vergalhão de aço na China subiram pela primeira vez em cinco sessões (alta de 0,70%, a US$ 541,33) impulsionados por uma antecipação da demanda por reabastecimento e otimismo com as negociações comerciais entre os EUA e China. Diante disso, os papéis ON de CSN tiveram acréscimo de 1,48%. Ontem, o presidente americano, Donald Trump, afirmou que fará "reuniões e ligações importantes" sobre o acordo comercial com a China. "Grande progresso está sendo feito em várias frentes diferentes!", disse Trump no Twitter.
*Com Estadão Conteúdo
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