Um show de horror para o vendido e felicidade para o comprado na abertura do mercado de dólar, com o famoso “gap de abertura”, levando a moeda a piscar os primeiros negócios acima dos R$ 4,0, algo que não acontecia desse os tensos dias da eleição do ano passado.
Passado o “calor”, por volta das 9h40, a moeda subia 0,56%, a R$ 3,9766, mostrando que tem vendedor também no linha dos R$ 4.
O mundo está em modo de “aversão ao risco” ou “fuga para qualidade”, com o dólar ganhando força em âmbito mundial enquanto caem as taxas de juros dos títulos americanos. A preocupação é com uma recessão global.
Com impacto mais marcado para o Brasil e outros emergentes, a lira turca segue apanhando feio, com o BC da Turquia queimando reservas internacionais tentando desmontar as apostas contra a moeda turca. O país vem tomando medidas hostis ao capital externo.
O momento tem alguma semelhança com junho do ano passado, quando os emergentes também passaram por uma sacudida puxada por Turquia e Argentina e aqui também lidamos com a greve dos caminhoneiros.
Naquele momento, BC e Tesouro nacional atuaram em conjunto para dar saída aos investidores nos mercados que sempre têm a “porta pequena” quando alguém grita “fogo” no salão.
Ontem à noite, o BC já chamou um leilão de linha com compromisso de recompra. A oferta será de US$ 1 bilhão em dinheiro novo, algo que não acontecia desde o fim do ano passado. Antes, o BC já tinha dito ao mercado que faria a rolagem de US$ 3 bilhões em linhas que venceriam no começo de abril.
Esse recente comportamento do câmbio estará presente na entrevista que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, concede logo mais, por volta das 11 horas, para falar do Relatório de Inflação.
No lado interno, os desentendimentos entre Jair Bolsonaro e o Congresso, representado na figura de Rodrigo Maia também não ajudam. O presidente não parece disposto a ceder na sua relação com o Congresso, que fará corpo mole ou novas demonstrações de força como vimos nesta semana.