Em encontro do PT, Lula diz que partido não nasceu para ser sigla de apoio
Comentário foi feito em meio a discussões de que o PT poderia compor candidaturas de outros partidos de esquerda nas eleições municipais do ano que vem

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez nesta quinta-feira, 14, seu primeiro pronunciamento para o partido, durante a Executiva Nacional do PT, em Salvador, na Bahia. Em meio a discussões de que o PT poderia compor candidaturas de outros partidos de esquerda nas eleições municipais do ano que vem, Lula disse que a legenda "não nasceu para ser partido de apoio" e que deve lançar candidatos em todas as cidades possíveis.
Afirmou, ainda, que o partido não precisa fazer nenhuma autocrítica. Durante discurso, citou praticamente todos os possíveis candidatos à Presidência em 2022, com críticas e ironias ao presidente Jair Bolsonaro, ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e ao apresentador de TV Luciano Huck.
Ao falar de Bolsonaro, Lula voltou a ligar o nome do presidente ao de milicianos e ao assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e de seu motorista Anderson Gomes. "Bolsonaro, não pense que eu quero brigar com esses milicianos. Não quero, essa briga resultou na (morte de) Marielle".
Lula voltou a criticar a condução econômica do governo federal, numa demonstração do que deve ser o mote de sua atuação na oposição e atacou de forma rápida o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, a quem chamou de "canalha".
"Eu poderia ter ido para uma embaixada, mas tomei a decisão de ir para pertinho do Moro, para provar o canalha que ele foi ao me julgar", afirmou Lula, em referência à sentença de Moro, quando era juiz da Lava Jato, no caso do triplex do Guarujá, em que o petista foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.
De acordo com o ex-presidente, o objetivo da operação teria sido tirar o PT da presidência. "Não quero me vingar de ninguém. Eu vou viver um pouco mais, porque hoje está claro na minha cabeça o que foi a Lava Jato e o por quê de tanta estigmatização e ódio ao PT. (...) Eles julgaram o meu mandato e não a mim".
Leia Também
Acompanhado da deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do partido, e de Fernando Haddad, candidato derrotado à Presidência em 2018, Lula ainda criticou medidas recentes do governo de Jair Bolsonaro, como a MP do programa Verde e Amarelo, a reforma tributária, e o leilão da Petrobras. "Ele é como um desses desastres que acontecem de vez em quando. (...) Agora, estão querendo taxar até o salário-desemprego, criar emprego onde o cara não terá nenhum direito. É quase voltar ao tempo da escravidão", afirmou.
Recado ao partido
Ao falar da disputa eleitoral de 2022, Lula afirmou que pode subir a rampa do Palácio do Planalto com Haddad ou com o governador da Bahia Rui Costa. "Eles não vão tirar o PT da disputa eleitoral deste País com Lula ou sem Lula. Eu posso subir a rampa do Palácio do Planalto novamente em 2022 levando Haddad, Rui e outros companheiros. O PT não nasceu para ser um partido de apoio", enfatizou o ex-presidente. "Nós vamos lançar candidaturas em todas as cidades que for possível. Quem vai defender a Dilma? Nós somos uma família."
O recado dado às lideranças do partido também foi claro: o PT deve se fortalecer internamente. Segundo ele, o partido deve apostar na polarização. "Sabe quem polariza? Quem disputa o título. O PT polarizou em 1989, 94, 98, 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018, e vai polarizar em 2022".
Segundo Lula, toda eleição surgem nomes novos, como o de Huck. "Todo ano, eles têm que inventar um candidato. Agora vai ser o 'Caldeirão do Huck'. Huck e [João] Doria é como pausa e menopausa. (...) Podem inventar quem quiser, eles não vão conseguir tirar o PT da disputa eleitoral desse País".
O ex-presidente negou a necessidade de que o partido faça uma autocrítica. O próprio governador da Bahia já declarou que o partido precisa rever sua atuação, em entrevista à revista Veja no último mês de outubro. "Tem companheiro do PT que também fala que tem que fazer autocrítica. Faça você a crítica. Eu não vou fazer o papel de oposição. A oposição existe para isso", argumentou.
"Você já viu alguém pedir ao FHC para fazer autocrítica? Ao Bolsonaro? É só o PT. E eu, pra não ficar doente, tenho que reconhecer a autocrítica. Quem quiser que o PT faça autocrítica, faça a crítica você. É para isso que existe a oposição."
Lula deu a entender, ainda, que o partido deve se aproximar mais de suas origens, evocando mais uma vez o discurso de classes para explicar o "ódio" que parte da população tem contra o partido. "O PT tem que sair desse momento histórico mais forte. Nós temos que saber é o que o nosso povo vive no seu dia a dia". Segundo o petista, a esquerda brasileira "conhece muito mais sobre os heróis da revolução russa, cubana e chinesa, do que os nossos próprios heróis".
A ideia geral do tom que o ex-presidente deve adotar daqui para frente, apurou a reportagem, é a do líder pacificador e responsável por dialogar com setores políticos de esquerda e centro para fazer frente às forças do presidente Bolsonaro, sem confrontos diretos com o chefe do Executivo nacional.
Além disso, o PT acredita que a imagem de Lula deve fazer remissão aos tempos de prosperidade econômica quando era presidente (2003-2010).
A reunião foi fechada à imprensa, com a transmissão ao vivo de alguns momentos via Facebook.
No lado de fora do Hotel Wish, onde o evento com a comitiva petista foi realizado, no centro da capital baiana, cerca de 200 militantes aguardavam que o ex-presidente acenasse na sacada da edifício, o que não aconteceu. Lula deve passar o fim de semana na Bahia, em uma praia do litoral norte (não informada), ao lado da namorada, a socióloga Rosângela da Silva.
*Com Estadão Conteúdo.
Lula vs. Bolsonaro: no ‘vale tudo’ das redes sociais, quem está vencendo? Descubra qual dos candidatos domina a batalha e como isso pode influenciar o resultado das eleições
A corrida eleitoral começou e a batalha por votos nas redes sociais está à solta; veja quem está ganhando
‘Bolsonaro não dormiu ontem’: Lula comemora liderança nas pesquisas e atribui assassinato de petista a presidente ‘genocida’
O candidato do PT afirmou que o presidente não consegue convencer a população mesmo com gastos eleitoreiros altos
Bolsonaro é o candidato com maior número de processos no TSE — veja as principais acusações contra o presidente
Levantamento mostra que o candidato à reeleição é alvo de quase 25% das ações em tramitação na Corte até o início de setembro
7 de setembro ajudou? A distância entre Lula e Bolsonaro é a menor desde maio de 2021, segundo pesquisa Datafolha
Levantamento foi feito após as manifestações do Dia da Independência, feriado usado pelo atual presidente para atos de campanha, algo que nunca tinha acontecido na história recente do Brasil
Bolsonaro faz discurso de campanha em evento do Bicentenário da Independência e, sem citar Lula, diz que Brasil terá “luta do bem contra o mal”
Ao lado do empresário Luciano Hang, o “Véio da Havan”, e da primeira-dama, Michelle, o presidente Bolsonaro dirigiu-se aos seus apoiadores
Lula para de subir e Bolsonaro oscila para cima na nova pesquisa Quaest
Num eventual segundo turno, Lula continua em vantagem em relação a Bolsonaro, mas estagnou em 51% nas últimas quatro pesquisas
Apenas um candidato à Presidência tem motivos para comemorar a última pesquisa BTG/FSB
Simone Tebet (MDB) foi a única a crescer nas intenções de voto em primeiro turno e venceria Bolsonaro em um eventual segundo turno
Eleições 2022: confira como foi o domingo dos presidenciáveis e as declarações polêmicas
Lula esteve em São Bernardo do Campo, Ciro Gomes participou de caminha em Alfenas e Simone Tebet esteve em Aparecida. Bolsonaro não divulgou a agenda do dia, mas esteve em solenidade em Brasília
Agenda cheia: confira como foi o sábado de Lula, Bolsonaro, Ciro Gomes e Tebet — e as declarações polêmicas
Lula e Bolsonaro mantiveram encontros com mulheres — um no Nordeste e outro no Sul do país — enquanto Ciro Gomes participou de caminhadas e Simone Tebet se preparava para evento em São Paulo
Pesquisa Ipespe: Lula é o único candidato que avança — petista segue líder com 44% das intenções de voto; confira os números
O presidente Jair Bolsonaro (PL), o pedetista Ciro Gomes e a senadora Simone Tebet (MDB) permaneceram estacionados em relação ao último levantamento, feito no dia 31 de agosto
Debate influenciou? Pesquisa Datafolha mostra que distância entre Lula e Bolsonaro diminuiu após confronto na TV
Esse é o primeiro Datafolha divulgado após a sabatina do Jornal Nacional e o debate realizado pela Band no domingo (28). Entre os mais beneficiados estão os candidatos que não aparecem sem primeiro ou segundo lugar nas intenções de voto
Bolsonaro deve reforçar vitrine da economia após o PIB, mas Lula tem dois trunfos na manga
Bolsonaro ganha uma carta importante na disputa pela reeleição com PIB acima do esperado no segundo trimestre, mas Lula também tem o que mostrar na economia
Lula e Bolsonaro irão se enfrentar novamente? Depois do desempenho ruim do primeiro ‘duelo’, fugir dos debates pode ser uma boa estratégia para os candidatos; entenda
O debate foi um verdadeiro fiasco para os dois protagonistas da corrida eleitoral, Lula e Bolsonaro; descubra qual dois dois foi o pior e se haverá outro ‘duelo’
Lula mantém ampla vantagem sobre Bolsonaro na Ipec e continua vislumbrando vitória em primeiro turno
Pesquisa do antigo Ibope mostra a intenção de voto em Lula supera a soma da preferências por todos os demais candidatos
Por que fugir dos próximos debates pode ser uma boa estratégia para Lula e Bolsonaro
Campanhas de Lula e Bolsonaro vão avaliar participação em futuros debates e entrevistas na base do ‘caso a caso’
Estaria Ciro tirando votos de Lula? Vantagem do petista sobre Bolsonaro diminui de 9 para 7 pontos na BTG/FSB
Apesar de Lula ter caído dentro da margem de erro, Bolsonaro permaneceu estável na rodada mais recente da pesquisa
Nem Lula nem Bolsonaro: veja quem se saiu melhor no primeiro debate de presidenciáveis
Jair Bolsonaro teve pior desempenho entre os debatedores, segundo Datafolha, seguido pelo ex-presidente Lula. Veja quem ganhou a preferência da audiência
Debate presidencial na Band deve marcar primeiro confronto direto entre Lula e Bolsonaro; veja regras
Além de Lula e Bolsonaro, estão com presença confirmada os candidatos Felipe D’Avila (Novo), Soraya Thronicke (União Brasil), Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT)
Bolsonaro usa artilharia pesada para vencer Lula, mas será que deu certo? Saiba o que dizem as pesquisas até agora
A campanha do atual presidente estava de olho principalmente no efeito do Auxílio Brasil de R$ 600 sobre as pesquisas de intenção de voto — o benefício começou a ser pago em 9 de agosto
Lula x Bolsonaro: os melhores e os piores momentos dos candidatos na sabatina do JN, da TV Globo
Lula e Bolsonaro jogaram para suas torcidas e alternaram bons e maus momentos durante a entrevista ao Jornal Nacional; confira