Uma enorme onda de aversão ao risco tem afetado negativamente o Ibovespa nos últimos dias: o índice já acumula perdas de mais de 4% nesta semana. Nesse cenário, poucos papéis do índice conseguem remar contra a maré e sustentar desempenho positivo desde segunda-feira — e JBS ON (JBSS3) é um deles.
E o motor por trás desse recente bom desempenho é o balanço do frigorífico: a JBS reportou seus números referentes ao segundo trimestre deste ano na noite passada — e os resultados foram muito elogiados pelos analistas.
Para começar, a empresa registrou um lucro líquido e R$ 2,183 bilhões entre abril e junho deste ano, revertendo o prejuízo de R$ 911,1 milhões contabilizado no mesmo período de 2018. A receita líquida avançou 12,5% na mesma base de comparação, chegando a R$ 50,8 bilhões.
Tais números chamam a atenção por si só, mas outros detalhes do balanço contribuíram para deixar o mercado ainda mais satisfeito. Em especial, a geração de caixa livre, que somou R$ 3,72 bilhões no segundo trimestre deste ano — cifra 92,6% maior que a vista há um ano.
Com a forte geração de caixa, a dívida líquida da JBS caiu 11,3% na base anual, chegando a R$ 44,77 bilhões. Com isso, a alavancagem do frigorífico teve um recuo expressivo, passando de 3,47 vezes em junho de 2018 para 2,78 vezes ao término do segundo trimestre de 2019.
Mas não foi só isso: os analistas também notaram uma evolução em diversas unidades de negócio da empresa, especialmente a JBS USA e a Seara. E, nesse contexto, as ações da JBS fecharam em alta de 4,64%, a R$ 28,62 — o melhor desempenho do Ibovespa nesta quinta-feira. Em 2019, os papéis já avançam mais de 140%.
Veja abaixo o que os analistas acharam do balanço da JBS no trimestre:
Itaú BBA — Resultados excepcionais
Recomendação: Outperform (acima da média do mercado)
Preço-alvo (2020): R$ 35,00
"As margens da JBS USA Beef permaneceram fortes: a margem Ebitda da divisão, de 8,9% ficou estritamente em linha com nossas estimativas"
"A margem Ebitda da Seara melhorou para 11,1% no segundo trimestre. As exportações foram o destaque, com aumento de 16% nos volumes comerciados com o exterior [...]. Vemos espaço para melhora nos próximos trimestres, com altas de preço nos mercados de exportação".
"A alavancagem ficou abaixo de três vezes pela primeira vez desde 2015"
"A JBS continua sendo nossa principal escolha no setor [...]. O Ebitda de R$ 300 milhões surpreendeu, e a forte geração de caixa vai provocar uma revisão de nossas estimativas e preço-alvo num futuro próximo".
BTG Pactual - Fortalecendo!
Recomendação: Compra
Preço-alvo (12 meses): R$ 27,35
"A JBS confirmou as expectativas e reportou resultados trimestrais muio fortes"
"A maior parte das unidades teve receitas e margens sequencialmente mais fortes, impulsionadas pelos ciclos mais fortes de commodities em todos os mercados de proteínas e regiões geográficas"
"A geração de caixa por si só já seria uma história atrativa para os acionistas, impulsionada pelo pano de fundo bastante favorável (com a febre suína na Ásia e o mercado de carne bovina mais apertado nos EUA)"
"Até mesmo oportunidades de crescimento inorgânico parecem ser uma opção, agora que o balanço está saudável"
Bradesco BBI - Resultados mais fortes, companhia bem posicionada para aquisições
Recomendação: Neutro
Preço-alvo (2020): R$ 28,00
"A geração de caixa robusta e o sólido balanço permitem que a JBS persiga fusões e aquisições [...]. Com a alavancagem caindo para 2,8 vezes, estimamos que a empresa possua cerca de R$ 24 bilhões de poder de fogo para procurar oportunidades de compra".
"Os resultados reforçaram nossa visão de que a JBS deve continuar se beneficiando do surto de febre suína na China, que, em nossa visão, permanece como o principal fator de influência para as ações"
"Continuamos vendo o IPO nos Estados Unidos (potencialmente em 2020) como um fator relevante de valorização, uma vez que pode destravar valor para a companhia, e agora achamos que o balanço forte pode gerar abrir oportunidades orgânicas para aumentar a exposição a produtos processados.