Bolsonaro chama Mourão de “sombra” e diz que Guedes aceita economia de até R$ 800 bilhões na reforma da Previdência
Em café da manhã com jornalistas, presidente também falou sobre o fechamento de vagas de emprego no Brasil e a tramitação da reforma na Câmara

O presidente Jair Bolsonaro comparou nesta quinta-feira, 25, o papel de vice-presidente a uma "sombra que às vezes não se guia de acordo com o sol, mas por enquanto está tudo bem".
O comentário foi feito quando Bolsonaro foi questionado como está sua relação com seu vice, Hamilton Mourão - que vem sofrendo críticas diárias do vereador Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente.
"Não tem problemas", disse. "Como um excelente casamento, se todo mundo disser sim não vai dar certo", afirmou em café com um grupo de jornalistas convidados.
"A gente continua dormindo junto. O problema é quem vai lavar a louça no final do dia", acrescentou o presidente.
Sentado ao lado, o vice emendou: "Ou cortar a grama". Bolsonaro continuou: "Sei que meu filho (Carlos) tem um ânimo um pouco exaltado. Esse casamento (com Mourão) é, no mínimo, até 2022".
O presidente disse que "nem sempre fica satisfeito" com o que seu filho posta, mas garantiu que o vereador vai continuar "colaborando" para as suas redes socais quando perguntando se irá proibir o filho de publicar na sua conta pessoal.
"Pode ter certeza que eu converso com ele e nem sempre fico satisfeito (com o que ele escreve). A experiência de governo, só quem está sentado na cadeira que tem. Eu tenho conversado com ele. Ele tem o comportamento dele. Ele vai continuar colaborando para as minhas redes sociais. Pode ter certeza que o navio dele está indo para um bom caminho", disse.
Quando o assunto crise dominou a entrevista, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, pediu a palavra.
"Existe uma obsessão para quem está fora do Planalto de criar cisão entre nós. O Mourão foi meu cadete. Para eu brigar com ele, só se eu assediar a dona Paula", disse, brincando com a mulher do vice, que é recém-casado.
Segundo o ministro, esse tipo de assunto faz com que o País se apequene. "É muito espaço para coisas que não são importantes."
Guedes sem o trilhão?
Bolsonaro também afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, aceita até o limite de R$ 800 bilhões em economia com a reforma da Previdência em dez anos.
O ministro vem, desde a apresentação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência, defendendo um mínimo de economia de R$ 1 trilhão. Mas, segundo Bolsonaro, para aprovar a reforma, com os ajustes defendidos no Congresso, ele aceita baixar esse valor até esse limite.
"Se a reforma da Previdência não der certo, o caos vai se instalar. Sem a reforma, ninguém mais vai confiar no Brasil", disse. "Uma economia abaixo de R$ 1 trilhão, nós vamos ficar como a Argentina. O Paulo Guedes diz que o limite é R$ 800 bilhões", completou.
Poderia ser pior
Bolsonaro também comentou durante o café da manhã que, se não fosse a reforma trabalhista, o problema do emprego no País seria maior.
"O governo só cria emprego quando cria cargo em comissão. Quem quer ser patrão no Brasil com tantas ações trabalhistas?", afirmou o presidente.
O presidente também pontuou que vê o problema do desemprego com todo o respeito. "A gente fica com pena. Isso não é fácil. Temos a substituição do home pela máquina em vários setores. É mais um desafio que temos pela frente", disse o presidente. Ele lembrou que o Brasil é um país de commodities e questionou: "Quando acabar, vamos viver de quê?"
Bolsonaro relatou que esteve na quarta-feira com o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, e a proposta de reciprocidade de visto está atraindo turistas para o País. "Vamos atrair mais gente quando tiver segurança", disse.
Na quarta, o Ministério da Economia divulgou os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de março que apontaram o fechamento de 43.196 vagas de emprego formal no País.
Homenagem
Durante o café, o presidente ainda falou sobre a recusa do Museu Americano de História Natural de Nova York em sediar o evento organizado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos que o homenageia. "Eu recebo (a homenagem) na praia, numa praça pública. Não é o museu que está me homenageando. O que houve foi pressão do governo local que é Democrata e eu sou aliado do (presidente dos EUA) Donaldo Trump", disse Bolsonaro.
Ele afirmou que, em novembro de 2009, começou a "tomar pancada do mundo todo" ao acusar o kit gay. "Eu comecei a assumir essa pauta conservadora. Essa imagem de homofóbico ficou lá fora", disse, afirmando que isso não prejudica investimentos. "O Brasil não pode ser um país do mundo gay, de turismo gay. Temos famílias", disse.
A soberania parlamentar
Mais tarde, durante a solenidade de assinatura de decreto que encerra com o horário de verão, Bolsonaro foi questionado sobre as mudanças que devem ser feitas dentro do texto da reforma da Previdência pelos deputados. Segundo ele, a Câmara dos Deputados é "soberana" para fazer alterações na proposta "que melhor atendam a necessidades de todos"
O presidente ponderou, no entanto, que a economia que o governo pretende ter com as mudanças é "importante". Ele também disse esperar que a reforma passe da "forma mais próxima" da que foi encaminhada ao Congresso.
Bolsonaro aproveitou para comemorar a aprovação da admissibilidade da proposta pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, destacando o papel de "liderança" do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para que a pauta também prospere na Comissão Especial. A admissibilidade do texto foi aprovada no colegiado por 48 a 18 votos.
"A Câmara é soberana para fazer as alterações que melhor atendam às necessidades de todos, né? Agora, a economia é importante. A gente espera que ela passe da forma mais próxima do que nós encaminhamos para lá", disse Bolsonaro a jornalistas, ao ser perguntado sobre mudanças na proposta enviada pelo governo.
Mais cedo durante o café da manhã, o presidente se queixou sobre o mercado ainda ver incerteza mesmo depois da aprovação do texto na comissão.
Na quarta-feira, o dólar não deu trégua e fechou na maior cotação desde 1º de outubro de 2018. A moeda americana terminou o pregão da quarta-feira cotada a R$ 3,9864, com alta de 1,64%.
Perguntado se estava "confiante" na aprovação da reforma na Câmara dos Deputados ainda no primeiro semestre, o presidente disse: "Não posso falar isso". E emendou afirmando esperar que não haja "nenhuma turbulência".
"Eu espero que não haja nenhuma turbulência. Se Deus quiser, não haverá. E nós deveremos virar essa página o mais rápido possível da Nova Previdência", completou.
Bolsonaro disse que não iria "entrar em detalhes" sobre o anúncio feito nesta quinta por Maia, nomeando o deputado Marcelo Ramos (PR-AM) como presidente e o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) como relator da medida na Comissão Especial.
"Não vou entrar em detalhes. Essa é uma atribuição lá do presidente da Câmara. Todos os deputados têm responsabilidade. Não vou falar todos, né, porque tem a esquerda que está contra a gente, né? Mas o outro lado nós acreditamos na responsabilidade e no espírito patriótico de todos para levar avante essa proposta", respondeu.
*Com Estadão Conteúdo.
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