Ibovespa fecha em queda com tensão entre Guedes e deputados; dólar sobe
O mercado reagiu mal ao tom das discussões entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e os deputados da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara

"O dia é de otimismo, mas é um otimismo meio nervoso..."
Um operador me disse isso antes do almoço, quando conversávamos sobre o comportamento dos mercados nesta quarta-feira. Ele acertou em cheio.
O Ibovespa, que operou em alta ao longo da manhã, virou para o campo negativo no meio da tarde. O dólar à vista fez o caminho contrário: estava caindo e passou a subir na segunda metade da sessão.
E o que aconteceu no meio do caminho? A sabatina do ministro da Economia, Paulo Guedes, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, no âmbito da proposta de reforma da Previdência.
O evento era bastante aguardado pelo mercado. Mas, assim que a audiência começou, ficou claro que o debate não seria amistoso, com os deputados da oposição dominando o primeiro bloco de perguntas ao ministro.
E os momentos de bate-boca mais acalorado acenderam uma luz amarela no imaginário dos mercados: será que o governo está suficientemente alinhado com o Congresso para aprovar as reformas?
Leia Também
Com essa dúvida na cabeça, o Ibovespa fechou o dia em queda de 0,94%, aos 94.491,48 pontos, após chegar aos 96.442,31 pontos na máxima (+1,11%). O dólar à vista terminou a sessão em alta de 0,55%, a R$ 3,8780 — durante a manhã, a moeda americana chegou a ser negociada na faixa de R$ 3,83.
Clima quente
"O mercado não bateu no conteúdo da fala do Guedes, mas sim, no tom", diz Álvaro Frasson, analista da Necton, afirmando que o tom acalorado das discussões na CCJ mostra que ainda há dificuldades no relacionamento entre governo e Congresso — e essa percepção provocou a piora generalizada dos mercados.
De fato, a virada no Ibovespa e no dólar começou por volta de 14h30, pouco depois do início da participação de Guedes na CCJ. O movimento coincidiu com uma discussão entre Guedes e os deputados acerca do modelo de capitalização previsto na reforma da Previdência.
"O Guedes está muito firme, muito bem embasado tecnicamente. Mas encontra uma oposição que o ataca com firmeza", diz Enrico Cozzolino, analista da Eleven Financial Research. "Ainda que ele diga sutilmente que é possível alguma negociação, ele joga a responsabilidade toda para os deputados. E a gente sabe que, no jogo político, não é assim que funciona".
Vale ressaltar que a audiência se estenderá até a noite: ontem, o presidente da CCJ, Felipe Francischini, afirmou que a sabatina deve durar de 6 a 8 horas. Assim, eventuais declarações a serem dadas por Guedes até o fim da sabatina serão repercutidas apenas amanhã pelos mercados.
As curvas de juros também sentiram o peso do nervosismo na CCJ e passaram a subir: os DIs com vencimento em janeiro de 2020 fecharam em alta, de 6,485% para 6,515%, e os com vencimento em janeiro de 2021 avançaram de 7,02% para 7,06%. As curvas para janeiro de 2023 foram de 8,12% para 8,22%.
E o otimismo da manhã, de onde vinha?
Do exterior. Lá fora, as notícias indicando avanços nas conversas entre Estados Unidos e China deram forças aos mercados globais — e, antes do início da sabatina na CCJ, tanto o Ibovespa quanto o dólar pegaram carona no otimismo visto no resto do mundo.
Segundo o Financial Times, as duas potências estão próximas de finalizar um acordo comercial, o que reduziria as preocupações acerca do ritmo de crescimento global. Nesse contexto, o Dow Jones (+0,13%), o S&P 500 (+0,23%) e o Nasdaq (+0,63%) fecharam em alta — na Europa, o índice Stoxx 600 terminou o dia com ganho de 0,86%.
A menor percepção de risco entre as relações Estados Unidos-China também foi sentida no minério de ferro: a commodity, que já vinha em forte tendência positiva, avançou mais 3,55% hoje.
CSN e Vale resistem
Com o otimismo em relação à China e os fortes ganhos do minério de ferro, as ações da CSN e da Vale tiveram um novo dia de ganhos, embora o clima quente entre Guedes e os deputados na CCJ tenha tirado força dos papéis.
As ações ON da CSN fecharam em alta de 1,48%, e os papéis ON da Vale conseguiram sustentar ganhos de 0,29% ao fim do pregão. Já Gerdau PN terminou o dia em queda de 0,5%.
Agitação na Petrobras
O noticiário corporativo envolvendo a Petrobras foi agitado. E, ao fim do dia, o saldo foi negativo para as ações da estatal.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, três grupos apresentaram propostas para comprar 90% da Transportadora Associada de Gás (TAG): a franco belga Engie, o fundo Mubadala e um consórcio capitaneado pela Itaúsa.
Além disso, o jornal Valor Econômico afirmou que o governo chegou a um consenso com a estatal sobre a revisão do contrato da cessão onerosa. De acordo com a publicação, o governo baixou o preço a ser pago à Petrobras pela revisão do contrato: de US$ 14 bilhões para US$ 10 bilhões.
"Muito dessas notícias já está no radar há tempos", diz um analista do setor de óleo e gás que prefere não ser identificado. "Então, não tem aquela surpresa que faz as ações reagirem muito".
Soma-se ao noticiário corporativo local o tom levemente negativo do petróleo no exterior: o WTI fechou em queda de 0,19%. Nesse contexto — e considerando o pano de fundo de Brasília —, Petrobras ON teve perda de 2,1%, e Petrobras PN recuou 2,65%.
Disputa pela Avianca
A Avianca mudou seu plano de recuperação judicial e, agora, prevê a divisão da empresa em sete partes. E a Gol e a Latam vão entrar na briga: mais cedo, as aéreas disseram que vão fazer proposta por ao menos uma dessas fatias, por um valor mínimo de US$ 70 milhões.
A proposta é uma reação das duas maiores empresas aéreas do país para evitar que a terceira colocada, a Azul, compre sozinha a Avianca e ganhe participação no mercado brasileiro — a Azul fez uma proposta de US$ 105 milhões pela Avianca em 11 de março.
No meio desse imbróglio, as ações PN da Gol oscilaram perto da estabilidade ao longo do dia, fechando em alta de 0,32%. Fora do Ibovespa, as ações PN da Azul subiram 0,41%.
‘Momento de garimpar oportunidades na bolsa’: 10 ações baratas e de qualidade para comprar em meio às incertezas do mercado
CIO da Empiricus vê possibilidade do Brasil se beneficiar da guerra comercial entre EUA e China e cenário oportuno para aproveitar oportunidades na bolsa; veja recomendações
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Ação da Neoenergia (NEOE3) sobe 5,5% após acordo com fundo canadense e chega ao maior valor em cinco anos. Comprar ou vender agora?
Bancos que avaliaram o negócio não tem uma posição unânime sobre o efeito da venda no caixa da empresa, mas são unânimes sobre a recomendação para o papel
Bolsa nas alturas: Ibovespa sobe 1,34% colado na disparada de Wall Street; dólar cai a R$ 5,7190 na mínima do dia
A boa notícia que apoiou a alta dos mercados tanto aqui como lá fora veio da Casa Branca e também ajudou as big techs nesta quarta-feira (23)
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Ibovespa pega carona nos fortes ganhos da bolsa de Nova York e sobe 0,63%; dólar cai a R$ 5,7284
Sinalização do governo Trump de que a guerra tarifária entre EUA e China pode estar perto de uma trégua ajudou na retomada do apetite por ativos mais arriscados
Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial
Bitcoin engata alta e volta a superar os US$ 90 mil — enfraquecimento do dólar reforça tese de reserva de valor
Analistas veem sinais de desacoplamento entre bitcoin e o mercado de ações, com possível aproximação do comportamento do ouro
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros
O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)
É recorde: preço do ouro ultrapassa US$ 3.400 e já acumula alta de 30% no ano
Os contratos futuros do ouro chegaram a atingir US$ 3.433,10 a onça na manhã desta segunda-feira (21), um novo recorde, enquanto o dólar ia às mínimas em três anos
A última ameaça: dólar vai ao menor nível desde 2022 e a culpa é de Donald Trump
Na contramão, várias das moedas fortes sobem. O euro, por exemplo, se valoriza 1,3% em relação ao dólar na manhã desta segunda-feira (21)
A coisa está feia: poucas vezes nas últimas décadas os gestores estiveram com tanto medo pelo futuro da economia, segundo o BofA
Segundo um relatório do Bank of America (BofA), 42% dos gestores globais enxergam a possibilidade de uma recessão global
Powell na mira de Trump: ameaça de demissão preocupa analistas, mas saída do presidente do Fed pode ser mais difícil do que o republicano imagina
As ameaças de Donald Trump contra Jerome Powell adicionam pressão ao mercado, mas a demissão do presidente do Fed pode levar a uma longa batalha judicial
Com ou sem feriado, Trump continua sendo o ‘maestro’ dos mercados: veja como ficaram o Ibovespa, o dólar e as bolsas de NY durante a semana
Possível negociação com a China pode trazer alívio para o mercado; recuperação das commodities, especialmente do petróleo, ajudaram a bolsa brasileira, mas VALE3 decepcionou
‘Indústria de entretenimento sempre foi resiliente’: Netflix não está preocupada com o impacto das tarifas de Trump; empresa reporta 1T25 forte
Plataforma de streaming quer apostar cada vez mais na publicidade para mitigar os efeitos do crescimento mais lento de assinantes
Lições da Páscoa: a ação que se valorizou mais de 100% e tem bons motivos para seguir subindo
O caso que diferencia a compra de uma ação baseada apenas em uma euforia de curto prazo das teses realmente fundamentadas em valuation e qualidade das empresas
Sobrevivendo a Trump: gestores estão mais otimistas com a Brasil e enxergam Ibovespa em 140 mil pontos no fim do ano
Em pesquisa realizada pelo BTG, gestores aparecem mais animados com o país, mesmo em cenário “perde-perde” com guerra comercial
Dólar volta a recuar com guerra comercial entre Estados Unidos e China, mas ainda é possível buscar lucros com a moeda americana; veja como
Uma oportunidade ‘garimpada’ pela EQI Investimentos pode ser caminho para diversificar o patrimônio em meio ao cenário desafiador e buscar lucros de até dólar +10% ao ano
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.