Ibovespa a 100 mil pontos, o Everest e a mística dos números redondos
Cem mil pontos tornou-se uma marca cabalística. Deixou de ser um muro para se transformar num Everest. Mas, caso a PEC previdenciária se mostrar apenas um remendo, o marco não será conquistado novamente tão cedo

Na segunda-feira 18 de março, o Ibovespa atingiu 100.000 pontos pela primeira vez. Mas não se sustentou acima da marca, fechando a 99.993. No pregão seguinte, estabeleceu novo recorde histórico, a 100.438,87. Só que voltou a cair.
Nos dias que se seguiram, o mercado perdeu o gás. Da máxima até a mínima de quinta-feira, 21, foram quase cinco mil pontos perdidos, equivalentes a 4,96%.
Teria sido o fim do bull market Bolsonaro/Guedes/Reforma da Previdência? Ainda é cedo para se dizer. Mas definitivamente as notícias não são boas. Para começar, a popularidade do capitão caiu 15%.
Uma coisa é certa. Cem mil pontos tornou-se uma marca cabalística. Deixou de ser um muro para se transformar num Everest.
“Acho que já caiu muito”, pode estar dizendo um trader. “Vou comprar o índice futuro agora e vender quando voltar aos 100.000. Cem mil, não. Se bater em 98.900, eu caio fora.”
A psicologia do número redondo
É esse tipo de raciocínio que formam as grandes resistências, principalmente quando elas unem duas características importantes: número redondo; máxima de todos os tempos.
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Os 98.990 mais acima não são um número aleatório, chutado de araque por mim. Ele é formado por uma lógica de raciocínio.
No período áureo do open market, antes do advento do real, e antes mesmo do surto hiperinflacionário, os leilões de ORTNs (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional), junto ao Banco Central, eram o momento mais importante da rotina da trading desk de uma instituição financeira.
Digamos que as ORs (que era como as chamávamos na intimidade), estivessem sendo negociadas próximas do par: 100%. Um trader mais otimista, querendo receber um grande lote no leilão, oferecia comprá-las a 101,11. Outro, ainda mais ansioso por levar os papéis, pagava 101,12.
Sempre o eixo do raciocínio era o número redondo: 100%.
Nas licitações públicas acontece exatamente o contrário.
Digamos que o preço de uma ambulância esteja ao redor de 75 mil reais. E que uma prefeitura faça uma concorrência para adquirir dez. Um dos fabricantes interessados oferece um preço unitário de R$ 74,499,99. Mesmo assim poderá perder para outro que pôs no envelope de oferta a cifra de R$ 74,499,98.
Os números redondos, já que se tratam de uma mudança de faixa, têm um efeito psicológico tão grande que o comércio procura fugir dele. Hoje mesmo comprei um par de meias elásticas para melhorar a circulação nas artérias. Paguei R$ 199,90.
Vi no jornal que uma agência de automóveis está vendendo um Mini Cooper Cabrio 0 km, conversível, por R$ 149.990,00. Cento e cinquenta mil, nem pensar. O comprador em potencial vai achar muito caro.
É com esse tipo de raciocínio que nós, traders, costumamos operar. Liquidar meus lotes de soja Novembro na Chicago Board of Trade (CBoT) a US$ 10,00 por bushel? Não. Minha estratégia é vendê-lo por nove dólares, noventa e nove cents e três oitavos (as frações do mercado de soja são em oitavos). A dez dólares tem muito vendedor. Isso porque os especuladores dizem para seus brokers.
“Quando chegar a 10, vende tudo.”
Nem sempre os mercados têm dificuldades para romper números redondos (even numbers). Mas precisa que fundamentos sólidos os impulsionem.
Dow Jones a 1.000 e petróleo a US$ 100
Lembro bem quando o índice Industrial Dow Jones ultrapassou os 1.000 pontos pela primeira vez (hoje está ao redor de 26.000). Foi na sexta-feira 10 de novembro de 1972 (consultei o Google). Nesse mesmo dia, recuou e fechou a 995,26. Só que dois pregões mais tarde ultrapassou os mil e nunca mais voltou lá, diferentemente do que aconteceu aqui no Brasil nos 100.000 do Ibovespa.
Essa marca histórica do Dow foi logo após a reeleição de Richard Nixon, em quem Wall Street confiava muito (ainda não ocorrera o episódio Watergate).
Pudera. Henry Kissinger, assessor de Segurança Nacional de Nixon, negociava, em Paris, o fim da guerra do Vietnã, iniciara uma aproximação com a China Comunista de Mao Tsé-Tung e afrouxava a Guerra Fria tratando da détente em Moscou com o líder soviético Leonid Brejnev.
Naquela ocasião, a inflação americana era de 3,67% ao ano, baixa para os padrões dos anos 1970. A taxa básica de juros estava em 5,22% e a economia dos Estados Unidos crescia à razão de 5,3%.
Já a primeira vez que o preço do barril de petróleo (tipo WTI – West Texas Intermediate) chegou a US$ 100,00 na Nymex, em Nova York, foi neste século, mais precisamente em janeiro de 2008. A alta foi provocada pela demanda da China (cuja economia crescia 9,7% ao ano) reduzindo a níveis estrategicamente críticos os estoques internacionais.
O mercado ainda foi até a marca de US$ 142,57 (julho de 2008), high de todos os tempos, antes de desabar para US$ 48,90 (janeiro de 2009).
Tanto na ida quanto na volta o nível de cem dólares não representou resistência nem suporte importantes.
O teste dos 100 mil
Acho que a marca de 100 mil do Ibovespa só voltará a ser testada (e até mesmo ultrapassada) quando, e se, Jair Bolsonaro se mostrar um verdadeiro adepto do liberalismo e da economia de mercado e não um simples despachante dos militares, policiais e bombeiros, sua principal característica durante seus sete mandatos como deputado federal.
Se a Reforma da Previdência for a montanha que pariu um rato, sem uma reestruturação atuária de verdade, duvido que os 100.000 sejam rompidos num horizonte de tempo previsível.
Vou além. Caso a PEC previdenciária se mostrar apenas um remendo, para ter de ser reformulada novamente daqui a três ou quatro anos, acredito que a Bolsa de Valores de São Paulo já fez sua máxima do ano.
Nessa hipótese, o Everest não será conquistado tão cedo.
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