Estratégia do governo de formar maiorias pontuais dificulta agenda liberal, diz pesquisador
Octavio Amorim também alertou para as diferenças nos grupos na base governista, o que dificulta consenso entre os temas que precisam ser debatidos

A estratégia do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de formar maiorias pontuais para aprovar projetos de interesse do governo dificulta a implementação da agenda liberal no País, avaliou Octavio Amorim, pesquisador da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (Ebape/FGV), durante o seminário promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV) em parceria com o Estadão, no Rio de Janeiro, para analisar os 100 primeiros dias de governo.
"Se a agenda liberal é para prosperar, seria muito melhor ter maioria no atacado, não no varejo. Esse é um modelo de governança muito difícil, quase simplório. Numa estratégia de maiorias pontuais, o presidente tem que ser equilibrista. Como um presidente minoritário de extrema direita vai formar maiorias pontuais?", questionou o pesquisador da Ebape/FGV. "Um naco do programa liberal vai ficar na boca dos tubarões", ironizou Amorim.
Amorim lembrou que há diferentes grupos na base do governo, que têm se chocado publicamente, o que dificulta consenso entre os temas que precisam ser debatidos, uma vez que acabam sendo negociados com cada um deles. "O presidente até hoje não estabeleceu a importância relativa dos grupos que estão no governo nem a hierarquia", lembrou.
Para Samuel Pessôa, pesquisador do Ibre/FGV, o presidente inaugurou uma forma de relacionamento com o Legislativo que ainda não tem sido bem-sucedida, pelo menos na questão da discussão da reforma da Previdência.
"A gente tem um presidente que tem uma nova forma de relacionamento com o Legislativo, uma nova prática. A gente não sabe exatamente o que é, mas parece que é 'eu faço projeto com minha equipe técnica, um projeto que é bom para o País, eu mando para o Congresso e ele tem que aprovar'. A coisa tem que andar por gravidade, sem a liderança da figura da Presidência para tocar o projeto. Na Previdência está indo muito mal", opinou Pessôa.
No entanto, o pesquisador do Ibre/FGV acredita que Bolsonaro tenha sido bem-sucedido no sentido de conseguir jogar uma responsabilidade do Executivo para o Congresso. "Acho que é um custo muito alto, porque a gente vai aprovar uma Previdência muito tarde e muito pequena. Mas parece que ele conseguiu começar a mudar as coisas", completou Pessôa.
Leia Também
A nova forma de operar do governo Bolsonaro deve resultar numa "agenda caótica por um bom tempo", alertou Amorim. "O recurso mais precioso em qualquer lugar do mundo é o tempo. Se o presidente não entra para negociar essa agenda com diversos partidos, o risco de caos é muito grande. O potencial de interrupção da agenda liberal é muito grande", acredita o pesquisador da Ebape/FGV.
Segundo Fernando Veloso, também pesquisador do Ibre/FGV, a votação surpresa e quase unânime do orçamento impositivo no Congresso confirma uma mudança na condução da agenda. "Não sei se vai ser bom ou ruim, mas a dinâmica mudou", disse Veloso. "O congresso vai votar a agenda deles".
O secretário executivo do Conselho Empresarial Brasil-China, Roberto Fendt, defendeu que a sequência de reformas proposta durante a campanha seja seguida, sob pena de penalizar alguns setores da economia: primeiro a reforma da Previdência, seguida pela reforma tributária, e só então a prometida abertura comercial.
"A meu ver, esse sequenciamento é adequado. Porque o grande problema de reformas é um erro de sequenciamento", afirmou Fendt.
Com Lula ou Bolsonaro na Presidência, o próximo Congresso será de centro-direita e reformista, diz Arthur Lira
Em evento em Nova York, presidente da Câmara volta a defender a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro e as reformas no país
Alívio no bolso vem aí? Conheça a PEC que pode zerar impostos sobre combustíveis e gás
A matéria dispensa o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que exige que o governo compense a perda de arrecadação ao cortar impostos com a elevação de outros
Fundo eleitoral, emendas do relator e reajuste dos servidores: 3 pontos do Orçamento para 2022 que mexem com a bolsa esta semana
Entre emendas parlamentares superavitárias e reajuste dos policiais federais, o Orçamento deve ser publicado no Diário Oficial na segunda-feira (24)
Tesouro pode perder até R$ 240 bilhões com PEC dos Combustíveis e inflação pode ir para 1% — mas gasolina ficará só R$ 0,20 mais barata; confira análise
Se todos os estados aderirem à desoneração, a perda seria de cifras bilionárias aos cofres públicos, de acordo com a XP Investimentos
Além do furo no teto: como a PEC dos precatórios afeta os credores, mas abre uma grande oportunidade de investimento
Com a regra fiscal ameaçada, o motivo inicial para a criação da emenda acabou sendo relegado a segundo plano, mas seus desdobramentos podem beneficiar os investimentos alternativos
Por precaução, presidente da Câmara adia votação em 2º turno da PEC dos Precatórios
Depois da aprovação em 1º turno, ontem à noite, governistas temiam falta de quorum; Lira deixou votação para hoje
Câmara resiste a mudanças propostas pelo Senado na PEC dos precatórios; entenda o impasse
Parte da PEC já foi promulgada na semana passada, incluindo a alteração no cálculo da regra que atrela o crescimento das despesas à inflação
Projeto de lei pode conter alta dos combustíveis, mas precisa ser aprovado ainda este ano, defende relator
A medida, que cria um programa de estabilização do valor do petróleo e derivados, foi a forma encontrada para amenizar a alta dos preços sem interferir na política da Petrobras
Se Arthur Lira quiser, PEC dos Precatórios será aprovada ainda este ano, diz líder do Novo
Deputado Paulo Ganime defende que PEC tramite como novo texto, mas presidente da Câmara sinalizou que vai fatiar proposta
Reforma administrativa não sai antes das eleições, admite relator da proposta na Câmara
O deputado Arthur Maia afirmou que faltou empenho do executivo para garantir que o texto fosse aprovado no Congresso
4 fatos que mexem com o Ibovespa na próxima semana — incluindo Copom e IPO do Nubank
O principal índice acionário brasileiro terá um calendário cheio de eventos e dados econômicos para digerir ao longo dos próximos dias
Governo quer esperar, mas presidente do Senado estuda votar PEC dos precatórios ainda hoje
O governo acredita já ter os votos necessários para aprovar a proposta, mas esperava garantir uma margem maior antes da votação
Ano novo, impostos velhos! Reforma do IR fica para 2022, confirma presidente do Senado
O governo Bolsonaro pressionava pela aprovação da proposta para financiar o Auxílio Brasil, mas não conseguiu apoio na Casa
PEC dos precatórios tornará Auxílio Brasil permanente; Bolsonaro espera que o Senado aprove o texto na próxima semana
O governo ainda busca votos para aprovar o texto sem mexer em dois pontos centrais: o limite para pagamento de precatórios e a mudança no cálculo do teto de gastos
Bolsonaro prometeu, mas Lira diz que não há espaço para reajuste a servidores com PEC dos Precatórios
A PEC abre um espaço de R$ 90 bilhões no Orçamento, mas cálculos da Economia apontam outras despesas como destinatárias da folga
Projeções para a economia são revisadas para pior e falas de Jair Bolsonaro desagradam senadores que negociam PEC dos Precatórios: veja o que movimenta Brasília hoje
A PEC dos precatórios pode abrir espaço no Orçamento de 2022, mas o risco fiscal gerado pelos debates em torno da proposta fizeram o governo reajustar as projeções
Com remanejamento no Orçamento, Congresso garante verba R$ 9,36 bilhões para Auxílio Brasil
O montante, originalmente previsto para o finado Bolsa Família, garantirá um reajuste de quase de 18% no novo programa social
PDT pula do barco, mas PEC dos Precatórios passa em 2º turno na Câmara mesmo assim
Apesar da mudança de posição pedetista, governo conseguiu 11 votos a mais do que no primeiro turno para passar a PEC com a qual pretende viabilizar o Auxílio Brasil
Plenário mantém mudança no teto de gastos, mas derruba alteração na regra de ouro; confira outros destaques da PEC dos precatórios
O próprio presidente da Câmara, Arthur Lira, que tem a prerrogativa do cargo de não ser obrigado a votar, pressionou o ‘sim’ para ajudar o governo na mudança
Privatização dos Correios estacionou? Relator altera parecer, mas votação em comissão do Senado é adiada
A versão mais recente do texto aumenta a garantia contra o fechamento de agências em áreas remotas da Amazônia Legal