Vêm aí os IPOs das gestoras de fundos dos bancões. Vale a pena investir?
Os novos presidentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal já anunciaram a intenção de realizar ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) das áreas de gestão de recursos. Mas essas operações podem valer também para os bancos privados
Assim que o governo Jair Bolsonaro acertar o passo, a grande expectativa no mercado de capitais é de uma retomada nas ofertas de ações na B3. Se o governo conseguir por de pé as reformas e a economia retomar uma rota de crescimento, a tendência é que mais empresas busquem recursos para expandir seus negócios vendendo ações.
Para alguns banqueiros, nessa provável retomada de ofertas, o setor financeiro deve ter destaque. Os novos presidentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal já apontaram o caminho ao afirmar a intenção de realizar ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) das áreas de gestão de recursos.
A venda destravaria valor desses negócios, supostamente melhoraria a sua eficiência e serviria também para capitalizar esses bancos estatais. Mas essas operações não se encaixam somente para as instituições controladas pelo governo.
“No longo prazo, acredito que todos os bancos deverão abrir capital das suas assets. Esse é um negócio no qual nenhum grande banco tem vantagem comparativa, e as gestoras independentes estão avançando nas redes de distribuição dos bancos, após o movimento iniciado pela XP”, resume um gestor de recursos de um grande banco internacional.
A XP Investimentos iniciou no Brasil o conceito de plataforma aberta ao oferecer acesso digital a produtos de diversas casas da indústria financeira a seus clientes. O investidor deixou de ser refém dos produtos oferecidos pelo banco em que tem conta corrente e passou a ter acesso, por exemplo, a gestores figurões do mercado, que antes aceitavam apenas dinheiro de investidores qualificados.
Máquinas de captar clientes
O argumento para a venda de uma parte dessas gestoras em bolsa é forte. Como ainda estamos no início desse processo de desbancarização dos investimentos, a tese é que gestoras de bancos são verdadeiras máquinas de captar clientes. Ao se associar a essa operação, os acionistas passariam a receber os ganhos obtidos com as taxas de administração e de performance.
Leia Também
Felipe Miranda: Algumas coisas que aprendi em 15 anos
“Acho totalmente possível que uma nova temporada de IPOs no Brasil inclua operações envolvendo gestoras de recursos. Esses movimentos profissionalizam ainda mais essas gestoras, aumentam suas governanças e, no caso dos bancos estatais, vão servir ainda para capitalizar o governo federal. Tenho certeza que será uma tendência clara nos próximos anos”, afirma um executivo que trabalha em uma grande plataforma de investimentos.
O gestor de banco internacional complementa: “Quem fizer a operação primeiro, ou seja, vender antes, vai vender melhor...”.
Rodolfo Riechert, presidente do Grupo Brasil Plural, ressalta que esses movimentos farão sentido apenas para aquelas casas administradoras de recursos diversificadas.
“Essas gestoras têm a indústria completa. Oferecem os mais diversos tipos de produtos e podem se adaptar às instabilidades do mercado. Então se estivermos num momento de bolsa forte, eles têm produto. Se a renda fixa é que estiver bem, igualmente eles vão conseguir atender o cliente”, avalia.
Já as gestoras que focam uma aplicação específica, como uma gestora dedicada a investir em ações, terão menores condições de listar suas ações na bolsa.
Hoje no Brasil quem mais se encaixa nesse quadro de alta diversificação de produtos são as gestoras dos grandes bancos. Embora nada impeça que, de olho no incremento desse segmento de investimentos no Brasil, grandes players internacionais se associem a gestores locais e usem a abertura de capital como uma forma de selar a governança da parceria.
Com os recursos captados com a venda de parte do negócio, os bancos poderão reforçar suas áreas de crédito, mas mantendo o controle para garantir o fluxo de clientes. Outro grande apelo embutido nos IPOs seria que, separando o negócio de dentro de todas as atividades do banco, as assets ganhariam em eficiência e profissionalização.
Nos Estados Unidos, a maioria dos grandes bancos não tem as áreas de gestão de recursos embutidas nos negócios, mas sim separadas em uma das unidades debaixo das holdings financeiras. O interessante para os bancos também seria transformar em capital um ativo hoje mal precificado dentro dele.
Quanto vale?
“Se o Itaú, que é um ótimo banco, super bem gerido, abrisse o capital da seguradora, da asset, do banco de investimento, ele possivelmente valeria na bolsa o dobro do que vale hoje. Esses negócios têm um valor dentro da operação e outro valor se forem isolados do negócio, pois o potencial dele fica mais claro”, afirma Riechert, da Brasil Plural. O banqueiro afirma que a eficiência das gestoras dos grandes bancos pode e precisa melhorar.
Mas uma grande questão a que o investidor eventualmente interessado a entrar nos IPOs precisa avaliar é que o momento atual é de uma troca no modelo de captação.
Hoje, o cliente chega no banco e acaba comprando diversos produtos e serviços, na maioria das vezes oferecidos pelos gerentes. Mas as fintechs estão revolucionando esse processo.
Normalmente os produtos dos bancos cobram taxas de administração muito altas, o que afeta a rentabilidade e, de certa forma, facilita o trabalho das plataformas de roubarem os clientes deles.
Ainda há instituições que oferecem hoje fundos DI com taxas de administração na casa dos 4%, o que não existe na indústria independente. Antes das plataformas, com a inércia de investir apenas naquilo que via em seu banco, o cliente não tinha como enxergar isso.
Riechert destaca ainda que não seria exagero dizer que nas conversas entre gerentes e clientes nos grandes bancos hoje possa até mesmo acontecer alguma venda casada de produtos - por exemplo, uma oferta de crédito, ligada à venda de um produto.
O banqueiro não duvida de que muito em breve haja alguma legislação mais forte e mais específica para combater isso. Por essa razão seria importante os bancos melhorarem a eficiência de seus negócios de gestão e já se preparassem para cenários talvez um pouco mais desafiadores na captação.
Dividendos gordos?
As unidades de gestão de fundos dos bancos demandam baixo investimento de capital, apresentam muita recorrência de resultado e têm ganhos certos com taxas de administração e prováveis com as de performance.
Por essa expectativa de lucro recorrente, têm tudo para entrar no grupo das “grandes pagadoras de dividendos”, segundo Riechert, citando como exemplos o que já ocorre hoje com BB Seguridade e IRB. Essa tese vale tanto para Caixa e BB, que são estatais, quanto para os grandes privados, com o Bradesco e Itaú.
“Hoje você não consegue comprar apenas essa tese, pois quando você compra uma ação de um banco, está se associando a todo o negócio”, diz. Não que os bancos tenham decepcionado em termos de retorno e dividendos, obviamente.
Um outro banqueiro só faz a ressalva de que talvez a motivação das ofertas de gestoras e BB e Caixa não seja exatamente monetizar esse negócios, mas sim diminuir o peso do Estado e contribuir para o ajuste das contas do país.
De olho na governança
O problema dessas operações, observa um gestor, é que o que vai para a bolsa não são empresas, mas sim “estruturas” que só funcionam dentro de outras - nesse caso, dependentes dos bancos. Para fazer sentido, a instituição precisaria ter a motivação de tornar essa unidade de seus negócios mais independente, de fato.
Mas sempre vai pairar a dúvida de que elas podem servir a interesses específicos ou estratégias dos controladores. Um caso recente foi o da Gol, que provocou polêmica com os minoritários do programa de fidelidade Smiles ao anunciar a reincorporação da empresa.
Mas o ponto do gestor é que, antes de entrar numa oferta como essa, o investidor vai ter de ser muito bem convencido de que ela representará eficiência para as gestoras.
Isso porque, se existe a percepção de que a velocidade de captação dos bancos no longo prazo tende a ser afetada, eficiência e competitividade vão passar a ser as razões do negócio.
Um grande investidor, que costuma sempre buscar oportunidade em IPO, acredita que essas ofertas sairão se os bancos enxergarem que hoje estão sendo avaliados a um múltiplo x e que, se separarem a asset do negócio, ela vai poder valer 2 ou 3x.
“Eu acho difícil dizer que a asset vai ser melhor tocada se for aberta. Talvez, sob o ponto de vista de eficiência, essa expectativa valha mais para a BB DTVM, do que para as de Bradesco e Itaú. Mas mesmo assim não é algo certo.”
O atrativo mais forte para uma oferta dessas é a possibilidade de o investidor se associar a um negócio com clara tendência de crescimento. “Fora do banco, a asset tende a crescer mais rápido do que o banco em si, porque ela vai ficar mais leve. E investidor gosta de história de crescimento”, diz.
Jogando nas onze: Depois da vitória de Trump, Ibovespa reage a Copom, Fed e balanços, com destaque para a Petrobras
Investidores estão de olho não apenas no resultado trimestral da Petrobras, mas também em informações sobre os dividendos da empresa
Rodolfo Amstalden: Lula terá uma única e última chance para as eleições de 2026
Se Lula está realmente interessado em se reeleger em 2026, ou em se aposentar com louvor e construir Haddad como sucessor, suspeito que sua única chance seja a de recuperar nossa âncora fiscal
Recado de Lula para Trump, Europa de cabelo em pé e China de poucas palavras: a reação internacional à vitória do republicano nos EUA
Embora a maioria dos líderes estejam preocupados com o segundo mandato de Trump, há quem tenha comemorado a vitória do republicano
Mais rápido do que se imaginava: Trump assegura vitória no Colégio Eleitoral e vai voltar à Casa Branca; Copom se prepara para subir os juros
Das bolsas ao bitcoin, ativos de risco sobem com confirmação da vitória de Trump nos EUA, que coloca pressão sobre o dólar e os juros
Um rigoroso empate: Americanos vão às urnas para escolher entre Kamala Harris e Donald Trump antes de decisões de juros no Brasil e nos EUA
Dixville Notch é uma comunidade de apenas dez habitantes situada no interior de New Hampshire, quase na fronteira dos Estados Unidos com o Canadá. A cada quatro anos, o povoado ganha holofotes por ser o primeiro a votar nas eleições presidenciais norte-americanas. Os moradores se reúnem à meia-noite, a urna é aberta, os eleitores votam […]
Começa a semana mais importante do ano: Investidores se preparam para eleições nos EUA com Fed e Copom no radar
Eleitores norte-americanos irão às urnas na terça-feira para escolher entre Kamala Harris e Donald Trump, mas resultado pode demorar
Internet mais cara para você: disputa entre fabricantes de fibra ótica pode elevar preço do serviço no Brasil
O comitê responsável tomou essa decisão após analisar um pedido de investigação de suposta prática de dumping por exportadores chineses
Ganhou (n)a Loteria: por R$ 600 milhões e valorização de 130%, governo de São Paulo leiloa loteria estadual
Segundo o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o valor será convertido para a construção de dois novos hospitais, em Birigui e em Itapetininga
O payroll vai dar trabalho? Wall Street amanhece em leve alta e Ibovespa busca recuperação com investidores à espera de anúncio de corte de gastos
Relatório mensal sobre o mercado de trabalho nos EUA indicará rumo dos negócios às vésperas das eleições presidenciais norte-americanas
Ricaços brasileiros compraram mais obras de arte que suíços e franceses no 1S24; entenda o que está por trás desse mercado multimilionário
Estudo do UBS em parceria com a Art Basel traz dados importantes sobre o mercado de arte e leilões ao redor do mundo; confira os detalhes
Cada um com suas preferências: Ibovespa reage a balanços do Bradesco e da Ambev e à Pnad Contínua enquanto Wall Street aguarda PCE
Índice de inflação preferido do Fed será divulgado hoje nos EUA; aqui, investidores olham para dados de emprego e desemprego
No crédito ou no débito? Ibovespa reage a balanços, Wall Street e expectativa com cortes de gastos
Enquanto a temporada de balanços segue adiante, dólar começa o pregão de hoje no nível mais elevado em mais de três anos
O tempo parece voar: A uma semana das eleições nos EUA, Ibovespa repercute balanço do Santander e relatório de produção da Petrobras
Ibovespa subiu pouco mais de 1% ontem na esteira da expectativa com novas medidas de cortes de gastos pelo governo
O que falta para a Selic voltar a cair? Campos Neto responde o que precisa acontecer para os juros baixarem no Brasil
O presidente do Banco Central também revelou as perspectivas para a questão fiscal mundial e os potenciais impactos das eleições dos EUA no endividamento norte-americano
O saldão da eleição: Passado o segundo turno, Ibovespa se prepara para balanços dos bancões
Bolsas internacionais repercutem alívio geopolítico, resultado eleitoral no Japão e expectativa com eleições nos Estados Unidos
BRICS vai crescer: 13 países são convidados para integrar o bloco — e, após negativa do Brasil, Venezuela recorre a amigo para ser chamada
Em 1º de janeiro deste ano, países como Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã passaram a fazer parte do grupo
A história não acaba: Ibovespa repercute balanço da Vale e sinalizações de Haddad e RCN em dia de agenda fraca
Investidores também seguem monitorando a indústria farmacêutica depois de a Hypera ter recusado oferta de fusão apresentada pela EMS
O banco é da Dilma? A oferta que Putin fez ao Brasil e que dá à ex-presidente US$ 33 bilhões para administrar
Dilma Rousseff virou “banqueira” pela primeira vez quando assumiu a chefia do Novo Banco de Desenvolvimento, em março de 2023
Uma carona para o Ibovespa: Mercados internacionais amanhecem em alta, mas IPCA-15 ameaça deixar a bolsa brasileira na beira da estrada
Além do IPCA-15, investidores tentam se antecipar hoje ao balanço da Vale para interromper série de cinco quedas do Ibovespa
Tudo incerto, nada resolvido: Bolsas internacionais amanhecem no vermelho e dificultam a vida do Ibovespa em dia de agenda vazia
Fora alguns balanços e o Livro Bege do Fed, investidores terão poucas referências em dia de aversão ao risco lá fora