O site Veja.com publicou na noite desta quarta-feira, 15, uma série de informações sobre o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, que podem azedar de vez o humor dos investidores nesta semana.
De acordo com informações do Ministério Público do Rio de Janeiro, obtidas após a quebra de sigilo autorizada pelo juiz Flávio Itabaiana Nicolau, da 27º Vara Criminal, Flávio Bolsonaro teria se utilizado dos processos de compra e venda de imóveis para promover lavagem de dinheiro.
Desde cedo, boatos de que haveriam novas denúncias envolvendo a família Bolsonaro já circulavam no mercado financeiro. Os investidores passaram então a especular sobre a veracidade das informações.
Especula-se também se esses dados fariam parte do "tsunami" anunciado por Bolsonaro no começo da semana. O próprio irmão de Flávio, Carlos Bolsonaro, havia tuitado a respeito de notícias que, segundo ele, "podem derrubar o capitão eleito".
Onde estão os caras feias, os identificadores de problemas, os escritores de cartas para aliados “desbocados”? O silêncio não tem nada a ver com a descoberta de seus devidos lugares. O que está por vir, pode derrubar o Capitão eleito. O que querem é claro! https://t.co/9gARtuC63K
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) May 15, 2019
Lucros extraordinários
A Veja aponta que entre os anos de 2010 e 2017 o então deputado estadual lucrou R$ 3,089 milhões em transações imobiliárias. O rendimento teria ocorrido pelo subfaturamento nas compras e superfaturamento nas vendas dos imóveis. Os dados da Justiça mostram ainda que, nesse mesmo período, Flávio teria investido R$ 9,425 milhões na compra de 19 imóveis.
O documento sigiloso do MP carioca afirma também que a suposta fraude teria como função "simular ganhos de capital fictícios". Esse processo serviria de fachada para “o enriquecimento ilícito decorrente dos desvios de recursos” da Assembleia Legislativa do Rio.
Em janeiro de 2018, a imprensa já havia circulado notícias sobre as transações envolvendo o nome de Flávio. Na época, o jornal Folha de S. Paulo publicou que o senador tinha realizado transações relâmpago com os mesmos 19 imóveis.
Caso a caso
O documento do MP divulgado pela Veja também detalha os casos em que teria havido uma valorização excessiva no preço dos imóveis.
Em 2012, Flávio comprou um imóvel em Copacabana por R$ 140 mil e, 15 meses depois o vendeu por R$ 550 mil - um lucro de 292%. Para se ter uma ideia, o índice Fipezap, que calcula os preços no mercado imobiliário, aponta que a valorização de imóveis no bairro foi de 11% no período.
Também em 2012, Flávio comprou outro imóvel em Copacabana por R$ 170 mil. Um ano depois, vendeu por R$ 573 mil (lucro de 237%).
Já entre dezembro de 2008 e setembro de 2010, Flávio efetuou a compra de dez salas comerciais na Barra da Tijuca por R$ 2,662 milhões.
De acordo com a Veja, em outubro de 2010 todos os imóveis foram vendidos para a empresa MCA Exportação e Participações por R$ 3,167 milhões de reais. Os promotores ressaltam que o comprador tem, entre os sócios, a Listel S.A., sediada no Panamá, um paraíso fiscal.
*Com informações do site Veja.com.