Depois de anunciar cerca de um mês atrás que o Conselho de Administração da Klabin havia deliberado a incorporação da Sociedade Geral de Marcas (Sogemar), a produtora e exportadora de papéis mudou de ideia e publicou, ontem à noite (6), fato relevante em que fala sobre o cancelamento de assembleia de acionistas para votar a incorporação da companhia.
A ideia de cancelar a reunião ocorreu depois que um investidor da Klabin se opôs ao negócio, sugerindo em vez disso que a Klabin rescindisse o contrato com a Sogemar em definitivo. A assembleia iria ocorrer no dia 14 de março.
No fato relevante, a Klabin enfatizou que atribuía o valor de R$ 343,895 milhões à Sogemar, o que representaria um desconto de aproximadamente 50% sobre o valor presente do fluxo de pagamento de royalties, de acordo com laudo elaborado previamente pela consultoria Deloitte.
Por essa razão, a Klabin revela que recebeu "com enorme surpresa" a solicitação de um único acionista de realização de assembleia para rescindir o contrato de licenciamento com a Sogemar.
“A Companhia lamenta informar haver recebido nesta data, da Sogemar, correspondência comunicando que, à luz da campanha lançada por um único investidor da Klabin contra a incorporação e para que não haja dúvida de que atuou todo o tempo exclusivamente em reação às discussões provocadas pela diretoria da companhia, decidiu retirar o consentimento à sua incorporação pela companhia”, afirmou trecho do fato relevante.
“Diante disso, o conselho de administração da companhia decidiu, também nesta data, cancelar a convocação da AGE prevista para ocorrer em 14 de março de 2019, tendo em vista a perda de seu objeto e convocar a assembleia geral extraordinária requerida pelo único investidor reclamante, uma vez atendidas certas formalidades por ele ainda não observadas”, destaca o fato relevante publicado ontem.
Impacto da decisão
Na prática, isso representa grande revés nos planos da fabricante. Hoje, a Klabin tem o direito de explorar marcas de titularidade da Sogemar, inclusive, o próprio nome Klabin.
Mas para isso precisa pagar os tais royalties, que são calculados sempre com base no faturamento líquido de cartões e caixas de papelão ondulado.
Para evitar o pagamento de royalties sem ter que abrir mão das marcas que utiliza, a produtora de papéis passou a negociar a incorporação da Sogemar.