O dólar subiu a R$ 4,24 e chegou a um novo recorde, apesar dos esforços do BC
Declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, estressaram os mercados e fizeram o dólar disparar nesta terça-feira. A moeda chegou a bater os R$ 4,27 no momento de maior pressão, mas duas atuações do BC trouxeram algum alento à divisa
Que o dólar está numa sequência de alta, todo mundo está careca de saber. Mas, até agora, a moeda americana vinha subindo a escada das cotações num ritmo relativamente lento — um degrau de cada vez, digamos. Esse cenário mudou radicalmente nesta terça-feira (26).
Veja só: no último dia 13, o dólar à vista aparecia na faixa de R$ 4,18. No dia seguinte, chegou a R$ 4,19 e, na sessão posterior, tocou os R$ 4,20. Desde então, a divisa vinha girando perto dessa faixa, até dar mais um passo na última segunda-feira (25), batendo pela primeira vez os R$ 4,21.
Pois bem: logo após a abertura da sessão de hoje, o dólar a vista deu um salto para a R$ 4,23 — e, daí em diante, a moeda continuou indo para o alto.
Os números dão uma dimensão exata da pressão: no momento de maior estresse, o dólar à vista chegou a ser negociado a R$ 4,2772 (+1,49%) — um novo recorde nominal em termos intradiários. Ao fim do dia, o câmbio passou por algum alívio e fechou em alta de 0,61%, a R$ 4,2400.
Mas, apesar de o dólar ter se afastado do pico, os agentes financeiros não têm muitos motivos para comemorar — o nível de R$ 4,24, afinal, ainda representa uma nova máxima de encerramento. Mais que isso: esse 'alívio' só foi possível porque o Banco Central (BC) atuou duas vezes, vendendo moeda no mercado à vista.
E enquanto a turbulência reinava no câmbio, o que acontecia nos demais mercados financeiros do Brasil? Bem, o dia foi de cautela generalizada: o Ibovespa fechou em baixa de mais de 1% e ficou a um triz de perder os 107 mil pontos, enquanto as curvas de juros passaram por fortes ajustes positivos.
Leia Também
Mas o que foi que aconteceu para gerar todo esse estresse? É melhor perguntar lá no posto Ipiranga do governo...
"Acostumem-se"
A forte reação dos agentes financeiros se deve às declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, recomendando aos investidores que se acostumassem com juros mais baixos e câmbio mais alto — segundo ele, a atual conjuntura econômica faz com que a taxa de equilíbrio do dólar seja mais alta.
A fala do ministro foi mais uma camada na bola de neve de fatores de estresse para o mercado de câmbio. Conforme destaca Cleber Alessie, operador da H. Commcor, a combinação entre juros mais baixos, frustração com o leilão da cessão onerosa e tensão social na América Latina já vinha pressionando o dólar.
"Além de tudo isso, veio o Guedes dizendo que é melhor o mercado se acostumar. Juntando todos os fatores, não há como enfrentar o movimento de alta por aqui", diz Alessie. "Mesmo o especulador pode sofrer bastante até que a moeda volte a cair".
Ainda durante a manhã, o dólar chegou a subir mais de 1% e romper a barreira dos R$ 4,26. Essa disparada súbita fez com que o BC entrasse no jogo, promovendo um leilão surpresa para venda da moeda americana no mercado à vista. A medida até trouxe um alívio pontual e fez a divisa recuar a R$ 4,24.
Só que, conforme analistas e traders de câmbio comentaram conosco, essa atuação inicial do BC foi pontual, atendendo à demanda de um player "muito relevante" que precisava de liquidez. "Como o mercado já estava estressado, o BC atendeu", diz uma fonte que prefere não ser identificada.
Segundo essa mesma fonte, assim que os principais players do mercado de câmbio se deram conta de que o leilão não era uma tentativa de frear a escalada do dólar, as cotações voltaram a ganhar força — e, desta vez, foram além das máximas registradas durante a manhã.
Pouco depois das 15h, o dólar à vista chegou a subir 1,49%, tocando os R$ 4,2772. Nesse patamar, o BC voltou a atuar no mercado com um segundo leilão surpresa — e, desta vez, conseguiu trazer um alento mais duradouro. A partir daí, a dólar caiu para perto de R$ 4,24, permanecendo por lá até o fechamento.
Para completar o quadro desfavorável para o mercado de câmbio brasileiro, o dia foi de pressão sobre as moedas de países emergentes como um todo. O dólar ganha força em relação ao peso mexicano, ao rublo russo, ao peso chileno, ao rand sul-africano, ao peso colombiano e à lira turca, entre outras divisas.
Alta firme nos juros
A pressão no dólar à vista foi refletida no mercado de juros futuros: as curvas passaram por ajustes positivos, tanto na ponta curta quanto na longa. Veja abaixo como ficaram os principais DIs nesta terça-feira:
- Janeiro/2021: alta de 4,64% para 4,73%;
- Janeiro/2023: avanço e 5,94% para 5,97%;
- Janeiro/2025: subida de 6,54% para 6,59%;
- Janeiro/2027: ganho de 6,85% para 6,92%.
E o Ibovespa?
A disparada do dólar trouxe efeitos imediatos à bolsa, em especial às empresas que possuem custos denominados na moeda americana, como as companhias aéreas. Azul PN (AZUL4) e Gol PN (GOLL4) recuaram 4,53% e 3,84%, respectivamente, e apareceram entre as maiores perdas do Ibovespa.
Mas não foram apenas essas as companhias que apareceram no campo negativo. Grande parte dos papéis do índice fechou em queda, contaminados pelo sentimento de aversão ao risco e cautela que tomou conta do dólar nesta terça-feira. Nesse cenário, as ações dos bancos e das varejistas caíram forte, assim com os ativos da Petrobras.
Considerando esse cenário, o Ibovespa encerrou o pregão de hoje com forte baixa de 1,26%, aos 107.059,40 pontos — na mínima do dia, o índice chegou a cair 1,50%, aos 16.41393 pontos.
No lado oposto, companhias exportadoras comemoraram o nível mais alto da moeda americana, uma vez que o câmbio elevado tende a impulsionar a geração de receita. Foi o caso das siderúrgicas CSN ON (CSNA3), em alta de 4,21%, e Gerdau PN (GGBR4), com ganho de 2,74%.
Confira as maiores altas do Ibovespa nesta terça-feira:
- CSN ON (CSNA3): +4,21%
- Yduqs ON (YDUQ3): +3,11%
- Gerdau PN (GGBR4): +2,74%
- Bradespar PN (BRAP4): +2,53%
- Metalúrgica Gerdau PN (GOAU4): +2,43%
E veja também os papéis de pior desempenho do índice:
- Marfrig ON (MRFG3): -4,62%
- Azul PN (AZUL4): -4,53%
- Cogna ON (COGN3): -3,96%
- Gol PN (GOLL4): -3,84%
- Bradesco PN (BBDC4): -3,14%
Lá fora
No exterior, os mercados globais seguem em marcha lenta, dada a proximidade do feriado de Ação de Graças, que acontece na próxima quinta-feira (28) nos Estados Unidos. Nesse cenário, a liquidez das operações lá fora tem ficado abaixo da média — e os índices têm apresentado oscilações tímidas.
Apesar disso, Wall Street mostrou algum fôlego para esticar o rali recente: o Dow Jones fechou em alta de 0,20%, o S&P 500 subiu 0,22% e o Nasdaq teve ganho de 0,18% — os três índices, assim, renovaram os recordes de encerramento.
Novamente, a esperança quanto ao fechamento de um acordo comercial entre EUA e China pauta os rumos dos mercados financeiros globais. Notícias de que autoridades dos dois países mantiveram contatos telefônicos nesta terça-feira animaram os investidores.
Nem retirada das tarifas salva: Ibovespa recua e volta aos 154 mil pontos nesta sexta (21), com temor sobre juros nos EUA
Índice se ajusta à baixa dos índices de ações dos EUA durante o feriado e responde também à queda do petróleo no mercado internacional; entenda o que afeta a bolsa brasileira hoje
O erro de R$ 1,1 bilhão do Grupo Mateus (GMAT3) que custou o dobro para a varejista na bolsa de valores
A correção de mais de R$ 1,1 bilhão nos estoques expôs fragilidades antigas nos controles do Grupo Mateus, derrubou o valor de mercado da companhia e reacendeu dúvidas sobre a qualidade das informações contábeis da varejista
Debandada da B3: quando a onda de saída de empresas da bolsa de valores brasileira vai acabar?
Com OPAs e programas de recompras de ações, o número de empresas e papéis disponíveis na B3 diminuiu muito no último ano. Veja o que leva as empresas a saírem da bolsa, quando esse movimento deve acabar e quais os riscos para o investidor
Medo se espalha por Wall Street depois do relatório de emprego dos EUA e nem a “toda-poderosa” Nvidia conseguiu impedir
A criação de postos de trabalho nos EUA veio bem acima do esperado pelo mercado, o que reduz chances de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) em dezembro; bolsas saem de alta generalizada para queda em uníssono
Depois do hiato causado pelo shutdown, Payroll de setembro vem acima das expectativas e reduz chances de corte de juros em dezembro
Os Estados Unidos (EUA) criaram 119 mil vagas de emprego em setembro, segundo o relatório de payroll divulgado nesta quinta-feira (20) pelo Departamento do Trabalho
Sem medo de bolha? Nvidia (NVDC34) avança 5% e puxa Wall Street junto após resultados fortes — mas ainda há o que temer
Em pleno feriado da Consciência Negra, as bolsas lá fora vão de vento em poupa após a divulgação dos resultados da Nvidia no terceiro trimestre de 2025
Com R$ 480 milhões em CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3) cai 24% na semana, apesar do aumento de capital bilionário
A companhia vive dias agitados na bolsa de valores, com reação ao balanço do terceiro trimestre, liquidação do Banco Master e aprovação da homologação do aumento de capital
Braskem (BRKM5) salta quase 10%, mas fecha com ganho de apenas 0,6%: o que explica o vai e vem das ações hoje?
Mercado reagiu a duas notícias importantes ao longo do dia, mas perdeu força no final do pregão
SPX reduz fatia na Hapvida (HAPV3) em meio a tombo de quase 50% das ações no ano
Gestora informa venda parcial da posição nas ações e mantém derivativos e operações de aluguel
Dividendos: Banco do Brasil (BBAS3) antecipa pagamento de R$ 261,6 milhões em JCP; descubra quem entra no bolo
Apesar de o BB ter terminado o terceiro trimestre com queda de 60% no lucro líquido ajustado, o banco não está deixando os acionistas passarem fome de proventos
Liquidação do Banco Master respinga no BGR B32 (BGRB11); entenda os impactos da crise no FII dono do “prédio da baleia” na Av. Faria Lima
O Banco Master, inquilino do único ativo presente no portfólio do FII, foi liquidado pelo Banco Central por conta de uma grave crise de liquidez
Janela de emissões de cotas pelos FIIs foi reaberta? O que representa o atual boom de ofertas e como escapar das ciladas
Especialistas da EQI Research, Suno Research e Nord Investimentos explicam como os cotistas podem fugir das armadilhas e aproveitar as oportunidades em meio ao boom das emissões de cotas dos fundos imobiliários
Mesmo com Ibovespa em níveis recordes, gestores ficam mais cautelosos, mostra BTG Pactual
Pesquisa com gestores aponta queda no otimismo, desconforto com valuations e realização de lucros após sequência histórica de altas do mercado brasileiro
Com quase R$ 480 milhões em CDBs do Banco Master, Oncoclínicas (ONCO3) cai mais de 10% na bolsa
As ações da companhia recuaram na bolsa depois de o BC determinar a liquidação extrajudicial do Master e a PF prender Daniel Vorcaro
Hapvida (HAPV3) lidera altas do Ibovespa após tombo da semana passada, mesmo após Safra rebaixar recomendação
Papéis mostram recuperação após desabarem mais de 40% com balanço desastroso no terceiro trimestre, mas onda de revisões de recomendações por analistas continua
Maiores quedas do Ibovespa: Rumo (RAIL3), Raízen (RAIZ4) e Cosan (CSAN3) sofrem na bolsa. O que acontece às empresas de Rubens Ometto?
Trio do grupo Cosan despenca no Ibovespa após balanços fracos e maior pressão sobre a estrutura financeira da Raízen
Os FIIs mais lucrativos do ano: shoppings e agro lideram altas que chegam a 144%
Levantamento mostra que fundos de shoppings e do agronegócio dominaram as maiores valorizações, superando com sobra o desempenho do IFIX
Gestora aposta em ações ‘esquecidas’ do Ibovespa — e faz o mesmo com empresas da Argentina
Logos Capital acumula retorno de quase 100% no ano e está confiante com sua carteira de ações
Ibovespa retoma ganhos com Petrobras (PETR4) e sobe 2% na semana; dólar cai a R$ 5,2973
Na semana, MBRF (MBRF3) liderou os ganhos do Ibovespa com alta de mais de 32%, enquanto Hapvida (HAPV3) foi a ação com pior desempenho da carteira teórica do índice, com tombo de 40%
Depois do balanço devastador da Hapvida (HAPV3) no 3T25, Bradesco BBI entra ‘na onda de revisões’ e corta preço-alvo em quase 50%
Após reduzir o preço-alvo das ações da Hapvida (HAPV3) em quase 50%, o Bradesco BBI mantém recomendação de compra, mas com viés cauteloso, diante de resultados abaixo das expectativas e pressões operacionais para o quarto trimestre
