🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Eduardo Campos

Eduardo Campos

Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e Master In Business Economics (Ceabe) pela FGV. Cobre mercado financeiro desde 2003, com passagens pelo InvestNews/Gazeta Mercantil e Valor Econômico cobrindo mercados de juros, câmbio e bolsa de valores. Há 6 anos em Brasília, cobre Banco Central e Ministério da Fazenda.

Contas Públicas

A dívida de R$ 5,3 trilhões que Paulo Guedes quer atacar

Endividamento bruto fechou 2018 representando 76,7% do PIB, crescendo pelo quinto ano consecutivo. Conta de juros é de R$ 380 bilhões ou 5,5% do produto

Eduardo Campos
Eduardo Campos
31 de janeiro de 2019
11:25 - atualizado às 14:11
Paulo Guedes: Piratas privados, burocratas corruptos e criaturas do pântano politico se associaram contra o povo brasileiro - Imagem: Ministério da Economia

O Banco Central (BC) apresentou as estatísticas fiscais referentes a 2018 e o destaque fica com a dívida bruta que soma R$ 5,27 trilhões, ou 76,7% do Produto Interno Bruto (PIB). A dívida bruta cresce desde 2013, saindo de 51,5% naquele ano.

Não por acaso, o aumento da dívida bruta coincide com os cinco anos que completamos sem gerar superávit primário, que são as receitas menos as despesas, sem considerar a conta de juros. Em 2018, o déficit primário foi de 1,57% do PIB, menor que 1,69% de 2017.

As reformas e as privatizações planejadas pela equipe econômica comandada por Paulo Guedes querem atacar esse problema por duas frentes. Com as reformas, como a da Previdência, o governo quer reduzir o gasto obrigatório, assim ficaria mais fácil registrar superávit primário, contribuindo para uma melhora na dinâmica do endividamento público.

Com as privatizações, o governo quer fazer caixa para abater dívida, reduzindo esse estoque de R$ 5,3 trilhões de forma mais rápida. Com isso, também haveria impacto na conta de juros do governo geral.

Aliás, a dívida bruta não está ainda maior em função das devoluções antecipadas dos empréstimos feitos ao BNDES nos últimos anos, algo na casa dos R$ 200 bilhões. O estoque de créditos junto ao banco de fomento ainda está em R$ 302 bilhões, mas Guedes quer liquidar essa fatura rapidamente.

Para dar uma melhor dimensão dessa trajetória do endividamento, quando o Brasil recebeu a classificação de “grau de investimento”, em 2008, o percentual estava ao redor dos 56%. Mas mais importante que o patamar era a trajetória de queda. Em 2013, como vimos acima, a dívida estava em 51,5% do PIB.

Leia Também

Quando o selo de "bom pagador" foi perdido, em 2015, o percentual era de 65%. Em termos nominais, desde fim de 2015 a dívida cresceu em R$ 1,4 trilhão. Colocando de outra forma, nosso endividamento subiu em mais de 20 pontos do PIB e qual foi o benefício disso para a sociedade?

Conta de juros

Em 2018, o pagamento de juros foi de R$ 380 bilhões, ou 5,52% do PIB. Volume descomunal, mas o menor desde 2014 e inferior aos 6,12% do PIB de 2017, que já tinha recuado de 6,49% de 2016. Só para dar parâmetro, em 2015, o pagamento foi de 8,4% do PIB ou R$ 500 bilhões.

Essa queda no pagamento de juros capta a queda da inflação e da Selic no período, que são os principais indexadores dos títulos públicos. A Selic acumulada em 2017 foi de 9,94% e caiu a 6,43% no ano passado. Também impactam essa conta os swaps cambiais, com perda de R$ 8,3 bilhões no ano passado.

Resultado nominal

Mesmo sem superávit primário, mas com redução no gasto de juros, observamos uma melhora no déficit nominal, conceito internacionalmente melhor aceito para avaliar a saúde das contas públicas de um país.

O déficit nominal fechou o ano em 7,1% do Produto Interno Bruto (PIB), ou R$ 487 bilhões, menor que os 7,8% do PIB de 2017. Em 2015, tivemos um déficit nominal de 10,2% do PIB, algo só observado em países em guerra ou com graves problemas estruturais.

Dívida líquida

No conceito de endividamento líquido, que desconta basicamente as reservas internacionais, a dívida equivale a 53,8% do Produto Interno Bruto (PIB), ou R$ 3,7 trilhões, maior desde 2004, contra 51,6% de 2017.

A dívida subiu mesmo com a desvalorização cambial de 17% do ano passado, o que relegou uma redução da dívida líquida em 2,5 pontos do PIB, pois há uma aumento das reservas quando convertidas para reais.

Carregando a montanha

Embora crescente e em patamar assustador, o custo de carregar essa montanha de dívida apresenta queda consistente ao longo dos últimos anos, também reflexo do ajuste para baixo na inflação e juros.

Esse movimento é captado pela taxa implícita da dívida, que considera uma composição de diferentes ativos e passivos do governo.

A taxa implícita da dívida líquida caiu a 11,5% ao ano no fim de 2018, menor da série iniciada em 2002. Em 2015, esse custo estava em 29,7%, sendo que a dívida referente ao governo federal e ao BC, representava impressionantes 39,5% ao ano.

No caso da dívida bruta, a taxa implícita está em 8,3%, recuando de 13,2% em 2015, e marcando a menor leitura da série iniciada em 2007.

Elasticidades da dívida

O BC também atualizou as estimativas de sensibilidade da dívida bruta e líquida às variações do câmbio, juros e inflação.

Na dívida líquida, uma variação do câmbio de 1% impacta a dívida em 0,15 ponto do PIB ou R$ 10,6 bilhões, com efeito imediato e em sentido contrário ao da variação. Já uma variação de 1 ponto da Selic, mantida por 12 meses, tem impacto de 0,42 ponto, ou R$ 28,6 bilhões. E uma variação de 1 ponto na inflação, também mantida por 12 meses, em impacto de 0,14 ponto, ou R$ 9,9 bilhões.

Na dívida bruta, essa variação de 1% do câmbio se reflete em 0,08 ponto do PIB ou R$ 4,45 bilhões. Aumento ou redução de 1 ponto da Selic, mantido por 12 meses, impacta a dívida em 0,39 ponto, ou R$ 27,1 bilhões. Já uma variação de 1 ponto da inflação, mantida por 12 meses, tem impacto de 0,15 ponto ou R$ 10 bilhões.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
ACORDO INTERNACIONAL

Contrário ao bitcoin (BTC), FMI fecha acordo bilionário com El Salvador para reduzir importância da criptomoeda — mas Bukele mantém aposta em ativos digitais

23 de dezembro de 2024 - 14:30

Acordo deve disponibilizar US$ 1,4 bilhão e abrir portas para mais US$ 3,5 bilhões em recursos ao país que vem sofrendo com dívidas, mas a estratégia do bitcoin não foi abandonada

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Os juros vão subir ainda mais? Quando a âncora fiscal falha, a âncora monetária precisa ser acionada com mais força

10 de dezembro de 2024 - 7:08

Falta de avanços na agenda fiscal faz aumentar a chance de uma elevação ainda maior dos juros na última reunião do Copom em 2024

DÍVIDA GLOBAL PREOCUPANTE

Inteligência artificial pode alavancar crescimento global, mas não é bala de prata; veja o que mais deveria ser feito, segundo a diretora do FMI

17 de outubro de 2024 - 20:01

Antecipando-se às reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional na semana que vem, Kristalina Georgieva falou da necessidade de regular a IA, fazer reformas e ter cautela com a dívida pública

RISCO FISCAL

O “moody” de Rogério Xavier sobre o Brasil: “eu tenho dado downgrade a cada notícia”; saiba o que pensa o gestor da SPX

14 de outubro de 2024 - 17:16

Na avaliação do sócio-fundador da SPX, gastos parafiscais de R$ 100 bilhões sustentam PIB acima do esperado, mas fazem dívida correr o risco de “explodir”

PERSPECTIVAS DO DIRIGENTE

Campos Neto vê exagero dos mercados na precificação dos riscos fiscais; veja o que o presidente do Banco Central disse dessa vez

24 de setembro de 2024 - 13:45

Durante evento do Banco Safra, nesta terça-feira (24), RCN também falou sobre perspectiva em relação à economia norte-americana e os impactos das queimadas no Brasil nos preços

Market Makers

Paulo Guedes tem um sopro de esperança para o Brasil

30 de julho de 2024 - 19:51

Ex-ministro da Economia explica por que acredita que o mundo vai voltar os olhos para o país

TERREMOTO NO MERCADO

Dólar dispara a R$ 5,42 e Ibovespa atinge menor nível em um ano: o que Lula tem a ver com isso?

12 de junho de 2024 - 12:35

Declarações do presidente da República suscitaram mais preocupações sobre o cenário fiscal; mercado vê enfraquecimento de Haddad

Internacional

Na China, investidores migram para títulos públicos por falta de opção melhor para investir, derrubando as taxas

6 de junho de 2024 - 12:03

Banco Popular da China já alertou em relatório sobre investimento especulativo com títulos do governo

CETICISMO

Nem o FMI acredita mais que Lula vai entregar meta fiscal e diz que dívida brasileira pode chegar a nível de países em guerra

17 de abril de 2024 - 11:38

Pelos cálculos da instituição, o País atingiria déficit zero apenas em 2026, último ano da gestão de Lula

POLÍTICA FISCAL

Haddad ainda não jogou a toalha sobre a meta fiscal — pelo menos é o que dizem esses dois ministros 

3 de abril de 2024 - 17:36

Os secretários-executivos do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, e do Planejamento e Orçamento, Gustavo Guimarães, afirmam que o governo segue empenhado em entregar a meta fiscal

DE OLHO NO FISCAL

E agora, Biden? A dívida nacional dos EUA cresce US$ 1 trilhão a cada 100 dias, diz governo norte-americano

3 de março de 2024 - 17:01

A dívida dos Estados Unidos acelerou o ritmo de crescimento nos últimos meses, para o atual patamar de US$ 34 trilhões

NA TERRA DO FOGO

Paulo Guedes hermano? Quem é Luis “Toto” Caputo, apontado como favorito pelo presidente eleito Javier Milei como futuro ministro da Economia da Argentina

27 de novembro de 2023 - 14:35

Um dos nomes mais aguardados do corpo ministerial — obrigatoriamente mais enxuto, segundo o presidente — é sem dúvidas aquele que ocupará o cargo de ministro da Economia

Podcast de aniversário

Felipe Miranda: Haddad tem sido bom ministro; Paulo Guedes é melhor economista, mas tenho dúvidas se foi bem no governo

30 de setembro de 2023 - 10:00

Em edição especial de 5 anos do SD, o podcast Touros e Ursos recebeu o fundador e estrategista-chefe da Empiricus, que avaliou o governo Lula, falou sobre o que tira seu sono nos mercados e indicou suas ações preferidas para os próximos cinco anos

SD ENTREVISTA

EXCLUSIVO: Secretário do Tesouro quer levar green bonds ao Tesouro Direto e mostra confiança na meta de déficit zero

25 de setembro de 2023 - 6:49

Em entrevista ao Seu Dinheiro, Rogério Ceron fala sobre os desafios para meta de déficit fiscal do governo e as novidades para o Tesouro Direto

PROCURADORIA ATIVA

Fazendo as contas: voto de qualidade do Carf e renegociação de dívidas abrem chance para governo recuperar R$ 46 bilhões da dívida ativa; entenda

17 de setembro de 2023 - 16:45

Os débitos de contribuintes que deixaram de ser cobrados administrativamente pela Receita Federal e passam a ser executados pela Procuradoria estão na dívida ativa

COME TO BRAZIL!

The Economist volta a destacar o Brasil dez anos depois de capa onde “tudo deu errado”; será que a revista vai acertar desta vez?

3 de agosto de 2023 - 12:01

São diversos os fatores que fazem o futuro parecer melhor: a aprovação da reforma tributária, a nova âncora fiscal e a própria figura conciliadora do ministro da Fazenda

CRISE NO VIZINHO

Peso argentino já perdeu 54% do valor em um ano — e o FMI exige que a moeda enfraqueça ainda mais; entenda

24 de julho de 2023 - 10:44

A expectativa do governo é de que a medida destrave US$ 4 bilhões da economia para pagar a dívida e estabilizar as mais de 19 cotações diferentes de dólar

COMEÇA MÊS QUE VEM

Veja como vai funcionar o Desenrola, programa do governo para renegociar dívidas de até R$ 5 mil

6 de junho de 2023 - 9:40

Para Haddad, o fato de o Tesouro cobrir eventuais calotes incentivará os credores a oferecerem o máximo de desconto possível aos devedores

Just in time

Biden assina lei que suspende teto da dívida dos Estados Unidos e evita calote com apenas 2 dias de antecedência

3 de junho de 2023 - 15:38

Presidente americano assinou neste sábado lei que põe fim à novela do risco de calote por parte do governo dos EUA

DE OLHO NOS GASTOS

Biden escapou do calote? Os 6 principais pontos do acordo sobre o teto da dívida dos EUA

29 de maio de 2023 - 10:40

O acordo tem por objetivo evitar um calote da dívida dos EUA e precisará garantir votos republicanos e democratas nos próximos dias para conseguir a aprovação

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar