Um ano após privatização, ações da Cesp voltam ao radar de analistas e gestores
Instituições como Credit Suisse, Itaú BBA, Santander e JP Morgan estão entre as grandes casas que passaram a recomendar a compra dos papéis (CESP6) da antiga estatal paulista de energia
No meio de vários rostos ansiosos por saber onde estavam as principais apostas de grandes gestores no evento Forum Value Investing de que participei na última sexta-feira (1º) sobre estratégias de investimento em valor, uma das empresas escolhidas pelos especialistas me chamou a atenção.
Entre nomes conhecidos como Suzano, Vale, Localiza e JBS, despontou o da antiga estatal Companhia Energética de São Paulo (Cesp). Quem mencionou a ação foi Ralph Rosenberg, sócio-fundador da gestora Perfin Investimentos, que possui mais de R$ 12 bilhões sob gestão.
Otimista com a empresa – que é também uma das maiores posições de um dos fundos da casa –, Rosenberg diz que a companhia pode virar "a próxima Engie, tanto em termos de geração de caixa quanto no pagamento de dividendos". Atualmente, a Engie é a maior produtora privada de energia elétrica do país e conta com capacidade instalada própria em 61 usinas, o que corresponde a cerca de 6% da capacidade do país.
E ele não está sozinho. Um ano depois de ter sido privatizada, a Cesp passou de patinho feio a cisne e voltou a chamar a atenção de gestores e analistas. Entre as casas que estão de olho nela, há grandes instituições como Credit Suisse, Itaú BBA, Santander e J.P.Morgan, que vêm recomendando a compra dos papéis (CESP6) no último mês.

A alta de mais de 42% desde o começo de 2019 na bolsa e de mais de 59% em um ano são reflexos de uma série de mudanças internas na empresa, como a entrada de dois grandes players no controle da companhia, além do foco em resolver passivos adquiridos enquanto a empresa ainda era estatal.
Leia Também
Com quase R$ 480 milhões em CDBs do Banco Master, Oncoclínicas (ONCO3) cai cerca de 5% na bolsa
História de reviravoltas
A história da Cesp é digna de reviravoltas ao estilo do filme "O Sexto Sentido". Foram nada menos que quatro tentativas frustradas de venda pelo governo paulista até a privatização no ano passado, realizada na gestão de Marcio França (PSB). O novo dono da geradora de energia é o consórcio formado pela Votorantim Energia e pelo fundo de pensão canadense CPPIB.
A mudança no comando trouxe novos ares e perspectivas mais positivas para a companhia. Quem diz isso é Marcelo Sandri, que também é sócio da Perfin Investimentos. Segundo ele, os dois controladores fazem parte de um dos grupos de maior renome em termos de ativos industriais, com grande experiência no assunto, e que chegaram com sede de realizar mudanças para tornar a empresa mais eficiente.
Entre os feitos dos novos controladores está a autorização da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para iniciar a comercialização de energia.
Na visão de Sandri, a autorização vai permitir à Cesp estruturar melhor os contratos de venda da energia que produz, o que vai ajudá-la a consolidar-se como veículo de crescimento no setor.
"Outro ponto é que a nova gestão está focada em resolver os passivos que ela possui da época em que ainda era uma estatal. Ao resolver isso, a expectativa é que ela utilize todo o potencial de geração de caixa para se diversificar adquirindo companhias e entrando em outros terrenos para além de hidrelétricas", afirma.
Atualmente, a companhia detém a concessão de três usinas hidrelétricas: Jaguari, Paraibuna e Porto Primavera, que entregam uma geração de 1.013 MW médios.
Reflexo nos números
Além da mudança no discurso da companhia, o impacto pode ser visto no balanço da empresa divulgado na última quarta-feira (30). Os números apontam que o novo controle, - que está prestes a completar um ano -, conseguiu mudar as perspectivas para o potencial de geração de caixa (Ebitda) durante o período, com um resultado mais consistente para o indicador.
Na ocasião, o potencial de geração de caixa ajustado ficou em R$ 235 milhões, valor que ficou bastante acima das expectativas dos analistas ouvidos pela Bloomberg e que esperavam que o indicador ficaria em R$ 176,4 milhões.
Outro ponto que chama a atenção nos números da companhia é a redução do endividamento. No terceiro trimestre deste ano, a relação entre a dívida líquida e o potencial de geração de caixa (Ebitda) caiu para 2,4 vezes, ante a relação de 4 vezes vista no segundo trimestre de 2019.
A melhora também pode ser vista no incremento na margem Ebitda ajustada da companhia, que passou de 6% para 57%, o que representa uma variação de 51 pontos percentuais.
No mesmo período, houve ainda queda de 41% nos custos e despesas operacionais ante o terceiro trimestre de 2018.
Ainda assim, a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 8 milhões. Porém, o montante mostra uma evolução diante dos R$ 102 milhões de perda reportados um ano antes.
Dividendos extraordinários?
Mesmo precisando melhorar certos aspectos, as perspectivas de aumento do potencial de geração de caixa no longo prazo podem ter como reflexo o pagamento de maiores dividendos.
Com recomendação de compra para os papéis da companhia, os analistas do Itaú BBA se mostraram otimistas com a evolução do potencial de geração de caixa.
Em relatório enviado a clientes, eles afirmaram que, seguindo esse ritmo de geração de caixa, a relação entre a dívida líquida e o Ebitda pode ser de 0,5 vezes em 2021, o que abriria espaço para o pagamento de dividendos extraordinários.
Segundo eles, se tudo seguir conforme o esperado, a companhia pode oferecer um dividend yield (que seria o valor do dividendo pago por ação no período de análise dividido pelo preço da ação) de 24% em 2022.
Duas cartas na manga
Entre os grandes trunfos que a empresa possui para ajudar a ter mais caixa está a indenização pleiteada pela companhia junto à União por conta de investimentos não amortizados em concessões vencidas e devolvidas ao governo. A questão envolve especificamente a hidrelétrica Três Irmãos.
A disputa ainda está em andamento no tribunal de primeira instância, já que o governo federal alega que a Cesp teria o direito de receber cerca de R$ 1,7 bilhão desde junho de 2012.
Porém uma perícia apresentou avaliação indicando que a indenização total seria de R$ 4,7 bilhões desde junho de 2012.
Na visão dos analistas do Santander, a indenização total ficaria em torno de R$ 2,9 bilhões, levando em conta a indenização da usina, das eclusas e do canal, sem incluir o valor da terra de R$ 1,8 bilhão.
"O mercado está precificando o pior cenário para a resolução dessa disputa (R$1,7 bilhão) e, consequentemente, vemos a conclusão das deliberações do primeiro circuito como um potencial gatilho para o preço das ações", afirmam os especialistas do Santander.
E não é só isso que pode ajudar a companhia. A assinatura do novo contrato de concessão por mais 30 anos da hidrelétrica de Porto Primavera, principal ativo da empresa, também poderá trazer maior geração de caixa para que a companhia se consolide.
Processos judiciais e riscos
Mas a vida da companhia não será fácil. Ainda que as perspectivas futuras sejam mais positivas do que negativas, a Cesp coleciona algumas contingências bilionárias da época em que era estatal, com processos ainda em análise.
Segundo dados recentes da companhia, hoje restam R$ 11,6 bilhões em pendências, sendo que R$ 2,2 bilhões referentes a ações judiciais ou administrativas com um risco que a companhia considera de perda provável. Os dados são até setembro deste ano.
Além dos processos, há outros pontos de risco que merecem atenção. O primeiro seria a questão da seca. Marcelo Sandri, da Perfin, destaca que os fatores meteorológicos têm ajudado a empresa, mas que se houver períodos de escassez de chuva, a companhia poderia ser afetada.
Há ainda o fato de que a agenda regulatória do setor poderia atrapalhar a rentabilidade das companhias de energia elétrica. Mas para o sócio da Perfin, as iniciativas que correm hoje são muito benéficas para o setor.
Outros pontos de atenção seriam algumas iniciativas recentes do governo voltadas a reduzir o preço do gás natural e oferecer outros tipos de incentivos para energias alternativas.
"Se o governo começar a dar muitos incentivos para energias alternativas, isso poderia trazer maior competição para o mercado de energia, o que ajudaria a pressionar as tarifas", disse Sandri.
Ibovespa retoma ganhos com Petrobras (PETR4) e sobe 2% na semana; dólar cai a R$ 5,2973
Na semana, MBRF (MBRF3) liderou os ganhos do Ibovespa com alta de mais de 32%, enquanto Hapvida (HAPV3) foi a ação com pior desempenho da carteira teórica do índice, com tombo de 40%
Depois do balanço devastador da Hapvida (HAPV3) no 3T25, Bradesco BBI entra ‘na onda de revisões’ e corta preço-alvo em quase 50%
Após reduzir o preço-alvo das ações da Hapvida (HAPV3) em quase 50%, o Bradesco BBI mantém recomendação de compra, mas com viés cauteloso, diante de resultados abaixo das expectativas e pressões operacionais para o quarto trimestre
Depois de escapar da falência, Oi (OIBR3) volta a ser negociada na bolsa e chega a subir mais de 20%
Depois de a Justiça reverter a decisão que faliu a Oi atendendo um pedido do Itaú, as ações voltaram a ser negociadas na bolsa depois de 3 pregões de fora da B3
Cogna (COGN3), C&A (CEAB3), Cury (CURY3): Veja as 20 empresas que mais se valorizaram no Ibovespa neste ano
Companhias de setores como educação, construção civil e bancos fazem parte da lista de ações que mais se valorizaram desde o começo do ano
Com rentabilidade de 100% no ano, Logos reforça time de ações com ex-Itaú e Garde; veja as 3 principais apostas da gestora na bolsa
Gestora independente fez movimentações no alto escalão e destaca teses de empresas que “ficaram para trás” na B3
A Log (LOGG3) se empolgou demais? Possível corte de payout de dividendos acende alerta, mas analistas não são tão pessimistas
Abrir mão de dividendos hoje para acelerar projetos amanhã faz sentido ou pode custar caro à desenvolvedora de galpões logísticos?
A bolha da IA pode estourar onde ninguém está olhando, alerta Daniel Goldberg: o verdadeiro perigo não está nas ações
Em participação no Fórum de Investimentos da Bradesco Asset, o CIO da Lumina chamou atenção para segmento que está muito exposto aos riscos da IA… mas parece que ninguém está percebendo
A bolsa ainda está barata depois da disparada de 30%? Pesquisa revela o que pensam os “tubarões” do mercado
Empiricus ouviu 29 gestoras de fundos de ações sobre as perspectivas para a bolsa e uma possível bolha em inteligência artificial
De longe, a maior queda do Ibovespa: o que foi tão terrível no balanço da Hapvida (HAPV3) para ações desabarem mais de 40%?
Os papéis HAPV3 acabaram fechando o dia com queda de 42,21%, cotados a R$ 18,89 — a menor cotação e o menor valor de mercado (R$ 9,5 bilhões) desde a entrada da companhia na B3, em 2018
A tormenta do Banco do Brasil (BBAS3): ações caem com balanço fraco, e analistas ainda não veem calmaria no horizonte
O lucro do BB despencou no 3T25 e a rentabilidade caiu ao pior nível em décadas; analistas revelam quando o banco pode começar a sair da tempestade
Seca dos IPOs na bolsa vai continuar mesmo com Regime Fácil da B3; veja riscos e vantagens do novo regulamento
Com Regime Fácil, companhias de menor porte poderão acessar a bolsa, por meio de IPOs ou emissão dívida
Na onda do Minha Casa Minha Vida, Direcional (DIRR3) tem lucro 25% maior no 3T25; confira os destaques
A rentabilidade (ROE) anualizada chegou a 35% no entre julho e setembro, mais um recorde para o indicador, de acordo com a incorporadora
O possível ‘adeus’ do Patria à Smart Fit (SMFT3) anima o JP Morgan: “boa oportunidade de compra”
Conforme publicado com exclusividade pelo Seu Dinheiro na manhã desta quarta-feira (12), o Patria está se preparando para se desfazer da posição na rede de academias, e o banco norte-americano não se surpreende, enxergando uma janela para comprar os papéis
Forte queda no Ibovespa: Cosan (CSAN3) desaba na bolsa depois de companhia captar R$ 1,4 bi para reforçar caixa
A capitalização visa fortalecer a estrutura de capital e melhorar liquidez, mas diluição acionária preocupa investidores
Fundo Verde diminui exposição a ações no Brasil, apesar de recordes na bolsa de valores; é sinal de atenção?
Fundo Verde reduz exposição a ações brasileiras, apesar de recordes na bolsa, e adota cautela diante de incertezas globais e volatilidade em ativos de risco
Exclusivo: Pátria prepara saída da Smart Fit (SMFT3); leilão pode movimentar R$ 2 bilhões, dizem fontes
Venda pode pressionar ações após alta de 53% no ano; Pátria foi investidor histórico e deve zerar participação na rede de academias.
Ibovespa atinge marca histórica ao superar 158 mil pontos após ata do Copom e IPCA; dólar recua a R$ 5,26 na mínima
Em Wall Street, as bolsas andaram de lado com o S&P 500 e o Nasdaq pressionados pela queda das big techs que, na sessão anterior, registraram fortes ganhos
Ação da Isa Energia (ISAE4) está cara, e dividendos não saltam aos olhos, mas endividamento não preocupa, dizem analistas
Mercado reconhece os fundamentos sólidos da empresa, mas resiste em pagar caro por uma ação que entrega mais prudência do que empolgação; veja as projeções
Esfarelando na bolsa: por que a M. Dias Branco (MDIA3) cai mais de 10% depois do lucro 73% maior no 3T25?
O lucro de R$ 216 milhões entre julho e setembro não foi capaz de ofuscar outra linha do balanço, que é para onde os investidores estão olhando: a da rentabilidade
Não há mais saída para a Oi (OIBR3): em “estado falimentar irreversível”, ações desabam 35% na bolsa
Segundo a 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, a Oi está em “estado falimentar” e não possui mais condições de cumprir o plano de recuperação ou honrar compromissos com credores e fornecedores
