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Olivia Bulla

Olivia Bulla

Olívia Bulla é jornalista, formada pela PUC Minas, e especialista em mercado financeiro e Economia, com mais de 10 anos de experiência e longa passagem pela Agência Estado/Broadcast. É mestre em Comunicação pela ECA-USP e tem conhecimento avançado em mandarim (chinês simplificado).

A Bula do Mercado

China eleva temor de desaceleração global

Queda nas exportações chinesas em fevereiro eleva temor de desaceleração da economia global, em meio à guerra comercial e à fraqueza na zona do euro

Olivia Bulla
Olivia Bulla
8 de março de 2019
5:36 - atualizado às 12:43
Cautela com ruídos políticos no governo Bolsonaro mantém mercado sob pressão

Bastou uma fala do presidente Jair Bolsonaro ontem sobre a reforma da Previdência - a primeira sobre o tema desde a entrega da proposta, em 20 de fevereiro - para o mercado financeiro brasileiro retomar a confiança em relação à aprovação de novas regras para aposentadoria. Mas será preciso mais que isso para resgatar o otimismo nos negócios locais, em meio a um ambiente externo preocupado com o crescimento econômico global.

A inesperada queda de 20,7% nas exportações da balança comercial da China em fevereiro provoca uma aversão ao risco nos mercados internacionais nesta manhã, sendo que as perdas são conduzidas pelo tombo de 4,4% na Bolsa de Xangai. Trata-se do maior recuo diário da bolsa chinesa neste ano, que prejudicou o desempenho dos demais mercados na Ásia e contamina os ativos no Ocidente. Os índices futuros das bolsas de Nova York caem.

A previsão era de uma baixa bem menor, de -6%, nas exportações chinesas, após cresceram 9,1% em janeiro. Já as importações cederam 5,2% no mês passado, também mais que a expectativa de queda, de -0,6%, e ante recuo de 1,5% no mês anterior. Os números, é bem lembrar, são distorcidos por causa da pausa no país devido às comemorações do Ano Novo Lunar.

Ainda assim, os dados agregados ainda parecem muito ruins e refletem uma demanda global mais fraca, ao mesmo tempo em que Pequim e Washington vivem uma batalha tarifária, que vem tirando a força do comércio exterior da China. No acumulado de janeiro e fevereiro, as exportações chinesas caíram 4,6%. Apenas para os EUA, as exportações caíram 26,2% em fevereiro, enquanto as importações do país cederam 28,6%, gerando um superávit de US$ 14,72 bilhões entre os dois países, o mais baixo em dois anos.

Exterior pesado

Os dados da balança comercial chinesas somam-se às previsões pessimistas do Banco Central Europeu (BCE) em relação à economia na zona do euro e alimentam preocupações sobre a economia global. Sinais de que Estados Unidos e China não estão nenhum pouco perto de um acordo comercial também pesam nos mercados lá fora nesta manhã.

Segundo relatos na imprensa internacional, os negociadores de ambos os lados ainda não chegaram a um consenso sobre quando as tarifas já adotada serão removidas e como garantir que a China irá manter o acordo em questões estruturais. Em contrapartida, autoridades chinesas estavam desconfiadas sobre os termos finais, sujeitos a mudanças de última hora por parte do presidente norte-americano, Donald Trump.

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Com isso, o sinal negativo prevaleceu nas praças asiáticas, sob contágio de Xangai. Tóquio caiu 2% e Honk Kong cedeu quase isso (-1,93%), ao passo que as perdas em Seul foram menores (-1,3%), assim como na Oceania, onde a Bolsa de Sydney recuou 0,9%. No Ocidente, Wall Street aponta para mais uma sessão negativa, após o índice S&P amargar a quarta queda seguida ontem, o que contamina a abertura do pregão europeu.

Nos demais mercados, o petróleo cai mais de 1%, diante do impacto da perda de tração da economia global, que reduz a demanda pela commodity. Já o dólar mede forças em relação às moedas rivais, sendo que o euro é novamente pressionado por dados fracos vindos da Alemanha. As encomendas às fábricas alemãs desabaram 2,6% em janeiro, contrariando a previsão de alta de 0,5%.

Ontem, a decisão do BCE de lançar novos estímulos monetários à região da moeda única derrubou o euro ao menor valor desde 2017. O movimento da autoridade monetária e ocorreu na mesma semana em que a China cortou a meta de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) e a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) diminuiu a perspectiva de crescimento global.

Todas essas variáveis começam a se unir e criam uma perspectiva mais sombria no mercado financeiro em relação à economia mundial. Isso em um cenário que ainda tem como incógnita a disputa tarifária entre as duas maiores economias do mundo, mas que envia um sinal de que o contágio da atividade mais fraca pode chegar também aos EUA.

Gerou polêmica

No Brasil, a defesa do presidente à Nova Previdência, durante uma transmissão ao vivo no Facebook, serviu para acalmar os nervos dos investidores e de aliados políticos, após uma série de episódios polêmicos de Bolsonaro desde o fim do carnaval. Depois de publicar um vídeo com conteúdo obsceno em outra rede social, no Twitter, foi preciso esclarecer uma fala envolvendo democracia, liberdade e Forças Armadas.

Gerou polêmica, para variar. E a sucessão de ruídos na comunicação eleva a instabilidade política, evidenciando a fragilidade do governo e o despreparo de quem ascende ao poder pela primeira vez. O que incomoda o investidor é o fato de o presidente não ter ajustado seu discurso ao da equipe econômica, sua postura ao cargo nem alinhado uma campanha em prol da Previdência.

Tudo isso gera certo desconforto no mercado financeiro. Até então, os investidores vinham dando o benefício da dúvida, aceitando uma “curva de aprendizado”. Mas, passado o carnaval, o governo precisa apresentar avanços concretos, concentrando seus esforços na agenda de reformas. Caso contrário, a ‘paciência’ acaba - e a lua de mel do mercado com o governo também.

Tem boi na linha

Causou dúvidas a afirmação de que o “tuíte” na conta oficial do presidente durante o carnaval influenciou o mercado financeiro doméstico desde o fim da folia. Mas foi crescente o receio de que as críticas ao vídeo controverso possam prejudicar a popularidade do presidente e dificultar a articulação política no Congresso.

Há um temor de que os recentes episódios - que inclui, aí, o elo da democracia com as Forças Armadas - façam com que os partidos endureçam na disputa por cargos e verbas, em troca de apoio à agenda de reformas. Nesse caso, o governo teria de ceder nas negociações com o Congresso, “desidratando” o texto original da nova Previdência.

Por isso, foi importante a fala de Bolsonaro ontem, em uma tentativa de desfazer todo o mal entendido, ao dizer que ele espera que a proposta de mudanças na aposentadoria não seja “desidratada”. “Nós pretendemos sim aprovar esta reforma que está lá”, disse, ressaltando, porém, que o “Parlamento é soberano”.

Seja como for, trouxe alívio o redirecionamento do radar do governo à Previdência, após o dispêndio de energia em assuntos menos relevantes. Essa falta de foco do governo na pauta “mais cara” para o mercado incomodava. Daí, então, todo o estresse recente nos ativos locais.

A dúvida, portanto, é até quando (ou que ponto) o mercado doméstico seguirá “estressado”. Tudo vai depender do andamento da reforma da Previdência no Congresso. A expectativa é pela instalação da primeira comissão que irá avaliar o texto, a CCJ, na semana que vem. Se isso não acontecer, os prazos serão adiados, postergando a aprovação final da matéria - quiçá para o segundo semestre deste ano.

Mas a disparada do dólar para perto de R$ 3,90 ontem, renovando o maior nível do ano e subindo mais de 1% por dia nas duas últimas sessões, também teve sua contribuição externa. A ausência de novidades sobre as negociações comerciais entre China e Estados Unidos e as preocupações com o crescimento econômico global pesaram no real.

Já a Bolsa brasileira conseguiu se descolar do ambiente externo mais negativo da véspera e interrompeu uma sequência de quatro quedas seguida. Hoje, porém, os mercados domésticos dificilmente devem se descolar do desempenho negativo no exterior, em meio às preocupações com a desaceleração econômica no mundo.

Emprego nos EUA em destaque

O número de vagas de emprego geradas nos Estados Unidos em fevereiro é o grande destaque da agenda econômica desta sexta-feira. O chamado payroll será divulgado às 10h30 e a expectativa é de criação de 185 mil vagas no mês passado, com a taxa de desemprego caindo a 3,8%. Já o ganho médio por hora deve seguir em US$ 27,50.

No mesmo horário, saem dados do setor imobiliário norte-americano em janeiro. Já no Brasil, o destaque fica com o IGP-DI de fevereiro, que deve acelerar a alta e subir 1,1%, com a taxa acumulada em 12 meses ganhando força e indo a 7,7%. O resultado efetivo será conhecido às 8h.

De um modo geral, o mercado de trabalho nos EUA continua forte, ainda sem sentir o impacto da desaceleração econômica, mas também sem forças para pressionar os preços. Já no Brasil, os índices de inflação têm vindo cada vez mais salgados, diante da pressão vinda dos itens no atacado que podem, em breve, respingar no bolso do consumidor.

Apesar dos ruídos políticos em Brasília e das tratativas entre chineses e norte-americanos, são mesmo nos sinais vindos da economia que o investidor está mais interessado...Mas tampouco estão animadores.

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