Uma notícia pegou os mercados de surpresa no início da noite desta quinta-feira (30). Afinal, não é todo dia que duas gigantes de um mesmo setor anunciam que pretendem fundir suas operações.
No caso, estamos falando de BRF e Marfrig, dois dos maiores players brasileiros no setor de frigoríficos e proteína animal. E o namoro, tornado público hoje, já está em fase avançada: as empresas assinaram um memorando de entendimento que prevê um período de exclusividade de 90 dias, prorrogável por mais 30 dias.
Durante esse tempo, nenhuma das duas poderá iniciar negociações com terceiros, focando-se exclusivamente no fechamento dessa megafusão. E, pelos termos desse documento, os acionistas da BRF terão 84,98% da nova companhia, enquanto os detentores de papéis da Marfrig ficarão com os 15,02% restantes.
A BRF e a Marfrig soltaram comunicados conjuntos para contar a novidade. Nas palavras das próprias companhias, há a expectativa de que a eventual combinação das operações resulte na criação de uma empresa líder mundial no mercado de proteínas, com ampla diversificação geográfica e de produtos.
Outro ponto ressaltado por ambas é a redução de riscos e o "aproveitamento do alto potencial de sinergias operacionais e financeiras". Juntas, as companhias terão um alcance geográfico que engloba os mercados do Brasil, Estados Unidos, América Latina, oriente Médio e Ásia.
Por enquanto, BRF e Marfrig ressaltam que não há uma estrutura societária definida para a operação — a possibilidade de uma consolidação dos ativos e suas bases acionárias e uma nova sociedade está sendo discutida. Temas como governança corporativa e estratégias para obtenção de grau de investimento são discutidos pelas partes.
E agora?
Ambas as companhias são enfáticas: não irão se manifestar novamente sobre esse tema nos próximos 90 dias — a não ser que alguma novidade relevante apareça pelo caminho.
Nesse cenário, é de se esperar que tanto as ações ON da BRF (BRFS3) quanto os papéis ON da Marfrig (MRFG3) tenham um pregão bastante agitado nesta sexta-feira (31) — JBS ON (JBSS3), outra gigante do setor, também deve ser afetada pelo noticiário envolvendo suas principais rivais no Brasil.
E olha que as ações do setor de frigoríficos já vinham tendo um 2019 bastante agitado. Os papéis das três empresas vêm apresentando desempenhos fortes no Ibovespa, em meio ao surto de febre suína que atinge a China — e, consequentemente, eleva a expectativa em relação a um aumento nas exportações ao país asiático.
Afinal, a China é um dos principais consumidores de carne de porco do mundo, e um aumento na demanda do mercado chinês implica em um crescimento expressivo da receita das empresas desse setor.
JBS ON, por exemplo, acumula ganhos de mais de 90% desde o início do ano. O surto de febre suína na China também impulsionou as ações da BRF e da Marfrig, com altas de 32% e 24,9% em 2019, respectivamente.