🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Bois don’t cry

Small caps são clássicos “beta plays”, muito sensíveis às condições sistêmicas. Se o mercado vai bem, elas vão muito bem. Você só precisa estar ali. Bingo!

12 de fevereiro de 2019
12:00 - atualizado às 16:40

Não leio mais notícias sobre altas e baixas das ações. Muito sábio, Raulzito já tinha percebido: não preciso ler jornais, mentir sozinho eu sou capaz. Naquelas páginas, estão apenas as histórias inventadas para o dia, a versão mais crível – não necessariamente a verdadeira – para uma variação aleatória qualquer. Não é culpa dos jornalistas, fique claro. É o nosso cérebro que está sempre atrás de um causo razoável, linear e bem-comportado. A razão é uma grande emoção, é o desejo de controle.

Desprezo as falácias da narrativa. Meço a pontuação do Ibovespa pelo nível de arrogância das conversas pela Faria Lima – esse, sim, indicador muito mais confiável. Cada enxadada, uma minhoca. Não tem erro. A autoavaliação de gestores e investidores é marcada a mercado, cota diária diretamente proporcional ao desempenho das próprias posições.

Curioso como todos ficaram competentes novamente. As razões são variadas, mas conhecidas. Uns melhoraram processos e tecnologias internos. Outros aprenderam com os erros do passado. Existe também a turma que melhorou a equipe após novas contratações ou demissões das laranjas podres. E, claro, há sempre aqueles que se divorciaram e agora estão livres novamente para voar – a culpa da performance anterior ruim era da coitada da mulher, entendeu?

Sabe o que essa turma não entendeu, principalmente aqueles que geriam dinheiro em ações há bastante tempo? Que eles não eram tão competentes assim no ciclo 2003-2007. Não selecionaram com precisão cirúrgica small caps que se multiplicaram de valor. Era apenas um bull market. E eles surfaram uma enorme onda de valorização desses papéis, sendo beneficiados (sem perceber) pelo que essa classe de ativos tem de melhor: a convexidade.

Small caps são clássicos “beta plays”, muito sensíveis às condições sistêmicas. Se o mercado vai bem, elas vão muito bem. Você só precisa estar ali. Bingo!

Aliás, quanto mais irresponsável, melhor – os mais alavancados e concentrados são os grandes vencedores de um bull market. Claro, isso é perigosíssimo, porque você nunca sabe quando a festa vai terminar. Mas, a posteriori, depois que a aleatoriedade elegeu seus vencedores, quem vai se preocupar com aquilo?

Leia Também

Depois de ocorrido, quem terá coragem de apontar o dedo para aquele gestor que multiplicou seu capital por um zibilhão de vezes e dizer que ele, apesar de ter produzido um resultado final muito positivo, expôs seus cotistas a riscos escondidos excessivos? E se a História, que só narra o que foi e não o que poderia ter sido, resolvesse caminhar de forma um pouquinho diferente? Ah, deixa pra lá, né?

Ao mesmo tempo, esses mesmos gestores não eram tão ruins quanto a performance de seus fundos poderia sugerir no período 2008-2015 (ou 2010-2015), quando muitos foram simplesmente dizimados e expulsos do mercado. Era a vez do bear market, da vitória do urso sobre o touro, daqueles que antes estavam lá em cima e foram atacados para baixo. Não tinha muito o que fazer ali. Muitas vezes, a metamorfose do bull para o bear market ocorre sem capacidade de antevisão, catalisada por algum cisne negro qualquer desta rica fauna tropical.

“Ah, mas teve muita gente que sobreviveu bem a essa fase ruim.” Sim, é verdade. A mesma turma que não ganhou tanto dinheiro no ciclo favorável anterior ou não estava no mercado antes. Ou seja, o gestor apenas tinha uma característica pessoal de ser mais defensivo; de novo, é uma vitória sistêmica (ou biológica, sei lá) – o cara não vai tão bem em ciclos positivos, e vai ok em ciclos negativos. Ou então era imaculado, porque simplesmente não existia previamente. Alerta: gestores imaculados são os mais perigosos.

Agora, desde 2016, entramos novamente numa tendência estrutural positiva e aqueles que sobreviveram ao bear market anterior estão ganhando muito dinheiro de novo. E, claro, esse resultado favorável se deve sempre e integralmente à sua própria competência.

A lógica é a seguinte: quando o pessoal ganhou muito dinheiro entre 2003 e 2007, era pelo mérito próprio, pela habilidade em selecionar ações e outros ativos de risco (nunca pelas condições sistêmicas favoráveis). Já no momento de 2008-2015 (ou 2010-2015), quando adentramos o bear market, daí os retornos ruins decorreram, exclusivamente, dos problemas macro (nunca da incompetência em selecionar ações e outros ativos de risco). Agora, no ciclo positivo iniciado em 2016, mais uma vez a enorme habilidade de nossos super-heróis volta à cena!

Pessoal, é só um bull market. E tudo bem, sabe? Não precisa chorar. Ele vai eleger (aliás, já está elegendo) seus grandes vencedores, que irão para a capa da Exame para logo depois serem os vilões do próximo ciclo negativo, com uma queda súbita, abrupta e inesperada – espero que, sob nova direção, a maldição da Exame seja quebrada. Todos os heróis da história do mercado de capitais brasileiro encontraram depois um grande fracasso. Luis Stuhlberger é a exceção que confirma a regra – talvez porque saiba, diferentemente dos outros, que não há herói algum; gênio por identificar que genialidade conta pouco num ambiente em que incerteza e aleatoriedade jamais desaparecerão do processo (sempre com proteções; em período pré-carnaval, vale o lembrete: “safe sex or no sex at all”).

Há um fato estilizado no mercado financeiro de que as pessoas físicas investem mal. Basicamente, porque desconhecem o que estão fazendo. Narciso acha feio o que não é espelho. Os profissionais do mercado proclamam a superioridade dos “profissionais do mercado” sobre o investidor de varejo. Ah, que lindo!

Sempre achei essa visão distorcida, arrogante e ensimesmada. Repare como se comporta o alocador, por exemplo. Cheio de dinheiro, muito bem conectado e lotado de informação e conhecimento técnico, esse cara elege suas aplicações favoritas mais preocupado com as marcas d’água de suas investidas do que qualquer outra coisa. Agora mesmo está financiando a aventura empreendedora de muito fundo multimercado no exterior (sem experiência alguma para isso) e estão todos aplaudindo. Detalhe: esse mesmo alocador é o primeiro a ligar para o gestor cobrando performance e ameaçando, tácita ou explicitamente, sacar do fundo.

São os supostos profissionais, ditos acadêmicos e especializados, que estão produzindo rankings de fundos baseados exclusivamente em históricos de retorno e afirmando que três anos representam longo prazo em Bolsa. E o pior: os eleitos disparam essa eleição para suas bases de e-mails e postam orgulhosos suas medalhas no LinkedIn. Meu Deus, mas que loucura! Aí, se você escreve sobre essa barbaridade, você é “polêmico”. Cara, polêmica, pra mim, é não falar a verdade. Se você vê uma fraude e não grita “fraude”, a fraude é você mesmo.

Quando me perguntam quem ou o quê foi protagonista no desempenho espetacular da Carteira Empiricus ou de nosso crescimento empresarial, afirmo sem tergiversar e com total sinceridade: a sorte. Seria mais reconfortante atribuirmos mais competências e habilidades a nós mesmos. Seria tão delicioso quanto falso. O papel da deusa Fortuna no nosso dia a dia é muito mais forte do que o desejo de controle gostaria de admitir.

Com o Ibovespa voltando a se aproximar dos 100 mil pontos (sim, eu acredito!), vim hoje pensando no que poderia ser a melhor indicação de investimento para nossos assinantes. Depois de muito refletir, encontrei o stock picking ideal. Aqui está a recomendação de hoje: “Iludidos pelo Acaso”, um dos livros menos falados de Nassim Taleb, mas possivelmente o melhor.

Ao investidor, é fundamental perceber que os ganhos apurados dentro de um bull market são resultado mais de condições sistêmicas do que propriamente de suas habilidades individuais. Caso contrário, quando o ciclo mudar, ele pode ser expulso do jogo. É muito fácil confundir aleatoriedade com competência (mesmo o gestor profissional faz isso).

Pensando na capacidade de nos iludirmos, lembro dos Mamonas Assassinas na poética “Bois Don’t Cry”: “E na cama quando inflama/ Por outro nome me chama/ Mas tem fácil explicação/ O meu nome é Dejair/ Facinho de confundir/ Com João do Caminhão”.

Mercados iniciam a terça-feira com desempenho positivo, apoiando-se em otimismo no exterior com acordo para suspensão do shutdown norte-americano e na expectativa de alta do presidente Jair Bolsonaro, que pode abrir caminho para a apresentação da tão aguardada reforma da Previdência. Notícias sugerindo avanços nas conversas entre EUA e China para questões comerciais também são bem recebidas.

Na agenda do dia, destaque para a ata do Copom. Sem nenhuma novidade, documento falou em “cautela, serenidade e perseverança” na política monetária. O tom “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” soa politicamente correto, mas acabará vencido pelo avançar dos dados.

Ibovespa Futuro abre em alta de 1 por cento, dólar e juros futuros caem.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
GANHADORES E PERDEDORES

As maiores altas e quedas do Ibovespa em abril: alívio nos juros foi boa notícia para ações, mas queda no petróleo derrubou petroleiras

1 de maio de 2025 - 14:02

Os melhores desempenhos são puxados principalmente pela perspectiva de fechamento da curva de juros, e azaradas do mês caem por conta da guerra comercial entre EUA e China

ÚLTIMA CHANCE

Ficou com ações da Eletromidia (ELMD3) após a OPA? Ainda dá tempo de vendê-las para não terminar com um ‘mico’ na mão; saiba como

1 de maio de 2025 - 12:44

Quem não vendeu suas ações ELMD3 na OPA promovida pela Globo ainda consegue se desfazer dos papéis; veja como

SD ENTREVISTA

Diretor do Inter (INBR32) aposta no consignado privado para conquistar novos patamares de ROE e avançar no ambicioso plano 60-30-30

1 de maio de 2025 - 7:31

Em entrevista ao Seu Dinheiro, Flavio Queijo, diretor de crédito consignado e imobiliário do Inter, revelou os planos do banco digital para ganhar mercado com a nova modalidade de empréstimo

JUNTANDO OS TIJOLINHOS

Gafisa (GFSA3) recebe luz verde para grupamento de 20 por 1 e ação dispara mais de 10% na bolsa

30 de abril de 2025 - 13:57

Na ocasião em que apresentou a proposta, a construtora informou que a operação tinha o intuito de evitar maior volatilidade e se antecipar a eventuais cenários de desenquadramento na B3

ABRINDO A TEMPORADA

Santander (SANB11) divulga lucro de R$ 3,9 bi no primeiro trimestre; o que o CEO e o mercado têm a dizer sobre esse resultado?

30 de abril de 2025 - 11:58

Lucro líquido veio em linha com o esperado por Citi e Goldman Sachs e um pouco acima da expectativa do JP Morgan; ações abriram em queda, mas depois viraram

Mundo FIIs

Fundos imobiliários: ALZR11 anuncia desdobramento de cotas e RBVA11 faz leilão de sobras; veja as regras de cada evento

30 de abril de 2025 - 11:06

Alianza Trust Renda Imobiliária (ALZR11) desdobrará cotas na proporção de 1 para 10; leilão de sobras do Rio Bravo Renda Educacional (RBVA11) ocorre nesta quarta (30)

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado

30 de abril de 2025 - 8:03

Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos

DERRETENDO

Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?

29 de abril de 2025 - 17:09

Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado

EM ALTA

Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa

29 de abril de 2025 - 12:02

Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos

MERCADO DE METAIS ESSENCIAIS

Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis

29 de abril de 2025 - 9:15

Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais

GOVERNANÇA CORPORATIVA

Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho

29 de abril de 2025 - 8:30

Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

ABRINDO OS TRABALHOS

Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos

28 de abril de 2025 - 6:05

Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central 

AÇÕES EM PETRÓLEO

Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI

26 de abril de 2025 - 16:47

Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.

CONCESSIONÁRIAS

Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1

26 de abril de 2025 - 12:40

Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira

BOLSA BRASILEIRA

Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano

26 de abril de 2025 - 11:12

Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.

3 REPETIÇÕES DE SMFT3

Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP

25 de abril de 2025 - 19:15

Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre

QUEDA LIVRE

Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 30% em 2 dias e fecha semana a R$ 1,95; saiba o que mexe com a aérea

25 de abril de 2025 - 18:03

No radar do mercado está o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, mais um avanço no processo de reestruturação financeira

TCHAU, B3!

OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira

25 de abril de 2025 - 13:42

Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar