Em matéria de rede social, parei no Instagram - embora nem seja um usuário assíduo. O aplicativo ainda parece o melhor (ou menos pior) para manter algum contato com amigos e familiares e acompanhar conteúdo relevante sobre diversos assuntos.
Há uma tese de que existe uma migração do mais jovens entre redes sociais conforme usuários mais velhos vão ocupando os espaços. Dessa forma que o Instagram e o Snapchat teriam angariado usuários, em detrimento do Facebook - a rede social relegada a familiares distantes.
Segundo a Ampere Analysis, apenas 20% dos usuários totais do Facebook tinham entre 18 e 24 anos em 2018. Na base do Snapchat, esse público salta para 40%.
Mas se você se acha jovem porque não usa o Facebook, sinto lhe informar mas provavelmente você já é uma figura muito mais próxima do seu tio. E tudo isso graças a um grupo de chineses donos de uma startup, a ByteDance.
Classificação indicativa
A ByteDance é dona do TikTok, um aplicativo de compartilhamento de vídeos que foi instalado mais de um bilhão de vezes na App Store e no Google Play, de acordo com a Sensor Tower.
Mas se tanta gente baixou, como você pode nunca ter ouvido falar? Para começar, o aplicativo tem uma público mais cativo em países como Índia e China. Por aqui, o grupo de usuários é formado majoritariamente por jovens de até 20 anos - que, nesse espaço, constroem uma comunidade paralela às redes sociais dominadas por tios, tias, eu e você.
O aplicativo tem ferramentas como um catálogo de músicas para dublagens, mixagem e efeitos visuais. Geralmente, o conteúdo tem tom de humor e, embora a maior febre seja entre o público asiático, o Brasil tem influencers que fazem fama como produtores de conteúdo da plataforma e celebridades de outros meios que já aderiram ao app.
Hoje são 500 milhões de usuários mensais no mundo, segundo a própria empresa fundadora do aplicativo.
Fundada pelo chinês Zhang Yiming, a ByteDance chegou a esse número depois de uma série de movimentos estratégicos no mercado até que, no final de 2018, recebeu um aporte de US$ 3 bilhões do grupo japonês SoftBank. Com isso, seu valor de mercado chegou aos US$ 75 bilhões.
Segundo um ranking elaborado pela empresa de análise de companhias, a CB Insights, que considera iniciativas de capital fechado, a ByteDance é a startup que tem o maior valor de mercado do mundo - à frente de conhecidas por aqui como o Airbnb (US$ 29,3 bi) e a brasileira Nubank (US$ 10 bi).
Receita do bolo
A ByteDance também divide seus negócios com outras frentes. A empresa é dona do Jinri Toutiao, um agregador de notícias que usa inteligência artificial para captar os hábitos dos usuários e, com base nisso, oferecer as melhores matérias de diferentes fontes.
Ao site The Verge, um porta-voz da empresa disse que, no TikTok, a inteligência artificial é aplicada também para oferecer um conteúdo de maior engajamento.
A empresa acredita que o algoritmo do aplicativo pode ser replicado ao redor do mundo e tem desenvolvido iniciativas similares para outros mercados. Na Índia - país superpopuloso onde o TikTok também bomba - a empresa oferece o Helo. No mercado de língua inglesa, o TopBuzz.
Mas no Ocidente o foco da empresa tem sido mesmo o mercado da produção de conteúdo criativo.
A ByteDance comprou em 2017 um aplicativo de fazer vídeos chamado Flipagram - e deu uma recauchutada nele, batizando-o de Vigo Video. Em seguida, adquiriu o app de karaokê Musical.ly, numa operação que movimentou US$ 1 bilhão, segundo a imprensa estrangeira.
À época, o Musical.ly acabara de chegar aos 100 milhões de usuários ativos mensais - um público que, menos de um ano depois da operação, em 2018, abriu o app e encontrou uma interface totalmente diferente. O aplicativo havia sido incorporado ao TikTok.
Com isso, estava formado o caldo que tornaria a ByteDance um hit.
Posfácio
Recentemente, o jornal Financial Times publicou que a empresa vai fabricar seu próprio smartphone. O aparelho deve vir com o próprio TikTok e o Jinri Toutiao instalados, segundo a publicação.
Não é o primeiro movimento da ByteDance nessa área. Em janeiro, a companhia comprou patentes de uma companhia chinesa especializada na fabricação de celulares, a Smartisan. À época, a operação foi justificada por um futuro investimento no ramo da educação.