E parece que a guerra comercial não vai deixar só os chineses de cabelo em pé. Uma das companhias que podem ser bastante afetadas é a dona da maçã mais famosa do mundo, a Apple. Segundo relatório do analista Samik Chatterjee do J.P. Morgan divulgado nesta semana, a empresa teria que elevar em 14% o preço do carro-chefe da marca, o iPhone, se quisesse eliminar o impacto do aumento das tarifas americanas contra os chineses.
No documento, o especialista mostra que o preço do celular passaria de US$ 1.000 para US$ 1.1142. Com isso, os iPhones poderiam ficar 14% mais caros.
Isso porque sem o aumento de tarifas, o custo total de produção para a Apple do iPhone XS era de US$ 567. Agora, com a elevação das tarifas de 10% para 25% sobre os produtos chineses, o custo total de produção passaria a ser de US$ 709. Hoje, a produção do iPhone é feita na China.
Possíveis soluções
Diante da situação, a companhia teria algumas opções para escolher. Na visão de Chatterjee, uma delas seria não repassar todo o custo extra de produção aos consumidores. Nesse caso, a empresa teria uma queda de 4% em sua margem bruta, além da possibilidade de impactar a receita da companhia.
Outra opção sugerida pelo analista seria aumentar os preços do iPhone para cobrir até 50% do custo adicional que a Apple teria com o aumento das tarifas. Com isso, os preços do produto teriam que subir 7,5% e o impacto nas margens brutas totais da companhia seria de 0,2%.
Já a última opção seria a de não aumentar o preço do produto. A ideia é mais provável, segundo o analista. Já que há um grande risco de obrigar os clientes a pagar por tudo, o que poderia afetar bastante a demanda.
Hoje, a empresa já enfrenta problemas com a demanda do iPhone diante de novidades lançadas pela Samsung e pela Huawei, e uma subida nos preços poderia impactar ainda mais as vendas do celular.
Impacto nas ações
E a possível subida no preço do produto poderia ter fortes consequências na bolsa de valores. Segundo Chatterjee, a expansão das tarifas sobre produtos de hardware poderia trazer uma queda de 14% no lucro por ação da companhia.
"E os impactos dessa sobretaxação poderiam levar a uma baixa ainda mais acentuada dos papéis no curto prazo à medida em que as negociações entre os Estados Unidos e China ficarem piores", destaca o especialista.
Desde o começo de maio, as ações da companhia (código AAPL) estão em queda de cerca de 5,41%. Por volta das 16h35 de hoje (17), os papéis da companhia estavam sendo negociados a US$ 189,83.