É hora de se segurar? Menor crescimento mundial acende alerta para proteção do patrimônio
Quem diz isso é a diretora global de investment intelligence na Indosuez Wealth Management, Marie Owens Thomsen. Com 122,8 bilhões de euros sob gestão na casa, Thomsen diz que os seguros funcionam tanto para preservar a rentabilidade adquirida, como para manter retornos futuros
Entre os vários pontos de interrogação que rondam a cabeça da economista e diretora global de investment intelligence na gestora de patrimônio Indosuez Wealth Management, Marie Owens Thomsen, um deles é que o mundo passa por períodos estranhos.
Foi-se o tempo em que apenas a macroeconomia conseguia explicar boa parte dos fenômenos, como a economista gosta de brincar. Se antes era preciso ter crescimento econômico para se ter empresas mais fortes e uma bolsa mais valorizada, hoje já não é bem assim.
Em meio a uma desaceleração da economia global, um dos pontos que chamam a atenção é justamente o fato de que os mercados apresentam, nas palavras da diretora, uma performance "deslumbrante" neste ano.
Diante de tempos tão nebulosos e incertos para a economia mundial, o principal conselho de Thomsen para quem decide se arriscar pelo mundo dos investimentos pode ser resumido em apenas uma palavra: proteção.
"Agora que temos menor crescimento no mundo é cada vez mais necessário proteger a carteira. Seja para preservar a rentabilidade já adquirida [com seus investimentos prévios], seja para manter retornos futuros", destaca a economista.
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E ela não está sozinha. O estrategista-chefe da gestora no Brasil, Vladimir Caramaschi, também reforça que por aqui não é diferente. "Ainda que o Brasil não esteja no fim do ciclo econômico, como Estados Unidos e Europa, o investidor brasileiro deve buscar produtos mais apimentados, mas sem deixar de lado os seguros", pontua.
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Em uma rápida passagem pelo Brasil para participar de um fórum da própria gestora, aproveitei a vinda de Thomsen para um bate-papo exclusivo com ela e com Caramaschi para o Seu Dinheiro. O assunto principal? O que está em jogo nesses tempos de incerteza externa e como o Brasil pode ser afetado por esse cenário mais complexo.
A vez do ouro?
E se o lema da vez é proteção, um dos ativos que sempre aparecem na lista de preferências dos investidores quando o cenário global fica mais nebuloso é o investimento em ouro.
Ao ser questionada sobre o potencial da commodity, Thomsen responde que o metal é importante em qualquer portfólio e circunstância, especialmente porque possui uma performance surpreendente em relação aos demais ativos no longo prazo.
Mas faz um alerta. Diz que o ouro já subiu bastante este ano e que o investidor que não possui nada na carteira deve comprar apenas um percentual baixo do metal dourado.
"Estou bastante convencida dos fundamentos do ouro no longo prazo, mas como o preço dele aumentou bastante, talvez não seja o momento de montar posições maiores no ativo. Os bancos centrais estão comprando bastante do metal e acho que há momentos melhores de entrada", pontua a economista.

Na hora de construir bons portfólios de investimento, a diretora lembra ainda que o investidor deve focar nos seguros, assim como também não deve se esquecer de balancear o quanto espera de retorno com o quanto está disposto a tolerar em termos de falta de liquidez, se for atrás de aplicações mais arriscadas.
Uma mudança e tanto
E se faltam respostas diante de tantas incertezas quanto à performance da economia mundial nos próximos anos, Thomsen diz que além do investimento nos seguros, uma das primeiras estratégias dos investidores que deve mudar é a famosa "buy and hold".
Na prática, ela significa nada mais do que investir em empresas com potencial de crescimento no longo prazo. É comprar e manter na carteira por um bom tempo (há até quem acha que é para sempre), como o próprio nome diz.
Ainda que seja uma realidade mais distante em termos de Brasil porque nosso mercado de capitais é bastante jovem e estamos em um ciclo econômico diferente, Thomsen afirma que o gringo terá de mudar o seu jeito de investir.
Para ela, a bola da vez estará na estratégia de "buy and sell" e em investimentos mais "ativos". Dessa forma, o investidor não deve esperar muito tempo até que a ação se valorize, porque a probabilidade de que ocorram grandes altas na cotação dos papéis é menor.
A diretora conta os motivos para essa mudança. Ela destaca, por exemplo, que há uma série de companhias que tiveram um desempenho excepcional e outras que performaram muito mal ao longo deste ano. O ponto é que esse tipo de ambiente incerto faz com que seja cada vez mais difícil encontrar empresas com desempenho muito bom e que possam ter grandes valorizações.
O impacto no S&P
Agora o foco para encontrá-las estará cada vez mais em olhar o seu balanço. Não que ela espere, por exemplo, que um dos principais índices das bolsas de valores norte-americana, o S&P, tenha grandes quedas como em torno de 20% neste ano.
Mas a desaceleração da economia global fará com que fique mais difícil ver grandes altas, porque há menor crescimento econômico. Diante disso, um dos afetados pode ser o S&P. Isso porque, segundo ela, a maior probabilidade é que as margens das empresas fiquem menores, especialmente, a margem líquida que vai ser impactada por uma contração nos lucros.
Diante desse cenário de maior complexidade, a dica de Thomsen é que o investidor se informe cada vez mais. Ele deve prestar mais atenção do que nunca para ver se a companhia está com o balanço forte e se o setor no qual ela atua é mais defensivo e depende menos de variáveis macroeconômicas.

Outro ponto de cuidado é a questão dos títulos de dívidas corporativas. Segundo ela, a menor expansão da economia fará com que a qualidade do crédito fique cada vez pior lá fora. Nesse caso, há dois cenários. Se por um lado, as companhias se beneficiam de um crédito mais atrativo em tempos de juros menores, por outro, as empresas têm maior dificuldade de honrar o pagamento das dívidas e o investidor pode ser bastante prejudicado.
De olho nos emergentes
E como a expectativa é de um mundo de taxas de juros cada vez mais baixas ou até mesmo negativas e menor rentabilidade nos títulos de nações desenvolvidas, a tendência é que o fluxo de capital estrangeiro em busca de maior retorno vá para os países emergentes.
A regra é clara: por conta do risco do investimento, a procura maior seria porque eles costumam oferecer rentabilidades mais interessantes do que as vistas em nações mais desenvolvidas.
Outro ponto citado pela diretora é que o fluxo de capital para os emergentes ganha maior importância porque os bancos centrais desses países possuem maior espaço para baixar os juros e estimular a economia, o que em tese deve fazer com que ocorra crescimento econômico e valorização dos ativos.
E entre as opções disponíveis, o Brasil está no radar. Thomsen destaca que há ainda um outro ponto que ajuda, que é a reforma da Previdência. Segundo ela, a expectativa dos estrangeiros é que ela não será "espetacular", mas que provocará intensas mudanças e ajudará junto com outras medidas a diminuir o problema fiscal brasileiro.
Para citar como exemplo, ela aponta as transformações de vários países nos últimos anos que ascenderam mais de 50 posições em rankings internacionais ligados ao desenvolvimento econômico após realizar reformas previdenciárias e tributária.
"A reforma tributária também será muito importante, especialmente porque vai harmonizar o sistema. Tanto as companhias brasileiras quanto as estrangeiras terão maior facilidade de lidar com os tributos. Isso é pró-crescimento e favorece as relações comerciais entre países", destaca a diretora.
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Expectativa para o Brasil
Outro ponto favorável para atrair capital será o crescimento do investimento privado no país. Na opinião de Vladimir Caramaschi, a aceleração dele aliado aos efeitos de uma política monetária de corte de juros devem fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha um crescimento de 2% no ano que vem.

Ambas as projeções de Caramaschi para este ano e para o próximo estão em linha com as expectativas do Focus que apostam em uma expansão por volta de 0,80% para o indicador. Já a estimativa para a taxa de juros é um pouco mais conservadora do que as demais casas e prevê uma Selic em 5% até o fim de 2020.
O especialista justifica que o país não deve ver grandes pressões em termos de demanda agregada nos próximos meses por conta do desemprego alto, o que poderia gerar maior pressão inflacionária.
"O Banco Central deve continuar cortando a Selic até que taxa de câmbio vire um problema. Acredito ainda que o real deve permanecer desvalorizado no curto prazo porque os resultados das reformas serão sentidos mais no médio e longo prazos, apesar de acreditar que nossa moeda está desvalorizada diante de várias cestas de moedas", destacou Caramaschi.

Ele ainda ressaltou que as taxas de juros devem ficar baixas por aqui por mais um longo tempo não só porque há menos pressão inflacionária, como também por questões globais de desaceleração econômica.
Medo X Confiança
Só que ao contrário do Brasil em que há mais espaço para cortes na Selic, lá fora a situação é bem diferente. Diante disso, a pergunta que fica é como os principais órgãos responsáveis por estimular a economia conseguirão fazer isso sem ter muita margem para reduzir as taxas de juros.
Quando questionada sobre o tema, Thomsen responde que "os bancos centrais estão cada vez mais conscientes de que o impacto de novas medidas em termos de política monetária que possam tomar está ficando progressivamente menor e menos eficaz para impulsionar a economia".
Para ela, os BCs agora mais do que nunca possuem uma função muito mais psicológica de acalmar os mercados, mesmo que no fundo eles não tenham mais tantos instrumentos para estimular a economia. Ela conta que é como se eles tivessem ali para dizer algo como: "Nós estamos aqui e faremos tudo para ajudar as economias".
Thomsen destaca que, aliado a isso, há o fato de que o índice que mede o medo do investidor e a sensibilidade do mercado por meio das opções do S&P 500, chamado de VIX, anda bastante alto. Em agosto deste ano, por exemplo, tal indicador atingiu o seu maior nível desde meados de dezembro do ano passado com a escalada nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
Justamente por essa razão, agora a postura dos BCs deve ser de passar confiança ao mercado para evitar que o sentimento de medo se espalhe. Para citar como exemplo, a diretora conta o caso da crise da dívida soberana na zona do euro que quase acabou com a moeda, há sete anos.
Na ocasião, os problemas na Europa estavam bastante atrelados a questões de confiança e a fala de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE) de que ia fazer "o que fosse preciso" para preservar a moeda única passou credibilidade, assim como ajudou na recuperação gradual do mercado.
Recessão não é cenário-base
Da mesma forma que na Europa, outro banco central que também enfrentará decisões complexas pelos próximos anos é o Federal Reserve. Para a diretora, o cenário-base não é de recessão para a economia norte-americana, mas ela pode ocorrer.
Mesmo sem querer falar sobre possíveis datas, Thomsen comenta que os últimos indicadores dos Estados Unidos não vieram tão bons, mas ressalta que eles estão em linha com a média. De acordo com ela, o problema virá mesmo quando os indicadores alcançarem patamares muito abaixo do visto antes e quando aparecerem alguns fatores importantes como confiança e guerra comercial na mesa.
"Hoje, o desemprego ainda é pequeno por lá, assim como a inflação é baixa e o preço do petróleo está razoável nos Estados Unidos. Penso que a recessão pode ocorrer apenas se as pessoas perderem confiança e se a guerra comercial se intensificar de tal forma que ambos os fatores consigam se sobrepor ao que sustenta a economia norte-americana atualmente", destaca a economista.
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De qualquer forma, mais do que nunca a recomendação da diretora é que os investidores estejam sempre protegidos por meio de um seguro que pode ser por vezes atrelado ao ouro, que costuma ser o porto seguro durante momentos de incerteza global.
Ainda que não seja o momento mais adequado para comprar grandes quantidades do metal, ter um seguro na carteira faz se necessário porque o mundo está cada vez em transformação e guerras tecnológicas, assim como comerciais devem ser mais comuns e o investidor precisa estar preparado para enfrentá-las.
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