Em meio às tratativas para criar uma joint venture de aviação comercial com a Boeing, a Embraer anunciou hoje resultados bem piores do que no ano passado, com prejuízo líquido atribuível aos acionistas de R$ 669 milhões, ante um lucro líquido atribuível de R$ 850,7 milhões no ano anterior. O prejuízo líquido ajustado foi de R$ 224,3 milhões em 2018, revertendo o lucro de R$ 995 milhões no ano anterior. Segundo a empresa, o desempenho foi afetado por menores resultados operacionais e por maiores despesas financeiras líquidas.
A receita líquida da empresa ficou estável em R$ 18,7 bilhões. O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 1,7 bilhão no ano, queda de 25% na comparação anual. O resultado ficou abaixo do esperado pelos analistas de mercado, que previam prejuízo anual de R$ 133 milhões em 2018, segundo a Bloomberg.
No quarto trimestre, o prejuízo líquido atribuído aos acionistas foi de R$ 78 milhões no trimestre, ante lucro de R$ 132 milhões um ano antes. O prejuízo ajustado foi de R$ 29,4 milhões, ante um lucro líquido de R$ 239,2 milhões um ano antes. O resultado trimestral também ficou abaixo do esperado pelos analistas. A expectativa era de lucro líquido de R$ R$ 47,5 milhões no quarto trimestre.
A carteira de pedidos firmes da Embraer fechou o quarto trimestre em US$ 16,3 bilhões, um pouco abaixo da carteira de US$ 18,3 bilhões de um ano antes.
Entregas em queda
O segmento de aviação comercial teve receita líquida de R$ 8,7 bilhões no ano, representando 46,5% dos negócios em 2018. As entregas de aeronaves comerciais somaram 90 unidades no ano, abaixo das 101 entregues em 2017. No quarto trimestre, foram entregues 33 aeronaves comerciais, ante 23 no mesmo período do ano anterior.
A área comercial da Embraer é a parte da empresa que foi envolvida em um acordo com a Boeing para a formação de uma joint venture. O acordo entre as duas companhias prevê a criação de uma nova empresa, da qual a brasileira será minoritária, com 20% de participação. A americana será dona dos 80% restantes.
A carteira de pedidos firmes e a entregar da aviação comercial encerrou 2018 em US$ 9,7 bilhões, representando 59% do total da companhia.
E os jatos executivos?
As entregas da aviação executiva em 2018 somaram 91 jatos, abaixo das 109 unidades entregues em 2017. No quarto trimestre, foram entregues 36 jatos, ante um volume de 50 jatos no mesmo trimestre do ano anterior.
No final de 2018, a Embraer acumulava US$ 800 milhões em pedidos firmes de jatos executivos em carteira, representando 5% do total da companhia
O segmento de defesa e segurança da empresa fechou o ano com US$ 3,9 bilhões em pedidos firmes e representou 24% do total da empresa.
Resultado operacional sofrido
O resultado operacional da empresa ficou negativo em R$ 78,9 milhões no quarto trimestre, ante um resultado positivo de R$ 204,8 milhões no mesmo período de 2017. A empresa destacou que houve um impacto negativo de R$ 238,2 milhões devido a uma baixa contábil no segmento de aviação executiva.
No ano, o resultado operacional ficou positivo em R$ 103,1 milhões, porém muito abaixo do resultado anterior de R$ 1,09 bilhão em 2017. Segundo a Embraer, os resultados anuais tiveram um impacto negativo líquido de R$ 696,9 milhões referente à revisão da base de custos do KC-390 (em decorrência de um acidente com um protótipo) e da baixa contábil no segmento de aviação executiva.
Efeitos do câmbio
A receita líquida anual da Embrar se manteve estável em 2018 graças à desvalorização do real, que compensou a queda do número de entregas dos jatos comerciais e executivos e a menor receita de defesa e segurança.
Ao mesmo tempo, a variação cambial teve um impacto no crescimento das principais despesas da companhia. As despesas administrativas somaram R$ 200 milhões no quarto trimestre, representando crescimento em relação aos R$ 159,4 milhões relatados no mesmo período do ano anterior. Para o ano de 2018, essa despesa foi de R$ 669,9 milhões, comparada aos R$ 572,7 milhões de 2017.
A dívida caiu
A empresa fechou o ano com dívida líquida de R$ 1,7 bilhão, acima da dívida de R$ 1,02 bilhão registrada um ano antes. No entanto, quando comparada com o terceiro trimestre (R$ 3,5 bilhões), a dívida caiu quase pela metade. Isso ocorreu devido à geração de caixa livre durante o último trimestre do ano e ao pagamento de dívida durante o período.