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Victor Aguiar
Victor Aguiar
Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.
Indigestão

A Beyond Meat superou as expectativas no trimestre. Então, por que suas ações desabaram?

As carnes veganas da Beyond Meat continuam em alta, como provou o balanço da companhia no terceiro trimestre. Mas as projeções decepcionantes da empresa para o futuro, somadas ao temor quanto a uma cláusula do IPO, fizeram suas ações derreterem em Nova York

Victor Aguiar
Victor Aguiar
29 de outubro de 2019
16:01 - atualizado às 18:55
Hambúrguer vegano da Beyond Meat
Imagem: Shutterstock

Você pode detestar a ideia das carnes vegetais e jurar de pés juntos que não vai se render à febre. Mas, mesmo quem não troca um bom e suculento bife por nada nessa vida, precisa dar o braço a torcer: os hambúrgueres veganos vieram para ficar. E a Beyond Meat é uma das responsáveis por popularizar esses produtos.

A pioneira das carnes vegetais é um caso a ser estudado pelo mercado financeiro: suas ações chegaram à bolsa americana em 2 de maio, valendo US$ 25. Em menos de três meses, os papéis dispararam incríveis 840%, chegando a US$ 234,90 na máxima, registrada em 26 de julho.

Essa valorização impressionante tinha como base o potencial de crescimento da companhia: com uma demanda cada vez maior pelos hambúrgueres veganos, a Beyond Meat era vista como a grande aposta num segmento que tinha tudo para deslanchar. Nesse cenário, os investidores preferiram comprar antes e fazer perguntas depois.

Os questionamentos rapidamente começaram a surgir. Será que a empresa conseguiria crescer no mesmo ritmo que a demanda por seus produtos? Será que as parcerias fechadas com redes de fast food, como o McDonald's, não eram um passo muito largo para suas pernas ainda curtas?

E, principalmente: será que as ações não subiram demais, sem fundamentos sólidos que justificassem a euforia?

Assim, de julho para cá, o mercado tem assumido uma postura mais cautelosa em relação às ações da Beyond Meat: os papéis encerraram o pregão de segunda-feira (28) — o último antes da divulgação do balanço da companhia no terceiro trimestre — valendo US$ 105,41.

Mas, quem duvidava da capacidade de a empresa continuar se expandindo e entregando resultados consistentes, se deu mal: a Beyond Meat superou as expectativas dos analistas no trimestre, tanto em termos de lucro líquido quanto de receita, e ainda elevou suas projeções para 2019. Um balanço que foi considerado forte por Wall Street.

Só que as ações da companhia não refletem nem de longe a força dos números trimestrais: os papéis da empresa (BYND) despencaram 22,22% nesta terça-feira, a US$ 81,99. A cotação ainda representa um salto de mais quase 230% em relação ao preço do IPO, mas está cada vez mais distante da máxima registrada em junho.

O que aconteceu?

Para entender melhor o comportamento do mercado em relação às ações da Beyond Meat nessa terça-feira, fica mais fácil separar a análise em tópicos: o balanço em si, as projeções para 2019 e as preocupações dos investidores quanto a uma cláusula do IPO.

Como dito acima, os resultados trimestrais foram fortes: a Beyond Meat registrou um lucro líquido de US$ 4,1 milhões entre julho e setembro deste ano — no mesmo intervalo de 2018, a empresa teve um prejuízo de US$ 9,342 milhões. É a primeira vez desde o IPO que a companhia fecha um trimestre no azul.

Com isso, a fabricante de carnes vegetais obteve um lucro por ação — uma métrica importante para a análise de balanços estrangeiros — de US$ 0,06. O indicador ficou acima da média das estimativas de analistas consultados pela Bloomberg, que apontava para um lucro por ação de US$ 0,02.

A receita líquida também veio forte: US$ 91,9 milhões, um crescimento de 250% na base anual — a média das projeções dos analistas ouvidos pela Bloomberg era de US$ 82,2 milhões. No segundo trimestre, a empresa reportou receitas de US$ 67,2 milhões.

Por fim, a Beyond Meat elevou suas estimativas para 2019: agora, a produtora de hambúrgueres veganos quer fechar o ano com uma receita líquida entre US$ 265 milhões e US$ 275 milhões — a meta anterior era de US$ 240 milhões.

E é aqui que mora um detalhe sutil e que ajuda a explicar a reação negativa do mercado. Nos primeiros nove meses de 2019, a Beyond Meat já acumulou receitas de US$ 204,5 milhões. Assim, considerando o topo da estimativa, de US$ 275 milhões, a empresa irá gerar apenas US$ 70,5 milhões de receita no quarto trimestre desse ano.

Desta maneira, mesmo no cenário mais otimista, a fabricante de carnes vegetais irá reportar uma queda de 28% na receita líquida no quarto trimestre, na comparação com os resultados atuais. Ou seja: o conservadorismo da Beyond Meat em suas projeções caiu muito mal no mercado.

Ponto de inflexão

Esse mau humor com as projeções fornecidas pela própria empresa, no entanto, não seria tão grande caso a Beyond Meat não estivesse perto de um ponto de inflexão: o período de "lock-up" das ações da companhia irá terminar em 29 de outubro, e os agentes financeiros temem que uma enorme onda vendedora inunde os mercados com os papéis.

Para quem não sabe, "lock-up" é uma cláusula relativamente comum dos processos de abertura de capital. Ela determina que os investidores iniciais de uma empresa — não os que entraram no IPO, mas sim aqueles que já tinham posições na companhia, como os controladores, a administração e os parceiros iniciais — sejam obrigados a ficar com as ações por um certo período de tempo depois da estreia na bolsa.

E, no caso da Beyond Meat, o "lock-up" termina hoje. Ou seja, a partir de amanhã, todos esses investidores iniciais poderão se desfazer de suas ações — e, considerando que, no IPO, os papéis valiam apenas US$ 25, uma eventual venda de posição via mercado traria lucros expressivos a esses acionistas.

Desta maneira, por mais que o balanço da empresa tenha sido positivo, o mercado está colocando as barbas de molho: temendo um movimento massivo de venda de ações — e amparado pelas projeções desencorajadoras da própria empresa —, os agentes financeiros optam por se desfazer dos papéis nesta terça-feira.

Analistas cautelosos

Em relatório, o analista Brian Holland, do D.A. Davidson, elogia os resultados trimestrais da Beyond Meat. "Continuamos impressionados com a execução da estratégia até agora", escreve o especialista. "Mas, para sermos construtivos, vamos defender nossa perspectiva mais cautelosa para o setor e para a companhia, buscando um valuation mais palatável".

Holland diz ainda que, no curto prazo, irá monitorar o comportamento das ações em relação aos ruídos de curto prazo, especialmente o fim do lock-up, de modo a buscar um potencial ponto de entrada nos papéis. O D.A. Davidson possui recomendação underperform para os ativos (abaixo da média do mercado), com preço-alvo de US$ 84,00.

O J.P. Morgan, por outro lado, tem recomendação overweight (acima da média) para as ações da Beyond Meat. No entanto, a instituição cortou seu preço-alvo, de US$ 189 para US$ 138, citando as previsões conservadoras emitidas pela própria empresa — o banco, agora, projeta uma receita menor de 2025 em diante.

"Apesar de acreditarmos na história da Beyond Meat e acharmos que as ações estão subvalorizadas, acreditamos que é prudente adotar um modelo com crescimento estável no longo prazo, ao invés de uma aceleração", escreve o analista Ken Goldman, em relatório.

De acordo com dados compilados pela Bloomberg, as ações da Beyond Meat possuem duas recomendações de compra, oito avaliações neutras e três classificações de venda.

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