O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, cancelou sua participação no evento “Grandes desafios da América Ibérica", organizado em Madri pela Fundación Internacional para la Libertad, presidida pelo escritor Mário Vargas Llosa.
Segundo a assessoria de imprensa, Guedes está com febre alta, resultante de uma infecção viral nas vias respiratórias. Assim, a recomendação médica foi de repouso absoluto e desaconselhou viagens de avião nesta semana. O que pode deixar o ministro também longe do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde acontecem as reuniões do governo de transição neste semana.
"Portanto, será adiada a série de eventos, previstos para ocorrerem nesta semana na Europa, com o objetivo de apresentar a agenda econômica do próximo governo para grandes investidores interessados no Brasil e mídia especializada", diz nota da assessoria de Guedes.
Em Madri, Guedes participaria, ao lado do futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, de um painel intitulado "Brasil, principais alinhamentos do novo governo", mediado por Vargas Llosa.
Em matéria no começo de novembro falamos da importância de um “road show” nos mercados internacionais ou mesmo conversas com investidores estrangeiros aqui mesmo no Brasil para passar de forma mais clara os pontos da agenda econômica e melhorar a imagem do governo Jair Bolsonaro, que recebeu duras críticas de parte da imprensa internacional durante e depois do processo eleitoral.
Apesar das expectativas positivas com uma agenda de viés mais liberal e menor intervenção do governo na economia, o fluxo de investimento estrangeiro ainda não deslanchou. Na B3, por exemplo, o saldo do estrangeiro estava negativo em R$ 3,6 bilhões no mês de novembro até o dia 29.
Por outro lado, a consultoria EPFR Global mostrou uma recuperação no ingresso de dinheiro via fundos estrangeiros que aplicam em Brasil na última semana de novembro. Mas como notou o BTG Pactual em relatório à clientes, a exposição continua baixa em termos históricos.
Em outubro, diz o BTG, com base em dados da EPFR, a exposição a Brasil dos fundos "Global Emerging Markets" (GEM), estava em 8%, contra 11,7% em outubro de 2014, antes da eleição de Dilma Rousseff. Dentro da categoria de fundos Globais, a exposição é de 0,51%, contra 1,41% em outubro de 2014.
Pelas estimativas do banco, uma retomada dessa exposição para os patamares de 2014 poderia resultado em ingresso de cerca de R$ 193 bilhões para o mercado de ações.