Nem urso nem touro o bicho do mercado pode ser o peru
Comportamento recente dos mercados americanos sugere que uma “revisão de crenças” está a caminho. Pregão negativo de terça-feira pode se refletir nos preços locais nesta quarta
Aproveitando o feriado nos mercados por aqui, dediquei mais tempo aos sites e blogs sobre o mercado externo e me deparei com umas considerações interessantes sobre o mercado e seus bichos.
Estamos habituados a ver as expressões “mercado urso” (bear market), quando os preços estão em queda consistente, e “mercado touro” (bull market), quando o movimento é de sólida alta. A denominação decorre da forma de ataque dos animais. O urso de cima para baixo e o touro de baixo para cima.
Mas há uma terceira categoria, o mercado peru, que vem bem a calhar já que nesta semana acontece o feriado de Ação de Graças nos EUA.
Essa denominação vem do livro “Cisne Negro”, de Nassim Taleb. Segundo o estatístico, considere um peru que é alimentado diariamente. Todo santo dia essa alimentação vai firmar a convicção da ave de que a regra geral da vida é ser alimentado por um amigável membro da raça humana que está fazendo isso visando os melhores interesses do animal.
“Mas na tarde da quarta-feira que antecede o Dia de Ação de Graças algo inesperado vai acontecer ao peru. Ele fará uma revisão das suas crenças”, escreve Taleb.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADECONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Leia Também
Essa imagem já foi utilizada em diversos artigos e sumariza o livro todo de Taleb, mas a consideração mais recente com a qual me deparei foi feita por Lance Roberts da Real Investment Advice, mesma empresa de Jesse Colombo, que comentei em nota sobre uma possível bolha no mercado americano.
Para Roberts, essa imagem do mercado peru é bastante parecida com o que temos hoje. Apesar das correções de mais de 10% nos preços dos ativos americanos, da mudança de padrão no mercado de juros, do forte aumento da volatilidade e de outros sinais, os investidores ainda não fizeram essa “revisão das suas crenças”. Não houve uma mudança na postura de “complacência” para “medo”.
A mudança de clima
O especialista cita a firme mudança de cenário do começo do ano para agora. Em janeiro não havia sinais de recessão, a alta das taxas de juros ocorria em resposta a uma economia robusta, a previsão de lucro das empresas era ascendente e o crescimento global iria ser retomado.
Agora, o crescimento global está menos sincronizado, a alta de juros dificulta o pagamento de dívidas pelo setor público e privado, as tensões comerciais com a China estão se intensificando, e o crescimento da China, Europa e Emergentes acena redução. Além disso, a liderança das ações do Facebook, Apple, Amazon, Netflix and Google (FAANG) foi ameaçada, com quedas de mais de 20% para alguns papéis do grupo.
Segundo Roberts, a história de “bull market” ainda está intacta, pois os preços seguem negociados acima de sua médias de longo prazo. No entanto, as evidências de uma fuga do risco continuam se acumulando. “É por isso que esse é um mercado peru”, escreve o especialista.
Infelizmente, pondera Roberts, nós, como os perus, não temos a menor ideia do dia em que estamos no calendário do mercado. Só sabemos que hoje está bastante parecido com ontem. Mas a possibilidade de uma “revisão nas crenças” claramente aumentou.
Roberts diz que isso não significa que o investidor deve “vender tudo” e sentar em cima do dinheiro, mas sim que ficar agressivamente exposto ao mercado financeiro não é mais oportuno.
Essas considerações se somam a alertas feitos por outros grandes especialistas de mercado. E a lista daqueles que estão vendo o copo meio vazio para o mercado americano, algo que tem consequência para todos os mercados, só faz aumentar.
Na semana, o gestor da Bridgewater Associates, com cerca de US$ 160 bilhões sob administração, Ray Dalio, disse que a economia americana está em um fim de ciclo e que os próximos anos não devem ser tão brilhantes para o mercado de ações americano.
Antes disso, Howard Marks, da Oaktree, já tinha recomendado estratégias que enfatizem a limitação de perdas em detrimento à plena obtenção de lucros. Por aqui, o gestor da SPX, Rogério Xavier, disse que vê um tsunami vindo em direção ao Brasil.
Mercados na terça-feira
Não por acaso o tom do noticiário externo com relação aos mercados estava pouco animador na terça-feira. As bolsas americanas tiveram mais um dia de firme incursão em território negativo, praticamente zerando os ganhos do ano.
O Dow Jones caiu 2,21%, para 24.465 pontos. O S&P 500 recuou 1,7%, a 2.641 pontos e o Nasdaq cedeu 1,7%, a 6.908 pontos.
As ações brasileiras negociadas no mercado externo também sentiram o impacto. O EWZ, maior fundo de índice (ETF) ligado ao Brasil, caiu cerca de 3%. Os recibos de ações da Petrobras recuaram quase 6%, e os da Vale perderam 4,7%. Essas quedas podem se refletir no pregão de amanhã, quando os mercados locais voltam do feriado municipal em São Paulo.
O barril de petróleo do tipo WTI, teve firme queda de 6,7%, para a linha dos US$ 53, menor cotação em um ano.
Essa queda do petróleo, no entanto, alimenta expectativas de que o Federal Reserve (Fed), banco central americano, pode vir a revisar sua estratégia de elevações graduais na taxa de juros, pois o impacto sobre a inflação pode ser grande.
A tese ganhou reforço oficial com declarações do presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkarisays, de que o Fed deveria fazer uma pausa no ciclo de alta para ver como está o comportamento da economia. Ele, no entanto, não é membro votante do comitê que decide as taxas de juros.
O presidente americano, Donald Trump, também comentou o comportamento dos mercados, dizendo que a queda do Dow Jones e outros índices de ações seria mais um “problema do Fed”, e que ele gostaria de ver as taxas de juros menores.
Bitcoin deixa de ser ‘ilha’ e passa a se comportar como mercado tradicional — mas você não deve tratar criptomoedas como ações de tecnologia
Os convidados do Market Makers desta semana são Axel Blikstad, CFA e fundador da BLP Crypto, e Guilherme Giserman, manager de global equities no Itaú Asset
Entenda o que são as ‘pontes’ que ligam as blockchains das criptomoedas; elas já perderam US$ 2 bilhões em ataques hackers
A fragilidade desses sistemas se deve principalmente por serem projetos muito novos e somarem as fraquezas de duas redes diferentes
Mesmo em dia de hack milionário, bitcoin (BTC) e criptomoedas sobem hoje; depois de ponte do ethereum (ETH), foi a vez da solana (SOL)
Estima-se que cerca de US$ 8 milhões (R$ 41,6 milhões) tenham sido drenados de carteiras Phantom e Slope, além da plataforma Magic Eden
Em 6 meses de guerra, doações em criptomoedas para Rússia somam US$ 2,2 milhões — mas dinheiro vai para grupos paramilitares; entenda
Esse montante está sendo gasto em equipamentos militares, como drones, armas, coletes a prova de balas, suprimentos de guerra, entre outros
Bitcoin (BTC) na origem: Conheça o primeiro fundo que investe em mineração da principal criptomoeda do mercado
Com sede em Miami, a Bit5ive é uma dos pioneiras a apostar no retorno com a mineração de bitcoin; plano é trazer fundo para o Brasil
Mais um roubo em criptomoedas: ponte do ethereum (ETH) perde US$ 190 milhões em ataque; porque hacks estão ficando mais frequentes?
Os hacks estão ficando cada vez mais comuns ou os métodos para rastreá-los estão cada vez mais sofisticados? Entenda
Esquenta dos mercados: Bolsas preparam-se para brilhar no último pregão de julho; Ibovespa repercute hoje dados da Vale e Petrobras
Mercados repercutem balanços de gigantes das bolsas e PIB da Zona do Euro. Investidores ainda mantém no radar inflação nos EUA e taxa de desemprego no Brasil
Somente uma catástrofe desvia o Ibovespa de acumular alta na semana; veja o que pode atrapalhar essa perspectiva
Ibovespa acumula alta de pouco mais de 2,5% na semana; repercussão de relatório da Petrobras e desempenho de ações de tecnologia em Wall Street estão no radar
Bolsas amanhecem sob pressão do BCE e da renúncia de Draghi na Itália; no Ibovespa, investidores monitoram Petrobras e Vale
Aperto monetário pelo Banco Central Europeu, fornecimento de gás e crise política na Itália pesam sobre as bolsas internacionais hoje
Esquenta dos mercados: Dirigente do Fed traz alívio aos mercados e bolsas sobem com expectativa por balanços de bancos
Hoje, investidores mostram-se animados com os balanços do Wells Fargo e do Citigroup; por aqui, repercussões da PEC Kamikaze devem ficar no radar
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais tentam recuperação após corte de juros na China; Ibovespa acompanha reunião de Bolsonaro e Elon Musk
Por aqui, investidores ainda assistem à divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas pelo Ministério da Economia
Hapvida (HAPV3) decepciona e tomba 17% hoje, mas analistas creem que o pior já passou — e que as ações podem subir mais de 100%
Os números do primeiro trimestre foram pressionados pela onda da variante ômicron, alta sinistralidade e baixo crescimento orgânico, mas analistas seguem confiantes na Hapvida
Oscilando nos US$ 30 mil, bitcoin (BTC) mira novos patamares de preço após criar suporte; momento é positivo para comprar criptomoedas
Entenda porque a perda de paridade com o dólar é importante para a manutenção do preço das demais criptomoedas do mundo
Bitcoin (BTC) permanece abaixo dos US$ 30 mil e mercado de criptomoedas está em estado de pânico com stablecoins; entenda
Entenda porque a perda de paridade com o dólar é importante para a manutenção do preço das demais criptomoedas do mundo
Terra (LUNA) não acompanha recuperação do bitcoin (BTC) neste domingo; criptomoedas tentam começar semana com pé direito
Mesmo com a retomada de hoje, as criptomoedas acumulam perdas de mais de dois dígitos nos últimos sete dias
Bolsas no exterior operam em alta com balanços melhores que o esperado; feriado no Brasil mantém mercados fechados
Investidores também digerem inflação na zona do euro e número de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA
Em recuperação, bitcoin (BTC) sobe mais de 4% hoje, mas Solana (SOL) é destaque entre criptomoedas e dispara 17% após anúncio do Solana Pay; entenda
Os dados internos da blockchain do bitcoin mostram que a maior criptomoeda do mundo permanece no meio de um “cabo de guerra” entre compradores e vendedores
Bitcoin (BTC) cai após um final de semana de recuperação e criptomoedas esperam ‘lei Biden’ esta semana, mas ethereum (ETH) se aproxima de ponto crítico
A segunda maior criptomoeda do mundo está em xeque com o aprofundamento do ‘bear market’, de acordo com a análise gráfica
Bitcoin (BTC) cai mais de 6% em sete dias, de olho no Fed e na próxima lei de Joe Biden; confira o que movimentou o mercado de criptomoedas nesta semana
Putin a favor da mineração de criptomoedas, Fed e Joe Biden no radar do bitcoin, Elon Musk e Dogecoin e mais destaques
Bitcoin (BTC) recua com aumento de juros do Fed no horizonte e investidores de criptomoedas esperam por lei de Joe Biden; entenda
O plano do presidente americano pesava a mão na taxação de criptomoedas e ativos digitais, no valor de US$ 550 bilhões
