Segue o movimento de remessa de dólares para fora do país. Depois uma retirada líquida de US$ 6,6 bilhões no mês passado, a maior para meses de novembro desde 2008, o mês de dezembro abriu com uma saída líquida de US$ 1,230 bilhão. Em igual período do ano passado, o resultado tinha sido negativo em US$ 148 milhões.
Segundo os dados do Banco Central (BC), os saques ficaram concentrados, novamente, na conta financeira, com US$ 1,989 bilhão. A contra de comércio internacional foi positiva em US$ 759 milhões. Nesta quarta-feira, o dólar opera em firme baixa de 1,8%, na casa de R$ 3,8438.
Os meses de novembro e principalmente dezembro mostram um aumento sazonal na remessa de dólares para fora do país conforme as empresas fecham seus balanços. Nos últimos anos, as remessas ficaram mais concentradas em dezembro.
Para dar vazão a esse pontual aumento de demanda, o BC vem realizando leilões de linha com compromisso de recompra desde o fim de novembro. Já foram cinco operações dessas que funcionam como um empréstimo dos dólares das reservas internacionais com posterior devolução para o BC.
Na semana passada, ocorreu apenas uma operação de US$ 1 bilhão, e nesta semana, até o momento, o BC também fez um leilão de US$ 1 bilhão na terça-feira. O montante total em aberto é de US$ 6,25 bilhões, sendo US$ 5 bilhões em “dinheiro novo” e US$ 1,25 bilhão em rolagem de linha ofertada em agosto e que venceria no começo de dezembro. Esses dólares devem voltar ao BC entre fevereiro e março de 2019.
No acumulado do ano, no entanto, o fluxo cambial ainda segue positivo em US$ 10,531 bilhões, em comparação com US$ 9,808 bilhões vistos em igual período do ano passado.
Com essa saída na primeira semana do mês, podemos estimar que a posição vendida dos bancos no mercado à vista subiu de US$ 11,827 bilhões para cerda de US$ 13 bilhões. Normalmente, os bancos são os provedores de liquidez ao sistema financeiro, com o BC entrando apenas em momentos atípicos, quando há grande concentração de saída ou quando as condições não permitem que os bancos locais usem suas linhas externas para prover dólares ao mercado local.
Mercado futuro
As movimentações no mercado à vista têm sua importância, mas formação de preço da moeda americana ocorre mesmo no mercado futuro, onde o volume de operações é substancialmente maior.
É na B3 que comprados, que ganham com a alta do dólar, e vendidos, que ganham com a queda da moeda, protegem suas exposições em outros mercados e fazem apostas direcionais na moeda americana.
Até o pregão de ontem, os estrangeiros apresentavam posição comprada de US$ 40,972 bilhões em dólar futuro e cupom cambial (DDI, juro em dólar), pouco menor que os US$ 41,728 bilhões da segunda-feira, que marcou novo recorde histórico, mas acima dos US$ 37,711 bilhões do fechamento de novembro.
Na ponta oposta, os bancos estavam vendidos em US$ 16,151 bilhões e os fundos de investimento também tinham posição vendida de US$ 26,118 bilhões. No fim de novembro, a posição dos bancos era de US$ 14 bilhões e a dos fundos de US$ 25,249 bilhões.
A avaliação de ganhadores e perdedores nesse mercado é sempre feita em tese, pois não sabemos a que preço as posições foram montadas e se esses agentes possuem exposição ao dólar no mercado à vista e de balcão.
Mesmo assim, o que se pode inferir é que dificilmente o dólar apresentará um consistente movimento de baixa enquanto o estrangeiro estiver carregando tamanha posição comprada no mercado futuro.
Operações de swap
Além dos leilões à vista, o BC segue com a rolagem dos contratos de swaps que vencem em janeiro, no montante de US$ 10,4 bilhões. O swap é um contrato de troca financeira que relacionada a variação do dólar com uma taxa de juros em determinado período de tempo. A operação equivale a uma venda de dólares no mercado futuro.
De forma simplificada, o BC ganha quando o dólar cai e perde quando a moeda americana se valoriza. Toda a liquidação dos swaps acontece em reais, sem usar diretamente os dólares das reservas internacionais.
Agora em dezembro até o dia 7, a conta de swaps estava negativa para o BC em R$ 1,837 bilhão. No ano, a conta de swaps é negativa em R$ 15,442 bilhões. Esses valores sensibilizam a conta de juros do governo geral.
No lado das reservas internacionais quando convertida para reais, o ganho na semana foi de R$ 13,551 bilhões e chega a R$ 145,330 bilhões no acumulado de 2018.