Ela vai entregar 40 propostas de investimento para Paulo Guedes
Secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, coordena grupo de trabalho que está deixando mercado brasileiro mais moderno e eficiente

Com um cenário de juros baixos e estáveis e uma redução no crédito direcionado na economia, o mercado de capitais encontra um campo fértil para ter crescimento exponencial nos próximos anos.
Mas para que isso se concretize também é necessário que as regras ajudem a facilitar o processo de investimento e a relação entre empresas e investidores. É justamente essa a missão do Grupo de Trabalho de Mercado de Capitais (GTMK), iniciativa primeiramente lançada em 2004 e retomada em maio deste ano, reunindo, agora, mais de 30 órgãos do setor privado e do próprio governo.
Neste ano, o grupo já teve cinco reuniões de onde surgiram cerca de 40 propostas. Após uma filtragem buscando medidas que podem ser implementadas até o fim do ano, a lista chegou em cerca de 15 ações, que já estão sendo propostas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), reguladores, como Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e decretos presidenciais. Algumas das ações, no entanto, terão de ficar para o novo governo, pois envolvem a edição de projetos de lei.
A secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, coordena o grupo e vai fazer uma apresentação ao governo de transição buscando sensibilizar a nova equipe sobre a importância de manter uma discussão permanente com o setor privado para atingir os objetivos de aumento de eficiência do mercado e promoção da poupança de longo prazo.
“Preferimos ter foco para entregar o máximo possível até o fim do ano. Vamos entregar mais da metade das medidas propostas. Daqui para frente, a ideia é assegurar uma agenda estratégica para o grupo, com visão de longo prazo que possa ser transformadora para o mercado de capitais e contribuir para o seu desenvolvimento”, diz Ana Paula.
Áreas de atuação
As medidas que estão sendo propostas se dividem em três segmentos: financiamento à infraestrutura, seguros e previdência e mercado de dívida. As propostas do grupo terão um “selo GTMK”, que busca criar uma identidade e informar que o projeto foi discutido, testado e está alinhado a uma perspectiva de longo prazo.
Leia Também
Entre as ações propostas estão duas alterações no mercado de debêntures de infraestrutura. Uma delas quer dar incentivo ao emissor, que conseguiria elevar as taxas de retorno, sem elevar o custo do projeto. Atualmente há benefício tributário (isenção de IR) para o investidor que compra esses ativos. Será dada, ainda, a opção de captação em reais no mercado externo, previsão que não existe hoje.
Também será editado, até o fim do ano, um decreto presidencial dando preferência para projetos de infraestrutura com impacto ambiental, como “green bonds” e “social bonds”. Esses projetos, como parques de geração eólica, terão análise mais rápida. Esse tipo de proposição dá maior visibilidade a esses ativos e pode despertar o interesse de investidores internacionais especializados nesse tipo de projeto. (Veja mais detalhes sobre as medidas abaixo)
“Para o GTMK permanecer, temos de propor uma agenda estrutural de longo prazo com uma composição que o legitime. Tenho certeza que ele tem tudo para permanecer. Vamos apresentar esse trabalho para a equipe de transição, mas o que tenho falado para o grupo é: quem tem competência se estabelece. Então vamos trabalhar para melhorar o grupo”, diz Ana Paula.

Tributação no mercado
O escopo das discussões pode e deve ser ampliado afetando também a tributação dos diferentes tipos de investimento. O assunto ficou de fora das ações de curtíssimo prazo em razão da crise fiscal e da falta de compreensão de como vai ficar o sistema tributário dada à expectativa de reformas.
Mas, segundo Ana Paula, a ideia é que da tributação seja mais horizontal e que o Imposto de Renda não seja usado como imposto regulatório. Essa função, de estimular o alongamento de prazos, por exemplo, poderá ser substituída pelo Imposto sobre Operações financeiras (IOF).
Há diversas outras formulações dentro do governo, como tirar isenção de imposto de renda para Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), e rever a tributação das operações de “day trade” com ações (algo que chegou a ser proposto em 2017, mas não foi adiante).
“São grandes linhas que serão perseguidas, sempre voltadas a reduzir o custo de transação e diminuir a arbitragem entre os produtos. A ideia é deixar a tributação mais neutra e horizontal”, explica Ana Paula.

Redução do crédito direcionado e subsídios
Ana Paula explica que a iniciativa de retomar o GTMK começou a ser gestada com a introdução da Taxa de Longo Prazo (TLP), que substituiu a Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP) nos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A introdução da TLP é um marco na redução do crédito direcionado no país. A taxa é estipulada por fatores de mercado, como os juros das NTN-Bs e a inflação, contra o modelo anterior no qual o governo de plantão arbitrava uma taxa de juro da forma que bem entendesse. De forma resumida, quanto mais distante a TJLP da Selic, maior era o gasto com subsídio de crédito. Além disso, diversos projetos foram feitos não pela sua qualidade ou viabilidade econômica, mas sim pelo fato de contarem com juro subsidiado.
O fato é que os resultados da TLP, adotada em janeiro desde ano, já apareceram. Empresas têm acessado o mercado de capitais e obtido funding a taxas inferiores à própria TLP e com condições melhores que as encontradas no sistema financeiro tradicional. Há uma substituição dos bancos pelo mercado no funding a empresas e projetos.
Neste período, lembra Ana Paula, as emissões de renda fixa e renda variável dobraram de tamanho em um processo mais saudável de seleção de projetos com base no risco e retorno, evitando eventos como vimos no passado, onde teve uma “seleção absolutamente adversa vindo de concessão de incentivos financeiros e creditícios”.
“O mercado de capitais se alavancou naturalmente com a TLP. Esse é um processo que se reforça, sustenta captações mais baratas e juros menores. É um processo competitivo, que reduz o crédito direcionado”, explica.

Mais algumas medidas
- Ainda no segmento de debêntures, está prevista uma alteração na Lei das Sociedades Anônimas, que vai permitir que empresas fechadas de pequeno porte, passem a ser S.A. e façam captações de forma simplificada. Isso reduz custos e abre o mercado de capitais para essas companhias
- Criação de um “sand box”, ou seja, de um regime de regulação simplificado que busca estimular novos entrantes no mercado de capitais. Algo semelhante com a regulação proporcional que o BC já faz com as fintechs de crédito.
- Securitização de risco no mercado de seguro. A ideia é criar o certificado de risco de seguro, que poderia ser negociado em mercado, que passaria a dividir o risco de apólices com as seguradoras.
- Redefinição do seguro de crédito à exportação. Atualmente a cobertura é feita integralmente pela União, via créditos orçamentários e Fundo de Garantia à Exportação (FGE). A ideia é criar um fundo privado, prevendo resseguro das operações de exportação, tento a União como garantidor de última instância. O fundo será aberto, podendo atrair investidores privados, que ganhariam com os prêmios retidos.
- Mudança no seguro rural. Esse mercado, hoje, é dependente de subvenção do governo e a ideia é reformular seu escopo e atrair seguradoras privadas para esse segmento, que tem grande potencial.
- Criar a figura do patrimônio de afetação para os fundos de previdência, que também passaria a dispor de um CNPJ para cada plano que operem. A ideia é reduzir risco jurídico de que problemas em um determinado plano afete a instituição de previdência e seus cotistas como um todo.
- Adesão automática aos planos de previdência complementar. Quando você é contratado por uma empresa tem de optar por fazer parte ou não do fundo de pensão. A ideia é que a adesão seja automática. Se o funcionário não quiser participar, terá de pedir para sair (opt-out).
- Equiparação de regras de governança e gestão dos planos de previdência complementar do setor privado e dos Regimes Próprios do funcionalismo público (RPPS). A ideia é dar mais segurança e evitar fraudes nos fundos públicos. Um melhor modelo de governança também atrairia o interesse de gestores e administradores profissionais para os RPPSs.
- Modernização dos Fundos de Investimento em Diretos Creditórios (FDICs), permitindo negociação por pequenos investidores. Essa medida já foi autorizada pelo CMN e em janeiro a CVM fará uma audiência pública sobre o tema.
Entenda por que a queda das ações do Inter pode melar a migração do banco digital da B3 para a Nasdaq
Tudo vai depender de uma decisão dos acionistas do Inter, que precisam definir se aceitam trocar suas ações por BDRs ou receber o valor correspondente em dinheiro
CVM nega proposta de R$ 5 milhões de fundador da Marfrig para encerrar processo por insider trading
A xerife do mercado de capitais acusa Marcos Molina de negociar ações da Marfrig no mercado antes do anúncio da compra do frigorífico norte-americano National Beef, em abril de 2018
Após vender Hortifruti para Americanas, Partners Group quer investir US$ 300 milhões e lançar fundo para o varejo no Brasil
Com um total de US$ 120 bilhões sob gestão, responsável pela gestora suíça no Brasil e América Latina fala ao Seu Dinheiro sobre potenciais alvos de aquisição e “concorrência” com IPOs na B3
CVM propõe fim da exclusividade entre agente autônomo e corretora; entenda as mudanças
Atualmente, os assessores de investimento só podem oferecer valores mobiliários como ações e debêntures por uma única corretora
Kora Saúde (KRSA3): IPO fechado (oferta restrita)
O que você precisa saber sobre a o IPO da Kora Saúde (KRSA3) na B3, empresa que opera hospitais privados no ES, MT, DF e TO
Madero (MDRO3): IPO em análise
O que você precisa saber sobre a oferta pública inicial de ações (IPO) do Madero (MDRO3) na B3
Oncoclínicas (ONCO3): IPO fechado
O que você precisa saber sobre a oferta pública inicial de ações (IPO) da Oncoclínicas (ONCO3) na B3
BBM Logística pega um atalho na estrada do IPO e pode captar até R$ 1,6 bilhão
Empresa parananse optou por fazer uma oferta restrita, uma via mais rápida porque dispensa o pedido de registro prévio na CVM
Gol conclui aumento de capital e levanta mais R$ 423 milhões
Incluindo a incorporação da Smiles, a companhia aérea emitiu mais de R$ 1 bilhão somente neste mês de junho, e no trimestre, captação chega a R$ 2,7 bilhões
Softbank deve participar do IPO da Dotz, dizem fontes
Mesmo com a participação do fundo japonês e da presença de dois investidores-âncora, a demanda pelas ações da Dotz no IPO ainda está apertada, segundo fontes
Caixa Seguridade (CXSE3): reservas para o IPO terminam no dia 26; veja os detalhes e se vale a pena investir
Banco público pretende captar até R$ 6,5 bilhões com a venda de parte de suas ações na empresa que reúne suas participações em seguros
FGTS embolsa quase R$ 900 milhões com venda de ações da Alupar em oferta
O fundo que reúne o dinheiro dos trabalhadores com carteira assinada tinha uma participação de 12% no capital do grupo de geração e transmissão de energia
Seis meses após IPO, Sequoia Logística faz nova oferta de ações de quase R$ 900 milhões
A maior parte do dinheiro captado dos investidores na oferta (R$ 687 milhões) vai para o bolso do fundo norte-americano Warburg Pincus; ações da Sequoia mais que dobraram de valor desde o IPO
IPOs na bolsa e carros usados: por que o vendedor sempre sabe mais do que você
Você está claramente em desvantagem quando o assunto é informação, por isso todo cuidado é pouco no momento de embarcar num IPO
Primeira funerária que pretende abrir capital na B3 suspende IPO
Dono de dez cemitérios, Grupo Cortel havia entrado com pedido de abertura de capital na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em novembro
CVM propõe mudanças em ofertas de ações e pede ‘resumo’ de prospectos; confira as novidades
A autarquia propôs a criação de uma “lâmina da oferta”, um documento que traz as principais informações sobre a operação de forma resumida
CVM libera bancos para fazerem empréstimos ‘travestidos’ de debêntures
Financiamento via debêntures conta com algumas vantagens em relação ao empréstimo tradicional, como a alíquota zero de IOF
Modalmais entra com pedido de IPO na B3 e esquenta disputa das plataformas de investimento
O pedido de IPO acontece menos de um ano depois do acordo fechado para a venda de até 35% do capital do Modalmais para o Credit Suisse, em um negócio que avaliou o banco digital em R$ 5 bilhões
Empresa de ex-executivo de Eike e da XP capta US$ 200 milhões em IPO na Nasdaq
A Itiquira foi criada com o propósito específico de adquirir uma ou mais companhias no mercado brasileiro usando o dinheiro captado dos investidores no IPO
‘Foco é somar esforços para agenda de reformas’, diz presidente do Itaú Unibanco
Para ele, o principal fator de atraso para a retomada econômica é a falta de um plano de vacinação e comentou o último balanço da empresa