Gafisa: por que você deve manter distância desta ação
A empresa neste momento parece estar sem comando e será necessário um bom relacionamento com credores para fazer rolagem ou emissão de novas dívidas
Nunca tive problemas com RI e Diretoria Financeira de empresas listadas e gestores de fundos imobiliários. Mas tudo tem a sua primeira vez. Há um certo tempo, fiz uma reunião com um CFO (Diretor Financeiro) de uma incorporadora de capital aberto que foi a pior de toda a minha vida – principalmente pela forma de ele lidar com críticas do mercado.
Posso dizer com toda convicção que foi a pior reunião da minha vida. O sujeito, além de me dar 30 minutos de chá de cadeira, foi zero receptivo. A primeira pergunta dele foi: você já olhou o setor imobiliário alguma vez na vida?
Não sei qual foi exatamente o motivo do tratamento, mas acho que foi a nota que havia publicado sobre a companhia meses antes. Nela escrevi que enxergava potenciais conflitos de interesse por lá. Ele insistiu em não concordar comigo. É claro, estava fazendo seu papel, defendendo o peixe.
Pode ser que ele até tenha razão, mas pode ser que não também. Na dúvida, prefiro continuar a acreditar na minha análise, afinal, já havia checado com pessoas confiáveis do setor.
E o que isso tem a ver com a Gafisa? Não sei, talvez sejam cicatrizes de profissão, marcadas pela minha ainda pequena trajetória de dez anos no setor imobiliário.
Eu aprendi algumas lições e talvez seja esse o recado que quero passar:
Leia Também
- Uma incorporadora tem que ter dono (de preferência um engenheiro), mas também precisa de executivos com cabeça de financista para o negócio não quebrar – nem só um nem só o outro, os dois.
- Fusões e aquisições são coisas que só funcionam no livro, esse é o setor em que não há qualquer sinergia. Do ponto de vista de ganho de escala, só funciona se for com a baixa renda. E olhe lá.
- “Guidance” de empresas abertas não servem para nada. Aliás, deveriam ser proibidos, os erros são grotescos.
- Uma empresa com dívida líquida/patrimônio liquido acima de 50% pode gerar danos irreparáveis. Fazer lançamentos anuais superiores a 1,5 vez o patrimônio líquido é perigoso. Há um descasamento enorme entre a monetização dos ativos e o pagamento de dívidas, em outras palavras. É um setor que o caixa entre em gotas, mas sai em balde.
Enfim, tem uma porção de coisas que eu aprendi e, principalmente, que, para quebrar uma incorporadora, não precisa de muito. Lembra da PDG que chegou a ser a maior empresa do setor quando valia R$ 11 bilhões em 2011? Pois é, quebrou. A Rossi está em processo de reestruturação de dívida. Ah, tem a Viver, que já mudou até de nome para ver se se mantinha viva. E por aí vai...
Na real, sobram poucas empresas do setor em que dá para investir. Eu conto em três dedos.
Infelizmente, a Gafisa pode ser a próxima bomba da vez. Enxergo muitos desafios à frente que, neste momento, me fazem ainda mais convicto dessa ideia. Posso estar totalmente errado também, sempre posso.
A gestora GWI, do fundador Mu Hak You, figura bem conhecida no mercado financeiro por seu temperamento “tranquilo”, vem comprando ações da Gafisa desde o segundo semestre de 2017, até chegar à participação atual de 37% na companhia. Em outras palavras, virou o controlador.
Na semana passada, em uma única tacada, destituiu cinco dos sete membros do Conselho de Administração, e os principais executivos: Sandro Gama (CEO), Carlos Calheiros (CFO), e Gerson Cohen (COO). Não se sabe o real motivo – pode até ser que ele tenha feito isso porque enxergava desalinhamento de interesses entre executivos e acionistas.
O meu receio é que a empresa neste momento parece estar sem “comando”. Não vi até agora nenhum executivo do setor ir para lá. Aliás, tenho sérias dúvidas se alguém muito diligente toparia, como um executivo da EZTEC ou Cyrela, sei lá. Isso me leva a crer que existe um risco de descontinuidade do negócio – ainda que seja cedo para afirmar isso.
Hoje, a empresa encontra-se em situação financeira complicada. Apesar da boa posição de caixa, a alavancagem financeira (83% dívida líquida/Patrimônio Líquido) está elevada. Mesmo que a Gafisa consiga se equilibrar no curto prazo, acho difícil voltar a crescer. Tudo me leva a crer que um aumento de capital é inevitável.
Não é só isso. Será necessário também um bom relacionamento com credores para fazer rolagem e/ou emissão de novas dívidas – sem funding não há obras, não há lançamentos. O problema é que podemos viver o cenário inverso, com as restrições de crédito aumentando e um eventual processo de “default” acelerando.
Aliás, até agora não entendi o porquê do novo programa de recompra de ações ter sido aprovado na semana passada. Não faz sentido algum para uma empresa alavancada: um ponto a se pensar.
Mesmo que o propósito do novo controlador seja liquidar a empresa, não vai ser tarefa fácil. O liquidation value (valor de liquidação) nesse segmento não funciona, ainda mais quando a alavancagem financeira é elevada.
Enfim, não sei qual é o destino da Gafisa, só sei que ela está cara no relativo: 0,5 vez o valor patrimonial, um pouco acima da média dos seus pares. Isso sob um novo controlador com um histórico de arrepiar e sem grande experiência com incorporadoras.
Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa
Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos
Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho
Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica
Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos
Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Hypera (HYPE3): quando a incerteza joga a favor e rende um lucro de mais de 200% — e esse não é o único caso
A parte boa de trabalhar com opções é que não precisamos esperar maior clareza dos resultados para investir. Na verdade, quanto mais incerteza melhor, porque é justamente nesses casos em que podemos ter surpresas agradáveis.
Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre
A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)
Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo
Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles
O que está derrubando Wall Street não é a fuga de investidores estrangeiros — o JP Morgan identifica os responsáveis
Queda de Wall Street teria sido motivada pela redução da exposição dos fundos de hedge às ações disponíveis no mercado dos EUA
OPA do Carrefour (CRFB3): com saída de Península e GIC do negócio, o que fazer com as ações?
Analistas ouvidos pelo Seu Dinheiro indicam qual a melhor estratégia para os pequenos acionistas — e até uma ação alternativa para comprar com os recursos
‘Momento de garimpar oportunidades na bolsa’: 10 ações baratas e de qualidade para comprar em meio às incertezas do mercado
CIO da Empiricus vê possibilidade do Brasil se beneficiar da guerra comercial entre EUA e China e cenário oportuno para aproveitar oportunidades na bolsa; veja recomendações
É investimento no Brasil ou no exterior? Veja como declarar BDR no imposto de renda 2025
A forma de declarar BDR é similar à de declarar ações, mas há diferenças relativas aos dividendos distribuídos por esses ativos
Desempenho acima do esperado do Nubank (ROXO34) não justifica a compra da ação agora, diz Itaú BBA
Enquanto outras empresas de tecnologia, como Apple e Google, estão vendo seus papéis passarem por forte desvalorização, o banco digital vai na direção oposta, mas momento da compra ainda não chegou, segundo analistas
Ação da Neoenergia (NEOE3) sobe 5,5% após acordo com fundo canadense e chega ao maior valor em cinco anos. Comprar ou vender agora?
Bancos que avaliaram o negócio não tem uma posição unânime sobre o efeito da venda no caixa da empresa, mas são unânimes sobre a recomendação para o papel
A decisão de Elon Musk que faz os investidores ignorarem o balanço ruim da Tesla (TSLA34)
Ações da Tesla (TSLA34) sobem depois de Elon Musk anunciar que vai diminuir o tempo dedicado ao trabalho no governo Trump. Entenda por que isso acontece.
Embraer (EMBR3) divulga carteira de pedidos do 1º tri, e BTG se mantém ‘otimista’ sobre os resultados
Em relatório divulgado nesta quarta-feira (23), o BTG Pactual afirmou que continua “otimista” sobre os resultados da Embraer
Tenda (TEND3) sem milagres: por que a incorporadora ficou (mais uma vez) para trás no rali das ações do setor?
O que explica o desempenho menor de TEND3 em relação a concorrentes como Cury (CURY3), Direcional (DIRR3) e Plano & Plano (PLPL3) e por que há ‘má vontade’ dos gestores
Ainda há espaço no rali das incorporadoras? Esta ação de construtora tem sido subestimada e deve pagar bons dividendos em 2025
Esta empresa beneficiada pelo Minha Casa Minha Vida deve ter um dividend yield de 13% em 2025, podendo chegar a 20%
Hypera (HYPE3): empresário Lírio Parisotto muda de ideia (de novo) e desiste de concorrer a vaga no conselho da farmacêutica
O acionista Geração L. PAR – fundo de investimento do próprio empresário – já havia comunicado que o executivo não iria mais concorrer ao posto no início de abril
Os cinco bilionários que mais perderam dinheiro neste ano em meio ao novo governo Trump – e o que mais aumentou sua fortuna
O ano não tem sido fácil nem para os ricaços; a oscilação do mercado tem sido fortemente influenciada pelas decisões do novo governo Trump, em especial o tarifaço global proposto por ele