O que pode acontecer a uma semana da eleição? Tudo.
Em 2018, já tivemos candidato preso, esfaqueado e até pregando em um monte. Pleitos anteriores mostram que jogo pode mudar na reta final e que alto índice de abstenção nas urnas também coloca em xeque validade das pesquisas eleitorais.

Uma notícia explosiva, uma palavra mal dita, uma fake news, voto útil, ou de ódio, chuva, abstenção, urnas inviabilizadas, voto envergonhado. Os fatores que podem alterar o rumo de uma eleição na reta final são tantos que se alguém me pergunta o que pode mudar na última semana da campanha presidencial deste ano, eu digo sem medo de errar: tudo. Ainda mais em um cenário em que as pesquisas começam a apontar uma forte aproximação, em algumas até empate técnico, entre Jair Bolsonaro, do PSL, e Fernando Haddad, do PT.
Os mercados devem acompanhar de perto as oscilações das pesquisas, assim como o último debate na televisão, que acontece na quinta na TV Globo. Até agora não tivemos nenhum debate com a presença tanto de Haddad quanto de Bolsonaro. Ontem à noite, mesmo que fisicamente Bolsonaro não estivesse nos estúdios da Record, ele esta muito presente no debate. Os ataques foram tão fortes que colocaram o candidato no centro do debate junto com Haddad, também atacado. Mas enquanto um não podia se defender, e por isso mesmo pode ganhar até a simpatia do público, o outro fraquejou em suas respostas. Se isso pode influenciar votos é algo a conferir.
A eleição ainda está em aberto. Para começo de conversa, não custa lembrar que muitos são os fatos inéditos desta campanha que trazem um risco elevadíssimo para quem fizer uma aposta no resultado das eleições. A lei eleitoral encurtou o tempo de campanha, além de reduzir significativamente os gastos permitidos sem apoio de grandes corporações.
As redes sociais lançaram pela primeira vez um candidato ao estrelato - caso de Jair Bolsonaro, que tem 10 segundos de tempo de horário eleitoral e mesmo assim lidera as pesquisas. Tem ainda o WhatsApp, que não era tão influente há quatro anos e é uma fonte potencial de viralização de fake news. Há ainda manifestações organizadas pelas redes, como vimos no sábado com as mulheres do #elenao, que podem influenciar na decisão de votos de indecisos ou influenciar o voto útil, desidratando ainda mais campanhas de centro como as de Marina Silva, Alvaro Dias, Henrique Meirelles e João Amoêdo.
Candidato preso, esfaqueado e reza no pé do monte
A eleição chega na última semana com uma coleção de fatos surreais. Em 2018, tivemos um candidato preso, outro esfaqueado e até aquele que prega dos montes. Este ano também temos uma afirmação do líder das pesquisas de que o único resultado que aceitará é a sua vitória. Um juiz de Goiás já foi afastado por planejar conceder uma liminar para determinar que o Exército recolhesse as urnas eletrônicas às vésperas das eleições.
Mas nem é preciso nos atermos às peculiaridades desta eleição para saber que na última semana tudo pode acontecer. Nas eleições para prefeito de 2016, por exemplo, ninguém esperava que João Dória fosse se eleger no primeiro turno. Influenciados que estamos pelos números das pesquisas, esquecemos que só os votos válidos contam. Ou seja, só vão contar os votos efetivamente dados a algum candidato, deixando de fora os nulos e brancos.
Leia Também
Mas além disso, tem o povo que nem vai votar. Na eleição do Dória, o índice de abstenção, votos brancos e nulos somados chegou a 35% do total de eleitores da cidade de São Paulo. Resultado: Doria se elegeu com 3 milhões de votos, o equivalente a apenas um terço do total de eleitores paulistanos.
No caso de Dória, as pesquisas às vésperas já apontavam que o candidato tinha tido um crescimento consolidado que o colocava isolado na liderança do pleito. Então, foi surpresa sua vitória no primeiro turno, mas não de todo uma surpresa o fato dele ter vencido a eleição.
Pesquisas podem estar erradas
Há casos em que as pesquisas simplesmente erram. Foi o que aconteceu no Tocantins. O estado teve que fazer uma eleição suplementar para eleger um novo governador no primeiro semestre deste ano. O governador que foi eleito, Mauro Carlesse, aparecia em terceiro lugar nas intenções de voto dias antes da eleição.
Por que as pesquisas erraram tanto? Os donos de institutos se justificam dizendo que é porque o índice de votos válidos foi de apenas 50%. Quando metade dos eleitores não vai votar no dia da eleição, é de fato quase impossível que uma pesquisa acerte.
As pesquisas mostram um retrato de um determinado momento. E se chover e as pessoas de um bairro ou cidade que iriam votar em peso para um determinado candidato simplesmente não comparecerem às urnas? E se o cidadão diz para o instituto de pesquisa que vai votar no Bolsonaro porque tem vergonha de dizer que vai votar em Lula? Ou vice-versa? Parece estranho? Não é não.
Muitos eleitores do PT têm vergonha de dizer que vão votar no candidato do Lula, que está preso. Assim como muitos eleitores do Bolsonaro tem vergonha de dizer que vão votar num candidato que à sua volta é chamado de machista, homofóbico, entre outros. Como se comportará este voto silencioso?
Há ainda muita incógnita sobre o voto feminino. O diretor do instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, alertou na semana passada à editora Marina Gazzoni que, enquanto parte das mulheres levanta a voz contra Jair Bolsonaro, ainda vota influenciada por filhos e maridos, especialmente as analfabetas e dependentes. A visão dele é que isso pode dar mais votos femininos a Bolsonaro. Sem contar, que muitas mulheres votam em Bolsonaro por convicção. Apesar de seu eleitorado ser muito maior no público masculino, ele lidera as pesquisas também no público feminino.
Cuidado com a língua
Na reta final, algumas declarações dos candidatos podem mudar o jogo. Para quem não lembra, nas eleições para prefeito em 2012, Celso Russomanno tinha mais de 30% das intenções de voto a apenas duas semanas da votação. Ele sequer chegou ao segundo turno por conta de uma declaração sobre mudança em tarifa de ônibus.
Todo cuidado é pouco agora. Não à toa, Bolsonaro proibiu seu candidato a vice, General Hamilton Mourão, de participar de qualquer evento público daqui até a eleição. Mourão fez críticas na semana passada ao 13º salário.
O cientista político Claudio Couto, da FGV, lembra ainda um outro fator: os eleitores mudam de voto na última hora, às vezes por uma grande pressão psicológica de pessoas de seu convívio, por exemplo.
Mas há também os casos já citados aqui de voto envergonhado, ou boato de última hora, ou de uma notícia que venha à tona e mude a posição das pessoas. No fim da semana passada, a reportagem da revista Veja diz que Bolsonaro escondeu patrimônio. Mesmo que não perca votos, pode impedir que cresça. Na pesquisa BTG/FSB divulgada nesta madrugada, Bolsonaro oscilou dois pontos para baixo, ficando com 31%. É dentro da margem de erro, mas é uma queda.
Não bastassem todas estas incertezas ainda há um outro fator: o voto de protesto ou de ódio. Você sabia que a última pesquisa Ibope mostrou que 32% dos eleitores dizem que existe uma chance alta ou muito alta de mudar de voto para evitar que alguém de que não gostem se eleja ou chegue ao segundo turno? Portanto, eu diria que fazer uma aposta neste momento, do que vai acontecer no dia 7, é nada mais do que isso: uma aposta, que em nada difere de uma mesa de roleta.
O cenário mais provável, segundo apontam todas as pesquisas até agora, é de que haja um segundo turno e que nele estejam Haddad e Bolsonaro. As mais recentes, como a da CNT/MDA, divulgada no sábado já colocam os dois em empate técnico. Geraldo Alckmin parece não ter fôlego para ocupar o lugar de Bolsonaro. Mais do que santo, seria um santo milagreiro se conseguisse chegar no segundo turno, como brincam alguns. E Ciro, que está em terceiro nas pesquisas Ibope e Datafolha? A pesquisa BTG/FSB mostra o candidato do PDT caindo e Alckmin subindo.
Fake news? Aqui não, queridinha! Alexandre de Moraes manda excluir vídeo do Telegram sobre Ciro Gomes
Montagem alterna trechos de conversas de integrantes de organização criminosa, obtidas pela Polícia Federal em 2019, com fragmentos de entrevista concedida pelo pré-candidato em setembro do mesmo ano
Maioria não pretende mudar voto daqui até a eleição; fique por dentro dos resultados da nova pesquisa eleitoral da CNT
A pesquisa também olhou para o primeiro turno das eleições e testou diferentes cenários para o segundo turno
Ciro Gomes fala em prazo para candidatura à Presidência decolar e atrair apoio
O pré-candidato pelo PDT reconheceu que precisa demonstrar que é um nome viável até maio ou junho para conseguir apoio de outros partidos na corrida presidencial
De que lado o Brasil está no conflito entre Rússia e Ucrânia? Itamaraty e autoridades brasileiras se posicionam após invasão
Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro esteve em Moscou e chegou a dizer que era solidário ao país liderado por Vladimir Putin
Ciro Gomes pede que investidor estrangeiro aposte no Brasil e ataca adversários
Durante evento promovido pelo BTG Pactual, ele não poupa o presidente Jair Bolsonaro (PL) e faz críticas pesadas ao rival Sergio Moro, presidenciável do Podemos; veja o que pedetista falou
Moro acusa Bolsonaro de sabotar reformas de Paulo Guedes e o combate à corrupção
Ex-juiz ainda foi irônico ao dizer que atual presidente se gabou de conseguir evitar a invasão da Ucrânia no momento em que Putin reconhece a autonomia de territórios separatistas e envia tropas à região, arrancando aplausos da plateia
Como ficam as peças do xadrez da política após as eleições municipais
A eleição marcou a conquista de peças importantes, vitórias que serviram apenas para demarcar território e derrotas claras. Mas houve também avanços importantes mesmo de quem perdeu nas urnas
‘Se tem alguém sofrendo com questão da Tabata sou eu’, diz Ciro Gomes
Para Ciro, ao votarem a favor da reforma da Previdência, Tabata e outros deputados pedetistas teriam contrariado a história trabalhista do PDT
Ciro diz que Lula é ‘enganador profissional’ e ‘defunto eleitoral’
O candidato derrotado à Presidência da República em 2018 Ciro Gomes (PDT), que participou da reestreia do programa Provocações, da TV Cultura, disse ter ficado “deprimido” ao assistir a entrevista que Lula concedeu da prisão aos jornais El País e Folha de S.Paulo
Por que um Banco Central independente é bom para o seu dinheiro
Projeto de autonomia do BC sempre despertou mais irracionalidade que objetividade. Mas tirando o fígado da questão vou tentar explicar sua importância
Nos EUA, Alckmin chama governo de improvisado e Ciro diz que país “optou por idiota”
Os ex-presidenciáveis não mediram palavras para analisar o governo Bolsonaro
Ciro Gomes diz que não vai se posicionar no segundo turno
Candidato derrotado do PDT disse que não quer declarar seu voto neste momento “por uma razão muito prática”, que não revelou
Após denúncias contra Bolsonaro sobre campanha por WhatsApp, partido de Ciro quer pedir anulação das eleições
Jornal “Folha de S. Paulo” publicou uma reportagem denunciando um esquema bilionário de disseminação de fake news contra Fernando Haddad (PT) pelo WhatsApp
Ciro Gomes ainda está na parada?
Um risco de cauda que pode provocar perdas extremas
Última pesquisa Ibope também diz que segundo turno será entre Bolsonaro e Haddad
Mesmo crescendo quatro pontos em relação ao último levantamento, o candidato do PSL não deve conseguir alcançar 50% dos votos válidos
Datafolha aponta que eleição terá segundo turno entre Bolsonaro e Haddad
Candidato do PSL subiu para 36% das intenções de voto, enquanto o petista se manteve com 22%
Fenômeno das eleições, redes sociais movimentam campanhas e deixam a dúvida: ainda dá tempo de virar o jogo?
Candidatos do terceiro pelotão nas pesquisas agora apostam em fortes mobilizações nas redes sociais. Se der certo, o mercado pode ter surpresas
Pesquisa Paraná/Empiricus aponta segundo turno entre Bolsonaro e Haddad
Candidato do PSL aparece liderando com 34,9% das intenções de voto, enquanto Haddad tem 21,8%
Última pesquisa XP do 1º turno confirma tendências de Bolsonaro e Haddad
Candidato do PSL continua tecnicamente empatado no segundo turno, mas está numericamente à frente com 43% ante os 42% do petista
Poderia ter trocado o debate pelo Netflix
Último debate presidencial girou em torno de Bolsonaro enquanto Haddad apanhou de Marina e Alvaro Dias