E agora, corretoras? Taxa zero acirra concorrência pelos seus investimentos
Mesmo com a reação dos bancões, os executivos das plataformas de investimento com quem conversei dizem que o movimento de migração dos recursos para elas deve continuar. Mas onde vai parar a guerra de tarifas? Provavelmente com a consolidação desse mercado

Demorou, mas os gigantes enfim despertaram. Depois de assistirem um tanto atordoados ao ataque das corretoras e plataformas de investimentos, os grandes bancos decidiram revidar, e na mesma moeda: zeraram as taxas nas aplicações no Tesouro Direto e de carregamento na previdência privada.
A escolha teve o claro objetivo de estancar a sangria. O Tesouro Direto era justamente a porta de saída mais usada pelos clientes dos bancos na direção das corretoras independentes, que já ofereciam a aplicação em títulos públicos sem a cobrança de taxas.
O contra-ataque não demorou a acontecer. Em um sinal de que pretendem combater fogo com fogo, as corretoras Clear, do mesmo grupo da XP Investimentos, e Modalmais anunciaram a redução para zero da corretagem nas operações com renda variável.
Para saber até onde vai essa briga de preços e quais as estratégias das estratégias das corretoras para atraírem os seus investimentos, estive com vários executivos e profissionais de mercado nas últimas semanas.
Toda essa disputa pode ser boa para o seu bolso. Mas fique de olho: como a velha máxima das finanças já ensina que não existe almoço grátis, a aposta é que corretoras e bancos vão compensar a perda dessa receita com outros serviços. Ou seja, você pode deixar mais dinheiro na mesa com a taxa zero.
Além do zero
Mas não é só via isenção de cobranças que as plataformas querem competir contra os bancos. Elas apostam na maior variedade de produtos na prateleira e na qualidade dos serviços.
Leia Também
Mesmo com a reação dos bancões, os executivos das corretoras com quem conversei dizem que o movimento de migração dos recursos para elas não deve parar.
“Apesar da taxa zero no Tesouro Direto, o incentivo do gerente do banco continua o mesmo: vender poupança e título de capitalização”, diz Marcio Cardoso, presidente da Easynvest.
Com R$ 15,5 bilhões em ativos sob custódia e 300 mil clientes ativos, a corretora não vê a necessidade de uma reação imediata à decisão dos concorrentes de zerar a corretagem na renda variável. Embora tenha começado como um home broker, hoje as operações de renda fixa representam 90% das operações da Easynvest.
A simples redução do preço pelos bancos não iguala o serviço oferecido pelas plataformas, segundo Aline Sun, sócia da Guide Investimentos. A estratégia da corretora, que teve o controle vendido para os chineses da Fosun, é não se colocar como um “supermercado financeiro”, como a XP, e fazer uma curadoria de produtos para o cliente.
Embora não veja uma mudança na tendência de migração dos recursos dos grandes bancos, Marcelo Flora, responsável do BTG Pactual Digital, diz que a concorrência vai ficar mais dura para as plataformas de investimento.
“Como ainda estamos no nosso primeiro ano como plataforma completa, esse movimento dos bancos deve afetar os outros antes de nos afetar”, diz Flora.
Além da receita em si, o sócio do BTG diz que o projeto da plataforma digital traz benefícios para outras áreas do banco, como a redução no custo de captação. Desta forma, o BTG pode ampliar suas operações de crédito a empresas com margens melhores e um funding mais estável. Ele me contou os planos do banco nesta outra reportagem para o Seu Dinheiro.
Consolidação à vista?
Os bancos também mostraram que não vão brigar apenas com taxas e têm dedicado mais esforços na tentativa de se proteger contra o ataque das plataformas. O movimento mais representativo foi o do Itaú Unibanco, que fechou a compra de 49,9% do capital da XP, por R$ 6,3 bilhões. O banco também foi o primeiro a oferecer produtos de terceiros para os clientes de alta renda, do segmento Personnalité.
O Bradesco correu atrás reativando a Ágora, corretora que havia comprado há uma década, agora sob a roupagem de uma plataforma de investimentos. O próximo movimento deve ser do Santander, que pretende lançar sua própria plataforma até o fim deste ano.
Na entrevista que fiz com o presidente do Santander, Sérgio Rial, para o lançamento do Seu Dinheiro, perguntei como o banco pretendia se diferenciar nessa disputa, se por preço ou produto. Ele me respondeu seria uma combinação dos dois.
Mas Rial foi além no raciocínio e disse que, diante do aumento da concorrência, as margens nesse negócio tendem a se espremer. “Cada novo que entra corta preço. Então, na média, todos vão ganhar menos. E o que vai acontecer? Consolidação”, ele disse.
Reproduzi a análise do presidente do Santander para os executivos das plataformas com quem conversei. Há um consenso de que alguma consolidação nesse mercado de fato virá em algum momento.
“Escala é o nome do jogo para compensar a queda de preços”, diz Evandro Pereira, presidente da Genial Investimentos.
Mas, antes de possíveis incorporações entre plataformas, ainda há um longo caminho a ser percorrido, segundo o executivo da Genial, que possui R$ 21 bilhões em ativos e 150 mil clientes cadastrados. Com 95% dos recursos dos investidores ainda nas mãos dos grandes bancos, ele diz que as plataformas têm espaço para ganhar escala trazendo para si um pedaço desse bolo.
Banco Bmg (BMGB4) faz reorganização societária e cria nova área de seguros
Bmg (BMGB4) também anunciou a criação de uma nova holding chamada Bmg Seguradoras, que será subsidiária desta área de seguros
Itaú (ITUB4) entra na disputa das vendas online com shopping virtual; Magazine Luiza está entre os primeiros parceiros
A intenção do Itaú é de que a nova loja virtual funcione como um ecossistema de compras de produtos e serviços
Dividendos e JCP: Banco do Brasil (BBAS3) anuncia pagamento de R$ 781 milhões em proventos; confira prazos
A distribuição do montante será feita em antecipação ao terceiro trimestre de 2022, de acordo com informações do próprio banco
Banco do Brasil (BBAS3) está ‘ridiculamente barato’, diz Sara Delfim, da Dahlia
Analista e sócia-fundadora da Dahlia Capital, Sara Delfim retorna ao Market Makers ao lado de Ciro Aliperti, da SFA Investimentos, para detalhar suas teses de investimento
Se cuida, Nubank: Bradesco compra instituição no México e vai lançar conta digital no país
Com a aquisição, o Bradesco terá licença para atuar como se fosse um banco digital no México. O país é um dos focos de expansão do Nubank
O que o Bradesco viu no negócio de fundos de investimento do Banco Votorantim (BV)?
Bradesco e BV anunciaram parceria para formar uma gestora de investimentos independente com marca própria
Em até um ano e meio, Itaú ‘já terá plena capacidade de competir com as fintechs’, diz Roberto Setubal
Ex-CEO e atual co-presidente do conselho de administração do banco contou sobre o processo de migração dos sistemas para a nuvem e mudança de cultura na instituição, além de lamentar não ter podido adquirir o controle da XP
Nubank (NU; NUBR33): mudança no rendimento da NuConta não provocou perda de clientes
Nova regra de remuneração da conta do Nubank entrou em vigor em julho, mas só deve chegar a 100% dos clientes no final de setembro
Nubank (NUBR33) tem prejuízo acima do esperado no 2º tri, e inadimplência continuou a se deteriorar; veja os destaques do balanço
Prejuízo líquido chegou a quase US$ 30 milhões, ante uma expectativa de US$ 10 milhões; inadimplência veio dentro do esperado, segundo o banco
Santander passa a oferecer serviços de alta renda para todos os clientes, mas não vai cobrar barato
Serviços do Select, segmento de alta renda do banco, estarão disponíveis mesmo para quem não se enquadrar nos critérios de renda e patrimônio mínimos, mediante pagamento de taxa
Banco do Brasil ‘vence’ Bradesco em rentabilidade e ações disparam 53% no ano — estatal ainda pagará R$ 2 bilhões em dividendos e analista alerta: BBAS3 supera Nubank (NUBR33)
Após resultados fortíssimos no segundo trimestre, as ações do Banco Brasil estão em disparada. Descubra se vale a pena comprar os papéis
Qualquer que seja o resultado da eleição, a equipe econômica vai restabelecer a âncora fiscal, diz CEO do BTG Pactual
Durante a Febraban Tech 2022, Roberto Sallouti, do BTG, tentou minimizar a polarização política e disse que “o Brasil é um só”
Banco do Brasil tem lucro de R$ 7,8 bilhões no 2T22 e cumpre promessa de se equiparar a bancos privados em rentabilidade
Lucro do Banco do Brasil aumentou 54,8% em relação ao mesmo período de 2021 e rentabilidade sobre o patrimônio líquido superou a do Bradesco
Nubank recebe autorização para operar como instituição financeira na Colômbia
Expansão na América Latina foi uma das promessas feitas pelo Nubank aos investidores que viraram sócios do banco digital no IPO em Nova York
Bolsonaro pediu para bancos baixarem juros do consignado. E ouviu ‘não’
Durante o Febraban Tech, Octavio de Lazari, do Bradesco, disse que conversa com o presidente Bolsonaro foi ‘tranquila’
Lucro do Itaú (ITUB4) aumenta 17% no segundo trimestre e banco anuncia pagamento de juros sobre capital próprio
O Itaú (ITUB4) também revisou para cima as projeções operacionais (guidance) para este ano
Dividendos: Santander (SANB11) anuncia pagamento bilionário de JCP e data de corte para os proventos é na próxima semana; veja como receber
Terá direito ao pagamento quem estiver na base acionária da companhia ao final do dia 12 deste mês.
Santander (SANB11) emenda programas e vai recomprar mais 37 milhões de ações; o que muda para os acionistas do banco?
Se os papéis forem cancelados, o acionista terá uma fatia maior da empresa, o que pode engordar a conta dos dividendos; veja outro cenário
Sai da frente! Nubank deve ultrapassar Santander em compras no cartão no segundo trimestre
Analistas do Goldman Sachs veem Nubank dobrando sua participação em transações com cartões no Brasil num intervalo inferior a dois anos
R$ 40 bilhões? Valor que os bancos perderam com o Pix é bem menor que o alegado por bolsonaristas
Bolsonaro e apoiadores atribuem assinatura de banqueiros em manifesto pela democracia à queda de receita dos bancos após o Pix