Reforma começa a ganhar forma
Conteúdo vazado pela imprensa sobre novas regras para a Previdência é visto como profundo e anima ativos locais
O mercado financeiro brasileiro só está interessado em uma coisa: a reforma da Previdência. Primeiro, o investidor quer saber qual será a proposta de mudanças nas regras para aposentadoria que será apresentada pelo governo Bolsonaro. Depois, então, é que se tentará medir o apoio do Congresso à medida.
Por isso, ontem, animou os negócios locais a notícia de que o governo irá propor uma idade mínima de 65 anos para homens e mulheres se aposentarem. Além disso, a equipe econômica irá propor um escalonamento para o tempo de contribuição e o porcentual do benefício a ser recebido, sendo que o prazo mínimo é de 20 anos para receber 60%.
Assim, só receberá o valor integral quem contribuir ao longo de 40 anos. A proposta também prevê a criação de um sistema de capitalização, no qual cada trabalhador contribui para a sua própria aposentadoria, e conta com uma regra de transição. As informações divulgadas levam em conta uma versão preliminar, ainda passível de mudanças.
Mesmo assim, as propostas são bem mais duras e profundas, como quer o mercado financeiro. A previsão é de que o presidente Jair Bolsonaro receba o texto final ainda nesta semana para, depois, apresentá-lo aos líderes partidários e aos presidentes da Câmara e do Senado até o fim deste mês.
Aliás, ainda não se sabe o que a nova configuração no Congresso representa para a votação (e aprovação) das reformas. De um lado, há o entendimento de que a vitória do senador Davi Alcolumbre pode “custar caro” ao governo, com o episódio no Senado gastando capital político demais e colocando em xeque o apoio à agenda de reformas.
Em contrapartida, o governo saiu vencedor nas duas Casas e o resultado de ambas as eleições alinha o Legislativo à agenda do Palácio do Planalto. Isso não significa, porém, que o caminho será fácil. A classe política irá cobrar o preço para aprovar as reformas, o que incluiria uma enxurrada de emendas ao texto original.
Nos mercados
Após a definição dos presidentes da Câmara e do Senado, o mercado financeiro ainda mensurava os riscos em torno do progresso da agenda de reformas. Mas bastou vazar para a imprensa uma versão preliminar da reforma da Previdência, que os ativos locais foram impactados positivamente ontem.
O conteúdo animou os investidores, levando o principal índice acionário da Bolsa brasileira, o Ibovespa, a encerrar em nova pontuação histórica, acima dos 98 mil pontos pela primeira vez, no décimo quarto recorde neste ano. Já o dólar e os juros futuros devolveram boa parte da alta exibida ao longo da sessão, encerrando o dia perto da estabilidade.
No exterior, a terça-feira amanheceu novamente com pouco vigor, com os negócios prejudicados pela pausa por causa das comemorações do Ano Novo Lunar. A China (e vários outros países asiáticos) comemora hoje a chegada do Ano do Porco (Javali), encerrando o ciclo anual dos 12 animais do zodíaco chinês.
As celebrações mantêm os mercados na região fechados, o que reduz a liquidez no mercado. O destaque fica apenas com a Bolsa de Sydney, que subiu 2%, na maior alta desde novembro de 2016. O dólar australiano também está mais forte em relação ao xará norte-americano.
No Ocidente, os índices futuros das bolsas de Nova York têm leves baixas, enquanto as principais praças europeias caminham para uma abertura no azul. O euro e a libra estão de lado, monitorando a aparente estabilidade no rendimento (yield) dos títulos norte-americanos (Treasuries). O petróleo se sustenta em alta.
Trump discursa
Entre os indicadores econômicos no exterior, saem índices de atividade do setor de serviços nos Estados Unidos e na zona do euro, ao longo do dia. Mas o foco lá fora está no discurso do Estado da União, que o presidente norte-americano, Donald Trump, profere no Congresso hoje à noite.
Originalmente previsto para o dia 29 de janeiro, o tradicional discurso foi reagendado para hoje, após o fim da paralisação do governo (shutdown). Porém, como as atividades federais foram retomadas sem uma solução sobre a verba para a construção de um muro na fronteira com o México, o assunto deve concentrar boa parte da fala de Trump.
O presidente não descarta declarar questão de “emergência nacional” para realocar recursos já aprovados do Orçamento federal e destiná-lo à obra. Ou seja, Trump irá manter, no discurso, o clima de conflito com os democratas. Por isso, é preciso estar atento à resposta a ser dada pela oposição.
Desta vez, os democratas escolheram Stacey Abrams, considerada uma estrela em ascensão do partido - que ainda busca um candidato para chamar de seu na eleição presidencial de 2020. Candidata derrotada ao governo da Geórgia neste ano, Stacey será a primeira mulher negra a responder ao tradicional discurso presidencial.
E Copom inicia reunião
Já a agenda econômica desta terça-feira está esvaziada e traz como destaque o início da primeira reunião deste ano do Comitê de Política Monetária (Copom). O anúncio sobre a taxa básica de juros só será feito amanhã, mas não se espera novidades em relação à Selic neste que deve ser o último encontro do Banco Central sob o comando de Ilan Goldfajn.
Apesar do ambiente global mais ameno, após o Federal Reserve afirmar que será paciente antes de mexer na taxa de juros norte-americana, e da eleição de parlamentares do DEM no comando do Congresso, o Copom não deve alterar o rumo da Selic, por ora. Mesmo sob nova direção, o BC deve esperar até que se tenha mais clareza sobre as reformas.
Se o andamento da agenda de reformas não conseguir elevar as perspectivas de crescimento econômica, crescem as chances de novos cortes no juro básico. Em contrapartida, se o progresso da pauta de reformas não justificar a recente recuperação dos ativos brasileiros, a possibilidade de uma flexibilização monetária adicional tende a diminuir. A conferir.
Mercado se despede de 2019
Pregão espremido entre o fim de semana e as comemorações pela chegada de 2020 marca o fim dos negócios locais em 2019
A Bula da Semana: Adeus ano velho
Mercado doméstico se despede de 2019 hoje e inicia 2020 na quinta-feira repleto de expectativas positivas
Mercado testa fôlego na reta final de 2019
Ibovespa e Wall Street têm melhorado suas marcas nos últimos pregões do ano, diante do forte consumo na temporada de festas
Mercado se prepara para a chegada de 2020
Faltando apenas três pregões no mercado doméstico para o fim de 2019, investidores já se preparam para rebalanceamento de carteiras no início de 2020
Mercado à espera da folga de feriado
Pausa no mercado financeiro por causa das comemorações de Natal reduz a liquidez dos negócios globais
Então, é Natal
Pausa no mercado doméstico, amanhã e quarta-feira, por causa das festividades natalinas reduz a liquidez dos negócios ao longo da semana
Mercado se prepara para festas de fim de ano
Rali em Nova York e do Ibovespa antecede pausa para as festividades de Natal e ano-novo, que devem enxugar liquidez do mercado financeiro nos próximos dias
CPMF digital e impeachment agitam mercado
Declarações de Guedes embalaram Ibovespa ontem, mas criação de “CPMF digital” causa ruído, enquanto exterior digere aprovação de impeachment de Trump na Câmara
Mercado em pausa reavalia cenário
Agenda econômica fraca do dia abre espaço para investidor reavaliar cenário, após fim das incertezas sobre guerra comercial e Brexit
Mercado recebe ata do Copom, atento ao exterior
Ata do Copom, hoje, relatório trimestral de inflação e IPCA, no fim da semana, devem calibrar apostas sobre Selic e influenciar dólar e Ibovespa
Leia Também
-
Anglo American recusa proposta “oportunista e pouco atraente” de quase US$ 39 bilhões da BHP e barra megafusão
-
Bolsa hoje: Ibovespa sobe 1% com commodities e Wall Street após inflação nos EUA; dólar cai
-
Vale (VALE3) e a megafusão: CEO da mineradora brasileira encara rivais e diz se pode entrar na briga por ativos da Anglo American
Mais lidas
-
1
Vale (VALE3) e a megafusão: CEO da mineradora brasileira encara rivais e diz se pode entrar na briga por ativos da Anglo American
-
2
Órfão das LCI e LCA? Banco indica 9 títulos isentos de imposto de renda que rendem mais que o CDI e o Tesouro IPCA+
-
3
Como a “invasão” dos carros chineses impacta as locadoras como a Localiza (RENT3) e a Movida (MOVI3)