Mês de junho pode trazer novidades ao mercado
Expectativa é por um desfecho na guerra comercial entre EUA e China e pelo andamento da reforma da Previdência na Câmara
Junho começa com a guerra comercial e a reforma da Previdência entrando em uma fase crucial e podendo trazer novidades ao mercado financeiro ao longo deste mês. Mas tudo vai depender da estratégia a ser usada pelos atores envolvidos para encerrar a disputa tarifária entre as duas maiores economias do mundo e para aprovar as novas regras para aposentadoria.
Durante o fim de semana, a China se disse disposta em trabalhar com os Estados Unidos para acabar com a disputa tarifária, mas o aceno não significou uma retomada das negociações entre os dois países antes do G20. Tanto que Pequim publicou o chamado White Paper, com mais de 5 mil palavras, acusando Washington pelo colapso nas negociações comerciais.
Já as discussões entre o governo e o Congresso em torno da reforma da Previdência estão agora concentradas na possibilidade de excluir estados e municípios das mudanças. Trata-se de um assunto polêmico, ao qual o presidente Jair Bolsonaro já se mostrou contra, mas que conta com o apoio de governadores e prefeitos. O que vai manter (ou não) os servidores estaduais e municipais no projeto são os votos dos deputados.
Por isso, o relator da comissão especial da reforma da Previdência na Câmara, Samuel Moreira, só deve antecipar a apresentação do relatório caso haja votos suficientes para aprovar o texto no colegiado e, depois, no plenário da Casa ainda neste semestre. Ele recebeu 277 emendas à proposta original do governo e pode antecipar a conclusão do trabalho, desde que o texto a ser apresentado tenha chances de aprovado.
Daí, então, a dúvida sobre se mantém ou não regras mais duras para o funcionalismo público nas esferas estaduais e municipais. Ao que tudo indica, deputados não querem ter o desgaste político em seus redutos eleitorais. O problema é que a aprovação de um texto sem esse item deve prejudicar o ajuste nas contas públicas, gerando uma economia fiscal bem abaixo de R$ 1 trilhão em dez anos.
Mas a segunda-feira já reserva um desafio ao Executivo. O governo estaria mobilizando os senadores em um dia que não costuma haver sessão na Casa para garantir a aprovação da medida provisória (MP) que estabelece um pente-fino nos benefícios previdenciários. Se não for votada hoje, a medida irá perder a validade. Para não caducar, o Senado precisa aprovar o texto sem modificações.
Uma jarda
Enquanto se espera um esfriamento da tensão entre EUA e China no fim do mês, quando os líderes dos dois países devem se encontrar durante a reunião do G-20, no Japão, a troca de acusações não dá sinais de esfriamento na tensão. Pequim culpou o governo do presidente norte-americano, Donald Trump, acusando-o de exigências irracionais e afirmou que não aceita pressão para fazer concessões no comércio.
Ontem, o governo chinês publicou um artigo dizendo que a escalada da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo não "tornou a América grande novamente" - em alusão ao slogan da campanha de Trump durante a eleição de 2016. Segundo o representante do comércio na China, Wang Shouwen, enquanto os EUA oferecem aos chineses “uma polegada” [nas negociações], levam “uma jarda”.
Os comentários sugerem que a guerra de tarifas entre os dois países deve continuar, afetando o desempenho das empresas e da economia global. Para o Morgan Stanley, a disputa comercial pode causar uma recessão nos EUA em menos de um ano - mais precisamente daqui a três trimestres. Para o banco, os investidores parecem estar “negligenciando” o potencial impacto do conflito.
Com isso, os mercados internacionais redobram a cautela e exibem perdas entre os ativos de riscos. As bolsas na Ásia encerraram a sessão em queda, com as perdas lideradas por Tóquio (-0,9%). Xangai e Hong Kong receberam certo alívio do índice de atividade na indústria medido pelo Caixin, que seguiu em território expansionista, em 50,2, contrariando a leitura do indicador oficial do setor, que mergulhou no terreno contracionista.
Em Nova York, os índices futuros têm queda firme, com os investidores reavaliando a perspectiva de crescimento dos EUA, à medida que a guerra comercial tende a provocar um aumento de custos, desaceleração da demanda e diminuição dos gastos das empresas por causa da guerra comercial. Esse receio derruba o rendimento (yield) do título norte-americano de 10 anos (T-note) ao menor nível em 21 meses, abaixo de 2,10%.
Na Europa, as ações de empresas produtoras e exportadoras de commodities são destaques de baixa, à medida que o petróleo amplia as perdas registradas em maio, quando o preço do barril tipo WTI acumulou queda de 16% e é negociado no valor mais baixo em 20 semanas. Já o minério de ferro tem queda acentuada, atingindo o menor nível em duas semanas. O ouro, por sua vez, está na máxima em dez semanas.
Semana tem dados de emprego, atividade, inflação e feriado
O calendário econômico deste início de junho está carregado. No Brasil, a segunda-feira começa com a tradicional publicação do Banco Central, a pesquisa Focus (8h25), que pode trazer revisões, para baixo, nas estimativas de 2019 para o crescimento econômico (PIB), a inflação (IPCA) e o juro básico (Selic), após os eventos da semana passada.
À tarde (15h), sai o resultado de maio da balança comercial brasileira. Amanhã, é a vez do desempenho da indústria em abril, que pode lançar luz sobre o ritmo da atividade na virada para o segundo trimestre. Na quinta-feira, saem os indicadores antecedentes da indústria automotiva em maio. Um dia depois, é a vez da inflação medida pelo IGP-DI e pelo IPCA.
Já no exterior, o destaque fica com os dados oficiais sobre o mercado de trabalho nos EUA (payroll) na sexta-feira, juntamente com a taxa de desemprego no país. Até lá, serão conhecidos, de hoje até quinta-feira, dados de atividade nos EUA e na zona do euro, além dos números do PIB na região da moeda única no primeiro trimestre deste ano.
Também merecem atenção o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, amanhã, e a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira. Na sexta-feira, é feriado na China. Antes, saem os índices Caixin sobre o desempenho no setor de serviços chinês.
Mercado se despede de 2019
Pregão espremido entre o fim de semana e as comemorações pela chegada de 2020 marca o fim dos negócios locais em 2019
A Bula da Semana: Adeus ano velho
Mercado doméstico se despede de 2019 hoje e inicia 2020 na quinta-feira repleto de expectativas positivas
Mercado testa fôlego na reta final de 2019
Ibovespa e Wall Street têm melhorado suas marcas nos últimos pregões do ano, diante do forte consumo na temporada de festas
Mercado se prepara para a chegada de 2020
Faltando apenas três pregões no mercado doméstico para o fim de 2019, investidores já se preparam para rebalanceamento de carteiras no início de 2020
Mercado à espera da folga de feriado
Pausa no mercado financeiro por causa das comemorações de Natal reduz a liquidez dos negócios globais
Então, é Natal
Pausa no mercado doméstico, amanhã e quarta-feira, por causa das festividades natalinas reduz a liquidez dos negócios ao longo da semana
Mercado se prepara para festas de fim de ano
Rali em Nova York e do Ibovespa antecede pausa para as festividades de Natal e ano-novo, que devem enxugar liquidez do mercado financeiro nos próximos dias
CPMF digital e impeachment agitam mercado
Declarações de Guedes embalaram Ibovespa ontem, mas criação de “CPMF digital” causa ruído, enquanto exterior digere aprovação de impeachment de Trump na Câmara
Mercado em pausa reavalia cenário
Agenda econômica fraca do dia abre espaço para investidor reavaliar cenário, após fim das incertezas sobre guerra comercial e Brexit
Mercado recebe ata do Copom, atento ao exterior
Ata do Copom, hoje, relatório trimestral de inflação e IPCA, no fim da semana, devem calibrar apostas sobre Selic e influenciar dólar e Ibovespa
Leia Também
-
IRB Re (IRBR3): vale a pena comprar a ação que toca máxima após forte alta dos lucros em fevereiro?
-
Ações da Multiplan (MULT3) saltam na B3 após balanço e CEO diz por que deve seguir estratégia oposta à da rival Allos no portfólio de shoppings
-
Anglo American recusa proposta “oportunista e pouco atraente” de quase US$ 39 bilhões da BHP e barra megafusão
Mais lidas
-
1
Vale (VALE3) e a megafusão: CEO da mineradora brasileira encara rivais e diz se pode entrar na briga por ativos da Anglo American
-
2
Órfão das LCI e LCA? Banco indica 9 títulos isentos de imposto de renda que rendem mais que o CDI e o Tesouro IPCA+
-
3
Imposto de 25% para o aço importado: só acreditou quem não leu as letras miúdas