Abilio Diniz: um bilionário bom de briga
Ele transformou a pequena doceria do pai na maior rede varejista do país e aos 82 anos continua na ativa

Nos anos 70, Abilio Diniz, que já era obcecado por atividade física, colocou na cabeça que queria jogar polo, como seus irmãos. Chegou a ser escorraçado do campo, porque não levava muito jeito pra coisa. E saiu decidido: “Eu vou jogar essa merda”. Instalou um cavalo de madeira em casa e começou a treinar de manhã e à noite. Seis anos depois, foi campeão brasileiro de polo. A determinação com que o bilionário encara os esportes é a mesma que aplica na vida, nas (muitas) brigas em que se envolveu e nos negócios. Ao longo de cinco décadas, o empresário brasileiro transformou a pequena doceria fundada por seu pai, na maior rede varejista do País - o Grupo Pão de Açúcar, agora controlado pelos franceses do Casino.
- O Seu Dinheiro estreia mais uma série especial sobre bilionários. Dessa vez, elencamos as histórias dos dez brasileiros mais ricos e publicaremos cada uma delas nos próximos domingos.
Embora tivesse herdado o negócio da família, Abilio trabalhou duro para construir seu império, que o colocou entre os dez homens mais ricos do Brasil, com uma fortuna de US$ 3 bilhões, segundo ranking da Forbes de setembro de 2019. Aos 82 anos, pai de seis filhos (a mais velha com 58 anos e o mais novo com 10), o empresário segue na ativa, com participações em empresas como BRF e Carrefour, onde é membro do conselho de administração da operação global.
No último ano, depois de deixar a presidência da BRF e ser indiciado pela Polícia Federal em um desdobramento da Operação Carne Fraca, Abilio está mais sossegado. Tem aparecido menos na imprensa, que sempre acompanhou de perto seus altos e baixos.
Como tudo começou
Abilio é o primeiro dos seis filhos de Valentim dos Santos Diniz e Floripes Pires. O pai veio de Portugal para o Brasil, em 1929, aos 16 anos. A primeira parada do navio, antes de seguir para São Paulo, foi na Baía de Guanabara, no Rio - onde ele avistou o Pão de Açúcar, que mais tarde daria o nome de sua rede de supermercados. Na capital paulista, começou a trabalhar como balconista de um mercadinho e depois abriu sua própria padaria. Em setembro de 1948, comprou um imóvel na Rua Brigadeiro Luis Antônio e inaugurou a doceria Pão de Açúcar. Abilio, com 12 anos, já circulava por ali.
Ele teve uma infância confortável, mas sem extravagâncias. Estudou em escola particular, depois cursou administração de empresas na Fundação Getúlio Vargas: foi aluno da segunda turma da história da faculdade. Quando começou a curso, Abilio queria ser professor e fazer pós-graduação na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Mas uma proposta tentadora feita pelo pai o fez mudar de ideia. Seu Valentim o convidou para abrir um novo negócio, ainda pouco conhecido no Brasil: a família Diniz teria um supermercado - bem diferente dos mercadinhos a que estavam habituados, em que os clientes eram atendidos por funcionários no balcão. Abilio Diniz ficou.
Em abril de 1959, foi inaugurado o primeiro supermercado da rede Pão de Açúcar. No fim daquele ano, Abilio se formou em administração e, meses depois, casou-se com Auriluce, sua primeira mulher. A lua de mel de quatro meses por países da Europa e Estados Unidos virou praticamente uma viagem de trabalho, com visitas a lojas e grandes varejistas - tour que mais tarde seria incorporado ao seu método de trabalho. Ele costuma dizer que, “quem não tem competência para criar, tem que ter coragem para copiar”.
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Conhecer as empresas lá de fora só aumentou a obsessão de Abilio por expandir o negócio. Comprando concorrentes e inaugurando lojas próprias, o Pão de Açúcar chegou ao fim dos anos 60, com mais de 60 unidades em 17 cidades. Era dele a palavra final sobre o endereço de cada novo supermercado. “Aprendi que as razões do sucesso de um supermercado são localização, localização e localização. Se você erra no layout, no mix de produtos, no preço, sempre dá para consertar. Mas, se abrir uma loja no lugar errado, está ferrado”, disse à jornalista Cristiane Correa, autora da biografia “Abilio - determinado, ambicioso, polêmico”.
A expansão não ficou restrita ao Brasil. Em 1969, o Pão de Açúcar inaugurou sua primeira loja em Portugal - decisão que lhe trouxe dor de cabeça, mas que também lhe salvou a pele mais para frente. Quando a rede já tinha 20 unidades, a Revolução dos Cravos, que pôs fim a cinco décadas de ditadura, colocou no poder um governo que queria estatizar as empresas privadas. A rede da família Diniz não escapou. As lojas só foram devolvidas dois anos depois, em 1976, quase quebradas.
Enquanto desatava esse nó em Portugal, Abilio finalizava, no Brasil, a aquisição de sua maior concorrente naquele momento: a rede de supermercados Eletroradiobraz. “Nessa época, Abilio já era um empresário conhecido, que circulava com desenvoltura em Brasília e se tornara interlocutor frequente de jornalistas”, escreve a biógrafa do empresário. “Era jovem, bonito, bem-sucedido e se vestia com ternos alinhados.”
Década perdida
Ele jamais entrava numa disputa para perder, seja com concorrentes ou dentro de casa. Na década de 70, seu Valentim distribuiu ações do Pão de Açúcar para os seis filhos. Abilio, que já detinha 16% da companhia, teve de dividir espaço com os outros irmãos no negócio, o que não deu muito certo. Começava ali uma batalha que deixou marcas profundas na família. Foi nesse contexto, para se distanciar das brigas familiares, que o empresário aceitou o convite do governo para participar do Conselho Monetário Nacional (CMN) como representante do setor privado. “Quando penso naquela fase, chego à conclusão que não consegui fazer nada de concreto ali, não consegui imprimir minha marca. Aquela foi minha década perdida”.
Quando estava terminando o segundo mandato no CMN, Abilio foi acusado de sabotar o Plano Verão,que previa entre outras coisas o congelamento de preços, e por pouco não foi preso. A Polícia Federal encontrou milhões de latas de óleo em um depósito do Pão de Açúcar, enquanto em muitas lojas o produto estava em falta. Foi um escândalo na época.
A década perdida de Abilio terminou com um sequestro, em dezembro de 89 - que o levaria a fazer terapia e tomar antidepressivos. Sem seguranças, o empresário foi capturado quando saía de casa, dirigindo sua Mercedes. Passou seis dias em um cativeiro de 5 metros quadrados até ser libertado pela polícia. Ao chegar em casa, tomou remédios para dormir, acordou no dia seguinte e foi trabalhar.
Crise
Enquanto Abilio circulava por Brasília, os irmãos fizeram mudanças que o desagradaram. A mais emblemática foi a transferência para uma nova sede, super luxuosa, que ficou conhecida como Palácio de Cristal. O requinte das novas instalações contrastava com o resultado da rede, que estava fragilizada, com as contas no vermelho, dívidas, tendo que enfrentar um cenário de inflação altíssima e já sem conseguir pagar fornecedores. O Carrefour assumiu a liderança do setor. E seu Valetim pediu a volta de Abilio.
Parecia não haver mais saída: os bancos não queriam emprestar para o Pão de Açúcar e a família chegou a colocar o negócio à venda, mas não houve interessados. Ao mesmo tempo em que a empresa enfrentava uma de suas maiores crises, os irmãos se digladiavam. O primeiro a fazer um acordo para sair foi Alcides, depois de uma negociação feita sem a participação de Abilio, apenas com o pai e com um dos principais executivos do grupo, Luiz Carlos Bresser-Pereira. Levaria ainda cinco anos (de muita briga) para que os outros irmãos vendessem suas participações e deixassem Abilio reinar absoluto - o que só foi possível com os recursos obtidos com a venda da rede em Portugal. Nesse período, a disputa foi tamanha que até dona Floripes entrou na Justiça contra o filho mais velho, a favor dos demais.
Sem compradores e sem crédito, Abilio Diniz teve de se virar sozinho. O lema era “cortar, concentrar e simplificar”. O Palácio de Cristal foi vendido e o Pão de Açúcar voltou para a sede original. O número de funcionários caiu de 45 mil, em 1990, para 17 mil no fim de 1991. A varejista, que tinha 626 lojas em 1985, chegou em 1992 com 262 unidades. Só as que davam lucro sobreviveram. Com os ajustes, a empresa voltou ao lucro no fim de 2001.
De volta ao topo
Superada a fase crítica, Abilio precisava de dinheiro para ganhar escala. Com a abertura de capital na Bolsa, em 1995, o Pão de Açúcar iniciou uma série de aquisições: foram 35 em quinze anos. Em 1999, para manter a expansão, a empresa precisava de mais dinheiro - e uma possibilidade seria vender uma participação minoritária na companhia para uma varejista estrangeira. Abilio conversou com redes como Carrefour e Walmart, mas acabou fechando negócio com o Casino. O grupo francês comprou 24,5% do Pão de Açúcar por US$ 854 milhões. O brasileiro não imaginava, mas ia se incomodar.
A empresa - e Abilio - voltaram ao topo. A essa altura, ele já estava com 65 anos e o assunto sucessão entrou em pauta. Com a ajuda de um especialista em empresas familiares, o empresário assumiu a presidência do conselho de administração e passou o bastão para um executivo que trabalhava há 10 anos na área financeira do grupo. Não deu certo. Buscaram um profissional de fora, que também não vingou.
Na prática, Abilio continuava mandando em tudo, com seu jeitão arrogante, vaidoso e, por vezes, grosseiro. Por anos, ele foi chamado na empresa de “doutor Abilio”. Fazia visitas surpresas às lojas, acompanhava em detalhes a operação. Todas as segundas-feiras, às 7h30, o chefão comandava as Plenárias do Pão de Açúcar, com cerca de 200 executivos de todas as áreas. Fazia perguntas, cobrava explicações e não aceitava qualquer resposta. A tensão era tanta que muita gente chegava no escritório às 4h para se preparar para a reunião.
Em 2003, no entanto, ele assinou um contrato que colocaria um ponto final em seu reinado no Pão de Açúcar. O Casino aumentou sua participação de 25% para 34%, injetando mais US$ 890 milhões no grupo. O contrato previa que o Casino assumiria o controle total da empresa brasileira a partir de 22 de junho de 2012. Uma cláusula dizia que Abilio poderia continuar como presidente do conselho enquanto estivesse mental e fisicamente apto a desempenhar a função.
O próprio Abilio e quem o cercava já imaginava que, àquela altura, com 75 anos, ele estaria aproveitando a vida e a família. Em 2004, ele se casou com Geyze, 35 anos mais jovem, e teve dois filhos, Rafaela e Miguel, hoje com 13 e 10 anos. Não foi o que aconteceu. Abilio rejuvenesceu. Estava mais ativo do que nunca.
Em 2009, em um intervalo de seis meses, o empresário negociou a compra do Ponto Frio, de Lili Safra, e da Casas Bahia, da família Klein, tornando-se a maior rede de eletroeletrônicos do País. Semanas depois do contrato assinado com os Klein, os sócios se sentiram prejudicados e queriam revisar os termos do negócio. A disputa se estendeu por quase um ano, até que Abilio aceitou pagar mais pela participação dos sócios.
“Eu sempre quis ser alguém marcante. Isso não tem a ver com dinheiro, tem a ver com postura”
Abilio Diniz
Ele não é invencível
Mas nenhum outro embate abalaria mais o empresário como o que ele travou com Jean-Charles Naouri, dono do Casino. Quando 2012 começou a se aproximar, Abilio tentou mudar o contrato, afinal estava em perfeita forma, querendo trabalhar, e argumentava que o cenário na empresa e no País havia mudado muito. Naouri não quis conversa. Começava a maior disputa societária da história do Brasil. No meio do caminho, para tentar virar o jogo, Abilio iniciou sigilosamente uma negociação com o Carrefour, o maior concorrente do Casino. A negociação vazou, azedando ainda mais a relação dos dois sócios.
Depois de gastar mais de US$ 500 milhões, com banqueiros, advogados e consultores, as duas partes chegaram a um acordo em setembro de 2013, quando Abilio deixou definitivamente a empresa fundada por seu pai - mas já estava engatilhando outros negócios. Enquanto a briga com o francês rolava, o empresário comprou participações na BRF, dona da Sadia e da Perdigão, e no Carrefour, onde é conselheiro e um dos maiores acionistas.
Na empresa de alimentos, Abilio ocupou por cinco anos a presidência do conselho de administração, mas entrou em atrito com os fundos de pensão, que não concordavam com a estratégia adotada pela companhia sob o comando do empresário. Sua saída foi tumultuada.
Ao deixar a BRF em abril do ano passado, disse que a empresa de alimentos não era sua vida e que iria em busca de “outros brinquedinhos para investir”. “O Abilio não é só business. Tenho meus estudos de longevidade com qualidade de vida, dou aula na Fundação Getulio Vargas e quem tem criança pequena em casa e esposa jovem tem que cuidar disso. Tem três coisas que eu odeio: cebola, despertador e despedidas”, disse em sua última entrevista na BRF.
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