O que o gestor do fundo mais rentável na crise espera para a bolsa, o dólar e os juros
Fundo Itaú Hedge Plus brilhou na crise e reabriu para uma disputada captação de R$ 1,6 bilhão, que pela primeira vez contou com clientes de fora do banco

Com as entradas para o primeiro lote esgotadas em apenas meia hora, parecia até um show de rock. Mas o frenesi entre os clientes do Itaú foi provocado por uma rara reabertura para captações do Hedge Plus, fundo de investimento que deu um verdadeiro espetáculo em 2020.
O fundo foi um dos grandes destaques entre os multimercados — que podem investir em diferentes classes de ativos e, em tese, podem ganhar em qualquer cenário. O melhor momento ocorreu em março do ano passado, justamente no pior momento do pânico nos mercados com a crise do coronavírus.
Enquanto a maioria dos fundos registrou perdas pesadas, o Hedge Plus teve uma rentabilidade de 9,74%. No acumulado do ano passado, o fundo rendeu 18,45%, contra 2,75% do CDI.
É claro que o desempenho em janelas tão curtas não é suficiente para atestar a qualidade da gestão. Mas o Hedge Plus também se sai bem no longo prazo. Desde que foi aberto para os clientes de alta renda (Personnalité) do Itaú, em outubro de 2017, o retorno acumulado é de 57,13% – contra 18,34% do indicador de referência.
O Hedge Plus captou um total de R$ 1,6 bilhão na reabertura recente, que ainda contou com um elemento novo: pela primeira vez foi oferecido para clientes de outras plataformas além do Itaú. Esses recursos de terceiros —que incluem também family offices, investidores institucionais e "fundos de fundos" — responderam por R$ 600 milhões da captação.
O fundo não foi o único a contar com ingressos disputados. A captação aberta no mês passado pelo lendário Verde, de Luis Stuhlberger, também provocou uma corrida às plataformas de investimento.
Leia Também
Nova formação
Mas os investidores que garantiram lugar e agora esperam rever o sucesso do Hedge Plus vão ver uma formação diferente no “palco” da gestão. O fundo passou por mudanças no fim de 2019, com as saídas de Andre Raduan, Mariano Steinert e Emerson Codogno, que deixaram o Itaú para criar a Genoa Capital.
Assim como bandas de rock que surgem com novos integrantes, na indústria de fundos de investimento mexidas desse tipo também trazem questionamentos sobre possíveis mudanças na operação que afetem o desempenho.
O “DNA” do Hedge Plus, contudo, segue o mesmo, me disse Stefano Catinella, diretor comercial da Itaú Asset. “O fundo continua sendo tocado como era antes e segue indo muito bem, como mostram os resultados do ano passado.”
O dólar está caro
Quem me falou como o fundo pretende mostrar que o show continua foi Andrew Woods, gestor da Itaú Asset e um dos remanescentes do time principal do Hedge Plus, que conta um patrimônio total de R$ 10,5 bilhões. O time de gestores seniores conta ainda com Ricardo Marin, Oliver Casiuch e Rubens Machado na parte macro, além de Bernardo Gomes e Diogo Aquino na renda variável.
O fundo começou o ano no vermelho, com a visão de que os ativos brasileiros — e em particular o câmbio — já estavam muito desvalorizados. “Nunca se pode subestimar o quanto de prêmio de risco deve ser cobrado do Brasil”, disse Woods.
A cota de março já apresenta uma recuperação das perdas dos dois primeiros meses. Mas se o dólar já parecia caro no fim de 2020, hoje com a moeda norte-americana negociada no patamar de R$ 5,50 a convicção do gestor do Itaú de que o câmbio tem espaço para melhorar aumentou.
Para Woods, o risco fiscal que deteriorou a situação dos mercados brasileiros no início do ano diminuiu com a aprovação da PEC Emergencial na semana passada.
Apesar das concessões, ele avalia que o projeto aprovado combina a necessária volta do pagamento auxílio emergencial em meio à piora da pandemia da covid-19 com gatilhos que impedem as contas públicas de saírem totalmente do controle.
A bolsa está barata
Assim como o dólar, a bolsa também vem sofrendo em 2021. Além da incerteza fiscal, a piora da pandemia no país afeta o preço das ações diante da queda na atividade com as novas — e necessárias — medidas de isolamento social.
Como o resultado, o Ibovespa amarga uma queda da ordem de 4% no acumulado do ano, mais uma vez na contramão das bolsas internacionais. Mas o gestor do Itaú considera que as ações brasileiras estão baratas nos preços atuais.
“A bolsa está operando com muito desconto em relação ao que seria o valor justo que nós calculamos. Então, parece que tem algo pra andar.”
Ainda que os problemas internos atrapalhem, a aposta é que de a bolsa se beneficie da ampla liquidez global, reforçada pelo novo pacote de estímulos de US$ 1,9 trilhão aprovado nos Estados Unidos.
O dinheiro que corre nas veias da economia global estimula a atividade e o preço das commodities, o que beneficia o Brasil e as ações de várias empresas listadas na B3.
O juro vai subir
Dentro da filosofia do Hedge Plus de diversificar o risco, surge uma posição antagônica à da alta da bolsa e queda do dólar. O fundo está "tomado" em juros, com a aposta de alta das taxas no curto prazo — e em um ritmo ainda maior do que o mercado já espera.
“Os números de inflação vêm surpreendendo, então o Banco Central deveria ser mais hawkish [agressivo na alta de juros] para quebrar essa dinâmica.”
Para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira, Woods vê uma “bola dividida”. Se o BC se guiasse apenas pela inflação, deveria elevar a Selic em 0,75 ponto percentual. Diante do atual cenário com a pandemia, porém, o Copom pode optar por uma alta de meio ponto.
Leia também:
- Ex-diretor do BC, Tony Volpon faz um apelo ao Copom: chegou a hora de subir os juros
- Vem aí o Lula 3? Como a volta do ex-presidente ao xadrez político pesa nos seus investimentos
- Brasil vira mercado “inoperável” com “risco Bolsonaro” e ameaças ao teto de gastos, dizem gestores de fundos
- Fundo Verde se protege no câmbio e diz que governo ‘falhou miseravelmente’ em comprar vacinas
Maior risco: a pandemia
No cenário-base do gestor do Itaú, o Brasil deve enfrentar nas próximas semanas o pico da pandemia da covid-19. Mas com o avanço da vacinação, ainda que em um ritmo mais lento do que o esperado e necessário, a tendência é que a taxa de ocupação nos hospitais volte a cair.
Para ele, o maior risco para as posições do Hedge Plus é justamente que esse cenário não se confirme e a economia precise ficar fechada por um período mais prolongado.
Em relação ao aumento da temperatura política na semana passada com a anulação das condenações do ex-presidente Lula na Lava Jato, Woods disse que fundo trabalha principalmente com um cenário de curto prazo na hora de montar suas posições.
Por isso o cenário do gestor ainda não mira as eleições presidenciais de 2022. “No Brasil, é muito difícil traçar o cenário político para o próximo mês, então é ainda pior para daqui a 1 ano e 9 meses.”
Retorno da renda fixa chegou ao topo? Quanto rendem R$ 100 mil na poupança, em Tesouro Selic, CDB e LCI com a Selic em 14,75%
Copom aumentou a taxa básica em mais 0,50 ponto percentual nesta quarta (7), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas; mas ajuste pode ser o último do ciclo de alta
Selic chega a 14,75% após Copom elevar os juros em 0,5 ponto percentual — mas comitê não crava continuidade do ciclo de alta
Magnitude do aumento já era esperada pelo mercado e coloca a taxa básica no seu maior nível em quase duas décadas
Bitcoin (BTC) sobrevive ao Fed e se mantém em US$ 96 mil mesmo sem sinal de corte de juros no horizonte
Outra notícia, que também veio lá de fora, ajudou os ativos digitais nas últimas 24 horas: a chance de entendimento entre EUA e China sobre as tarifas
“ETFs são quase um esquema Ponzi; quando a música parar, pode não ter cadeira para todos”, diz gestor; evento discute o que esperar da indústria de fundos
Alexandre Rezende, sócio-fundador da Oceana Investimentos, disse em evento que os fundos de índices (ETFs) não fazem sentido para investidores qualificados, apenas para quem não tem estrutura para selecionar gestores
Não vai meter a colher onde não é chamado: Fed mantém taxa de juros inalterada e desafia Trump
Como era amplamente esperado, o banco central norte-americano seguiu com os juros na faixa entre 4,25% e 4,50%, mas o que importa nesta quarta-feira (7) é a declaração de Powell após a decisão
Bola de cristal monetária: Ibovespa busca um caminho em dia de Super Quarta, negociações EUA-China e mais balanços
Investidores estão em compasso de espera não só pelas decisões de juros, mas também pelas sinalizações do Copom e do Fed
Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC, explica por que o Copom não vai antecipar seus próximos passos na reunião de hoje
O executivo, que hoje é chairman da JiveMauá, acredita em um aumento de meio ponto percentual nesta reunião do Copom, sem nenhuma sinalização no comunicado
A ‘xepa’ dos fundos listados: FIIs, FI-Infras e fiagros estão tão descontados na bolsa que gestores preferem comprar cotas a outros ativos
Em painel na TAG Summit, gestores afirmaram que está valendo mais a pena para os hedge funds imobiliários e FI-Infras comprar cotas de outros fundos da sua classe do que investir diretamente em ativos individuais
CDI+5% é realista? Gestores discutem o retorno das debêntures no Brasil e destacam um motivo para o investidor se preocupar com esse mercado
Durante evento, gestores da JiveMauá, da TAG e da Polígono Capital destacam a solidez das empresas brasileiras enquanto emissoras de dívida, mas veem riscos no horizonte
Copom deve encerrar alta da Selic na próxima reunião, diz Marcel Andrade, da SulAmérica. Saiba o que vem depois e onde investir agora
No episódio 221 do podcast Touros e Ursos, Andrade fala da decisão de juros desta quarta-feira (7) tanto aqui como nos EUA e também dá dicas de onde investir no cenário atual
Selic em alta atrai investidor estrangeiro para a renda fixa do Brasil, apesar do risco fiscal
Analistas também veem espaço para algum ganho — ou perdas limitadas — em dólar para o investidor estrangeiro que aportar no Brasil
Expectativa e realidade na bolsa: Ibovespa fica a reboque de Wall Street às vésperas da Super Quarta
Investidores acompanham o andamento da temporada de balanços enquanto se preparam para as decisões de juros dos bancos centrais de Brasil e EUA
Banqueiros centrais se reúnem para mais uma Super Quarta enquanto o mundo tenta escapar de guerra comercial permanente
Bastou Donald Trump sair brevemente dos holofotes para que os mercados financeiros reencontrassem alguma ordem às vésperas da Super Quarta dos bancos centrais
Felipe Miranda: Ela é uma vaca, eu sou um touro
Diante da valorização recente, a pergunta verdadeiramente relevante é se apenas antecipamos o rali esperado para o segundo semestre, já tendo esgotado o espaço para a alta, ou se, somada à apreciação do começo de 2025, teremos uma nova pernada até o fim do ano?
Dividendos e JCP: Tim (TIMS3) anuncia R$ 300 milhões em proventos após salto de 53,6% no lucro para nível recorde no 1T25
O resultado do 1º trimestre deste ano da Tim mostra um lucro líquido de R$ 798 milhões, uma nova máxima para o começo do ano
Hora de colocar fundos imobiliários de shoppings na carteira? Itaú BBA vê resiliência no segmento e indica os FIIs favoritos
Os FIIs do setor mostram resiliência apesar da alta dos juros, mas seguem descontados na bolsa
Um recado para Galípolo: Analistas reduzem projeções para a Selic e a inflação no fim de 2025 na semana do Copom
Estimativa para a taxa de juros no fim de 2025 estava em 15,00% desde o início do ano; agora, às vésperas do Copom de maio, ela aparece em 14,75%
Veja as empresas que pagam dividendos e juros sobre capital próprio nesta semana
Magalu, Santander, Fleury e mais 15 empresas pagam proventos nos próximos dias; confira o calendário
Espírito olímpico na bolsa: Ibovespa flerta com novos recordes em semana de Super Quarta e balanços, muitos balanços
Enquanto Fed e Copom decidem juros, temporada de balanços ganha tração com Itaú, Bradesco e Ambev entre os destaques
Pódio triplo: Itaú (ITUB4) volta como ação mais recomendada para maio ao lado de duas outras empresas; veja as queridinhas dos analistas
Dessa vez, a ação favorita veio acompanhada: além do Itaú, duas empresas também conquistaram o primeiro lugar no ranking dos papéis mais recomendados para maio.